História A colecionadora de segredos - Vingança

Peter se sentou na cama e mexeu um pouco no cabelo ainda com sono.
-E com vingança você quer dizer...? –Ela sorriu.
-Então... –Ananda abriu a bolsa e tirou um bloco com umas 500 folhas coloridas com uma foto impressa nelas. Peter pegou uma folha e segurou a risada.
-Essa é a Kathy? –Ele perguntou e Ananda afirmou dando um risinho.
-Essa é a foto mais constrangedora da Kathy! –Ela disse olhando para uma folha rosa choque, algumas eram roxas e outras eram verde limão mas todas num tom bem berrante. Na foto Kathy usava óculos redondos, tinha o cabelo armado e fazia uma careta para a câmera. Ele virou o papel e viu “-A” escrito com uma letra gigante, Peter olhou para Ananda.
-O que é esse “-A”? –Ela sorriu.
-Nunca viu pretty little liars? –Ele fez que não e ela revirou os olhos –Tudo bem, eu acharia estranho se já tivesse... Resumindo, meu nome começa com a “A” e a Kathy tem que saber quem fez isso com ela! –Ele assentiu
-E o que tá pensando em fazer com esses papeis?
-Vamos colá-los na escola inteira, e o resto eu vou explicar no caminho –Ela foi até a janela –Vem! –Ele arregalou os olhos.
-Isso é sério? –Ananda colocou um pé para fora da janela e o olhou irritada.
-Acha mesmo que eu viria até aqui se não fosse? –Ele bufou e abriu o armário pegando uma camiseta preta e uma calça –Vai logo! –Peter a encarou e ela olhou para seu tanquinho mais uma vez “ok... Pode ir bem devagar!” ela pensou mordendo o lábio, Peter colocou a roupa e calçou os tênis indo até a janela.
-Calma! –Ele disse se lembrando de uma coisa –Eu sei que você nunca entrou numa escola durante a madrugada mas... –Ele sorriu –Eu tenho experiência suficiente para saber que precisamos de alguma coisa para quebrar o cadeado das portas! –Ela mordeu a parte de dentro da bochecha.
-Não faço ideia do que usar! –Ele sorriu.
-Então hoje é seu dia de sorte!
Peter levou Ananda até o andar de baixo, na garagem, onde tinham algumas ferramentas de seu pai guardadas. Ele pegou as ferramentas e colocou sobre a mesa junto com tinta em spray.
-Pra que a tinta?
-Nunca viu um filme onde as pessoas entram na escola de madrugada? –Ela ergueu a sobrancelha e o encarou.
-Você já? –Ele engoliu em seco.
-Claro que não! –Ela continuou o encarando –Eu vivi isso ok? Já invadi escolas várias vezes, nós costumávamos colocar baldes de água em cima da porta da sala dos professores para que eles ficassem o dia inteiro molhados...
-Nós? –Ele a olhou –Você e quem mais? –Peter pensou um pouco, ele podia dizer só “meus amigos” mas a pergunta o fez lembrar de Nathalie, sua ex...
-Ah... Eu e algumas pessoas... –Ela ainda o olhava –Isso importa? –Ananda deu de ombros.
-Deixa pra lá! –Peter colocou as coisas em uma mochila preta e quando estava terminando ouviu passos na cozinha que ficava ao lado da garagem apenas separada por uma porta que Peter tinha deixado fechada, era Lucy, Ananda o olhou e ele pensou rápido. Peter se aproximou dela colocando o capuz em sua cabeça e apontando para o carro da mãe.
-Se esconde ali atrás! –Ele sussurrou e ela correu para trás do carro no mesmo momento que Lucy abriu a porta que separava a cozinha da garagem.
-Peter! –Ela disse assustada.
-Mãe! –Ele respondeu no mesmo tom.
-O que tá fazendo aqui? –Ela perguntou olhando para a mochila que ele estava fechando o zíper.
-O que você tá fazendo aqui? –Ela ergueu a sobrancelha –Eu... Vou fazer um trabalho de química! –A expressão dela não se alterou.
-No meio da madrugada? –Ele a olhou tentando parecer o mais natural possível.
-Mãe, eu sou um aluno dedicado, sou um cientista! –Ela franziu o cenho –Não vou colocar fogo na casa! –Lucy suspirou.
-Quer saber, tá tarde demais pra ficar tentando te entender! –Ele deu um sorrisinho –Boa noite.
-Boa noite, mamãe! –Ela fechou a porta e Peter ouviu Ananda soltar um longo suspiro –Essa foi por pouco.
(...)
-Vamos pular o portão? –Ananda perguntou quando chegaram na frente do portão da escola, Peter a olhou.
-Não planejou essa parte? –Ela abaixou a cabeça.
-Não... –Ele riu baixo e suspirou.
-Bom, tá com sorte... Eu tenho muita experiência em entrar em escolas na madrugada! –Ela revirou os olhos.
-Deve ser a décima vez que você me fala isso! -Ele deu de ombros. Peter analisou o espaço e riu.
–Acho melhor pularmos o portão, não tem cerca elétrica então é só pular! –Ela o olhou –Que foi?
-Não vou escalar o portão! –Peter ergueu a sobrancelha.
-Tem uma ideia melhor? –Ela bufou.
-Tá, me ajuda a subir! –Ele riu. Peter a ajudou a passar pelo portão de arame cinza. Ela desceu no outro lado e Peter pulou junto com a bolsa dela –Agora vamos logo porque a gente tem muito trabalho a fazer.
Eles entraram na escola pela entrada dos fundos onde só o zelador tinha a chave, Peter arrombou a portou usando um grampo. Eles entraram e foram até o corredor dos armários e enquanto Ananda colava os cartazes coloridos em cima dos armários Peter foi até o armário de Kathy e passou alguns minutos tentando o abrir até que conseguiu.
-Isso! –Ele quase gritou e Ananda o olhou brava.
-Tá maluco? –Ela perguntou num cochilo e ele encolheu os ombros abrindo a porta do armário.
-E agora? –Ananda tirou a mochila preta das costas e a abriu pegando algumas coisas de dentro. Eram algumas bolas de tinta, bolinhas pequenas que quando atiradas em alta velocidade explodiam espalhando tinta para todos os lados. Ela tirou também algumas bolinhas brancas, iguais as de tinta mas eram feitas de farinha, Peter não entendeu muito bem o que ela queria fazer.
-Vamos colocar isso no armário de um jeito que quando ela abrir as bolinhas de farinha estourem primeiro e depois as de tinta porque assim a tinta vai ficar mais impregnada e mais difícil de tirar! –Ela disse com um sorriso maquiavélico no rosto, Peter deu uma risadinha.
-Pensou nisso tudo sozinha? –Ela desmanchou o sorriso.
-Mais ou menos... Eu tirei algumas ideias de uma história* que eu li faz um tempo... –Ele parou e a encarou –Isso não importa! –Ele riu.
-Sabe como fazer? –Ela fez uma careta –Ai garota...
-Eu fico te devendo essa!
-Essa já é a segunda, já que minha mãe quase te viu lá em casa! –Ela deu um sorriso sem graça.
-Trabalho de química... –Ele começou a arrumar as bolinhas no armário fazendo um mecanismo para que elas pulassem em cima de Kathy assim que ela abrisse o armário.
-Não sei porque minha mãe duvidou da desculpa... –Peter murmurou.
-Não sei porque ela acreditou! –Ele a olhou ofendido.
-Como? –Ela deu um risinho.
-Você não é bem um aluno exemplar né? E sua mãe sabe disso! –Peter bufou.
-Mudei ok? –Ela deu de ombros. Ele continuou trabalhando em silencio até que terminou, fechou o armário e olhou para Ananda –Mais alguma coisa? –Ela olhou em volta.
-Falta me vingar do Josh! –Ele assentiu.
-E o que a gente... –Peter parou de falar quando eles ouviram passos no corredor e uma luz branca iluminou o mesmo. Ananda olhou de relance para o fim do corredor e viu o segurança da escola vestindo uniforme e segurando uma lanterna, ela colocou a mão na testa.
-Como não pensei nisso! –Sussurrou. Peter engoliu em seco –O que a gente faz agora? –Ele olhava para os lados e não tinha lugar para se esconder, nenhuma porta, nada... Correr também não era uma opção.
-Eu não sei!