História A Filha Das Sombras - O dia do garoto.

O despertador soou irritante como sempre. Taquei-o na parede. Legal, mais um aparelho inutil quebrado. O problema é que eu tinha mais um monte desses. Não poderia me livrar tão facilmente. Levantei e fiz minhas higienes matinais, vesti uma roupa qualquer e prendi meu cabelo vermelho super escuro em um rabo de cavalo. Que vida miserável. 

Desci e papai, como sempre, estava sentado tomando café  e lendo o jornal. 

- Bom dia. 

- Bom dia. 

- Quer que eu te leve para a escola? 

- Deixa, eu vou de skate mesmo. Tchau. 

Peguei uma pera e sai. Eu fazia de tudo para tratar meu pai bem, mas com uma vida dessas é difícil estar de bom humor todos os dias. Era certo, eu tenho tudo, dinheiro, comida, roupas. Mas não é isso que importa realmente. 

Cheguei na escola e graças a Deus não tinha quase ninguém, então me escondi em uma árvore  e abri meu livro. Infelizmente, alguns minutos depois uma sombra maior do que a da árvore  apareceu. Claro que era ele. O garoto inferno. 

- Olha quem está  aqui. 

- Não enche, Tony. 

- Qual é? Quem disse que voce pode se dirigir desse jeito a mim?

Os amigos que estavam atrás  dele riram. Que idiotas. Me levantei e tentei sair, mas ele me interceptou. 

- A onde pensa que vai, estranha? 

- Sai da minha frente Tonilson. 

Ele ficou vermelho de raiva e de vergonha quando eu disse seu verdadeiro nome. Quase ninguem sabia. Os amigos dele caíram na gargalhada, e eu aproveitei para fugir. 

Fui até meu armário e comecei a arrumar minhas coisas, quando começo a escutar sussurros e risadinhas vindo das meninas. Olhei para trás  e tinha um garoto vindo em minha direção, quer dizer, vindo para o armário dele. Ele era até que bonitinho, cabelo preto, olhos verdes e um óculos que o deixava charmoso. Ele parou do meu lado. Achei que ele viria falar comigo, mas não, o armário dele era apenas ao lado do meu. Ele guardou minhas coisas e eu parei de olhar, estava ficando feio eu o encarando. Eu ia sair, mas ele colocou o braço sobre meu ombro e imediatamente eu senti como se não estivesse mais no chão. 

Eu não estava mais na escola. Estava em um lugar totalmente escuro, tinha alguém em uma cadeira, alguem não. Aquilo não era alguém. Ele tinhas asas, grandes asas negras, ele sorria para mim. E acho que eu tambem sorria. 

Senti uma leve sensação, e de repente, eu estava de volta na escola novamente. Olhei para ele assutada, e dei um grande passo para trás. Ele sorria. 

- Oi, voce pode me levar ate a sala de história?

Eu ainda estava assutada com o que havia acontecido, então demorei alguns minutos para responder. 

- Acho melhor não. 

- Por que não?

- Acredite, você não vai querer andar comigo bem no seu primeiro dia de aula. 

- E por que não?

- Por que as pessoas não gostam de mim. E, se você andar comigo, não vão gostar de você também. 

- Claro que não. Vamos, por favor. 

Ele deu sinal que ia tocar em mim novamente, mas eu me afastei bruscamente. 

- Tudo bem, vamos. 

Fechei meu armario e sai, na frente dele, ele veio me seguindo e todos da escola olhavam para nós. O garoto novo bonitinho com a garota nerd feia. As garotas olhavam com olhares estranhos para mim. Como pessoas podem ser tão fúteis ? Ligar para uma coisa tão ridículas dessas? Meu Deus, o mundo está perdido.

Nós chegamos na sala, e como sempre, eu sentei na última carteira. O garoto ficou la fora e eu fiquei meio curiosa em relação a ele. Deixei minhas coisas na mesa e sai da sala. Ele estava no corredor, falando ao celular. Eu me aproximei para poder escutar. 

- Sim, sim. Eu acho que e ela. Não. Não tenho certeza. - Pausa. - Sim, ela teve. Ela viu. Aham. Tudo bem sensei, eu te ligo depois. Estão .. voce sabe. 

Ele desligou o celular e eu voltei para a sala. Garoto estranho. 

Ele sentou ao meu lado. Esse garoto tinha algum tipo de problema? 

- Como é seu nome?

- Kayla. 

- Eu sou o Louis. Louis Vellez. 

Eu tive vontade de dizer que ninguém perguntou, mas ele foi a primeira pessoa falar comigo, até isso eu iria estragar? 

O professor chegou e eu fiquei quieta. Era aula de história , e estava totalmente chata, até  que ele começou a falar algo que chamou minha atenção. 

- .. Então, nos tempos da segunda guerra mundial, algumas pessoas diziam ter presenciado o aparecimento de seres sobrenaturais, seres com asas negras.. eles diziam que eram anjos caídos, diziam que estavam destruindo sua cidade, mas ninguém acreditava neles, diziam que estavam loucos, então o vilarejo foi destruido misteriosamente.. mas mesmo assim, ninguém queria acreditar que eram os " anjos caidos " do qual eles falavam. Então, o pequeno vilarejo foi destruído. Apenas alguns historiadores manteram a historia, e, certamente eu sou um deles. 

Os alunos riram e eu peguei meu celular. Coloquei uma musica para tocar, Bring Me To Life, e esqueci do mundo. Essas coisas não me interessavam. Jamais vão interessar.