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História A Little Crush II - Preocupações.


Escrita por: natymoreira

Notas do Autor


Olá meus amores, como estão? Dessa vez eu não demorei tanto para postar e daqui para frente vai ser assim. Eu estou aumentando os capítulos e eu não sei se estão ficando bons, na verdade eu acho que a fic só vai ficar boa mesmo depois do capítulo 17. Enfim, quero agradecer a todos pelos comentários divos e a todos os novos favoritos. Eu amo muito vocês. Uma ótima leitura anjos e espero que gostem.

Capítulo 15 - Preocupações.


Capítulo 15 – Preocupações.

‘’Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo.’’

 

Na manhã seguinte, eu fui surpreendida com uma visita de papai. Antes de falar com ele, eu tomei um banho rápido e me vesti (1). Zayn ainda dormia quando eu sai do quarto e eu resolvi não acordá-lo. Ele também precisava descansar. Fechei a porta quando estava pronta e desci as escadas. Papai estava conversando com Trisha e parecia ser algo sério. Sorri para ele quando nossos olhares se cruzaram, e, ele fez o mesmo. Trisha cruzou os braços e gesticulou a cabeça em um cumprimento rápido.

– Bom dia.  –falei o abraçando.  – Que bom que te ver por aqui.  

– Digo o mesmo querida. Como você está?  -ele perguntou me soltando.

– Um pouco cansada, mas bem. E você?

– Estou ótimo também.

– Alguma novidade?  -falei ficando ao lado de Trisha.

– É sobre isso mesmo que vim falar com você, mas quero te fazer um pedido.

– Claro. O que é?

– Venha tomar um sorvete de chocolate comigo?  -seu sorriso alargou-se.

– Sabe que nem precisa pedir.  –pisquei.  – Trisha pode avisar ao Z que eu sai com meu pai, quando ele acordar?  -apontei para a escada indicando o quarto.  

– Claro Emma, vai lá e não se preocupe.  –ela passou a mão pelo o meu braço.

– Obrigada.  –agradeci e segurei no ombro de papai para sairmos de casa.

O carro dele estava estacionado na calçada, ele abriu gentilmente a porta para mim e depois deu a volta entrando do lado do motorista. Passei o cinto de segurança, assim como papai, e logo em seguida ele deu partida. Liguei o rádio e deixei tocar o CD que já estava lá. Uma música do Queen se iniciou e eu conheci de cara qual era.

I Want To Break Free?  -falei animada.

– Ah então você ainda se lembra?  -ele virou a cabeça para me encarar.

– Como eu poderia esquecer? Nós sempre escutávamos essa musica quando... fazíamos bolo e panqueca juntos.  –minha voz diminuiu um pouco. Talvez porque lembrar daquilo me dava saudades.

– Foi uma ótima época.

– Nunca vou me esquecer.  –aumentei o volume.

Depois de uns vinte minutos, nós paramos de frente para uma sorveteria. No local havia algumas pessoas e a maioria delas eram crianças. Fizemos nossos pedidos, ambos de chocolate com cobertura e amendoim, sentamos naquelas cadeiras altas que ficam próximas ao balcão.

– E então, como vão as coisas com Zayn?  -ele iniciou a conversa.

– Muito bem. Estamos cada dia mais próximos. 

– Fico feliz por vocês. E quanto ao casamento? Ainda está com planos de fazê-lo em um mês?

– Se tudo der certo eu quero sim. Tenho um pouco de pressa em casar com Zayn.  –joguei minha franja para trás.  – O que tinha para me contar?

– Parece que Rachel também está cada dia mais determinada em separar vocês dois.  –balançou a cabeça negativamente.  – Ela me ligou ontem a tarde e quis me convencer de que eu deveria a ajudá-la nessa loucura toda.

– Essa mulher é louca. Eu não entendo o porquê dela querer isso, nós não estamos fazendo mal a ninguém, não estamos pedindo nada para ela. É tão difícil aceitar isso?

– Eu concordo com você. E sabe muito bem que, se você está feliz eu também estou. Mesmo eu achando que é nova demais para se casar...  –soltei uma risadinha.  – Eu apoio você em qualquer decisão que tomar.

– Obrigada papai. Não sei o que faria da minha vida agora, se você não estivesse comigo.  –coloquei minha mão por cima da sua.

– Eu tenho medo de Rachel nunca nos deixar em paz, sabe? Apesar de ela querer o nosso mal, eu não desejo nada ruim para ela.

– Já ouviu falar que o feitiço sempre volta contra o feiticeiro? Um dia ela mesma vai acabar se arrependendo disso.

– Eu espero mesmo. Zayn me disse a mesma coisa, só o tempo é capaz de mudar aquela mulher.  –suspirei ao ver a garçonete colocar nossos sorvetes em cima do balcão.

– Ainda tenho curiosidade sobre algo.  –ele disse e eu esperei que continuasse.  – Como conheceu e se apaixonou por ele?

– É uma longa história, mas eu adoro falar sobre ela.  –tinha certeza que os meus olhos estavam brilhando.  – Conheci Zayn em uma missa de domingo na igreja.

– Certo. Eu jamais imaginaria isso.  –os olhos de papai estavam arregalados.

– Às vezes eu também não acredito.  –levei uma colher de sorvete até a boca.  – A primeira vez que eu o vi, eu gostei dele. Parece clichê, mas eu acho que foi amor a primeira vista. Desse dia para frente nós passamos a nos ver e quando eu fui perceber, já estava apaixonada por ele.

– Como foi que percebeu isso? 

– Quando eu pensava no futuro. Imaginava-me mãe de um garoto e via o sorriso de Zayn nele.  –nesse momento papai parou de tomar o sorvete e olhou pra mim.

– Quando eu vejo Zayn, lembro-me de como eu costumava ser enquanto jovem. Eu era do mesmo jeito que ele. Gostava de fazer as coisas do meu jeito e só estava atrás de alguém que quisesse viver essa vida ao meu lado.

– Rachel está bem longe disso. Espírito aventureiro não existe naquela mulher.

– Aí é que você se engana, Emma.  –ergui uma das sobrancelhas.  – Rachel era membro do clube de motoqueiros da cidade, era uma das poucas mulheres que subiam nas motos e usavam capacetes naquela época.

– Confesso que agora estou definitivamente assustada. Como eu nunca soube disso?

– Esse é um assunto, acredito eu, que ela não goste tanto de conversar.

– Sabe o por quê?

– Houve um dia que Rachel ia correr com os amigos, não era um racha, eles só iam sair por diversão como faziam sempre. Nesse mesmo dia, a mãe dela, sua avó, pediu e implorou para que ela não fosse porque estava sentindo que algo de ruim iria acontecer, mas Rachel não deu ouvido a ela. Ela achava que era apenas um cuidado materno e que no dia seguinte elas se veriam novamente. Mas infelizmente isso não se concretizou. Quando Rachel chegou em casa ela encontrou a mãe caída no chão da cozinha e sem pulsação. Ela a levou para o hospital, só que era tarde demais. Candice estava morta e segundo os médicos ela teve uma AVC.

– Nossa. Eu sabia que a vovó tinha morrido disso, mas não sabia a história que existia por trás.

– Eu imagino.  –ele sorriu ligeiramente.  – Depois disso Rachel nunca mais foi a mesma. Ela se sentiu tão culpada com o ocorrido, que prometeu a si mesma nunca mais quebrar uma regra e jamais desobedecer alguém.

– Como você sabe de tudo isso?

– Porque eu também fazia parte do seu grupo de motoqueiros e fui eu quem a convenci correr aquele dia. Se não fosse por mim, ela tinha ficado com Candice e o pior poderia não ter acontecido.  –seu olhar tornou-se vago e eu senti certo pesar no que ele falava.

– Ei! Qual é. Não vai se sentir culpado por isso, não é mesmo? Você não teve culpa de nada.  –massageei suas costas tentando consolá-lo.   – Se isso aconteceu foi por um querer maior.

– Quer dizer que Deus permitiu isso? Que ele transformou Rachel no que ela é hoje? Eu acho um pouco difícil.  –brincou.

– Nós não sabemos. Talvez sim, talvez não.  –dei de ombros.  – O importante é que nós estamos aqui agora e temos que viver o presente.

– É uma boa meta de vida.  –ele assentiu.  

– É a minha meta de vida.  –lá se foi outra porção de sorvete.  – Agora vamos terminar logo isso e sair desse assunto.

– Você está certa.

Papai concordou rindo e então nós começamos a comer enquanto prestávamos atenção no programa que passava na tevê presa à parede.



Despedi-me de papai com um forte abraço e um beijo na bochecha. De todos os dias que ele estava ali, aquele tinha o mais legal, tirando apenas o dia do meu aniversário. Senti um ventinho frio passar pelo o meu corpo e aquele era diferente dos outros. Era um vento com significado de chuva, e, eu adorava quando isso acontecia. Antes mesmo de colocar o pé na varanda de casa, meu celular vibrou no bolso traseiro do short. Peguei-o e na tela marcava um número privado. Hesitante eu atendi.

– Alô.  –falei baixo.

Olá Em.  –só de ouvir aquele apelido, eu tremi da cabeça aos pés.

– Quem está falando?  -perguntei preocupada.

Você sabe quem eu sou.  –ele riu de um jeito maldoso.  – O acidente lembra? A mensagem na parede.

– Quem é você?  -tapei minha boca para segurar um grito de medo.

Lamento, mas eu não posso falar. Perde a graça da brincadeira.  –ele parecia se divertir com o meu espanto.

– O-o que você quer?  -eu mal estava conseguindo falar.

O que eu quero? Você já deveria saber disso. Eu quero você, Em.  –eu não podia nem ter pista de quem era, porque eu tinha certeza que ele estava usando algum aparelho para mudar o tom da voz. 

– Você é louco. Deixa-me em paz.  –estava tão amedrontada que não conseguia chorar.

Só a deixarei em paz quando eu consegui o que eu quero. E pra isso eu terei que tirar o seu namoradinho da jogada.  –o jeito que ele falava mudou completamente nesse instante.

– Não. Você não vai conseguir nada.  –a porta de casa foi aberta e Zayn passou por ela. Ao me ver naquela situação de pânico ele se aproximou.   – Zayn me ajuda.

– Emma o que foi?  -ele perguntou me chacoalhando.

– Tem alguém na linha.  –uma lágrima correu pelo canto do meu rosto.  

– Me deixe ver.  –ele pegou o aparelho das minhas mãos.  – Alô? Alô? Não tem ninguém, Emma.

– Deve ter desligado. Meu Deus.  –passei as mãos pelos meus cabelos e os levei para trás. 

– Quem era? O que disseram?  -Zayn segurou em meus braços e me obrigou a olhar pra ele.

– Eu não sei. Não pude reconhecer sua voz.  –expliquei.  – Mas ele disse que... que não iria descansar até conseguir o que queria.

– E ele disse o que queria?  -ele perguntou, mas a minha resposta não saiu.   – Emma... Emma estou falando com você.

– Ele quer a mim.  –respondi e baixei a cabeça.   – Ele disse que precisava se livrar de você.  –não consegui mais conter o choro e desabei ali mesmo.

– Emma escuta o que eu vou falar agora.  –ele segurou meu rosto com as duas mãos.  – Ninguém vai tirar você de mim. Ninguém.

– Porque isso ‘tá acontecendo? Por quê? Por quê?   -abracei-o fortemente.

– Isso logo vai passar, grave as minhas palavras.  –Zayn acariciou a minha nuca.

– Como foi que ele conseguiu o meu número?  -ao dizer aquilo, uma hipótese me veio a cabeça.  – E se essa pessoa for alguém que me conheça bem? Eu não passo meu número para muitas pessoas, apenas as mais chegadas mesmo.

– E se for mesmo o Jared? Você pode não acreditar, mas não podemos tirar seu nome da lista de suspeitos.

– Nem o de qualquer outra pessoa que eu conheça.

– Você tem a mim e eu tenho a você. Não vamos quebrar nunca essa aliança.

– Nunca. Eu te amo.  –encostei minha cabeça em seu peito.

– Eu também amo você.  –eu podia ouvir as batidas ritmadas do seu coração, estavam aceleradas e isso significava preocupação.

A todo o momento eu tento gravar em minha cabeça que tudo está bem, mas eu sei que não está e vai demorar a ficar. Eu também sei que mesmo Zayn tentando aparentar estar forte, ele está na mesma situação que a minha. Não nego que a ideia de cortar os meus pulsos durante o banho já me passou pela cabeça. Não é fácil deitar na cama, fechar os olhos e ter a sensação de que alguém está te observando. Perguntas rolavam em minha mente e a mais importante delas ainda esperava uma resposta: Quando é que eu finalmente poderia ser feliz? Quando vão parar de interferir na minha vida e me deixar viver as minhas escolhas do jeito que eu quero? Seria tão simples se nós apenas fossemos embora de Londres, voltássemos para São Francisco, vivêssemos nossa vida calma e sem ninguém para encher nosso saco por lá. Parte de mim quer fugir, mas a outro quer ficar e enfrentar os inimigos. A charada é, a quem eu devo obedecer?

[...]

Suspeitar de Jared era algo que não estava em meus planos, mas depois de hoje eu preciso ficar mais esperta. Não só com ele, mas com todos os nomes gravados na minha agenda telefônica. Poderia ser qualquer um. E isso me atormentava. E o pior de tudo era a vontade de saber se ele estava agindo a mando de mamãe ou por contra própria. Rachel é a minha maior suspeita quando se trata de querer que algo de ruim aconteça a mim e a Zayn. Afinal ela mesma disse isso. Já não sei mais em quem confiar. A única certeza que eu tinha era que esse maníaco, era um homem.

Não eram nem duas da tarde e eu estava deitada em minha cama com uma caixinha de lenços de papel ao meu lado. Algo idiota passava da televisão, mas eu não estava dando à mínima. Será que eu conseguiria dormir até tudo se normalizar? No dia anterior eu estava tendo um belo dia com Zayn e hoje eu estava sozinha em um quarto, chorando e vendo um comercial sobre salgadinhos. Isso se semelha a uma montanha-russa. Cheia de altos e baixos. Eu só quero que no final tudo acabe bem. O celular jogado em cima do travesseiro vibrou outra vez e devido ao medo, eu só atendi no quinto toque. Fique feliz ao constatar que era Jasmine.

Oi Emma.  –ela disse empolgada.  – Tudo bem?

– Oi Jas, estou indo. Em que posso ajudar?  -minha voz soou manhosa.

Queria saber se você quer ir comigo a fisioterapia amanhã. Meu joelho está ótimo, mas mamãe teima comigo que eu ainda preciso cuidar dele.  –ouvi um murmúrio de desgosto vindo dela.

– Jas, eu não sei. Estou um pouco ocupada.  –menti.  – Niall não pode ir com você?

Ele vai me levar até lá, mas não pode ficar muito tempo porque precisa ajudar o pai dele com alguns negócios. Queria que você ficasse lá comigo, eu prometo que vai terminar logo.

– Tudo bem, te vejo amanhã.  –desliguei o celular antes mesmo de ela agradecer. Não seria tão ruim, eu precisava de alguém para contar o que ocorreu e o que eu estava sentindo, Jas seria a mais adequada para isso.

Respirei profundamente e troquei de canal procurando por algo que me agradasse e não fosse entediante. Resolvi colocar no mudo e me sentei na cama abraçando os meus joelhos, as lágrimas haviam secado e o meu rosto estava gelado. Zayn estava na cozinha preparando um chá, sua preocupação pareceu ter aumentando depois daquele telefonema anônimo e não é para menos, qualquer pessoa do mundo ficaria assim ou até pior. Quando aceitei firmar um relacionamento com Zayn, eu sabia que iria ser difícil, mas não tão quanto é agora. Jamais imaginei que mamãe seria capaz de fazer até o impossível para me ver longe dele e pior ainda ter um cara louco correndo atrás de mim. Está parecendo até um filme de terror, como Jasmine havia falado outro dia, misturado com um tema de psicopatas e amor impossível. Será que eu estava fazendo parte de um filme e não sabia? Ouvi algumas batidinhas na porta entreaberta do quarto e nem precisei olhar para saber quem era.

– Está mais calma?  -ele perguntou e me entregou a xícara preta.

– Um pouco.  –assoprei e arrumei o sachê.   – Tentando acreditar que isso tudo não passa de uma brincadeira ou pegadinha.

– E eu quero que você torça para esse engraçadinho não seja Jared, porque se eu descobrir que é ele... a ultima coisa que ele ira ver é a minha mão. Dando um soco em sua cara.

– Eu gostaria mesmo que você fizesse isso, não tem graça nenhuma assustar as pessoas desse jeito.  –bebi um gole do chá.

– E muito menos quando essa pessoa é você.  –ele me deu um selinho.  – Lembrei-me de uma coisa.

– O que?

– Você tinha que ter ido buscar seu vestido de noiva cinco dias atrás.

– Que merda. Eu me esqueci completamente do vestido.  –bati em minha testa.  – Irei lá o mais rápido possível.

– Não precisa pensar nisso agora, ok? Se quiser eu peço a minha mãe que resolva tudo, ela vai adorar fazer isso.

– Eu agradeço por isso, mas é o meu casamento e eu quero organizá-lo.  –apertei sua bochecha e ele revirou os olhos.   – Vou com Jas até o médico amanhã.

– Você acha uma boa ideia? Quer dizer, da ultima vez que saíram juntas vocês duas se feriram.

– Ainda estou um pouco hesitante, mas não quero dar o braço a torcer. E também, Niall vai nos levar.

– Ele é uma das poucas pessoas que eu ainda confio.  –ele passou os braços por baixo da cabeça e se deitou.

– Jasmine e ele deram certinho, não acha? É um belo casal.

– E como. Só não são mais bonitos do que nós. 

– Fale isso por você. A minha beleza deve ter ficado útero quando eu nasci.  –fiz um bico.

– Você diz isso porque sabe que é linda.  –ele se sentou novamente e me puxou para o meio de duas pernas.  – Com ou sem maquiagem, sorrindo, com roupa ou nua.  –ele sussurrou em meu ouvido.

– Sabe o que eu mais adoro em você?  -ergui minha cabeça e o encarei.

– O que?

– Você me aceita do jeito que eu sou.  –falei e mordi o meu lábio inferior.  – Eu nunca precisei mudar para que você gostasse de mim. Acho que a única pessoa com que eu sou eu mesma é você.

– E sabe o que eu mais adoro em você?  -neguei com a cabeça.  – Você sempre enxerga o que há de bom nas pessoas, e coloca quem você ama em primeiro lugar.

– Por favor, não me faça chorar. Eu ando muito, muito sensível esses últimos dias.  –sorri.  

– Mas isso é a verdade. Amo essa qualidade sua.

– Amo cada detalhe seu.

– Amo cada segundo que passo com você.

– Eu amo você.  –dissemos juntos. Sorrimos e eu juntei nossos lábios.

[...]

No fim da tarde, Trisha me pediu ajuda com alguns arranjos para o almoço de família que era iria fazer no dia seguinte. Zayn saiu, com a desculpa de que iria dar apenas uma volta, tenho certeza que tem coisa atrás disso e eu irei descobrir mais cedo ou mais tarde.

– Onde posso colocar esse vaso, Trisha?  -me referi ao vaso azul com flores artificiais dentro.

– Você acha que irá ficar bom em cima da mesa da cozinha? Ou é melhor deixá-lo na sala?

– Eu não sou muito boa com decorações, então... não sei.

– E se fosse você, onde o colocaria?

– Talvez na sala. Ficaria mais colorido.  –respondi.

– Colocaremos ele aqui na sala então.  –ela tomou-o de minhas mãos e ajeitou-o sobre a mesa de vidro.

– Perfeito.

– O que mais nós vamos arrumar por aqui?  -perguntei colocando as mãos na cintura.

– Trocaremos os tapetes. Eu comprei alguns, eles estão lá fora. Pode pegá-los para mim? 

– Claro.  –falei e caminhei até a área de lazer da família. Eu ainda tinha certo receio de passar por ali, porque sempre irei lembrar-me daquele sujeito saindo daquele local e deixando uma mensagem pra mim. Mesmo a parede estando pintada de vermelho, eu continuava a enxergar perfeitamente as letras e o apelido escrupuloso.

Balancei a cabeça tentando espantar os pensamentos idiotas que teimavam em continuar e avistei duas sacolas verdes com os tapetes dentro. Peguei-as com certa dificuldade e saí puxando até a sala onde Trisha estava.

– Trisha aqui estão os...  –antes que eu conseguisse terminar a minha fala, meu coração parou de bater. As sacolas foram ao chão e eu não soube o momento exato que eu tinha começado a chorar.   – Zayn? Zayn o que aconteceu com você?

Sangue escorria pelo seu nariz, ouvido e até mesmo pela boca. Os respingos desciam pelo seu queixo e atingiam a blusa branca que ele vestia.

– Zayn o que aconteceu com você?  -tornei a perguntar.

– Eu estava voltando pra casa quando dois carros me encurralaram.  –ele passou a manga da blusa pelo nariz.  – Eram cinco caras e sem falarem nada, todos vieram para cima de mim. Infelizmente eu estava em desvantagem.

– E você ao menos viu quem foi?  -Trisha perguntou chorando também.

– Não. Eles estavam encapuzados.  –socou a parede com força.  – Eles não deviam ter feito isso. Não sabem com quem estão mexendo.

– Zayn você precisa ir ao hospital.  –o virei pelo braço.

– Não Emma, eu não vou.  –ele tirou a camisa e enxugou algumas gotas de sangue que ainda caiam.  – Se esse filho da puta quer brigar, então vamos brigar. Eu só espero que ele esteja pronto para aguentar as consequências.

Ele subiu as escadas pisando fundo, Trisha e eu nos entreolhamos e parecíamos não acreditar no que estava acontecendo. Era inacreditável. Primeiro uma ligação anônima, depois alguém ataca Zayn. O que será que vinha depois? Meu maior medo era do que Zayn iria fazer, eu não o queria metido em problemas e muito menos por minha causa, mas isso já passou dos limites. Seja lá o que for, precisa parar.


 

Enquanto Zayn ainda tomava um banho, eu tramava uma ideia em minha cabeça e não era uma das melhores. Olhei rapidamente pela janela e percebi que o tempo estava mudando, com certeza iria chover e eu não tinha muito tempo. O barulho ainda vinha do chuveiro e eu resolvi agir rápido. Coloquei meu celular no bolso do short, peguei alguns trocados na minha bolsa e silenciosamente sai do quarto. Era loucura fazer algo escondido de Zayn, mas se eu contasse a ele o que planejava fazer, ele jamais iria aprovar. Suspirei profundamente ao encontrar a porta de saída e procurei toda a coragem que existia em mim. Sem esperar mais eu sai de encontro ao centro de toda essa confusão.



O taxi parou bem em frente á casa onde eu morava antigamente, e poderia estar lá até hoje se não fosse por ela. Paguei o motorista, estava tão apressada que não esperei o troco. Agradeci-o rapidamente e sai do carro em disparada. Abracei-me a mim mesma e aproximei o meu dedo da campanhinha, apertei-a duas vezes, sendo o suficiente para ouvir a maçaneta sendo girada pelo lado de dentro. A madeira rangeu brevemente e Rachel apareceu através dela. Seus olhos se arregalaram ao me ver, parecia até que estava escondendo algo.

– Você era a ultima pessoa que eu esperava bater em minha porta.  –ela disse escorando-se ao batente.

– Pensei muito antes de vir até aqui, acredite.

– Em posso ser útil? Veio chorar em meu ombro porque aquela escoria te abandonou?

– É sobre Zayn que vim falar, mas não se trata disso.  –procurei manter a calma.  – Porque ‘tá fazendo isso com a gente?

– Ao que está se referindo?

– Tem certeza que não sabe? Primeiro alguém me ameaça pelo telefone e logo depois Zayn chega todo machucado em casa. Você ainda pergunta ao que eu estou me referindo?

– Quer dizer que você acha que quem é a culpada disso ter acontecido sou eu? Por favor, Emma eu quero vocês separados sim, mas eu não estralei os dedos ainda.

– Como se eu acreditasse em você.  –engoli o choro.  – Porque não quer me ver feliz? Porque você não aceita que dói menos?

– Você é minha filha e só eu sei o que é melhor para você.

– Pare com essa história de querer o meu bem, você não quer o meu bem é ao contrário. Você está me fazendo sofrer e todas as pessoas que estão ao meu redor também. Jasmine, Zayn... porque ‘tá fazendo isso? Não basta me machucar você tem que atingir também a eles?

– Porque não entra? Podemos conversar melhor?

– Vou me sentir mais segura aqui fora.

– Se é assim que prefere.  –deu de ombros.  – Sabia que acusação é algo muito sério?

– Que mais provas você quer para eu ter certeza do que estou dizendo? Você mesma disse que não ia ficar parada me vendo com Zayn, que usaria todas as armações que você tem. Como eu não vou te acusar?

– Já parou para pensar que talvez não seja só eu que queira você e ele separados? Você está olhando apenas de um ponto e esquecendo dos outros.

– Não existe uma pessoa no mundo que queria-nos infeliz tanto quando você.  –cuspi as palavras em sua cara.

– Eu não teria tanta certeza disso se fosse você. Coloque essa sua cabeça para funcionar e tente enxergar as coisas como elas realmente são.  –disse rude.

– Depois de tudo o que você me fez e está fazendo, não tem como crer em suas palavras. Pra mim você não passa de uma falsa. Uma víbora. Para minha sorte papai está comigo nessa.

– Seu pai sempre foi do contra. Nunca me apoiou em nenhuma decisão, estranharia se ele me apoiasse agora.  –ela olhou para cima e depois se voltou novamente para mim.   – Eu ainda não comecei os jogos, Emma. Você vai saber quando eu iniciar mais para frente.

– Já estou farta dessas suas ameaças, você não vale nada e eu não sei por que ainda perco o meu tempo vindo aqui e tentando fazer você mudar de opinião.

– Porque lá no fundo você ainda sente a minha falta, mas o amor que sente por aquele garoto é mais forte do que isso.  –falou com repugnância.

– Você tem mesmo razão, Rachel. Eu o amo mais do que tudo e sei que quem vai se dar mal no fim de tudo isso é você.  –dei meia volta e caminhei para fora do lugar.

– Veremos Emma.  –ouvia gritar, mas continuei andando fingindo não ouvir.



Como eu tinha previsto, a chuva que caía era forte e infelizmente eu não tinha chegado em casa ainda. Minha roupa estava encharcada e completamente grudada ao meu corpo, meus cabelos grudavam-se na testa e no rosto causando-me certo incomodo. Enquanto dava meus passos eu fitava o chão e desviava vez ou outra de uma poça de água. Meus cílios pingavam e fazia com a minha visão ficasse um pouco turva. Pensei em ligar para Zayn, mas em partes ficar na chuva era bom. Eu não tinha ideia do que fazer, pareceu uma boa opção me jogar na frente de um ônibus e parar de respirar. Já estava chegando ao meu limite, me esgotando e a única solução que me era cabível seria sacrificar a minha vida.

– Como se eu tivesse coragem de fazer isso.  –murmurei para mim mesma.

Não havia taxi e a vontade de esperar um ônibus era nula. Minha cabeça doía e a ponta do meu nariz ardia, eu sabia que ficar em baixo daquela chuvarada iria me dar um belo resfriado mais tarde.

[...]

Quando cheguei em casa, a chuva piorou, mas eu fiquei aliviada por não estar mais de baixo dela. Cruzei a porta e fui recebida por um olhar preocupado sentado no sofá.

– Emma onde você estava?  -Trisha perguntou se levantando.

– Fui dar uma volta, estava precisando.  –respondi calma.

– Porque não avisou? Zayn está quase morrendo lá em cima. Ele te ligou umas vinte vezes, mas você não atendeu.

– Foi mal, eu não o ouvi tocar.  –peguei o celular no bolso, a tela estava toda molhada e seria um milagre se ele ligasse.  – Eu vou falar com Zayn.

– Faça isso. Antes que ele tenha um troço.  –ela ajeitou o roupão que caía no ombro.

Sorri e tirei as minhas botas, segurei-as e subi as escadas com elas nas mãos. A porta do nosso quarto essa fechada e tudo estava em silêncio, menos mal porque isso era sinal de que ele não estava quebrando nada. Abri-a sem pressa alguma e encontrei Zayn sentado na beira da cama segurando a cabeça entre as mãos.

– Zayn.  –o chamei largando as botas. 

– Você quer me matar de susto e preocupação?  -disse sem me encarar.  – Pra onde foi?

– Falar com Rachel.  –odeio o fato de não conseguir mentir para ele.

– O que? Porque foi atrás dessa mulher? O que mais devemos fazer agora é manter-se longe dela.

– Eu sei disso, mas eu precisava.  –aproximei-me.  – Ela disse algo que me deixou um pouco encabulada.

– O que foi que ela disse?

– Que eu deveria abrir bem os olhos, porque talvez não seja só ela que nos quer separados.  –acariciei seus cabelos e ele encostou a cabeça em minha barriga.

– Não acredite em nada que ela diz.  –ele pediu.  – Ela começou esse inferno, agora quer que pensemos que existe outra pessoa atrás disso.

– Eu não discordo de você, mas e se ela não estiver aliada a esse sujeito que está tentando me assustar?

– E se o ‘’sujeito’’ também não goste da gente e sua o convenceu a ficar do lado dela?

– Por mais que eu não queira admitir, isso faz total sentido. 

Mas quem eu conheço que odeia Zayn e seria capaz de ser cúmplice de Rachel? Nem um louco seria capaz disso.

– Vamos checar todas essas possibilidades.  –ele apoiou o queixo em um ponto abaixo do meu umbigo e me olhou sério.   – Mas antes queria te pedir uma coisa. Nunca mais saía sem me avisar e atenda quando eu te ligar.

– Me desculpe por isso. Com o barulho da chuva eu não o ouvi tocar e nem vibrar. 

– Por falar nisso, você precisa de um banho ou vai ficar gripada. 

– Vou tomar um agora.  –dei um beijo em sua testa e me afastei.

Ele assentiu e eu fui para o banheiro me despindo. Joguei toda a roupa molhada em um balde no canto da parede, me olhei no espelho e percebi que os meus olhos estavam vermelhos e embaixo deles havia olheiras. Que droga. Eu tinha que parar de chorar tão facilmente, aprender a ser mais forte e não desistir tão fácil dos problemas. Coloquei minha aliança em cima da pia e girei o registro do chuveiro. De inicio a água estava fria, mas foi esquentando com o passar dos segundos. Meu corpo todo se arrepiou devido ao contato com a água morna, fechei os olhos deixando escorrer pelo o meu cabelo e pelo o rosto. Espirrei várias vezes seguidas e torci para que eu aquilo não passasse de uma limpeza no pulmão.

[...]

No dia seguinte eu amanheci com o nariz entupido e minha garganta ardia, mesmo com tudo isso eu tive que acompanhar Jasmine até a fisioterapia. Vesti uma calça jeans, moletom e tênis. Amarrei os meus cabelos e no meu bolso eu carregava lenços e um desentupidor de nariz.

– Jas quer andar logo com isso?  -falei vendo-a se despedir de Niall.

– Estou indo Emma.  –ela deu um ultimo beijo nele e pegou a bolsa que carregava.

– Até que enfim.  –resmunguei.

– Eu não sei por que estou aqui. Meu joelho já está ótimo.  –reclamou ela.

– Por fora sim, mas você não sabe por dentro.  –passamos a caminhar pelo corredor que dava até a recepção.

– Vou fazer a minha ficha, pode sentar se quiser.

– Irei fazer isso.  –comentei fungando.

Sentei-me em uma das cadeiras que havia ali e senti minhas pernas relaxarem. Odeio ficar gripada porque meu corpo parece ter apanhando com chicotes e pedras, sem contar na sonolência, nariz correndo e falta do paladar.

– Pronto. Agora é só esperar ser chamada.  –Jas se sentou ao meu lado.

– Espero que não demore, estou sem paciência hoje.  –funguei mais uma vez.  – Não deveria ter levantando da cama hoje.

– Ficar deitada é pior.  –ela bateu em minha perna.  – Você está com cara de choro. O que aconteceu?

– Nem sinto vontade falar sobre isso, mas é bom desabafar.  –assuei em um lanço.  – Recebi uma ligação anônima ontem, era uma espécie de ameaça.

– Oh meu Deus o que? Você por acaso foi a policia?  -neguei com a cabeça.  – E o que você está esperando, Emma? Isso já passou dos limites, você deve recorrer a uma ajuda maior.

– E a ligação não foi o pior.

– Ainda teve mais?   -disse pasmada.   – Emma...

– Bateram no Zayn ontem e nós não sabemos quem foi.

– O que? E como ele está?

– Só com alguns hematomas. Pedi a ele que fosse ao hospital, mas ele não me ouviu. E agora eu tenho medo do que ele possa fazer.

– Fica calma. Você sabe mais do que ninguém que Zayn antes de fazer qualquer coisa, ele pensa primeiro em você.

– Eu sei disso, mas eu sei conheço Zayn e sei que ele não vai ficar parado esperando o tempo passar.

– E é por isso que você tem que estar ao lado dele. Pra quando ele for fazer uma besteira, você o impedir e ajudá-lo a tomar a decisão certa.

– Tem toda a razão.  –sorri de canto. 

– Eu sei.  –disse convencida. 

– Você já pode ir para a sala de fisioterapia, senhorita.  –a mulher da recepção falou.

– Obrigada.  –ela agradeceu.

– Se importa se eu ficar aqui? Não vou poder entrar com você mesmo.

– Claro que não. Pode ficar eu volto em meia hora.  –ela se levantou.  – Agora eu tenho que ir. O médico da fisioterapia é um gato.

– Jasmine! E o Niall?  -a repreendi.

– Olhar não tira pedaço.  –saiu balançando os cabelos louros.

Fiquei sentada olhando para o nada, a minha frente havia um bebedor de água e do lado um vaso de plantas velho.

– Isso vai ser tedioso.  –encostei a cabeça em minha mão apoiada no braço da cadeira.

Continua...


Notas Finais


(1) http://www.polyvore.com/emma_posey/set?id=99600689
Qualquer coisa falem comigo *-* http://ask.fm/NatyMooreira
Espero que tenham gostado e até a próximo amores.


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