História A grande família dos Kim Do - Capítulo três

JongIn estava voltando para casa com as filhas, haviam trocado de aparelho e segundo elas, não sentiam mais nenhuma dor. Decidiu ir no mercado comprar algumas coisas que estavam faltando e como as gêmeas eram obedientes conseguiu fazer as compras normalmente e ainda comprou algumas coisinhas para elas por terem se comportado, e elas fizeram questão de levar coisas que poderiam dividir com os irmãos.

JongIn tinha orgulho dos filhos.

Nunca imaginaria que iria conseguir criar seus filhos e se orgulharia de como eles são, ele e Kyungsoo eram diferentes. Ele mais solto e comunicativo, sempre disposto a conversar, mas odiava ser ignorado e repetia sempre as mesmas coisas para que o entendessem melhor, já Kyungsoo... Era um homem mais sério, falava pouco, mas sabia dividir e era tão bondoso.

O Kim não sabia como, mas seus filhos puxaram um pouco de cada.

Jongho era sério no que tinha que fazer, mas também um pouco atrapalhado e perdido como JongIn, porém responsável quando lhe davam ordens a seguir.

Yunho era mais solto, gostava de fazer amizades e conhecer pessoas, puxou a liderança de Kyungsoo, gostava de estar no comando.

Yeonjun era o mais meio termo, quieto, mas ao mesmo tempo solto quando estava com pessoas próximas, no entanto havia puxado a insegurança dos pais, uma coisa que JongIn e Kyungsoo trabalhavam até agora no garoto para que ele melhore.

As gêmeas... Ah, Suyun e Seunghee puxaram a Kyungsoo em quase tudo, quietas e sabiam obedecer, mas também gostavam de conversar como JongIn.

Hayoung era uma mini JongIn, Kyungsoo não via nada de si na filha, mas adorava como ela puxou a JongIn. E Taek... Taek era JongIn, segundo a sogra de Kyungsoo, o mais novo da família é JongIn quando criança.

― Papai, chegamos ― Seunghee disse baixinho e JongIn assentiu estacionando o carro ― Já tá ficando noite?

― Sim, filha ― riu ― Demoramos um pouco mais.

― Porque fizemos compras, né pai ― Suyun murmurou e JongIn assentiu rindo enquanto tirava o cinto. ― Pode tirar o nosso pai?

― Pode,  docinho ― disse e as gêmeas assentiram.

Kyungsoo e JongIn tinham uma maneira de tratar os filhos por apelidos.

Jongho era o príncipe.

Yunho era o campeão.

Yeonjun era o carinha.

Suyun a docinho, Seunghee a princesinha.

Hayoung a estrelinha.

Taek o amor.

― Ajudem o papai a tirar as sacolas ― JongIn disse abrindo a porta da mini van para as filhas saírem.

Suyun e Seunghee ajudaram o pai a levar as coisas para casa, JongIn entrou e estranhou não ver os outros na sala, foi até a cozinha deixando as sacolas e pegou as que estavam com as filhas.

― Indo tomar um banhozinho. ― avisou e as meninas assentiram.

O Kim saiu da cozinha e foi com as filhas até o quarto delas, ajudou a separar as roupas e saiu, foi até o quarto de Yunho e viu o filho com os outros.

― Oi ― disse da porta e Taek acenou animado ― Por que estão aqui?

― Papai estava brigando com o Jong ― Yunho contou ― Eles foram para o quarto do Jong.

― Ok ― suspirou JongIn ― Yunho, arrume as coisas lá na cozinha pro papai, tá?

― Sim senhor.

JongIn seguiu para o quarto de Jongho, bateu na porta e abriu devagar vendo o filho sentado na cama e Kyungsoo em uma cadeira em frente ao filho.

― Reunião de família sem mim? ― perguntou entrando e fechando a porta.

― Conte ao seu pai ― Kyungsoo disse sério.

― Não consegui me inscrever no processo seletivo para a faculdade ― murmurou.

― Certo... ― JongIn se aproximou e colocou a mão no ombro do marido ― Semestre que vem você pode tentar de novo, filho.

― JongIn... ― Kyungsoo murmurou e JongIn apertou o ombro do outro ― Só não esqueça, Jongho.

Kyungsoo levantou e saiu do quarto, JongIn suspirou e sentou onde o marido estava antes e colocou a mão na barriga.

― Ai, andei muito ― riu baixinho e Jongho o encarou ― Não fique triste filho.

― O pai vai ficar chateado.

― Seu pai sempre fica chateado quando as coisas que ele pensa não dão certo ― disse acariciando sua barriga ― Semestre que vem você tenta e fim.

― Obrigado por entender pai ― Jongho disse sem graça ― Eu sei que o papai quer que eu entre logo na faculdade, mas eu acho que ainda não estou pronto para o teste.

― Eu sei filho, ele pega no seu pé sobre isso, mas você sabe o porquê. Ele não quer que você passe pelo que nós passamos, tendo que trabalhar e estudar ao mesmo tempo, você sabe a história.

― Sim ― suspirou e tirou o dinheiro do bolso ― Eu fiquei mal porque não consegui me inscrever, então achei melhor não comprar a camisa.

― Fique com o dinheiro e compre sua camisa ― JongIn levantou e beijou a testa do filho ― Tome um banho, e venha para a sala, temos que decidir o que vamos comer porque o resto do almoço não vai dar para todos.

Jongho assentiu e o Kim saiu do quarto do filho, saiu e foi até o quarto vendo o marido sentado na beirada da cama com a cabeça baixa.

― Você não pegou pesado com ele, não é? ― JongIn perguntou tirando a blusa, e pegando sua toalha.

― Como ele perdeu, JongIn? ― perguntou olhando para o marido ― A única coisa que ele tinha que se preocupar.

― Não Kyungsoo, o Jongho tem várias outras coisas para se preocupar ― disse sério ― Ele é o mais velho dos nossos filhos e ele nos ajuda sempre, eu fico pensando como não está a cabeça dele ― suspirou ― Você já percebeu que ele te admira demais?

― Lá vem você com o ciúme ― Kyungsoo resmungou se jogando na cama e olhando para o teto.

― Não, amor ― falou com calma e foi para perto do marido ― Jongho te admira como pessoa, o que ele mais quer é te dar orgulho,  mas às vezes, você mesmo sabe disso, esquecemos das coisas.

― Eu só... ― bufou ― Era a única coisa que ele tinha que se preocupar, logo ele termina o colegial e ainda não se inscreveu para a seleção da faculdade. Eu só não quero que ele demore, JongIn, que ele não precise trabalhar e estudar ao mesmo tempo.

― E ele sabe disso, mas é no tempo dele, querido ― murmurou e Kyungsoo se virou vendo a barriga do marido ― Que foi, perdeu o tesão em mim? 

― Eu sinto tesão em você todos os dias ― riu e JongIn ficou sem jeito ― A única coisa que não entendo é como você, um cara tão incrível ainda está comigo. 

― Mesmo que você tenha estragado o nosso casamento, eu ainda te amo ― JongIn disse indo ao banheiro ― Veja o que iremos comer, amor. Estou começando a ficar com fome. 

Casamento… Kyungsoo odiava essa palavra, porque o lembrava do seu casamento. 

JongIn sempre quis casar com estilo, não importava se não tinha dinheiro o suficiente, ele ao menos queria uma roupa boa, uma recepção legal e fotos, ah, ele queria fotos… Mas Kyungsoo não conseguiu nada disso e se culpava até hoje por não ter pensado com calma. Quando casaram JongIn estava grávido, por isso Kyungsoo pegou tudo do casamento para si, mas nada saiu como ele planejou. 

Ele não conseguiu alugar roupas, não conseguiu um lugar bom para uma recepção e o principal, não conseguiu ninguém para tirar fotos. Em resumo, apenas casaram no cartório para a tristeza de JongIn. 

Kyungsoo se torturava por isso, era a vontade de JongIn na época e não conseguiu realizar, se sentia um merda por isso. 

― Pai ― O Do olhou para a porta onde estava Seunghee ― Jongho quer pedir comida. 

―  Tudo bem, filha. Seu pai deixou ― Falou e Seunghee assentiu e saiu correndo. ― Nini? 

―  Oi?! ― gritou de volta do banheiro.

― Você se casaria comigo hoje em dia?!

―  Que pergunta mais idiota ― escutou a risada do marido. 

― Casaria ou não? 

― Sim!

Era a resposta que Kyungsoo precisava. 

[...]

― Momento reunião de família ― Kyungsoo disse enquanto os filhos estavam no tapete comendo pizza e Taek terminava de fazer sua lição com JongIn na mesinha do canto da sala. ― Hoje é quinta, dia da nossa reunião. Está aberto agora a reunião da família Kim Do. Lembrem-se das regras, levante a mão para perguntar ou expor sua crítica ou ideia.

― O que é crítica, papai? ― Hayoung perguntou e Yunho riu. 

―  Quando você quer comentar sobre uma coisa, tipo dar a opinião, por aí ― Yunho respondeu e a menina assentiu mesmo ainda perdida. 

― Eu vou começar ― Kyungsoo saiu da sala deixando os filhos confusos, JongIn riu passando a mão na barriga enquanto Taek colava as figuras no caderno. ― Lembram disso? 

― Ah não pai ― Jongho choramingou vendo o quadro que Kyungsoo tinha nos braços, era o quadro de tarefas. ― Como o senhor achou?

― Simplesmente apareceu ― disse e todos olharam para Taek que riu baixinho já começando a se encolher em JongIn. ― Ok, Taek me contou que Yunho tirou isso da sala e Jongho sabia, e até as minhas garotas estavam envolvidas ― olhou para as filhas que sorriram ― Não é legal. 

― Pai, seguir o quadro é chato ― Yeonjun falou ―  Estamos há quase duas semanas sem usar ele e fizemos tudo que era pra fazer. 

― Não mesmo ―  JongIn se meteu ― Eu preciso lembra-los de fazer. 

― Primeiro tópico, a volta do quadro ― disse Kyungsoo colocando o quadro de volta no lugar ― E nada de fugir com ele, eu tenho um espião muito bom ― se aproximou do filho e Taek bateu na mão do pai ― Sejam como o Taek, obedientes. 

― Fofoqueiro né ― Suyun disse e Kyungsoo a encarou ― Desculpa. 

― Segundo tópico ― olhou para JongIn que levantou a mão rindo, achava essas reuniões uma graça ― Sim querido. 

― Temos que começar a maneirar na hora do almoço ― disse ― Quero que comece a sobrar para o jantar, ou que pelo menos os mais velhos comam outra coisa a noite. Eu e seu pai não cagamos dinheiro ― os mais novos riram e Kyungsoo revirou os olhos ― Então vamos começar a comer bem, mas não de uma maneira louca. 

― Algum comentário? ― Kyungsoo perguntou e os filhos negaram. Seunghee levantou a mão ― Fale, filha. 

― Tópico três ― disse e Kyungsoo sorriu orgulhoso ― Quero falar para os garotos que esquecem as meias sujas de chulé na porta. 

― Ah é mesmo papai! ― Hayoung gritou― Yunho chegou do colegio e largou na porta, tá fedendo a podre. 

― Ei! ― Yunho cruzou os braços ― Eu estava suado, passei a manhã usando tênis.

― Não cara ― Jongho colocou a mão no ombro do irmão ― Realmente você tem chulé. 

― Olha só quem fala, fui ajudar a colocar sua roupa pra lavar e tinha uma cueca furada ― Yunho rebateu. 

― Desde quando você usa cueca furada, Jongho? ― JongIn perguntou ― Você não tinha comprado? 

― Ela é a única que eu tenho assim ― Jongho murmurou. 

― Tópico quatro ― Yeonjun se pronunciou ― A não participação de apresentações nas escolas. 

― Como é? ― JongIn perguntou tapando a cola que Taek estava prestes a passar na mesa. ― Isso não é algo para a família, Yeonjun. 

― Eu só queria que fosse uma regra ― murmurou. 

― Quer conversar? ― JongIn perguntou e Yeonjun negou.

― Tópico pausado, em andamento ― Suyun disse e Yeonjun riu ― Algo mais? 

― Ah, o último tópico desta reunião ― Kyungsoo disse sério e Jongho engoliu seco ― O filho do Minho chamou o Yunho para sair. Família, o que dizem em relação a isso? Vocês podem votar.

― Como assim? ― JongIn foi para o sofá com Taek. ― Aquele projeto de delinquente?

―  Ele é doidinho ― Seunghee disse e Suyun assentiu rindo ― Uma vez ele enfiou o dedo no buraco que ele tem no ouvido. 

― Era o alargador ― Yunho murmurou. 

― Nem com nojo ― JongIn disse ― Fora de cogitação. Meu voto é não.

― Eu sim ―  Taek disse e Kyungsoo colocou a mão no peito e começou a se ajoelhar ― Matei o papai?

― Sim ― JongIn disse baixinho e Taek saiu correndo até o outro pai. 

― Eu voto não também papai ― Taek disse abraçando a cabeça do pai e Kyungsoo o puxou a para um abraço ― Papai viveu!

― Ei não vale ― Yunho bufou ― O voto do Taek continua sim, o senhor não pode influenciar. 

― Eu voto sim ― Hayoung disse e olhou para JongIn ― Ele é legal. 

― Se seu irmão aparecer com uma tatuagem, eu vou tatuar você ― JongIn disse e Hayoung riu ― Com várias canetinhas coloridas. 

― Eu voto não ― Jongho disse e Yunho bufou ― O garoto é louco, e com certeza só quer uma coisa…

― Prefiro que não fale o que ele quer ― Kyungsoo disse e Jongho assentiu. 

― Voto sim ― Suyun disse. 

― Não ― Seunghee falou. 

― Ok, Yeonjun decide ― Kyungsoo disse e Yeonjun se encolheu ― Vamos filho, só diga sim ou não. 

― Sim ― disse e Kyungsoo voltou a se ajoelhar, dessa vez deitou no chão e Taek subiu em cima dele. ― Yunho tem o direito de sair com ele, pra saber se ele é legal. 

― Bom ponto, maninho ― Jongho murmurou. 

― Você é um ótimo irmão ― Yunho abraçou Yeonjun ― Amo você, lindo!

― Ok, tópico fechado. Yunho vai poder sair com o Mingi, mas, Seunghee vai junto. ― disse JongIn e Yunho parou de sorrir ― Ela é a que Mingi não pode comprar, nem com doces e muito menos fastfood, por isso, ela vai junto. 

― Adorei a ideia ― Kyungsoo sorriu enquanto Taek estava sentado em sua barriga. ― Reunião da semana, fechada. Tópico sobre o quadro de tarefas resolvido, tópico sobre a comida em andamento, tópico sobre os sapatos na porta em observação, tópico sobre as apresentações na escola em observação e tópico sobre a saída de Yunho com o pequeno rebelde, resolvido! 

― Martelo, por favor ― Jongho disse e Yunho bateu as mãos na mesinha de centro ― Reunião encerrada, sem mais objeções. 

― Se um dia alguém me falasse que eu iria fazer reunião da semana com meus filhos, eu iria rir ― JongIn comentou e Kyungsoo riu ― Ok família, tv e celulares liberados até as 21:30. 

― Oba! ― Hayoung gritou animada ― Seung e Susu, eu gravei Henry Danger. 

― Deixa que eu coloco na tv ― Yunho disse e Jongho levantou indo levar as caixas de pizza a cozinha. 

― Vai assistir? ― Kyungsoo perguntou a Taek que assentiu indo sentar no sofá. 

Yeonjun saiu da sala e foi para o quarto, JongIn encarou Kyungsoo e os dois assentiram levantando e indo atrás do filho. 

Se tinha algo que JongIn não gostava dessa coisa de ser pai é ter que conversar, ele nunca sabe o que falar direito, felizmente Kyungsoo sabe. 

― Pode explicar porque aquele negócio de não apresentar na escola? ― Kyungsoo perguntou vendo Yeonjun arrumar a cama, JongIn entrou no quarto e sentou na cadeira, só estava com quatro meses, mas já se sentia cansado. 

― Eu não me sinto bem em público ― disse o garoto de treze anos. 

― Certo ― JongIn suspirou ― O que podemos fazer? 

― Uh? 

― Se você não quer se apresentar precisa nos dizer o que podemos fazer para pedir que você não fale em público ― JongIn disse e Yeonjun abriu um sorriso ― Mas você sabe que um dia vai ter que falar em público, não sabe? 

― Não é um bicho de sete cabeças, filho ― Kyungsoo disse sorrindo pequeno ― Amanhã irei falar com a sua professora, e você vai ficar fora dessa apresentação, se ela permitir, senão… 

― Vou ter que fazer ― disse e JongIn assentiu ― Eu só acho que vão rir de mim. 

― Ninguém vai rir de você, carinha ― Kyungsoo disse carinhoso ― E se rirem, apenas ignore, você é muito mais do que essas pessoas. 

― Você faz parte de uma família que tem sete filhos, o que é melhor que isso? ― JongIn perguntou e Yeonjun riu ― O que você acha de fazer aula de teatro? Acho que conseguiremos pagar. 

― Soobin disse que era bom ― o garoto disse baixinho ― Kai também. 

― Esse menino tem o meu apelido, por isso que gosto dele ― JongIn disse e Kyungsoo revirou os olhos enquanto Yeonjun ria. ― Vou falar com os pais do Soobin, você pode ficar na turma dele, não sei. 

― Seria legal. 

― Ótimo ― Kyungsoo sorriu ― Agora vá assistir desenho com seus irmãos. 

Yeonjun assentiu e saiu do quarto, JongIn olhou para Kyungsoo e o Do suspirou;

― Acha que devemos pagar uma terapia pra ele? 

― Não sei, Soo ― murmurou ― Vamos ver se o teatro dá certo, se ele não começar a perder um pouco dessa insegurança, falaremos com a terapeuta. 

― Acho que mesmo com o teatro devemos falar ― O Do disse ― O fato da garota ter rido dele por causa do bilhete foi pesado. 

― Há pais que não sabem criar os filhos, a ter sei lá, sensibilidade ― bufou ― Será que se todos nós pagarmos uma terapia, teremos desconto?

― Acho que não ― riu se aproximando do marido ― Nem perguntei como foi seu dia, meu bem. 

― Pergunte depois que a gente for pro quarto e você passar o óleo na minha barriga. 

― O que você acha que é? 

― O bebê? ― perguntou abraçando a cintura do marido ― Não importa. 

― JongIn, se voltássemos ao passado, você realmente aceitaria casar comigo de novo?

― Claro que sim ― levantou a cabeça e encarou o marido ― E teria todos esses filhos de novo. 

― Eu também ― Kyungsoo disse rindo. 

Jongho estava no corredor e escutou os pais, sorriu pequeno e voltou para a sala.