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História A Herdeira - Equipe de Elite REFAZENDO - Os dois lados dos Arkwright


Escrita por: Amazyx

Notas do Autor


PUTA MERDA!!!!! A PORRA DA PRIMEIRA VEZ QUE EU ESCREVI ISSO TINHA MAIS DE 4 MIL PALAVRAS E O SPIRIT DELETOU, MAS EU VOU REESCREVER SAPORRA NEM QUE EU DEMORE A MADRUGADA TODA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Capítulo 5 - Os dois lados dos Arkwright


Assim que entrei no restaurante percebi quem era James Arkwright. Um homem alto de olhos negros e cabelos grisalhos, a pele branca e a idade marcada em seu rosto com rugas e pés de galinha. Usava um terno cinza escuro, com uma gravata da mesma cor. Bebia algo em uma taça que não consegui identificar o que era. Olhava com reprovação para o garoto sentado ao seu lado.

Mesmo tendo uma estatura alta, não aparentava ter mais de 16 anos de idade, usava uma jaqueta de colégio com as mangas de couro preto, assim como a calça, o que acentuava sua pele clara e os olhos e cabelos negros. Mexia com tédio em seu celular, como se nem notasse que havia um mundo ao seu redor.

Foi engraçado ele ser o primeiro a notar que havíamos chegado. Assim que levantou os olhos, eles foram ao meu encontro. Vi que seus olhos, um pouco saltados, eram tão pretos que, mesmo chegando perto, poderia não ver a pupila. Mexeu no cabelo que batia acima dos ombros e falou com o pai que, por leitura labial, consegui entender o que havia dito.

- Pai. - entendi - Chegaram.

Foi aí que James levantou o olhar até nós, enquanto avançávamos para a mesa de cinco lugares, o que estranhei, já que Lindsay havia dito que viria um guarda-costas.

- Senhorita Cantorinne - disse James com um cumprimento de cabeça e o imitei. Notei que ele tinha sotaque britânico, o que me intrigou um pouco. Logo após, ele estendeu uma mão e eu a apertei. - É bom finalmente conhecê-la.

- Igualmente. - respondi - Creio que já conhece Lindsay e este é Daniel Smith.

- Sim. - disse ele olhando com interesse para Smith ao apertar sua mão. - Lindsay me falou sobre ele. Este é Stephan, meu filho único e meu herdeiro.

O mesmo estendeu a mão e o cumprimentei.

- Stephan. - eu disse, sem tirar os olhos dos dele. - É um prazer te conhecer.

- O prazer é todo meu. - respondeu sorrindo, mostrando covinhas. Ele também tinha sotaque britânico.

- Sentem-se, por favor. - disse James e, quando ia puxar uma cadeira para mim, Smith o fez. Olhou para mim interpretei seu olhar como uma recordação do início daquele dia e sorri para ele, me sentando logo em seguida. Ele puxou uma cadeira para si ao meu lado e se sentou. - Tomei a liberdade de pedir a especialidade da casa por vocês, espero que não se incomodem.

- Ora, imagine. - disse Lindsay.

- Vou pedir para trazerem um pouco de cerveja amanteigada para nós. Garçom.

Enquanto chamava o garçom, olhei para Lindsay, perguntando com os olhos sobre a cerveja amanteigada e ela simplesmente assentiu.

- Sim. - um homem com alguns fios brancos nos cabelos chegou, de uniforme.

- Um copo de cerveja amanteigada para todos, por favor.

- Sim, senhor.

- Obrigada. - dispensou o garçom - Então, senhorita Cantorinne. Me sinto na obrigação de dizer que quando soube que uma empresa recém criada estava nas mãos de uma adolescente de 15 anos fiquei um tanto... surpreso.

- Por favor. - respondi - Me chame de Victória. Na verdade, faço 15 dia 3 de setembro e sim, na maioria das vezes a pessoas ficam surpresas, mas acompanho a ideia de meu pai desde que a mesma surgiu a ele.

- Claro que sim. Fiquei sabendo do desaparecimento dele. Sinto muito.

Alguma coisa me disse que ele não sentia tanto assim.

- Obrigada. - Smith colocou uma de suas mãos em cima da minha que estava repousada sob a mesa, como que me reconfortando. Ah é. Lembrei. A gente deveria estar junto, né. Sorri em gratidão. - Mas, senhor Arkwright, fui informada de que o senhor mesmo iria para a sede da Olimpian...?

- Ah sim. - disse e olhou para o filho - Tivemos um imprevisto e tivemos que ficar por aqui mesmo. Uma das causas que levaram meu segurança a não estar presente no momento.

- Com todo respeito. - disse Lindsay - Por que precisaria de um segurança conosco?

- Ora. Nova York é linda, mas isso não a torna menos perigosa.

- É claro que não.

Lindsay e James começaram a conversar entre si e eu viajei em pensamentos. O modo com que James olhava para o filho quando cheguei e ao falar sobre o imprevisto me deixaram um pouco confusa. Pelo jeito, Stephan era um daqueles garotos rebeldes que não estavam nem aí para a empresa. O modo com que não dava importância ao olhar repreensivo do pai e como mexia no celular com tédio. Olhei discretamente para ele, pensando o encontrar mexendo no celular, mas seu olhos estavam direcionados em mim. Assim que percebi que ele viu que eu o olhava, desvivei o olhar antes de ele virar a cabeça.

- ... o que acha, Victória? - Lindsay me perguntou. Eu não havia percebido que a conversa acabou se direcionando para a empresa e, consequentemente, eu deveria dar a minha opinião.  Pensei na melhor maneira de sair da enrascada.

- Desculpe. - eu disse - Me perdi um pouco... - Ótimo. Pensei. Eu sou o Plínio da vez.

- É claro. - encarei James de cenho franzido após suas palavras. - Uma garota de sua idade não poderia entender a complexidade de uma formação de aliança. 

- Pai. - disse Stephan, tão atordoado quanto eu.

- Victória tem Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. - disse Smith - Achei que soubesse...

- Ah, conheço bem a doença. - respondeu James - A pessoa tende a se perder em pensamentos quando o assunto não é de seu interesse.

- Ou quando há muita coisa na cabeça para resolver. - disse Stephan e ele se virou para mim. - Desculpe, sei que não foi a intensão dele te ofender.

- Não precisa se desculpar, Stephan. - eu disse - Está tudo bem.

Cinco garçons sairam da porta que deveria dar na cozinha, com uma bandeja equilibrada em uma mão e um lenço no outro braço. Cada um posicionou um prato na frente de cada pessoa na mesa e encheram a segunda taça de Smith, Stephan e minha do que reconheci ser a cerveja amanteigada. Ao sentir o cheiro lembrei das vezes que sempre saía com Linda e Jennifer para Hogsmeade e almoçávamos. E adivinhem a entrada: tortinha de abóbora. Sabia que assim que colocasse o garfo na boca me lembraria do Expresso de Hogwarts que não tomaria mais. Eu achava muita sacanagem eu acabar de entrar na escola e ficar apenas um ano. Mas teria que esperar até dia primeiro para saber o porquê.

- Então, Daniel. - disse James - Lindsay me disse que foi você que teve a ideia de misturar os metais mais poderosos em um só.

- Bem. - começou Smith, um pouco hesitante. Me perguntei se foi pelo modo que James se dirigiu a mim de verdade ou atuação. -  Por mais que o ouro imperial e bronze celestial sejam bons, não são resistente a muitas coisa, mas se juntar os melhores metais da Terra em um só é simplesmente indestrutível.

- Incrível. Até dele mesmo?

Smith riu.

- Não.

- Lógico que não. - James respondeu - Nada pode se defender de si mesmo.

James pegou o garfo e comeu um pouco da tortinha e o acompanhei. Bebi um pouco da cerveja amanteigada e aconteceu o que eu não queria. Me lembrei de todos os momentos que naquele ano não iria ter. Suspirei.

- Estamos projetando novas armas. - eu disse - Feitas dessa mistura, começamos a investir em armas de fogo, o que poderia...

- Você tem costume de se intrometer nas outras conversas assim.

Stephen repousou os talheres com força na mesa.

- Pai. - disse - A empresa é dela, ela pode se intrometer nos assuntos se ela quiser.

- Stephan, calado. - disse James. Percebi a troca de olhares e notei que o pai repreendia o filho sempre. Provavelmente foi o que levou a sua rebeldia. Pelo modo que Stephan olhava o pai, vi que ele estava a ponto de explodir.

- Stephan. - chamei e ele se virou, ainda com o mesmo olhar. - Está tudo bem. Afinal, S... Daniel estava falando de uma invenção dele, não tinha que interferir. - limpei de leve a minha boca com o guardanapo e afastei a minha cadeira para trás. - Com licença.

Me levantei e me direcionei ao banheiro feminino e entrei. As paredes eram de azulejos cinza escuro azulados, o chão era de quarados maiores, brancos. A pia de mármore escuro e os boxes em uma cor puxada para o creme.

Assim que a porta se fechou atrás de mim soltei a respiração com força, ofegante e apoiei meus braços na pia, deixando o peso de meu corpo cair sobre eles e ouvi minha bolsa cair no chão. 

Me olhei no espelho e me deparei com uma cena não muito bonita. O cabelo escovado estava bagunçado, depois de praticamente me jogar na pia. Estava ofegante e algumas gotas de suor apareciam na minha testa e as limpei rapidamente, sem estragar a maquiagem.

No fundo eu sabia que eu estava assim por não poder arrebentar o rosto daquela criatura intitulada James Arkwright. Ele não tinha direito nenhum de me tratar daquele jeito. Talvez era porque eu era nova de mais para comandar uma grande empresa, ou porque era machista ou queria resolver a tal da aliança com meu pai ou talvez fosse apenas ciúmes pelas ideias. Resolvi descartar essa última ideia, já que estava interessado no fedoibecê.

Apoiei minha cabeça nas mãos, tentando me acalmar. Uma coisa que aprendi com Cecília era que quando alguém te deixa nervosa, não pode deixar transparecer, mesmo por mais puta que você esteja. Stephan, em parte estava certo, havia muita coisa em minha cabeça para conseguir prestar atenção em qualquer coisa a minha volta. Mas isso não dava o direito de James me criticar daquele jeito.

Ouvi o som da porta batendo e levantei a cabeça, tentando me recompor, mas pulei de susto ao ver Stephan no espelho.

- Stephan. - o repreendi - Este é o banheiro feminino! Sai daqui.

- Desculpe, só queria ver se estava bem e pelo jeito, não está.

Me virei para olhar diretamente para ele. Cruzei os braços.

- Eu estou bem, Stephan, agora sai.

- Meu pai é fácil de enganar. Eu, já sou desconfiado.

Eu não queria, mas tive que usar um pouco de charme nele.

- Eu já disse que estou bem. - eu disse. Ele comprimiu a boca.

- Se você diz. Mas insisto em me desculpar pelo meu pai, ele é... - as luzes se apagaram e outras, fracas, acenderam - ... meio sem noção. O que aconteceu?

- A energia deve ter acabado. - Eu disse e me direcionei para a porta, sendo seguida por Stephan. Ao sair, vi que todo o restaurante estava iluminado por luzes fracas, de emergência. As pessoas estavam se dirigindo para a porta de saida de uma vez, causando um grande tumulto. Alguém esbarrou em mim e senti uma lente de contato saindo de um olho. - Droga!

- O que foi? - perguntou Stephan.

- Perdi uma lente de contato. - quando dei um passo para tras para ver se enchergava algo bateu em mim e senti alguma coisa, uma bandeja, cair em minha cabeça. Peguei a bandeja e vi que era uma salada que havia nela. Quer dizer, havia mesmo porque agora estava em meu cabelo, roupa. Até molho veio junto. - Ta de brincadeira?!

- Meu Deus, Victória. - disse Stephan tentando me ajudar a tirar comida de meu cabelo. - O pessoal deve estar no jardim, vem.

Ele me puxou até em uma porta grande, onde havia um belo jardim. A luz da Lua cheia iluminava o local, não adiantava muito, mas pelo menos dava para enxergar - mesmo com um olho só. Com pingos-de-ouro lindos e uma fonte com um bebê anjo deixando derramar água de um vaso. Lindsay e Smith estavam ao lado dela. Ao me ver, Smith tentou segurar a risada, mas Lindsay ficou completamente apavorada.

- Pelos deuses. - disse ela quando eu cheguei mais perto - O que aconteceu com você?

- Um garçom em um alvoroço sem luz com uma bandeja de salada. - respondi nervosa - Com molho!

- Nossa... que azar. Mas parece que houve um blackout. Não se sabe quantos quarteirões estão sem luz. James fez uma pesquisa rápida de um lugar com energia, nos ofereceu uma carona para irmos até lá...

- Espera. - a cortei - "Nós"? Sinto muito, mas eu não vou. Olha pra mim!

- Victória! - disse Daniel - Não é uma coisa dessas que vai...

- Fácil para você falar, Smith. - eu disse - Não foi você que virou salada. Não foi você que foi humilhado, não foi você que perdeu uma lente de contato e meio mundo está embaçado!

- E pra onde vai, esperta?

- Ué, pra casa.

- Andando? São quase 20 quilômetros, Victória. 

- Eu estou mesmo precisando de uma caminhada.

- Que isso, eu te dou uma carona.

- Com que carro? Além disso, James com certeza quer resolver as coisas com o seu metal. - me virei para Lindsay - Desculpe, mas... - olhei para minha roupa - Eu não sou assim. Não é fácil fazer tudo isso em um dia. Eu não sou uma socialite, eu sou só uma garota adolescente, que prefere dormir até tarde a ir pra escola. Que quer comer porcaria sem se importar que engorda. - me virei para Stephan - Desculpe, mas eu não sei se iria conseguir me dar bem com seu pai depois do que ele disse. - me voltei para Lindsay - Diga que passei mal, ou, não sei e tive que ir para casa. Você sabe bastante da Olimpian, sabe o que fazer. Boa sorte pessoal. Vejo vocês amanhã.

- Não. - disse Lindsay - Tire alguns dias de folga.

Sorri, me virei e fui embora pelas ruas. 

Pensei em como naquele dia tudo contribuiu para que tudo desse errado. Como Hector queria que eu me transformasse em uma diva de uma hora para outra? Era impossível! Ainda por cima com alguém como eu, que ainda estava desenvolvendo a ideia de ser Sangue de Ouro, acho que, no fundo, naquela época, eu ainda pensava que ttudo não passava de parte do sonho mais longo de minha vida!

Virei em uma rua escura, mais do que as outras, respirei fundo e abracei meu corpo, para afastar o frio. Com aquele vestido e sapatilha, não adiantava muito. Não podia pegar meus óculos, já que os havia esquecido na minha bolsa no banheiro. Me cansei de ver bem com um olho e outro não e tirei com a raiva a outra lente e a joguei no chão.

Ouvi um barulho de moto atrás de mim e congelei. Já estava escuro, eu tava sem óculos e não sabia quem ou quem poderia ser. A moto parou na minha frente, me impedindo de avançar e o motorista tirou o capacete.

- Olá. - ouvi a voz de Stephan.

- Meu Deus, Stephan. - coloquei a mão no coração. - Não me assusta não. Onde arranjou essa moto?

- É minha. Não me reconheceu não?

- Eu estou sem óculos.

- Ah é. Sobe aí.

- O que?

- É. Eu vou te levar para a casa. Mas antes vou passar no hotel que eu estou. Você precisa tomar um banho. Tem... tomate e alface no seu cabelo. - ele tirou os mesmos do meu cabelo.

Senti meus olhos encherem d'água.

- Eu sei. - eu disse, quase chorando.

Ele desligou a moto e foi até mim. Pegou em meus ombros com as duas mãos.

- Ei, calma. - disse - Ta tudo bem. Só vamos... tirar esse monte de comida de você.

Olhei pra baixo e ele levantou minha cabeça para ele. Ele era bastante alto, tanto que seu queixo batia no topo de minha cabeça. Ele mostrou a moto com com a cabeça e me entregou o capacete. O coloquei e ele mesmo ajeitou a fivela em meu queixo. Me ajudou a subir na moto, atrás dele.

- Segura firme. Eu vou acelerar bem.

Dito e feito.

*   *   *

- Parece que aqui acabou a luz também. - eu disse após ele abrir a porta do quarto em que estava, que era a cobertura.

- É, mas aqui... - ele apertou o interruptor e um monte de velas, dentro de vasos brancos redondos acenderam - Tem fonte alternativa. Só não te garanto que o chuveiro vai estar quente. Eu vou pegar uma toalha e um roupão. Tenta não esbarrar em nada, ok? Andar sem óculos é um perigo.

Eu ri.

- Ok. - respondi.

Ele saiu e estreitei os olhos para tentar olhar como era o lugar. Com certeza era de uma cor meio branca, soube que a parede do canto era apenas um vidro, já que a luz da Lua entrava pela mesma.

- Ei. - ouvi Stephan chamar. - Voltei. Vou te guiar até um banheiro, ceguinha.

Ele foi me empurrando levemente até uma porta. 

- É aqui? - perguntei.

- É sim. Tem uma blusa minha aí também. Você é baixa, deve dar uma espécie de vestido.

Ele foi para um quarto.

- Eu não sou tão baixa assim! - eu gritei para ele antes de entrar no banheiro e trancar a porta.

 

 

- Stephan! - chamei ao sair do banheiro. Olhei para ablusa que ele havia me emprestado, branca de mangas longas, com "VERSACE" escrito. Ia até pouco acima da metade das minhas coxas.

- Sim? - ele apareceu. Não consegui enxergar sua reação.

- Eu disse que não era tão baixinha assim.

Ouvi ele rir.

- Eu te dou uma calça. Vem.

Ele me guiou até um quarto e me entregou uma calça escura.

- Eu vou pedir comida. - disse ele - Quer o que?

- Comida?

- É, já que o jantar chique babou, eu vou pedir alguma coisa. Quer o que?

- Alguma coisa que engorde, por favor.

Ele riu e me entregou uma coisa. Vi algo pequeno e dourado. Era minha bolsa. A abri e coloquei meus óculos.

- Ah, como é bom enxergar de novo! - eu disse - Como conseguiu minha bolsa?

Ele colocou um telefone no ouvido.

- Peguei ela quando você a deixou cair.

- E me devolver antes que é bom...

Stephan pediu para eu esperar e saiu do quarto. Olhei para calça que sobrava bastante em meus pés. Comecei a fazer várias dobras para eu não pisar na calça. Olhei para o quarto. Agora com óculos, vi que estava sentada em uma cama de casal branca com lençóis verde metálico, apesar da textura parecer áspera, era bastante macia. Havia um móvel com um espelho na parede a minha frente. A minha esquerda, havia uma guarda-roupa. Quanto tempo ele planejava ficar aqui? Ao lado do guarda roupa havia uma poltrona, do mesmo tom verde do cobertor da cama e uma mesa pequena, redonda ao seu lado.

Me levantei para ver onde Stephan tinha ido e, ao ir passar para a porta ele ia entrar e quase nos trombamos.

- Eu pedi a comida. - disse ele rindo - Daqui a pouco chega.

- Ok. - eu disse. Tentei sair indo para a esquerda, mas ele foi junto comigo, vendo que iríamos ficar nesse vai e volta por bastante tempo, segurei os braços dele o o coloquei no quarto, rindo junto com ele. - Eu vou beber uma água.

- Tudo bem. - ele disse sorrindo, me mostrando de novo suas covinhas.

Fui para a cozinha suspirando. Procurei onde havia um copo, mas antes que pudesse pegar qualquer um ouvi alguém bater na porta e Stephan gritando "Eu atendo!". Peguei um dos bancos da cozinha e me sentei. Apoiei a cabeça nas minhas mãos, pensando em como as coisas tinham dado uma volta completa naquele dia. Era simplesmente para resolver um assunto da empresa e acabei no hotel de um cara que eu tinha acabado de conhecer! Isso parece errado em todos os sentidos!

Stephan entrou na cozinha com dois sacos e dois copos com canudo. Ele tinha trocado de roupa e estava com uma camisa e uma calça xadrez, o que deveria ser seu pijama.

- Que isso? - perguntei.

Ele se sentou do meu lado e me entregou um saco.

- Ué. - disse - Você queria algo que engordasse, foi o que eu pedi.

Abri o saco e encontrei uma caixa maior e uoutra menos. Peguei a maior e abri, Havia um hamburguer bem grande. Peguei rápido a segunda caixa e, ao abrir, havia batatas fritas. Peguei o copo e, pela temperatura e peso, deveria ser um milk-shake.

- Leu meus pensamentos. - eu disse e mordi o hamburguer.

- Depois de hoje, qualquer um merece. - deu uma mordida grande em seu hamburguer. - Olha, eu queria me desculpar de novo pelo meu pai. Ele não tem noção nenhuma...

Coloquei uma batata frita na boca.

- Calma, Stephan. Ta tudo bem. Por falar nele, quando ele deve chegar.

Stephan riu.

- Só amanhã de manhã. Depois do jantar ele vai resolver umas coisas na confecção de varinhas.

- Ah. Então é com isso que ele trabalha...

- É, ué. A tal da Lindsay não te contou não?

- Oh, ela não me conta muita coisa.

- Por que não demite ela?

- Na ausência do meu pai, ele colocou ela pra me ajudar e eu não posso fazer nada, só meu pai pode.

Tomei um gole do milk-shake antes de dar outra mordida no hamburguer.

- Você não sabe de nada? - perguntou ele, pensativo olhando pro chão. - Nenhuma pista sobre como ele desapareceu...?

-Nadinha. - dei outro gole no milk-shake, afim de engolir o choro junto - Ele saiu da sede da Olimpian e estava indo para casa, mas ele não apareceu. A namorada dele ligou para saber se ele ainda estava na sede, mas ele não estava. Foi aí que começaram as investigações... - minha voz falhou. - Com licença.

Me levantei e passei rápido pela sala até a varanda. Abri a porta e o frio da noite me atingiu. Fiquei um pouco desnorteada e quase caí na piscina, mas desvivei e me apoiei na grade com as mãos.

Havia um engarrafamento na rua ao lado do hotel, pelo blackout que ainda não havia passado. Havia poucas luzes no final do horizonte, onde provavelmente ainda havia energia. Fechei os olhos, respirei fundo e olhei para cima. A Lua brilhava tão grande quanto eu nunca tinha visto, num céu sem estrelas, escondidas pelas nuvens. Estava um pouco sombrio, mas não reparei naquela hora.

Duas lágrimas sairam de cada olho meu. Eu odiava pensar em meu pai, porque eu ficava desesperada tentando raciocinar como ele conseguiu sumir tão rápido e sem deixar rastros. As investigações começaram a algumas semanas. Não podíamos acionar a polícia dos mortais, porque eles acabariam descobrindo o que não deveriam. E se ele tivesse sido atacado por um monstro? E se foi sequestrado por antigos colegas da máfia? E se...

Parei um instante para refletir no que havia acabado de pensar. Ninguém, por incrível que pareça, tinha pensado em contatar a máfia, já que estavam em outro continente, mas meu pai era o líder de uma máfia italiana e viajava entra Estados Unidos, Inglaterra, Itália e Brasil, não viajava? Quem disse que alguém não poderia querer se vingar ou algo assim por ele ter saído de repente?

- Victória. - me virei para aporta e encontrei Stephan vindo em minha direção, muito preocupado. Ele pegou meu rosto e limpou as lágrimas por baixo dos óculos. - Desculpe, eu não sabia que te afetava desse jeito. Sério...

- Tudo bem. - respondi me recuperando - E pare de se desculpar tanto, não está fazendo nada de errado para isso.

- Ok, des...

Eu ri junto com ele. Ele me olhou solidário.

- Eu estou bem. Já disse. Só é um pouco duro lidar com isso.

- Ta bem, só... não chora ta?

Sorri e ele me abraçou. Foi quando notei quão alto ele era mesmo, ao ouvir uma batida rítmica, nem acelerada e nem devagar demais.

- Eu to ouvindo seu coração bater. - eu disse.

- Eu sou alto e você é baixa, o que esperava? - riu.

Olhei para ele e ele olhou para mim. O corte repicado de seu cabelo conseguia moldar seu rosto perfeitamente e eu duvidava que qualquer outro ficasse tão bom quanto aquele. O rosto dele ficou um pouco triste, como se tivesse se lembrado de algo ruim.

- Vem, eu vou te levar pra casa. - disse - O... devem estar preocupados com você.

Não entendi direito a frase até me dar conta de que ele - e mais um bocado de gente - pensava que eu e Smith estávamos juntos. Suspirei.

- Tudo bem. - respondi.

*   *   *

- VICTÓRIA!

Acordei deitada no sofá de minha sala. Depois que Stephan me deixou em casa, me joguei no sofá e apaguei. Lembrei que tinha sonhado com ele. Não lembrava do sonho, só de seu rosto, sorrindo mostrando as covinhas.

- Que? - perguntei com a voz rouca.

- Pode me explicar por que chegou tarde? - Cecília perguntou nervosa. - Lindsay disse o que aconteceu, mas você teria chegado rápido e não tão tarde quanto ontem.

- Deixa ela, Cília. - ouvi a voz de Ana. - Ah e Vi, chegou correio pra você. Umas duas horas atrás. 

- Eu não vou deixar não, tá! - disse Cecília. - Cadê a responsabilidade dessa gente?

- Pra mim? - perguntei, ignorando Cecília.

- é, ta em cima da mesa, bem do seu lado. - disse Ana.

Cecília bufou.

- Será que ninguém nessa casa me ouve? - gritou.

- Com esses gritos, é impossível, flor. - disse Ana.

Olhei para a mesa ao meu lado. Havia um buquê de rosas brancas, ao lado de uma caixa. Me sentei e abri a mesma. Meu vestido e minhas coisas estavam lá. Dobradas perfeitamente. Deixei a caixa de lado e peguei as flores, havia um cartão no meio delas:

"Ontem, por mais que pertubado, foi bom. Espero poder te ver de novo.

Stephan.

P.S. Pode ficar com as minhas roupas"

Sorri.

- É. - disse Ana, debochando de mim - Será que a noite foi tão ruim quanto Lindsay disse.

Eu ri fraco.

- Não - disse - Até que não foi tão ruim assim.

Me deitei no sofá de novo, cheirando as rosas brancas.

 

 


Notas Finais


pOIS É SÓ AGORA CONSEGUI FAZER. tÔ COM MUITA RAIVA, EU ATÉ CHOREI DE ÓDIO, PQ GZUIS!


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