1. Spirit Fanfics >
  2. A Encomenda >
  3. O Sequestro

História A Encomenda - O Sequestro


Escrita por: Mayunie e sillypuppet

Notas do Autor


Olá, bombomzinhos! Tudo bem? Aqui estou eu, Yu_sz, com um capítulo novinho!
Talvez nem tão novo, não é? kkkj Quem leu a primeira versão vai lembrar de bastante coisa, mas continuem lendo que há bastante coisa nova! <3
R E C I C L A G E M

Boa leitura e até as notas finais! <3

Capítulo 3 - O Sequestro


POV. Baekhyun

Já era a décima vez que recusava uma ligação de meu melhor amigo, provavelmente preocupado com meu sumiço repentino da festa que havia me arrastado. Mas não tinha o que fazer, eu odiava lugares cheios de gente rica e chata, metidas a donos do mundo. O pior era que Luhan sabia disso e mesmo assim me levava a força consigo para festas com a desculpa de que eu precisava me soltar um pouco mais, conhecer pessoas novas e arranjar algum alfa.

Suspirei, me jogando na minha cama grande e macia enquanto ouvia o celular tocar mais uma vez. Fechei os olhos por alguns segundos, na esperança que a música parasse. Não que Girl Gone Wild de Madonna fosse ruim, pelo contrário. Era minha música favorita! Tanto que era o toque de meu celular desde os meus dezoito anos de idade, que foi quando finalmente achei que me veria livre de meus pais para seguir meu caminho sozinho; grande decepção a minha. Desde que tiveram a ótima notícia de que seu primogênito seria um ômega, há vinte e dois anos atrás, o casal Byun, vulgo meus pais, não me deixam ter paz, liberdade e muito menos fazer minhas próprias escolhas. Eles controlam absolutamente tudo em minha vida, desde o que eu como até as pessoas com quem eu tenho contato.

Me sinto muitas vezes a maior decepção que essa família já pôde ter. Todas suas gerações eram alfas e betas, nunca algum ômega. Nunca um intrometido na linhagem mais poderosa do país. Pois é isso que ouço por toda parte: intrometido. Chegaram até mesmo a questionar a linhagem de minha mãe, quase provocando uma guerra civil! Pode ser exagero de minha parte? Talvez. Brigas de família, quem nunca?

Virei o rosto e pousei meus olhos – estes que antes fitavam o teto – no aparelho escandaloso em minha mão. Respirei fundo, atendendo a chamada.

Não conseguia entender uma palavra sequer do outro lado, Luhan, meu melhor amigo, gritava e falava muito rápido. Juro que metade do que ele diz é em mandarim, o resto é um coreano puxado.

– Lu, não grite no telefone! – O chamei atenção. – Não estou entendendo nada.

– BYUN BAEKHYUN!!! – Gritou, furioso. – POR QUE NÃO ME ATENDEU ATÉ AGORA? ONDE VOCÊ ESTÁ?

Suspirei, ele continuava gritando mesmo eu pedindo para não o fazer. Chinês barulhento.

– Em casa. – Respondi enquanto me virava na cama, brincando com um dos travesseiros com a mão livre.

– Eu. Não. Acredito! – Falava pausadamente cada palavra na frase. Dava pra perceber muito claramente a fúria em sua voz.

– Lu... Eu não estava me sentindo bem e- – Tentei algumas palavras antes de ser cortado por uma linha interminável de xingamentos, broncas e ele falando sobre o quanto o deixei desesperado. Desde que me conheço por gente Luhan está ao meu lado. Nossas famílias se conhecem há gerações, então não foi difícil a aproximação entre nós dois. Temos muitas coisas em comum, e mesmo que às vezes aconteça de sairmos nos gritos e xingamentos, cuidamos um do outro. Luhan é um beta e só é apenas dois anos mais velho que eu, o que fez meus pais confiarem nele a minha proteção. Não é como se eu fosse uma donzela em perigo, sei me virar!

Sinceramente? Lu é exagerado! Basta eu preocupá-lo e ele passa dias gritando e jogando isso na minha cara.

Acho que errei em ter saído sem avisar, sim. Mas poxa! Se eu avisasse ele iria me prender ali de alguma forma, como sempre faz.

O ouvi respirar fundo do outro lado, estava se acalmando. Talvez não quisesse quebrar mais um celular por minha causa. Não que fosse comum eu preocupá-lo, que absurdo!

– Você ainda vai me render bons fios brancos de cabelo daqui uns anos! – Sua voz já estava mais calma. Finalmente seus berros cessaram.

– Me desculpe, Lu! Se eu avisasse você não me deixaria sair. – Esclareci. – Mas agora eu preciso desligar, estou cansado. Vou dormir um pouco e amanhã eu te ligo! Boa noite! – Encerrei a ligação antes que este pudesse me xingar mais um pouco. A verdade? Eu estava irritado com meu amigo por ter me arrastado mais uma vez contra minha vontade.

Desliguei o celular dessa vez, impedindo que alguém voltasse a ligar. Meus pais não estavam em casa, o que me fazia sentir um pouco sozinho. Eram poucas vezes que ficava sem companhia, ainda mais durante a noite. Normalmente Luhan vinha me fazer companhia quando meus pais viajavam, como hoje. Estava quase me arrependendo de ter brigado com ele. Suspirei, mais uma vez, tomando força para me sentar na cama. Espreguicei-me, tocando os pés no chão e me levantando. Segui até o banheiro, me despindo ao chegar no lugar. Fui até a banheira grande-demais-para-uma-pessoa-só, regulando a temperatura da água que era despejada na mesma de acordo com meu gosto: quente. Esperei ela encher o suficiente enquanto olhava meu rosto, derrotado, no espelho. Eu estava péssimo. Não dormi direito noite passada, alguns sonhos ruins seguidos de insônia me tomaram por muitas horas da madrugada. Eu precisava relaxar, comer direito e dormir para que meu corpo se recuperasse daquele desgaste. Suspirei pela centésima vez naquele dia, caminhando até a banheira e fechando o registro desta em seguida, entrando com cuidado para não escorregar.

Senti como se aquela água quente fosse capaz de lavar até a alma mais suja da Terra. Apenas fechei os olhos e me permiti relaxar enquanto aproveitava aquele momento de paz e silêncio. Acreditava que momentos assim eram sagrados e que devíamos aproveitar ao máximo, pois eram poucos. É muito fácil qualquer coisa tirar nossa paz. Devemos aproveitar.

~ ♥ ~

Após um banho mais que relaxante, não me preocupei em vestir-me apropriadamente. Até porque eu era o único ali. Apenas coloquei roupas íntimas confortáveis e uma camiseta grande de mangas longas, a qual possuía a cor branca com uma estampa de um gato esbelto em preto no meio. Me senti extremamente bem assim. Porém, se mais alguém me visse daquela forma era certeza que meu rosto queimaria até eu explodir de vergonha.

Saí do meu quarto, descendo as escadas e seguindo até a cozinha exagerada de casa. Aliás, a casa toda era exagerada e isso me irritava um pouco. Mesmo que morassem dez pessoas ali, o espaço não seria devidamente aproveitado. E olha só, esse espaço todo apenas para três pessoas! Dá pra correr uma maratona aqui!

Sei que sou um pouco dramático, mas faz parte.

Fiz questão de checar cada canto da casa, por pura paranoia. Janelas fechadas, portas de entrada e saída trancadas, estava tudo certo. Deixei apenas as câmeras de lado porque sei que elas funcionam perfeitamente bem, afinal, meu pai faz questão de ditar cada centavo investido na segurança da casa.

Casa, Baekhyun? Olhe o tamanho desse monstro! Chamar de casa é um insulto, isso aqui está mais para mansão! Muito desnecessário, mas mamãe adora ostentar luxo para as vizinhas fofoqueiras da rua.

Antes de subir para o andar de cima decidi ir até a cozinha furtar algo para comer. Esse é o único momento em que eu posso simplesmente comer o que eu quiser sem ninguém encher o saco com comentários idiotas de que eu vou virar uma bola se comer tal coisa.

~ ♥ ~

Fechei os olhos, sentindo as carícias imaginárias que meu colchão fazia em mim até que eu pegasse no sono, como uma mãe faz até seu bebê dormir. Ah! Eu amava aquela cama mais que tudo!

Eu dormi tranquilamente após alguns minutos enquanto pensava no meu amor por aquele móvel.

~ ♥ ~

Cerca de duas horas depois, sem saber o motivo, meus olhos se abriram lentamente. Me sentia irritado e muito sonolento, bocejei uma vez, levando minhas mãos até meus olhos e os coçando na esperança de despertar de vez e saber o motivo pelo qual meu corpo havia me acordado tão de repente. Sentei-me no colchão, em silêncio, procurando por meu celular para ver as horas. Antes que pudesse alcançá-lo, lembrei que havia desligado e, ao ligar, provavelmente teriam mil mensagens de um amigo irritante, vulgo Luhan. Estava pestes a deitar e voltar a dormir, quando ouço um barulho vindo de fora do quarto. Talvez do andar debaixo. Meus olhos arregalaram e eu olhava para a porta me arrependendo de não tê-la trancado momentos antes de dormir. Talvez se eu fizesse isso agora, ouviriam e saberiam que tem alguém em casa. Droga! Seriam ladrões? Ou apenas Luhan? Faria sentido ser meu amigo, visto que esse não gostava de me deixar sozinho e sabia que meus pais estavam viajando naquela noite, além de que eu chequei as portas e estavam trancadas, apenas Luhan tem as chaves. Talvez estivesse me assustando para se vingar, mas isso não irá acontecer, senhor Luhan!

Me levantei da cama sem fazer barulho, indo lentamente até a porta e, quando fui abrir esta, ouvi vozes do lado de fora. Não eram de Luhan! Merda! E agora? Eu ligaria para a polícia? Não, não daria tempo e eles ouviriam. Pense, Baekhyun, use sua cabeça linda e inteligente!

– AAAAAH! – Ouvi alguém gritar do outro lado, me arrepiando por inteiro.

– Cale a boca, Fênix! Vai acordar o garoto! – Alguém o chamou atenção na voz de um quase sussurro. Quem seriam aqueles doidos? Alguns strippers contratados por Luhan? Não, ele não faria isso. Não depois do que aconteceu da última vez.

– Não foi você quem bateu o pé na quina da parede! Quem foi o imbecil que planejou essa casa? – Uma voz rouca e dolorida reclamou em voz baixa, a mesma pessoa que possivelmente bateu o pé na parede, aliás, eu sempre disse que o arquiteto estava drogado enquanto fazia o protejo dessa casa, mas claro, ninguém aqui me escuta! Me permiti soltar um riso baixo. Bandidos não seriam tão atrapalhados assim! Com certeza era algo planejado pelo loiro! Só que, quem surpreenderia eles seria eu. Olhei ao redor, encarando meu guarda-roupas por alguns segundos enquanto me perguntava se cabia ali sem derrubar tudo. Mal percebi que os estranhos estavam discutindo algo sobre fazer silêncio, apontando um ao outro como barulhento. Eram crianças, ou o quê?

– Você quem é idiota! Cale a boca ou vai estragar tudo! – Revidou o autor do grito de segundos atrás, de alguma provocação que eu não entendi direito. Ora, não era ele quem fez barulho?

Fui até meu destino para executar o plano genial que bolei, abrindo uma das portas do mesmo e me colocando ali dentro sem dificuldades. Um sorriso não saía do meu rosto ao pensar que finalmente pegaria Luhan antes deste me pegar!

– Vocês são muito idiotas, especialmente você. Calem a boca e sigam com a merda do plano de uma vez, quero ir para casa! – Ouvi uma voz baixa e firme, diferente das outras duas, se manifestar. Confesso que a curiosidade de saber quem era que Lu tinha contratado desta vez era grande, por mais que algo em mim dizia que algo ruim iria acontecer.

Poucos segundos depois, o rangido da porta sendo aberta foi ouvido. Estavam tomando muito cuidado com o barulho mesmo. Belos ninjas!

– Cadê ele? – O dono do urro perguntou, claramente confuso.

– Deve ter ido até o banheiro. Kai, vá até lá ver. – Respirava fundo, esperaria eles procurarem mais para aparecer. Engraçado é que até agora não consegui identificar nenhuma voz que seja de meu melhor amigo, nem mesmo o cheiro dele eu senti.

Alfas, um beta. Mas esse beta não era nenhum conhecido meu, reconheceria o cheiro. E não conheço alfa algum que não seja da família. Estranho.

Espera... E se fossem bandidos de verdade?! Ah, não! Mas... Se fossem, eles levariam algo da casa, e não alguém. Isso estava muito estranho mesmo.

– Nem sinal do garoto no banheiro. – Ouvi uma voz um pouco distante se pronunciar. Eles estavam mesmo atrás de mim?

Não se mexa, nem sequer respire, Baekhyun! Quem sabe eles desistem de procurar e vão embora.

– Merda! Procurou direito? – O urrante questionou. Engoli em seco.

– Claro que sim. – A voz distante respondeu. – Ele deve ter acordado, procurem debaixo da cama. – Droga, droga!

Não pensei duas vezes antes de olhar para o lado, encarando algumas roupas nos seus cabides. Com muito cuidado peguei uma delas, a retirando de seu cabide fazendo o mínimo de movimento possível. Conseguindo fazer isso, a deixei no chão e peguei algo que seria minha arma de defesa: um cabide de roupas.

Não deem risada, é o que temos para hoje!

– Pelos deuses, Fênix... Ficou louco? Por que está procurando nas gavetas? – Questionou aquela voz calma de antes.

– Não sei! Talvez ele tenha s- – Eu gelei. Senti um arrepio percorrer desde meus pés até o último fio de meus cabelos. Ele havia descoberto meu esconderijo. Puxou a porta do guarda-roupas, revelando minha imagem apavorada e indefesa em meio a roupas que me pertenciam.

Encarava aqueles olhos grandes, segurando o cabide em meu peito como se fosse minha única salvação para sair daquela situação ileso. Esse tal “Fênix” era um Alfa, ao olhá-lo já deduzi que seu apelido era por culpa de seus cabelos vermelhos. Sua presença era bem forte, mas não me afetava.

– N-Não se aproximem! – Ameacei com o cabide, o apontando para o gigante do urro à minha frente. Eu havia gaguejado! Merda! Todas as minhas chances de parecer intimidador estavam indo ralo abaixo. – Eu tenho um cabide e não tenho medo de usá-lo contra você! – Completei, me afastando para fundo do armário o máximo que pude, até encostar na parede do mesmo.

Houve, então, um silêncio. Aqueles olhos grandes encaravam meu cenho franzido, tentando ser o mais assustador possível. Eles não iriam dizer nada, sério?! Só ficariam ali me encarando? Caras estranhos!

O mais alto a minha frente cruzou os braços, relaxando sua expressão enquanto colocava um sorriso de deboche no rosto.

– E o que vai fazer? Me pendurar em seu guarda-roupas? – Seus amigos não seguraram a risada, nem ele mesmo. Aquilo me irritou. – Veja que fofo! Ele tem um biquinho adorável! – Debochou, novamente. Rindo da minha cara. Eu tinha vontade de enfiar aquele cabide na boca daquele idiota e fazê-lo engolir junto com todas as suas palavras!

– É melhor cooperar conosco, garoto. Seja um bom menino e saia daí antes que te tiremos à força. – Um deles se manifestou. Reconheci aquela voz, era quem brigou com o idiota-cabeça-de-fogo que estava me encarando com seu sorriso de doente enquanto mantinha seus braços cruzados.

– Não vou a lugar algum! Saiam daqui! – Teimei, decidido a não sair do lugar. O outro bufou.

– Está escolhendo a opção mais difícil para você, sabe disso, não? – Insistiu mais uma vez, porém, eu nada respondi. Aquela história estava muito estranha. Quem eram eles? O que queriam? Por que estavam atrás de mim? Tinham algo a ver com Luhan? Meu coração batia forte no peito. Estava assustado de verdade.

– Estou perdendo a paciência. Por que não podemos matar ele aqui? – Aquela voz calma se pronunciou, fazendo os outros o olharem. Beta.

– Porquê essa não foi a ordem nos dada, Corujinha! – Respondeu o inimigo de paredes que estava até agora pouco debochando de mim. Continuava com minha expressão, tentando intimidar pelo menos um deles. – E bem... Já que a madame não vai sair daí por vontade própria, vou ter que usar da força bruta. – Avisou o cabeça-de-fogo, me fazendo engolir em seco novamente. Não levou dois segundos para que ele segurasse em meu pulso, onde estava a mão que lhe apontava minha arma de defesa, e tentasse me puxar sem cerimônias. Resisti, e, mesmo com minha pouca força, consegui puxá-lo comigo para dentro daquele armário. Só havia um problema: ele era tão teimoso quanto uma mula!

Tentou novamente, me empurrando para fora do móvel enquanto seus colegas assistiam a cena tentando segurar o riso. Franzi o cenho, dando tudo de mim para continuar naquele guarda-roupas, enquanto levantei a mão, com minha arma, e comecei a bater com ela naquele bruto.

Ele tentava se proteger com os braços dos meus golpes, colocando-os na frente de seu corpo enquanto se afastava. – Jinnie! – Chamou atenção de um deles. Ou melhor, pediu socorro. Todos apenas se acabaram em rir da cena, enquanto eu, batia com toda minha força naquela girafa de cabelos avermelhados. Até que minhas forças acabaram. Ele, ao notar que parei de o agredir, levantou o rosto e voltou a ficar em sua posição anterior enquanto me olhava. Seu olhar era frio, assustador. Mesmo assim, eu não podia demonstrar que me intimidei.

– Não sabe com quem você acabou de se meter, peste! – Me encarou com ódio. Senti meu corpo fraquejar, me encolhendo com o tom da sua voz. Eu só estava tentando me defender, seu insensível!

Ele partiu como um tigre pra cima de mim, agarrando meus cabelos com uma de suas mãos grandes, me arrancando um gemido de dor. Com sua outra mão, fez-me olhar em seus olhos enquanto segurava meu rosto.

– Me solta, seu idiota! – Reclamei, tentando me soltar de suas mãos enquanto arranhava e dava socos em seus braços como podia.

– É melhor se comportar a partir de agora. Não vou pensar duas vezes antes de arrancar essa sua mão caso se atreva a fazer algo assim novamente! – Alertou, soltando meu rosto enquanto me obrigava a sair consigo para fora do móvel. Me soltou assim que fui tirado deste, empurrando meu corpo contra a saída do cômodo. Eu, novamente, hesitei. O mais alto só faltou me matar ali mesmo.

– Me deixe colocar uma calça ao menos! – Pedi, antes que este pudesse me ameaçar mais uma vez. Ele me olhou um pouco confuso, até desviar seu olhar para baixo, encarando minhas pernas descobertas. Confesso que, se não fosse o medo em mim, eu estaria queimando em vergonha por estar daquela forma na frente de estranhos.

– Não. – Ele respondeu sem trocar de expressão e tom de voz, agarrando meu braço de forma bruta, me arrastando para fora do quarto.

– Se isso ficar roxo eu vou deformar sua cara! – Ameacei, tentando me soltar do braço da girafa.

– Tente. – Olhou nos meus olhos, apertando ainda mais sua mão em volta de meu braço. Estava doendo tanto que eu achei que poderia quebrar a qualquer momento.

Grrr! Eu queria matar aquele idiota! Não pensaria duas vezes se tivesse essa chance! Quem ele pensa que é para me tratar dessa forma? O rei de Marte?!

Os outros três passaram a acompanhar o que me arrastava, saindo do quarto em seguida. Eu acabei desistindo de lutar contra eles, sabia que minha família ou então até mesmo Luhan assim que notasse meu sumiço iria atrás desses metidos à sequestradores!

Estava escuro, eu estava com medo, e mesmo não conseguindo ver seus rostos muito bem, conseguia lembrar de alguns nomes pronunciados. Fênix, o mais idiota deles, bruto e completamente imbecil, com certeza o alfa mais sem-noção que eu já tive o desprazer de conhecer. Jinnie, o menos infantil, que brigava com o cabeça-de-fogo, alfa. Kai, outro alfa, o mais calado e calmo. E... Corujinha. Apelido estranho, mas se prestar atenção, condiz com sua aparência, chega a ser fofo. Mesmo assim, ele me assustava, olhar em seus olhos era como encarar o próprio inferno! Sem brincadeiras.

Olha que este último era apenas um beta.

Fui arrastado até uma espécie de vã, sua lataria possuía a cor negra, onde fui jogado no fundo e vi a porta trancar-se antes que pudesse reagir. Dividia aquele espaço pequeno no fundo da vã com Fênix e Kai. Estava quase me atirando da janela por estar sentado do lado do orelhudo.

– Quem são vocês? E o que diabos está acontecendo? – Arrisquei perguntar, não custa tentar.

Consegui chamar atenção de Kai, que estava ao meu lado. Ele apenas sorriu e desviou o olhar novamente. Entendi o que? Exatamente, nadinha!

– Te sequestramos, vamos te matar e pegar uma grana. Não é óbvio? – O imbecil de cabelos vermelhos respondeu e deu de ombros.

– Já que vou morrer mesmo, posso pedir uma coisa? Cale a boca e finja que eu não existo, não suporto mais ouvir sua voz. – Retruquei, ouvindo Kai e o tal Jinnie rirem baixo.

– Parece que ele não gostou mesmo de você, hein. – O motorista comentou.

– Pouco me importo. Também tenho antipatia por ômegas cheios de frescura. – Fênix respondeu, me olhando com raiva.

– Frescura? Te falta metade do cérebro, pedaço de merda? – Eu já estava 100% pistola com aquele idiota.

– Do que você me chamou, toquinho? – Ele se virou no banco para poder me encarar melhor. – Olha o seu tamanho, porra. Se enxerga, formiguinha! – Ele disse naquele tom debochado, se virando para frente novamente e cruzando os braços.

Falou do meu tamanho é pedir para apanhar.

Não estava nem aí para o carro em movimento, apenas avancei naquele edifício ruivo. Desferi diversos tapas e socos em seus braços e costas enquanto ele tentava se defender, sorte que eu sou bem mais rápido e suas tentativas de defesa foram pouco eficientes.

– É sério que vocês não vão segurar esse selvagem? Ele está me agredindo! – Todos apenas fizeram cara de paisagem.

– Se vira aí, parceiro. – Corujinha respondeu.

– Eu sou o selvagem? – Segurei seus cabelos, como ele tinha feito comigo antes. – Olha para mim, seu bosta! – Ele me olhou, um pouco assustado. 1x0 para Byun Baekhyun! – Fale algo sobre meu tamanho mais uma vez e eu juro que te deixo em carne viva! – Soltei seus fios, me ajeitando no banco novamente.

Percebi que o gigante se afastou um pouco, finalmente ficando quietinho. Isso durou cerca de três minutos, no máximo.

– O que não tem de altura, tem de força. – Provocou, baixinho. Eu o olhei e ele se afastou novamente, erguendo suas mãos para o alto em sinal de rendição. Mesmo assim eu meti a mão na cara daquele imbecil.

– Mas você é mesmo atrevido, não é? – Disse após conseguir estapeá-lo umas três vezes, mas infelizmente ele descobriu que em questão de força, ele ganha. Segurou meus pulsos com força e ficou me encarando.

– E você não tem medo de morrer pelo jeito. – Soltou-me, sem parar de me encarar. Aproveitei para devolver o olhar. Ficamos assim por um bom tempo. Senti como se fosse um jogo onde quem desviasse o olhar primeiro, perderia.

Percebi que nós dois, além de teimosos, éramos muito competitivos.

~ ♥ ~

POV. Autora

O plano inicial era: sequestrar Byun Baekhyun desacordado, o colocar na vã e leva-lo até o porão da residência fixa na cidade. Começou errado, e era certeza que terminaria da mesma forma. O ômega Byun não foi sequestrado desacordado, a vã quebrou no meio do caminho e ainda não chegaram na residência. O provável também era o garoto nem acordar no porão, amarrado e sozinho. Igual aqueles clichês onde a vítima acorda presa, sozinha num local escuro e com apenas uma luz fraca iluminando alguma parte do cômodo vazio (ou não, se quiser introduzir uns objetos de tortura em algum canto da sala em sua imaginação).

– Kim Jongin! – O líder, Chanyeol (ou Fênix), chamou atenção do responsável por revisar o estado da vã. – Achei ter dito para você conferir se a vã estava em boas condições. Imagina se estivéssemos fugindo da polícia ou de alguns capangas da família! Estaríamos mortos!

– Dá para berrar mais baixo? Puta merda! – O ômega reclamou, tapando seus ouvidos.

– Mas ela estava perfeita! – Se defendeu Jongin, no mesmo tom que o outro alfa.

– Vão berrar no ouvido da mãe de vocês!

– Calem a boca! Jinnie, o que fazemos agora? – Kyungsoo (Corujinha) se pronunciou.

– Fênix e eu vamos sair e ver o que está errado. Vocês dois continuem aqui tomando conta do ômega. Qualquer coisa, apaguem ele até chegarmos. E lembrem do que combinamos! Mesmo que um certo alguém já tenha descumprido metade do acordo. – O mais velho, Jinyoung, dá a ordem, abrindo a porta da vã e saindo do automóvel, indo em direção ao motor. Logo Chanyeol fez o mesmo, fazendo questão de pisar no pé de Baekhyun, que lhe devolveu com um chute nas costas.

– Eles vão acabar se matando, sério. – Jongin (Kai) comentou, se esparramando no banco.

– Chanyeol se acha o dono do mundo, é bom que tenha alguém que não abaixe a cabeça fácil assim. – Kyungsoo o respondeu.

– Chanyeol? – Baekhyun perguntou, mesmo que já imaginasse a quem os dois se referiam.

– Se ele vai morrer não tem problema contar, não é? – Jongin se pronunciou e olhou para o beta, que deu de ombros. – Aqui cada um tem um codinome, que usamos nas missões para não comprometer nossas identidades. Chanyeol é Fênix, Kyungsoo é o Corujinha, Jinyoung é Jinnie e eu, Jongin, sou Kai. – Sorriu docemente. – Temos também Baby, mas por motivos de força maior estamos apenas nós quatro hoje.

– Entendi... Por que Kai? – O ômega decidiu puxar assunto, já que o silêncio o incomodava. Além disso ele havia simpatizado com o alfa.

– Não há um motivo específico, sabe? É só um nome que eu gosto.

A conversa logo foi interrompida por um celular tocando, atraindo atenção dos três. Kyungsoo pegou o aparelho e passou para o alfa no banco de trás.

– Não estou com paciência para lidar com ele, que deve estar uma pilha de nervos, atende você. – Explicou. Jongin respirou fundo e atendeu a chamada, colocando um dedo na frente dos lábios enquanto olhava para Baekhyun, em um sinal para ele ficar quieto. Colocou no viva-voz.

– Cadê vocês? Estão atrasados! O que aconteceu? – A voz do outro lado da linha indagou. – Me respondam!

– A vã quebrou. – Jongin esclareceu, sem dar mais informações.

– Não conferiram se estava boa antes de ir? Mas são uns imprestáveis mesmo!

– Eu conferi! Estava perfeita até o momento que saímos.

– Depois colocam a culpa em mim... “Você sempre estraga tudo com essas frescuras.” E adivinha! Dessa vez não fui eu. – Zombava a voz, soltando algumas risadas. – Pelo menos conseguiram pegar o "pacote"?

– Sim. Está dormindo agora. – Mentiu, olhando para o ômega. – Aliás, acredita que ele deu uma surra no Chanyeol o caminho todo? – Jongin comentou, rindo. Kyungsoo apenas segurou um riso ao lembrar da cena. – Ele estava até pedindo socorro!

– Eu não acredito nisso! O glorioso Park Chanyeol apanhando de um ômega de metade do tamanho dele? – Ajudou a zombar o amigo, rindo junto. – Aposto que Jinnie não fez nada e ficou só olhando a situação!

– Foi isso mesmo que ele fez! Acho que estava com medo de apanhar junto.

– As duas mocinhas podem parar de fofocar sobre mim? – Chanyeol entrou na vã, olhando para o alfa como se fosse o fuzilar com os olhos. Este apenas soltou uma risada.

– Agora me digam, a vã quebrou, e aí? – A voz perguntou, fazendo o de cabelos avermelhados, Chanyeol, suspirar.

– Agora vamos ter que deixar ela aqui, mesmo que ela estivesse funcionando novamente. – Jinyoung entrou na conversa, abrindo o porta-luvas e colocando tudo ali em cima dos bancos. – Plano de fuga sem veículo, gente. Peguem tudo, coloquem nas mochilas e vamos, rápido!

Baekhyun estava meio perdido e sabia que não poderia pronunciar uma palavra sequer por culpa da ligação, então apenas ficou parado esperando alguém dizer algo.

– O que houve? – Kyungsoo indagou, olhando para os amigos enquanto começava a colocar munições em uma mochila.

– Algum vizinho nos viu e parece que chamou a polícia depois que ouviu os gritos. Estamos sendo procurados. – Respondeu o mais velho, pegando uma das mochilas vazias, prontas para situações como essas. – Sejam rápidos e não esqueçam de nada.

A voz do outro lado da linha riu.

 “Você sempre estraga tudo e quase somos pegos por sua causa”. – Imitou uma voz de Chanyeol, ou tentou. – Parece que o jogo virou, não é mesmo?

– Estamos desligando, chegamos aí logo. – Chanyeol se pronunciou, pegando o celular da mão de Jongin.

– Não tragam companhia, não estou no humor para lidar com nenhum tira hoje.

Encerrou a ligação.


Notas Finais


E então, como ficou? Merecemos comentários? <3
Gente, se puderem, leiam o aviso que postei, certo? Agradeço a paciência de vocês, sério! skaksskkksj
Até o próximo capítulo! :)

https://curiouscat.me/Yu_sz
https://twitter.com/Narumi_Gasai


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...