1. Spirit Fanfics >
  2. A Flor da Pele >
  3. Novela Mexicana

História A Flor da Pele - Novela Mexicana


Escrita por: Crisvogt

Capítulo 40 - Novela Mexicana


Assim que parou o carro em frente ao prédio indicado por Kristoff, Wendy avistou o grande amor de sua melhor amiga. Emma estava encostada ao muro, com o olhar perdido em algum ponto no final da rua. Ela continuava linda, como esta se lembrava. Um pouco mais magra e abatida, mas ainda assim, provocava admiração por seus atributos físicos. Não sabia ao certo se queria descer e cumprimentá-la, ou apenas deixaria que Kristoff saísse, dando uma desculpa. Era o que havia planejado, mas não contava que a loira fosse estar à porta esperando por elas. Seu olhar cruzou com o do Philipp pelo espelho retrovisor. Ele provavelmente pensara o mesmo. Ambos acompanharam toda a trajetória de Regina para se livrar daquele fantasma, como ela mesma havia se referido a Emma, e agora estavam ali, diante dele, mais vivo que nunca. Kristoff, sem perceber nada, ou apenas fingindo não ver o desconforto no semblante dos amigos, os chamou para saírem do carro, enquanto ele mesmo já se adiantava, chamando a atenção da amiga.

– Emi! – Acenou, caminhando até ela.

– La vem o noivo! – Emma brincou, o abraçando. – Como foi o almoço?

– Foi tudo bem. – Kristoff falava, mas Emma já tinha seus olhos voltados para as duas figuras, que timidamente, se aproximavam.

– Oi, Emma. – Wendy a cumprimentou quase formalmente.

– Oi Wendy. – Emma tentou ser mais calorosa, estampando um sorriso em seu rosto. – Philipp. – Aproximou-se dos dois, e os abraçou. – Como vocês estão?

– Bem. – Philipp respondeu. – Cansados da viagem.

– Eu imagino. Não é longe, mas ainda assim cansativo. – Emma comentou.

Logo viram uma figurinha pequena, vir em direção a eles, pedalando uma bicicleta com rodinhas. Trajava uma camiseta amarela, e uma bermuda jeans. O sorriso e os olhos entregaram de quem se tratava. Para Wendy, nem foi necessário ouvir o grito da criança.

– Mamãe! Você viu como eu voltei rápido? – Tinha um sorriso sapeca no rostinho suado. – Você viu?

– Claro que eu vi! – Emma fingiu-se de brava. – E vi também o quão longe a senhorita foi.

– Desculpa, mamãe, mas fui só até a esquina. – A criança tentou se justificar.

– E qual era o combinado, Alice? – Emma arrumava o boné na cabeça dela.

– Só até a casa da tia Elsa. – Falou baixinho, abaixando os olhos.

– Hum. – Emma murmurou. – Vem cá, quero te apresentar a uns amigos.

Só então, Alice pareceu perceber a presença dos visitantes. Olhou a volta e viu Kristoff próximo ao portão, sorrindo para ela e piscando. Piscou de volta, antes de se voltar para os outros dois.

– Estes são o Philipp e a Wendy. – Se virou para eles. – Esta é minha filha!

Tanto Wendy quanto Philipp, abriram um sorriso sincero para a criança e a cumprimentaram. Mesmo tímida, Alice foi muito simpática com os dois. Mas assim que terminaram os cumprimentos, ela correu para Kristoff.

– Dindo! – Gritou, se jogando no colo dele, e deixando assim que o boné caísse de sua cabeça, revelando os cabelos castanhos claros que começavam a crescer em sua cabeça.

– Oi, pestinha. – Kristoff a abraçou forte nos braços.

– A pestinha agora precisa pegar a mochila lá dentro, não é? – Emma interrompeu os dois. – Seu pai vai chegar já, já. - A menina saiu correndo em direção ao prédio. – Devagar! Assim você cai menina. – Emma gritou.

– Posso mostrar a minha tiara para meu dindo? – Gritou já da entrada, onde parara derrapando.

– Pode. – Emma afirmou. – Mas rápido.

– É pra ir rápido e não correr? – Alice perguntou com as mãos na cintura, provocando risos nos adultos a volta.

– Rápido, sem correr. – Emma falou tentando manter a expressão séria.

– Ela é linda, Emi. – Wendy não conteve o comentário.

– E muito agitada. – Emma emendou rindo. – Que bom que vocês estão aqui. – disse sincera.

– Não perderíamos por nada esse casório. – Philipp falou olhando para Kristoff, que abriu um sorriso largo. – Até porque na hora em que o padre perguntar se existe alguém contra o casamento, eu preciso me pronunciar. Você era pra ser meu se Zelena não tivesse se apaixonado antes. – Piscou para Kristoff que somente meneou a cabeça.

Alice voltou correndo e parou em frente a eles com a tiara nas mãos. Estendeu-a para a mãe, que se apressou em prendê-la na cabeça da filha.

– E então, dindo? – Perguntou, com um sorriso para Kristoff.

– Está linda. Parece uma princesa. – Kristoff falou emocionado, abraçando-a mais uma vez.

– Posso ficar com ela até o papai chegar? Quero mostrar pra ele também. – Pediu suplicante para a mãe.

– Pode. Mas só até seu pai chegar. Depois a mamãe tem que guardar pra você usar amanhã. E cadê a mochila, pequena? – Foi a vez de Emma colocar as mãos na cintura, deixando claro com quem Alice aprendera o gesto.

– Certo. – Alice concordou. Voltando para o prédio para buscar a sua mochila.

Falavam sobre amenidades, ouvindo principalmente a pequena contar suas histórias, quando outro carro parou em frente ao prédio, e um homem, trajando uma camisa branca e calças jeans, desceu do carro e estendeu os braços para a pequena, que com os olhos brilhando, correu em direção ao pai.

– Papai! – Exclamou.

Em uma avaliação rápida, Graham era um homem bonito, mas claramente hétero, Philipp comentou mais tarde com Wendy. Ele veio em direção a eles, com Alice pendurada em seu pescoço.

– Desculpa o atraso. – Falou para Emma, depositando um beijo em seu rosto. – E esse menino? – Falou olhando para Kristoff. – Colega seu do colégio, Alice? – Brincou, recebendo um tapa fraquinho de Kristoff. Graham desceu Alice de seu colo e abraçou Kristoff. – Estava sentindo sua falta, sabia? – Falou para ele. – Preparado para o grande dia?

– Preparadíssimo! – Kristoff respondeu com um sorriso radiante.

– Que bom! Estou muito feliz por vocês. – Graham falou sincero.

– Graham, estes são Philipp e Wendy. Amigos de Zelena e Kristoff. – Emma fez as apresentações.

– Oi, tudo bem? – Os cumprimentando com um sorriso.

– Vamos logo, papai. Quero brincar com o João. – Alice puxou a camisa do pai.

– Estamos indo meu amor. Já pegou tudo?

– Já. – Mostrou a mochila.

– Então dá um beijo na sua mãe, e vamos embora. – Se virou para Emma. – Eu trago a Alice pela manhã.

– Certo. Manda um beijo para seus sobrinhos, João e Maria. – Emma falou se despedindo e pegando a filha no colo. – E você, comporte-se, ouviu?

– Pode deixar! – Prestou continência.

– Eu não sei onde ela aprende essas coisas. – Emma comentou rindo.

– O João anda fissurado em um desenho que tem um general e seus soldados. – Graham explicou, e logo se voltou para os outros três. – Vejo vocês amanhã no casório.

– Aham. – Ela respondeu lhe abraçando.

– Foi um prazer. – Apertou a mão do Philipp e da Wendy. – Tomou a mão da filha e foi em direção ao carro.

Assim que os dois partiram, Emma convidou Philipp e Wendy para entrarem. Eles foram relutantes, mas por insistência dos dois, acabaram os acompanhando.

Quando entrou na sala, Wendy simpatizou com a casa de Emma de cara. Era bem arejada, com as paredes em branco, com diversos quadros e pôsteres nas paredes, tanto de filmes, como de bandas antigas. Uma estante grande, com patina em tons azuis, abrigava uma enorme coleção de livros, DVDs e CDs. Logo em frente, um sofá branco bastante confortável, e duas pequenas cadeiras como as de diretores de cinema.

– Meu hobbie. – Explicou a loira. – Vicio antigo.

Os dois sorriram, e continuaram explorando o cômodo. Havia diversas fotografias de Alice, e outras de Emma entre familiares e amigos. Em um porta retrato, perto da janela, Wendy identificou uma foto de Emma com Regina, quando as duas não deveriam ter mais do que quinze anos. Logo abaixo, outra foto delas, mas em meio a outras três meninas. E no alto da estante, uma fotografia recente das duas em Storybrooke. Wendy sentiu-se estranha, como se invadisse um espaço que não era seu, e nem lhe era permitido entrar. Assim que se virou, se deparou com o olhar de Emma. Philipp seguiu Kristoff até a cozinha, atrás de um copo d’água, e Emma se aproximou de Wendy.

– Recordações. – Disse triste. – Eu sei que deve ser estranho para vocês estarem aqui, ou até mesmo falarem comigo, mas quero que saiba, que tenho um carinho verdadeiro por vocês.

– Eu sei. – Wendy tentou dizer.

– Não. Tudo bem. – Emma respirou fundo. – Eu não dei motivo algum para que vocês confiassem ou até mesmo gostassem de mim. Eu sei disso, e está tudo bem. Eu não vou me justificar. – Disse firmemente.

– A Alice está melhor? – Perguntou, deixando claro que sabia sobre a doença da menina.

– Bem melhor. A última sessão de quimioterapia foi há dois meses e ela está animada com o cabelo voltando a crescer. – Emma disse ternamente. – Ela voltou a ser a criança alegre de antes. – Riu. – Mas eu não vou usar a doença da minha filha como desculpa.

– Eu não quis dizer isso. – Wendy se adiantou. – Eu nem deveria ter falado nada.

– Não quanto a isso. Não é nenhum segredo, nem motivo de vergonha. Só não justifica o que eu fiz com a Regina. Uma pena que levou um tempo longo demais para que percebesse isso.

Wendy queria dizer milhares de coisas, fazer outras tantas perguntas, mas se conteve. E quando começou a falar, Philipp e Kristoff voltaram rindo da cozinha, com duas garrafas de cerveja e quatro copos.

– Tomei a liberdade, amiga. Estou precisando. – Kristoff entregou um copo a cada uma delas e Philipp as serviu.

– Um brinde. – Disse ele. – A Kristoff e Zelena. Que eles façam um ao outro, felizes por toda a eternidade.

– Saúde. – Disseram em uníssono.

– Nunca te imaginei como um cara romântico. – Kristoff disse rindo.

– Mas eu sou. – Philipp se empertigou. – Só os homens que não percebem isso.

Sentaram-se em volta da pequena mesa de centro, e Emma serviu aperitivos. Em um clima descontraído, ao som de Joni Mitchell, foram todos relaxando. Kristoff estava acelerado, o que era compreensível, mas isso só o tornava mais engraçado, e ajudou a quebrar o gelo bem rápido entre eles.

Mais para o final da noite, Wendy se viu sozinha mais uma vez com Emma, que estava parada próxima a janela, com um cigarro entre os dedos.

– Não sabia que você fumava. – Também acendeu um cigarro.

– Voltei. Havia parado há seis anos. – Disse com um sorriso torto.

– Bom, eu não sou a melhor pessoa para falar sobre tabagismo. Adoro fumar.

– Eu também. Isso é que é o pior. – Emma soltou outra baforada. – E a sua vida, como anda?

– Tudo bem. Trabalhando bastante em vários projetos. Está tudo bem!

– Eu soube do filme. Parabéns. Deve ter sido uma experiência incrível.

– Foi incrível! – Wendy sorriu. – Deu a maior vontade de trabalhar com cinema. É diferente de tudo o que eu havia feito.

– Que bom. Fico feliz. – Emma sorriu. –  E vida pessoal? Alguém em especial?

– Nada. – As duas riram. – Ah, sei lá. – Wendy suspirou. – Eu ando repelindo mulheres que querem compromisso. Mesmo que eu negue até a morte, e aqui já deixo avisado que se você algum dia abrir a boca estou disposta a cometer assassinato, mas eu não superei a Ariel ainda.

– Oh, Wendy. – Emma colocou a mão no ombro dela. – Disso, eu entendo. - As duas voltaram a rir. Não sabiam se por causa da bebida, ou apenas uma conexão que de fato se estabelecia, mas sentiam-se próximas.

– Você ainda ama a Regina, não ama? – Wendy enfim fez a pergunta que vinha lhe martelando na cabeça, desde a hora em que entrara naquela casa.

– Amo, amo demais. – Emma admitiu. – Não adianta negar. – Bebeu um gole da sua cerveja, e sentiu o gosto amargo da bebida quente. – Mas eu tenho consciência de que a perdi, não se preocupe.

– Não estou preocupada. Eu só fico triste por vocês. – Wendy devolveu o afago recebido anteriormente. – A história de vocês beira a novela mexicana. - Esse comentário provocou uma nova onda de risos nas duas.

– Fato. – Emma se viu obrigada a concordar. – O pior é saber que a burra fui eu. Tive tanto medo da rejeição dela, e estava tão fragilizada, que não arrisquei. Eu simplesmente aceitei como fato que ela não estava pronta pra mim. A Regina tem cicatrizes profundas, de machucados que provoquei, e essa culpa ainda me atormenta.

– Você tem razão! Você é realmente burra! – Wendy a encarou indignada. – Você não percebe que a Regina ainda é a mesma adolescente que você conheceu anos atrás? Aquela segurança toda, é pura fachada. Ela morre de medo de se envolver, e culpa o que aconteceu com vocês anos atrás, por isso. Mas acredite, ela sabe que está errada.

– Nós somos o acúmulo das nossas experiências. E a Regina só me associa a uma péssima experiência. Como eu posso acreditar em um amor pautado nisso? E se ela ficasse comigo e percebesse que aquele amor que ela acreditava existir, nada mais era que um desejo infantil de viver algo do qual ela foi privada? Eu cometi muito erros ao longo dos anos, mas se tem uma coisa que eu aprendi, é que nenhum amor baseado em sentimentos escusos, pode dar certo. E no final das contas, como ter certeza de que vai dar certo?

– Se você acha que algum dia terá esta resposta por antecipação, você nunca irá viver nada. – Wendy foi dura, como lhe era de costume. – Eu entendo o seu lado, até porque você não está sozinha nessa, você tem a Alice, mas você só vai saber o que de fato existe entre você e a Regina, no dia em que tentar. Em que estiver disposta a entregar o seu coração a ela, e viver plenamente esse sentimento. Sem garantias, sem certezas, apenas esperança. Esse é o único sentimento que a gente leva para uma relação. Esperança de que possamos ser felizes ao lado daquela pessoa.

Emma limpou a lágrima teimosa que desceu pelo seu rosto. Wendy a puxou para um abraço, e no peito de uma quase entranha, Emma se permitiu chorar, ao mesmo tempo em que uma nova determinação lhe ocupava o coração. Se sentiria da mesma forma pela manhã? Não sabia, mas mesmo sem nada dizer, Wendy parecia lhe dar o aval de que ela precisava para tentar, e ela o faria.

– O que está acontecendo aqui? – Philipp perguntou entrando na sala. – Eu consolo um chorão no quarto, e você outra na sala?

– Kristoff está bem? – Emma se adiantou.

– Está. Foi lavar o rosto, mas já vem.

– E o que deu nele? – Foi a vez de Wendy perguntar.

– Nada. Nervosismo pré-casamento. Mas já passou. – Serviu as duas de mais cerveja. – E você? Está bem? – Se dirigiu a Emma.

– Sim. Está tudo bem – Ela sorriu para ele. – O que vocês acham de uma festa do pijama?

– Não, não mesmo. – Wendy a interrompeu. – Nós temos que voltar para o hotel.

– Pra que? Amanhã vocês vão até lá e pegam as malas.

– Muito obrigada, Emi. Mas é melhor nos irmos mesmo. – Wendy foi firme, mas delicada. – Pensa sobre o que a gente conversou.

Emma confirmou sorrindo. Se abraçaram, e assim que Kristoff retornou à sala, com os olhos inchados, mas com o mesmo bom humor de antes, eles se despediram, e foram embora.

– E você, cama! Amanhã você precisa estar lindo, e uma noite mal dormida, não há maquiagem no mundo que acoberte. – Kristoff riu do jeito ‘ mamãe’ que Emma usou.

Dormiram juntas, no quarto da Emma como sempre faziam. Enquanto Kristoff logo se entregou ao sono, Emma passou algumas horas ainda remoendo a conversa que tivera com Wendy. Ainda haveria uma chance para ela e Regina? Somente pensar nessa possibilidade, e seu coração já reagia com violência. Quando enfim adormeceu, foi com um par de olhos intensos que sonhou.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...