História A linha do destino - País Ondular

– Desculpem o atraso! – Kakashi apareceu no campo de treinamento extremamente atrasado, muito mais do que qualquer outra vez.

Sakura e Naruto treinavam, e Sasuke observava os dois. Ao se distrair, Naruto foi acertado fortemente no ombro esquerdo por um chute de Sakura. O loiro foi jogado a alguns metros de distancia, e a dor em seu ombro era grade.

– Idiota! – Sakura correu até ele e abriu sua blusa laranjada de treino apressada, para poder ver o estado do ombro do mesmo. – Eu tirei do lugar... – Ela disse, tocando o ombro de Naruto com cuidado.

– Mas você pode curar, não é? – Naruto perguntou, com cara de dor e preocupação. Ele não olhou para o ombro, mas reclamou quando Sakura tocou no local outra vez.

– Posso. Vai doer bastante, então respire fundo. – Sakura olhou para a expressão de dor que Naruto tinha. Ela tinha uma expressão de culpa estampada em seu rosto.

Sasuke sentiu algo estranho desde o momento que Sakura havia simplesmente se ajoelhado próxima ao corpo de Naruto no chão e aberto a roupa do mesmo como se fosse algo totalmente normal. Decidiu ignorar aquela sensação incomoda, permanecendo com sua expressão neutra como se não se importasse com nada daquilo. E queria, deveria, não se importar.

As mãos de Sakura foram envolvidas por um brilho esverdeado. Ela esperou Naruto respirar fundo duas vezes e assentir com a cabeça. A rosada em um único movimento colocou o ombro do amigo no lugar. Naruto mordeu o lábio com uma expressão forte de dor, mas logo abriu os olhos e relaxou a face como podia.

– Pronto. Passe aquela pomada que Tsunade lhe deu há alguns dias se doer mais tarde. – Sakura sorriu e deu tapinhas nas costas de Naruto, se levantando. – Kakashi, você está muito atrasado! – A expressão da rosada mudou em uma fração de segundo.

– Desculpe, Sakura-chan. – Kakashi massageou o pescoço e se curvou levemente. – Eu estava conversando com Tsunade e o conselho da policia especial. Vocês já passaram do período de teste, e temos serviço a fazer.

– Isso parece bom! – Naruto se levantou num pulo, totalmente animado. – O que vamos fazer? Contra quem vamos lutar? Inimigos poderosos estão ameaçando Konoha?

– Vamos escoltar um senhor ao país Ondular. Ele é um construtor de pontes. – Kakshi explicou calmo. – É uma missão simples, mas que também tem seus perigos. Tsunade insistiu para que ficássemos com essa missão, mesmo sendo a primeira de um time talentoso. Ela acha que perigos sérios podem aparecer.

– Quando vamos? – Sasuke se pronunciou, interessado nas “boas novas” que Kakashi trazia para compensar seu atraso.

– Amanhã, durante a madrugada. O ponto de encontro será nos portões da vila. – Kakashi simplesmente sumiu após dar a ultima informação.

– Algo tão simples para um time tão talentoso quanto o nosso!? Um construtor de pontes velho. Nós merecemos coisas maiores! – Naruto estava indignado. Chutava pedras e se descabelava enquanto reclamava e reclamava sobre a missão.

– Dobe, chega. Apenas aceite a missão. – Sasuke bufou, irritado com o drama que Naruto fazia.

– Não devia reclamar tanto. É nosso primeiro trabalho juntos. Uma coisa mais simples é o melhor, até que nosso trabalho como time seja realmente perfeito. Você tem que aceitar que tudo se começa por baixo. E na verdade, não sabemos o nível dessa missão. Pode acabar não sendo um trabalho simples. – Sakura deu um cascudo no loiro, que começou a ralhar em voz baixa. – Vou voltar para a Okiya. Não se atrasem amanhã.

Sakura jogou a capa sobre os ombros e puxou o capuz sobre a cabeça, começando a andar na direção da Okiya. Naruto e Sasuke seguiam um pouco atrás dela, até todos virarem em direções diferentes.

~*~

Uma e meia da manhã. Estavam todos nos portões de Konoha. Bem, quase todos. Ainda estavam esperando pelo senhor que iriam... Escoltar.

– Tudo bem que ele pagou pelo serviço, mas já faz meia hora que devia estar aqui. – Sakura reclamou, escorando-se (se pendurando) em Naruto, que estava ao seu lado. – Nem vou comentar sobre Kakashi. Já era de se esperar um atraso da parte dele.

– Eu poderia ter comido mais ramen antes de sair de casa. – Naruto reclamou e balançou o ombro, fazendo com que Sakura balançasse também por estar escorada ali. Riu baixo do olhar sonolento e irritado da amiga e logo parou, ao ver Kakashi caminhando ao lado de um senhor, vindo em direção aos portões.

Sakura arrumou sua postura e o aparente sono em seu rosto sumiu. O senhor de cabelos grisalhos ao lado de Kakashi a olhava de forma estranha, duvidosa. Parecia não gostar da ideia de uma garota no time que o protegeria. Pelo olhar de Kakashi, que suplicava calma enquanto o senhor sussurrava algo, era mesmo real. O senhor não colocava fé na presença de Sakura ali.

– Todos prontos? – Kakashi perguntou, ao chegar mais perto.

Os três assentiram, e o senhor fez uma careta.

– Já pode se despedir de quem for seu namorado, querida. Não precisamos de distrações logo cedo.

– Ela faz parte do time. – Naruto falou, encarando o senhor e cruzando os braços. – É tão habilidosa quanto qualquer um de nós, e é médica também.

– A presença de Sakura é vital para o time funcionar. – Kakashi explicou.

– Eu tinha razão em não colocar fé nessa policia especial de Konoha. – O senhor apenas continuou andando, sem dirigir o olhar a Sakura outra vez.

A rosada tinha os punhos fechados e parecia morder a própria língua para não responder o senhor da forma como ele merecia. Parecia se controlar para não agredi-lo também.

O caminho era silencioso, já que o senhor conseguia ser bem irritante. Vez ou outra ele conversava com Kakashi ou discutia com Naruto, que não havia se dado muito bem com o senhor.

Após algumas horas, Kakashi se calou e ficou sério. Com mais alguns minutos, diminuiu o passo e mandou que Sakura não saísse de perto de Tazuna – o senhor construtor de pontes – e que todos ficassem alertas.

Não demorou muito para atacarem Kakashi de surpresa. Eram dois homens, que usavam mascaras e tinham como armas, grandes garras metálicas e correntes, todas banhadas em veneno.

Sakura jogou o senhor para trás de si e fez com que todos os seus sentidos ficassem em alerta. O senhor ralhava algo sobre como provavelmente iria morrer ali, o que irritava e acabava por desviar a atenção de Sakura.

Quando sentiu uma presença ao seu lado, já podia ser tarde demais. Rapidamente tomou a forma de Dragão, colocando o grande corpo a volta do senhor e encarando quem a atacava.

Na verdade, acabou por encarar as costas de Sasuke, que não teve problemas em acabar com o homem que tentara os atacar enquanto o outro distraia Kakashi e Naruto.

– Onde estava com a cabeça? Um segundo a mais e você teria veneno correndo pelas suas veias. – Sasuke disse ainda de costas, devolvendo sua Katana a bainha.

– Estão todos bem? – Kakashi perguntou, com o outro homem já caído.

Naruto encarava seu antebraço, onde um grande e fundo arranhão estava.

Sakura voltou a sua forma normal, pegando sua mochila e correndo na direção de Naruto. Ela misturou alguns líquidos em um frasco e passou a mistura para uma seringa de injeção. Antes de Naruto ter qualquer reação, a garota aplicou o antídoto diretamente no ferimento aberto.

O loiro arregalou os olhos, e quando puxou seu braço, Sakura já havia aplicado com sucesso o antídoto. Ele se sentia tonto. Sua visão estava embaçada, e logo não sentiu mais as mãos de Sakura curando os cortes em seu antebraço, ou o chão sob seus pés.

– Ele vai morrer?! – O senhor perguntou, aflito.

– Não. É apenas um efeito colateral. – Sakura guardou tudo o que havia retirado de sua mochila e a colocou em um ombro, suspirando aliviada.

O Senhor permaneceu em silencio. Olhava para Sakura com os olhos arregalados, ainda se lembrando do enorme dragão que o envolvera minutos antes.

– Vamos continuar. – Kakashi disse simplesmente, com Naruto em suas costas, desacordado.

Por mais algumas horas, Kakashi e Sasuke revezaram, afinal Naruto não era nenhuma pluma, e ninguém podia gastar demais suas energias. Mais inimigos apareceriam, disso tinham certeza.

Realmente, aquela não iria ser uma missão simples.

Pararam para descansar por algum tempo. Naruto acordou no exato momento em que Sakura mexia com a comida que havia trazido, “por um acaso”.

Enquanto Naruto se distraia com a comida e Kakashi conversava seriamente com Tazuna, Sakura se curvou ligeiramente na direção de Sasuke.

– Desculpe por hoje mais cedo. Eu realmente devia ter ficado mais atenta... Obrigada. – Após sussurrar as palavras, Sakura se levantou, indo até Kakashi para falar sobre a distância que ainda faltava ser percorrida.

Sasuke apenas a observou se afastar com um de seus típicos sorrisos de canto, que costumavam ser raros antigamente, mas desde que o time 7 havia se formado, se tornaram frequentes.

~*~

Um barqueiro os levou até o país ondular, quando chegaram às margens onde ele esperava. As águas estavam cobertas por uma neblina densa. O caminho até ali havia sido calmo, o que era bom e preocupante ao mesmo tempo.

Após algum tempo no barco lento e discreto, puderam ver uma ponte pela metade à frente. Não muito longe, estava o destino deles.

Desceram e Tazuna os guiou até sua casa, onde o time ficaria até que a ponte fosse concluída e ele não corresse mais perigo.

O senhor tinha um neto pequeno e uma filha. Seu genro havia morrido há pouco tempo, isso sendo ainda uma ferida recente nas pessoas daquela família, daquela casa. Tudo que menos precisavam naquele momento era que algo acontecesse a Tazuna também.

Chegaram logo no começo da noite, então após um banho e um jantar com a família de Tazuna, todos iriam poder finalmente descansar, talvez dormir um pouco, se dessem sorte.

A filha de Tazuna se desculpava com Sakura enquanto lavavam a louça do jantar. O motivo era: Ela havia arrumado o quarto para quatro pessoas, sem saber que uma garota também estava no time. Se soubesse, teria arrumado algo separado para a rosada, que dizia não se importar e que estava tudo bem.

Não era exatamente verdade dizer que Sakura não se importava, mas aquilo provavelmente seria frequente em missões, então precisava não se importar com aquilo. E não era como se não confiasse em seus companheiros de time. Ela e Naruto eram como irmãos, Kakashi era como um tio e Sasuke... Ele não tentaria nada. Era tudo, menos alguém para se desconfiar nesse assunto.

~*~

Falta de ar. Muita falta de ar.

Sakura estava deitada de bruços, embrulhada em um cobertor, e algo pesado a prendia e a impedia de respirar corretamente. Sentiu falta do travesseiro sob a cabeça e ouviu um ronco ao seu lado. O peso em cima de si se moveu.

Conseguindo retirar a cabeça para fora do embrulho feito pelo cobertor, Sakura pode ver Naruto atravessado entre seus futons – o dela e o dele próprio. Ele tinha as pernas jogadas sobre as costas de Sakura e havia tomado seu travesseiro em algum momento durante a noite.

Sakura sentiu-se uma lagarta em um casulo, contorcendo-se para sair de seu embrulho e das pesadas pernas de Naruto, que tinha um sono pesado como pedra. Quando finalmente viu-se livre, estava jogada no chão frio, arfando. Levantou-se e rapidamente correu os olhos pelo quarto a procura de sua mochila onde haviam roupas mais quentes do que o leve Kimono salmão que usara para dormir. Este que estava quase se desamarrando, amassado e torto em seu corpo. Seu cabelo havia se soltado e se emaranhado durante a noite, provavelmente quando Naruto roubara seu travesseiro, já que como cresceu sendo uma gueixa, Sakura dormia na mesma posição, sem retirar um fio do cabelo do lugar.

Sakura fuzilou o amigo, agarrou o travesseiro dele que estava jogado para longe do futon e correu para pressiona-lo contra o rosto do loiro, que acordou assustado pela repentina falta de ar. Ele se debateu e agarrou os ombros de Sakura, a derrubando para o outro lado de seu corpo deitado.

Ela ria alto da cara assustada de seu amigo, que tinha os cabelos loiros ainda mais espetados e bagunçados do que o costume. Naruto tinha marcas de baba no rosto, e os olhos avermelhados pelo sono. Abriu a boca para dizer algo para Sakura, mas foram interrompidos por uma voz rouca e irritada.

– Se já brincaram e dormiram o suficiente, temos uma missão para cumprir. – Sasuke estava apoiado no batente da porta, os encarando. – Tazuna e Kakashi já foram para a ponte.

Naruto olhou para Sakura e bagunçou seus cabelos róseos ainda mais, distraindo-a antes que iniciasse uma briga com Sasuke.

– Bom dia para você também Sasuke. – O loiro riu e olhou Sakura – Use o banheiro primeiro, eu vou me trocar no quarto.

Sakura se levantou e agarrou sua mochila.

– E quem disse que não seria assim? Ainda etsá meio bobo dos sonhos com a Hinata? – Ela riu e deu a língua ao loiro, falando a ultima “pergunta” em voz baixa e passando por Sasuke, indo na direção do banheiro do corredor.

– Eu sei que o jantar não foi uma delicia e o café da manhã também não deve ter sido, mas você poderia melhorar essa cara Teme. – Naruto falou, alcançando sua mochila e revirando a bagunça que havia nela a procura de seu uniforme anbu (o nome que a policia especial levava).

– Pare de pensar em comida e se apresse Dobe. Isso é uma missão séria. – Dito isso, Sasuke lhe deu as costas e desceu as escadas para esperar pelos dois no primeiro andar.

Sakura apareceu, incrivelmente, antes de Naruto. Vestia seu uniforme como Sasuke e observava a nova marca negra em seu braço, que mostrava que ela Fazia parte da policia especial. Haviam ganhado aquela marca após fazerem um juramento, e antes receberem seus uniformes. Isso era uma grande honra e conquista, sem duvidas.

A “cerimônia” com todos os times que estavam aprovados fora a meia-noite, antes de saírem em missão pela primeira vez. A mente de Sakura estava tão nervosa durante aqueles momentos, que ela se esquecia, ou não acreditava que havia mesmo acontecido. Lembrava-se de segurar com força a mão de Hinata, que também segurava uma das mãos de Ino. As três apenas se separaram quando seus times foram chamados, e quando tiveram que sair em missão. Quando estivessem de volta sãs e salvas, - o que haviam prometido umas para as outras antes de se separarem naquela madrugada - comemorariam.

Finalmente seus treinamentos árduos estavam sendo valorizados, e agora utilizados para o bem da nação.

–Nunca imaginei te ver com algo que não fosse parecido com um Kimono, Sakura-chan! – Naruto exclamou, descendo três degraus da escada de cada vez. – Ficou bem em você... Mas não tanto quanto em mim. – Ele riu convencido, passando a mão pela roupa branca e preta que usava.

– Cale essa boca e vamos logo Naruto. – Ela riu, amarrando os longos cabelos rosados em um rabo de cavalo um pouco desarrumado, mas firme. Seu rosto não continha qualquer pintura, o que também não era comum, mas lhe caia muito bem. Ficava muito melhor daquela forma, mais séria, mais forte, mas ainda sim sem perder seu brilho e feminilidade. Aquela era a verdadeira Sakura, apenas.

A rosada saia relembrando-se se tinha pego tudo que precisava e firmava melhor a pequena bolsa branca presa a sua calça. Os três andavam até a ponte em ritmo acelerado, afinal já fazia algum tempo que apenas Kakashi estava com Tazuna. Se alguém os atacasse, seria um problema o time todo não estar lá na hora.

~*~

O dia estava, na verdade, calmo. O neto de Tazuna havia trazido o almoço para todos, durante o intervalo ao meio dia. No começo da noite, voltaram para a casa sem imprevistos.

A construção da ponte ia a todo vapor, e era um alívio nenhum inimigo ter aparecido até o momento.