História A Flor de cerejeira do time Gai: Um novo começo - O Segundo Kagami

Em cerca de dez minutos, arrumaram suas mochilas e saíram daquela pequena fissura caulinar que servira como abrigo durante a noite. A floresta ainda produzia seus sons medonhos, o gorjear dos sapos e o dissonante cantar dos grilos não pareciam cessar. O sol ainda não havia nascido e aquela mata fechada ainda permanecia na completa escuridão e lugubridade. 
Caminharam um ao lado do outro, ininterrupta e atentamente por quase oito horas dentre aquele labiríntico emaranhado de radículas e troncos toldados. Logo após essa longa e demorada caminhada chegaram à saída de tal rota.

- Finalmente luz do sol! – Sakura saiu por meio de outro portão enferrujado. A saída da rota era idêntica a sua entrada. Possuía uma cerca grande e gradeada que revolvia todo o perímetro da floresta. Tal barreira de proteção tinha suas bordas pintadas num tom verde-musgo e estava um pouco degradada por conta da oxidação do material metálico no qual era feita. 

O sol estava a pino, eram por volta das doze horas da tarde. Ter contato com tanta luminosidade após aquela longa e temerosa jornada, de certa forma, deixava o Time Gai bastante confortável e aliviado. Caminharam os poucos metros posteriores à floresta da morte e depararam-se com uma bela região plana de ecótono que fazia a fronteira entre Konoha, Taki e Oto. Era um imenso campo constituído de uma vegetação gramínea de tom verde reluzente que continha em sua região central, um estreito riacho de pedras e águas cristalinas. De fato era um local extremamente belo e sublime comparado com a floresta da morte. 
A grama parecia dançar a mercê da melodia do vento suave e deleitante que abrandava ainda mais aquele local. Os pássaros trinavam as suas mais belas canções enquanto mantinham-se esbeltos e indolentes ao tempo nos galhos das mais belas arvores. 

- Que lugar deslumbrante. – Lee afirmou maravilhado. – Poderíamos aproveitar para almoçarmos aqui mesmo. – Sugeriu. 

- Nem dá para acreditar que esse local fica perto da aldeia do som. – A Haruno apreciava aquela visão harmoniosa. Neji permanecia de braços cruzados e encostado numa árvore: aparentava estar pensativo. 

- Tudo bem. Podemos fazer essa parada. – O Hyuuga foi à direção do riacho. – Preencham suas reservas de água. Não sabemos quando teremos acesso a água fresca nessa qualidade novamente. – Ordenou. Retirou uma garrafa d’ água de sua mochila e passou a enchê-la no riacho. Seus outros dois companheiros também fizeram o mesmo. 

- Seus machucados estão melhores? – Sakura perguntou com um sorriso doce no rosto. 

- Sim. – O ninja de olhos perolados falou enquanto guardava sua garrafa na mochila. 

- Eu consegui pegar um peixe! – Lee afirmou com o animal em suas mãos. 

- Ótimo. – Neji falou friamente. – Vamos comer e seguir com nossa missão. 

Assaram o animal recém-capturado em uma pequena fogueira e posteriormente voltaram a caminhar. 

- Nada como uma boa comida para revigorar nossas forças da juventude! – Lee exclamou. Neji e Sakura permaneceram em silêncio. 

- Ele sempre é assim? – Sakura se aproximou do Hyuuga e sussurrou tais palavras suavemente no ouvido dele. 

- Sim. Já pode ir se acostumando. – Sorriu para ela. 

- Vamos correndo na velocidade da primavera da nossa juventude! – O Ninja de sobrancelhas avantajadas exclamou enquanto corria na frente. 

- Só nos resta segui-lo. – Neji resmungou. 

- Juventude a toda força! – Corria paralelamente ao curso do riacho cristalino. – Seus dois companheiros de time o seguiam. 

(...) 

Ao fim do curso riacho, todo o brilho daquele ecótono parecia ter se perdido. Uma grama verde escuro substituía a bela verde reluzente, árvores latifoliadas sacais tornavam-se cada vez mais comuns e o cantar dos pássaros não era mais audível. Depararam-se com uma escadaria cinza-chuva que aparentemente convergia para algum lugar no subsolo. 

- Só pode ser aqui. Adiante dessa escadaria deve ficar o complexo subterrâneo de cavernas de Tani Io que a Tsunade-sama nos falou. – Lee afirmou. 

- Certamente. – Neji confirmou. 

- Byakugan! – Com seu doujutsu ativado, passou a analisar minuciosamente o que se encontrava adiante daquelas escadarias. 

- Não há nada suspeito lá dentro. Vamos! – O Hyuuga desceu as escadas rapidamente e posteriormente seus dois companheiros fizeram o mesmo. 

Era uma caverna simples e aparentemente linear. Possuía o solo coberto por uma areia cor-de-palha e suas paredes eram revestidas por rochas negras basálticas. 

- Essa caverna realmente é o lugar perfeito para se esconder algo. – A rosada afirmou. 

- Sim. – Neji concordou. 

Caminharam por alguns minutos dentre aqueles corredores sem iluminação. Quanto mais adentavam, mais escuro ficava. 

- Neji, não consigo ver mais nada. – Sakura declarou um pouco pávida. 

- Eu também não consigo. – Lee enunciou. 

- Sakura, segure na minha mão e confie em mim. – Estendeu a mão para ela e a mesma segurou. – Se fizermos isso não nos separaremos uns dos outros. – Lee segurou no ombro da rosada e assim prosseguiram. 

Após cerca de trinta minutos caminhando na plena cegueira, chegaram ao fim da rota. Nesse local as paredes se alargavam e juntas reproduziam o formato de um circulo. No centro ficava uma rocha granítica na qual algo semelhante a uma moeda de tom verde-rubi estava mantida em seu ponto médio superior. 

- Esse é o segundo Kagami! – Lee exclamou olhando para o suposto objeto de selamento que iluminava todo o aposento. Correu na direção de tal objeto. 

- Espere! – O Hyuuga advertiu um pouco ofegante. – Havia usado o byakugan por um longo período de tempo. 

- Pode ser uma armadilha! – Sakura alertou. – Instantaneamente a parede atrás da moeda esverdeada foi quebrada por uma criatura que não conseguiram identificar no momento. Lee ficou estático já com o amuleto de selamento nas mãos.

Dentre a fumaça causada pela destruição das rochas basálticas que estavam anteriores ao Kagami, uma centopeia gigante surgiu pronta para atacar Rock Lee. Ela possuía cerca de três metros de altura e tinha seu corpo num tom turvo violáceo. Suas cem patas apresentavam uma tonalidade negra de amarelo e seus dois ferrões frontais tinham a mesma coloração marrom-palha da terra.

Sakura imediatamente concentrou uma grande quantidade de chakra em seu punho direito e partiu para o ataque. Socou precisamente o seguimento inferior da centopeia fazendo com que a mesma caísse no chão e se afastasse do seu companheiro. Imediatamente outros três centípedes iguais ao anterior surgiram pela fissura que o primeiro causou. Juntos começaram a circundar Lee e Sakura com seus ferrões venenosos apontados para os dois ninjas.

- Estamos no ninho desses animais! – Neji afirmou fitando o olhar no orifício donde tais criaturas monstruosas escapavam. O Hyuuga sentia uma dor no fundo de seus olhos por conta do longo período de tempo que estava passando com Byakugan ativado.

- Não largue o Kagami! – A Haruno exclamou enquanto observava atentamente aqueles animais que os rodeavam. Encostou suas costas com a de Lee e partiu para um contra ataque. Imediatamente lançou uma Kunai contra um deles, entretanto o esforço foi debalde, visto que eles eram possuidores de uma carapaça bastante resistente que tornava quase impossível a perfuração dos mesmos por meras ferramentas ninjas.

Uma das centopeias lançou seu ferrão contra Lee, entretanto o membro do time Gai deu um salto para cima e desviou com facilidade. Neji permanecia anterior àquela batalha, estava de joelhos no chão atordoado por conta da imensa dor que sentia em sua cabeça.

- Estou sem chakra... – A Haruno falou para si mesma um tanto preocupada.

- Lee! – Ela exclamou. Percebeu que o mesmo havia sido atingido por uma investida da calda de um dos centípedes.

Após nocautear Lee, a mesma centopeia partiu em direção à rosada para ataca-la. Sakura estava inerte e indefesa ao ataque, pois seu chakra já havia se esgotado. Seus belos olhos verde-safira estavam arregalados e amedrontados diante daquela situação, certamente morreria ali. Quando a criatura monstruosa de cem patas estava a poucos centímetros do rosto delicado da Haruno algo incomum aconteceu. Uma chama esbranquiçada havia interrompido o curso do ataque e os olhos do Hyuuga momentaneamente haviam adquirido um desenho diferente. Aparentavam ter por um segundo ganhado mais dois semicírculos em sua composição.

- O que foi isso que eu fiz?! – Ele olhou para as próprias mãos. Nunca havia feito, aprendido ou ouvido falar de algum jutsu naquele estilo. As chamas brancas se dissiparam e fizeram com que as três centopeias abandonassem o campo de batalha.