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História A Lullaby For Gods, Interativa - ACT 1, ACT 5 - Aggrieve remix


Escrita por: schntgai e sporedrive

Notas do Autor


✦ ✧ Oi gente, vim anunciar que infelizmente não vou continuar com a história porque eu tenho um novo projeto. É uma fic colegial slice of life que se passa em Busan e tem par do BTS, mas não se preocupem porque pode usar photoplayer de até 35 anos pros personagens adolescentes! Vou estar aceitando até 45 personagens e cada pessoa pode mandar até seis fichas, e no final todos os pares vão debutar em uma banda de kpop com o auxílio de robôs assassinos. Obviamente a esse ponto vocês perceberam que era piada, primeiro de abril IURHAIGURWHGAIUHRWG
✦ ✧ Não que haja nada de errado em uma fic ser de par do BTS, ou em ser colegial slice of life, só não é meu estilo, mesmo. Honestamente eu mesmo tenho uma na lista que é de par que qualquer dia desses aparece aí.
✦ ✧ Agora o aviso de verdade, fica aí o link que leva ao trailer, para aqueles que não conseguiram achar no doc. A propósito, vocês achavam que a cadeia de links parava no trailer? Olhem com mais atenção.
✦ ✧ https://gotbonesiwantthem.tumblr.com/post/673036884744749056/lets-be-honest-your-promise-wasnt-made-to-last

Capítulo 10 - ACT 1, ACT 5 - Aggrieve remix


Benedict

Qual era o pior que podia acontecer, ele se perguntava. A resposta, para sua absoluta infelicidade, era “um meteoro cair em cima dele”. Essa informação não agradou ninguém em um raio de… qual era mesmo o tamanho da Terra? Ninguém. Não agradou ninguém. Quem garantia que o próximo meteoro não iria destruir todo o mundo? Aquela era uma péssima ideia, e Ben não sabia por que estava indo em frente com ela. Talvez por algum instinto estúpido de autopreservação egoísta, por pior que isso fosse — era bom estar vivo, mesmo que isso custasse o mundo. Era mais forte do que ele. 

Engolindo em seco, ele ligou seu computador, com a mesma cautela de alguém que está prevendo que ele vai explodir. Não ia, mas não custava o cuidado. Araceli não tinha dito mais nada desde que tinha enviado aquela foto no servidor. Na verdade, todo mundo estava em silêncio. Como se quebrar o gelo fosse fazer tudo aquilo real demais, talvez mais do que podiam aguentar.

“Pode colocar o programa pra rodar,” ele enviou, abrindo o arquivo comprimido. Abriu o Leia-me, mas nenhuma das informações fazia sentido. O cara do servidor, o que morava em Beverly Hills — Ben não achava que conheceria gente rica assim em seu tempo de vida, mas ei, a vida é uma caixa de bombons, não é mesmo — tinha sido ajuizado o suficiente para documentar o que ele e Taylor tinham feito naquele processo ridículo de ser teleportado para outro lugar. Se tivesse dito que estaria indo atrás daquele negócio de filme de terror de quinta categoria ao seu eu de uma semana antes, provavelmente daria um rivotril a si mesmo. 

Araceli não demorou para colocar sua parte do jogo para rodar, e ele revisou as informações dadas, contidas em um canal especialmente feito para elas. O cruxtruder e o alchemiter são gigantes, então coloque em um lugar onde não fique no caminho de todo mundo. “Você pode colocar as máquinas no terraço, mas não amasse a horta,” enviou a ela.

O terraço não era um grande terraço nem nada do tipo, mas poderia acomodar as máquinas grandes sem maiores problemas. Era onde seu pai plantava temperos e estendia as roupas, e graças a um cômodo na parte da frente, que usavam como lavanderia, era invisível da fachada. Isso era uma vantagem, considerando que o andar de baixo inteiro — e era um andar bastante grande — era o restaurante de seu pai, o La Sirena. Nas noites de verão, ele frequentemente levava uma cadeira para lá, observando a cidade ao entorno como se estivesse alheio a ela.

A tela de carregamento o fazia respirar mais rápido e desviar o olhar, como se fosse algo que não devesse estar vendo, mesmo que isso não fizesse o mínimo sentido. E quando foi embora, ele soube menos ainda o que estava acontecendo, encarando a si mesmo, com seu cabelo escuro bagunçado, no quadradinho na tela. Benedict nunca tinha se considerado um exemplo de beleza — era um rapaz obeso e não muito alto — mas enxergar a si mesmo no computador, sabendo que não havia nenhuma câmera no teto, adicionava outra camada de “morto com farofa” à imagem. Ele inclusive subiu em uma cadeira para verificar o ventilador de teto, e decidiu que não havia nenhuma câmera à vista.

“Coloquei,” Araceli enviou, e Ben se levantou de sua cadeira, sem saber o que esperar. Estava pronto para a bizarrice, porque menos do que isso não seria. Não era possível que subiria até o terraço e encontraria as máquinas esperando por ele, como uma imitação absurda de The Sims.

Seu coração quase saiu pela boca quando abriu a porta da lavanderia de viu as três máquinas esperando por ele no meio da horta. O quarto objeto, a cartolina, tinha ido parar no meio dos arbustos de manjericão — talvez devesse agradecer por ter chegado justo em tempo para apanhá-la antes que voasse longe. Se tudo estava ali, aquilo provavelmente significava que não tinha tanto tempo assim antes de ser esmagado por um pedregulho espacial, então tinha de ir ver como aquele monte de geringonças funcionava.

Rindo de nervoso, ele se aproximou, apenas para ver o timer com a contagem regressiva no cruxtruder. Não sei o que é nem pra que serve. Nossa, valeu, Klaus. Por tudo que ele sabia, era a contagem regressiva para quando os Power Rangers iriam destruir a cidade com um monstro gigante, e considerando que tinham um The Sims mágico, ele nem duvidava da possibilidade. Imaginando que Araceli estivesse observando do outro lado de sua tela com a mesma incredulidade dele, Benedict foi em frente, apenas para descobrir que a tal tampa que ele tinha de tirar do cruxtruder era dura demais.

Como é que se tirava uma tampa de um troço daqueles? Sua primeira resposta foi “com um pé de cabra”, mas não sabia se havia um ali. Será que a cadeira de metal velha da lavanderia faria o trabalho? Quebrar coisas e causar destruição de propriedade nunca tinha sido a área de expertise de Ben. Na verdade, o consenso no servidor era que esse era o trabalho de Taylor. E se Taylor estivesse ali, ela provavelmente teria batido na máquina com a cadeira dois minutos atrás. 

Reunindo coragem para enfrentar aquele desastre, ele foi atrás da cadeira dobrável de metal. Seu primeiro golpe não rendeu nada além de frustração. A tampa era dura e era isso. Talvez ele devesse aceitar uma morte precoce e trágica para um cascalho do céu.

A cadeira estava já meio torta quando a tampa soltou o suficiente para sair. Bola flutuante de epilepsia parecia uma descrição bastante adequada para o troço que saiu de dentro da máquina. Era vermelho, preto, e branco, e, tendo Klaus escrito no canal de relatório que jogar algo faria a bola parar de piscar, ele arrancou um galho do manjericão mais próximo e atirou na bola, que foi substituída por um ícone de planta. As instruções diziam para girar a rodinha, porque um cilindro colorido tinha de sair dela, mas a rodinha também era dura. Aquilo estava começando a parecer muito com crossfit, Ben reclamou baixo.

O tal do cilindro caiu em cima de um vaso de mato. Ben nem poderia começar a apostar que tempero era aquele, porque, para ele, era tudo mato, mas provavelmente teria problemas depois se não lembrasse de enfiar o mato em um vaso novo. Os cilindros de Klaus eram verdes, e os de Taylor, cor de rosa. Os de Ben eram vermelhos, assim como o ícone de planta flutuando agressivamente por aí.

Coloca o cilindro no totem lathe e obtenha uma arte moderna feia. A cartolina vai em um canto da máquina. Um canto da máquina era uma instrução super específica que ajudou muito. Ben carregou contrariado o cilindro até o totem lathe, porque ele era pesado também. Só então foi atrás de procurar onde enfiar a cartolina, mas felizmente, não demorou muito para encontrar um buraco de tamanho apropriado.

O totem lathe imediatamente começou a trabalhar e Ben esbarrou em outro vaso de planta pulando para trás. Estava começando a achar que tinha sido uma péssima ideia ter deixado as máquinas ali, mesmo que não houvesse nenhuma opção muito melhor.

— Pelo amor de deus, não seja algo absurdo… — ele resmungou, retirando a escultura pronta do totem lathe e indo para a próxima máquina, o alchemiter, que parecia um palco para fazer show no banho. Mas grande.

O alchemiter parou de escanear a escultura apenas para um monte de pedaços de quebra cabeça aparecerem em pleno ar e se espalharem todos pela plataforma. Aquilo era tão injusto. Taylor tinha desembrulhado um presente e Klaus bebera o último gole de uma garrafa. Por que que ele precisava fazer um quebra cabeça? E nem era um dos fáceis, havia tanta peça que ele achava que era um dos que as pessoas passavam meses montando. Tudo isso enquanto não sabia quando um meteoro iria cair na sua cabeça. Muito bonito.

Sem outra opção, ele se sentou na maldita plataforma e começou a montar o jogo. Primeiro pelos cantos, e depois tentando encaixar as outras peças dali. As peças eram de tons diferentes de vermelho, e ele não entendia a imagem. Devia ser uma daquelas coisas que só fazia sentido depois de terminada.

Ele passou uma hora ali. O céu estava completamente escuro àquele ponto, e as luzes da cidade eram seu único guia. Ben podia ter se levantado e ido ligar as luzes da lavanderia, mas decidiu que estava longe demais. Quando chegou às últimas peças, suspirou e esticou as costas. Aquela posição era péssima.

A última peça estava bem ali. Finalmente iria entender que imagem era aquela. Ben a colocou no lugar, mas nunca teve tempo de ver a imagem completa debaixo de seus dedos. No canto do olho, um movimento chamou sua atenção, e ele virou a cabeça em tempo hábil para ver uma estrela cadente cortando o céu.

Bem.

Na sua.

Direção.

E aí Ben morreu, mas passa bem. Verdade fosse dita, só o susto de ver um pedaço de pedra gigante vindo esmagá-lo lindamente era suficiente para lhe dar um ataque cardíaco, mas o jogo sabia melhor, e antes que a coisa caísse bem em sua cabeça, ele sentiu o chão tremer, envolto em um flash de luz branca.

Ele fechou os olhos com força, pensando que a luz branca provavelmente era o pós-vida, e portanto, devia se preparar para saber qual religião estava certa. Quando abriu, tudo pareceu muito escuro. Antes estava iluminado pela cidade, por faróis de carros, postes de luz, janelas contendo pessoinhas desavisadas. Agora, não parecia nem haver uma lua iluminando o céu.

Será que não estava morto, mesmo? Tomando cuidado para não tropeçar em mais algum vaso, ele foi até a beirada do terraço, protegida por uma mureta. A mureta parecia bastante real debaixo de suas mãos, e ele se sentia tão vivo quanto antes. Quer dizer, talvez um pouquinho menos, porque o susto do meteoro certamente fizera algum pedaço de sua alma sair pelas orelhas.

O prédio que continha o restaurante e sua casa estava no meio de um lugar estranho para dizer o mínimo. O chão parecia ser feito de areia vulcânica, e a paisagem parecia deserta, salvo por alguma árvore no meio do nada ou alguma escultura de galinha gigante à distância. Galinhas. Sempre tinham que ser as galinhas. As árvores tinham folhas escuras, mas pareciam mudar quando desviava o olhar, sempre apenas o suficiente para se perguntar se estava mesmo vendo algo mudar.

Árvores estranhas e galinhas gigantes. Para Ben, aquilo parecia muito com uma versão particular do inferno. E para piorar a situação, ele viu, olhando para baixo, mais próximo ao prédio, galinhas de verdade. Uma notificação luminosa apareceu no céu à sua frente.

Land of Chickens and Tardiness

L.O.C.A.T

Ben sentiu um arrepio correr sua espinha e decidiu imediatamente voltar para dentro. Seu pai sabia como matar galinhas e fazer… Oh, droga. Como ia explicar aquilo ali para seu pai? Presumindo que seu pai estivesse ali com ele e estivessem ambos vivos e não em algum limbo estranho, como em Lost.

Seu surto foi interrompido pela notificação em seu celular. “Ben?” Araceli tinha enviado. “O contador zerou quando você acabou o quebra cabeça.”
 

Cupim

…o segundo meteoro dessa semana a atingir as Filipinas caiu sobre o norte da Ilha de Palawan, próximo à baía de El Nido. A queda eliminou o restaurante La Sirena, popular entre locais e turistas, levando junto o dono do restaurante, Michael Panganiban, e seu filho, Benedict.

Era a terceira queda significativa em questão de dias. E nada de respostas. Cupim estava ficando meio frustrado com aquele negócio. A NASA não deveria estar monitorando possíveis ameaças como aquela? Francamente.

Distraído com a notícia, furou seu dedo na agulha que estava usando. Tinha conseguido novos retalhos de tecido e estava costurando mais um traje para seu gato, Pano de Chão, que no momento, estava bem ao lado de seu pé, deitado, esperando que ele pisasse em cima dele assim que se levantasse. E iria ficar esperando. Cupim estava bem suprido de um enorme pacote de pão de mel coberto com chocolate, e não iria sair dali em nenhum tempo próximo.

Com o dedo enfiado na boca, ele alcançou o controle remoto no meio das almofadas do sofá e trocou de canal. Foi parar no Cartoon Network, com Ash gritando “PIKACHU VAAAAAI”.

Copélio, você vai querer pipoca? — sua mãe gritou da cozinha, em coreano. Só seus pais o chamavam de Copélio, e infelizmente não podia brigar para que parassem, porque meio que era seu nome.

— Não, valeu — ele respondeu em português.

Ele nunca tinha entendido o hábito de sua mãe de ver as últimas desgraças da semana comendo pipoca, mas talvez fosse entretente, de uma maneira meio mórbida. Ele não prestava muita atenção na maioria das vezes, estava mais ocupado fazendo roupinhas de sapo para o gato. Ele ficaria adorável, e Cupim não ouviria o contrário.

Cupim ainda não tinha respondido a mensagem no grupo que tinha com Lee e Lucia, e sabia que isso seria interpretado como “fui atingido por mais um pedaço de lixo espacial e morri”, mas não iria dizer nada até tomar uma decisão. Lucia queria jogar o jogo, Lee achava que ela estava prestes a entupir o computador de vírus, o resto do servidor estava ocupado tendo um treco porque pelo jeito, duas das pessoas ali deveriam estar mortas e não estavam.

E ele meio que acreditava naquilo, bem na surdina, porque não sabia se deveria. Fazia sentido para ele, portanto, acreditava. Mas era uma situação de gato de Schrödinger. Não iria saber qual era a verdade até colocar o negócio para rodar na própria casa. Na pior das hipóteses sua casa seria transportada para outro lugar, Pano de Chão faria alguns amigos sobrenaturais novos, ou ele tomaria um meteoro bem no meio da cara. Não estando morto, o resto parecia ser bônus.

Então por que estava hesitando tanto em simplesmente dizer que jogaria o jogo também?

Não era costume seu fazer aquele tipo de coisa. Definitivamente não se sentia ele mesmo enquanto hesitava. Para o inferno com tudo aquilo. Largou a agulha e o protótipo de roupa sobre o colo e pegou o celular no sofá, abrindo imediatamente a conversa.

“Estou dentro, pra quando é?”

“Ow, vocês vão perder o pc de vocês nessa brincadeira aí,” Lee respondeu, tão prontamente quanto. Lucia continuou digitando por um longo tempo, e ele tinha a impressão de que ela estava apagando e reescrevendo respostas.

“Excelente,” ela enviou por fim. E logo em seguida mais uma mensagem. “Mas não é para agora. Quando for o momento certo, eu aviso.”

Lucia tinha uma habilidade muito eficiente de parecer um npc misterioso de Skyrim, e enquanto fosse achar isso engraçado em qualquer outro momento, naquele, aquilo o fazia inquieto. Era só um jogo. Por que tinha de ter momento certo?

“Eu comentei sobre os sapos?” Lucia enviou antes que ele pudesse pensar em responder alguma coisa. “Eles estão em todo lugar. É absurdo. Parece que me seguem.”

“Talvez você tenha pisado em feromônio de sapo,” ele respondeu, rindo baixinho. Era curioso que ela comentasse sobre logo quando ele estava costurando uma roupinha de sapo.

“Talvez. Mas eu acho que não. Só parecem estar esperando por alguma coisa. Agora, o que é que eu vou fazer no futuro que interessa os sapos e sua hivemind de sapo me foge à compreensão completamente.” E quando parecia que tinha finalizado, ela adicionou mais uma mensagem. “Por enquanto.”

“Estou sempre disposto a ver a hivemind dos sapos, então se você descobrir como expor, avisa,” Lee respondeu.

Seu primeiro pensamento foi frustração por ele não estar levando aquilo a sério, e Cupim foi obrigado a parar e se perguntar o que havia de errado com ele mesmo naquele dia. E por um momento, ele sentiu como se o conhecimento sobre o próximo momento estivesse um centímetro além do alcance de seus dedos. Então passou, o deixando mais inquieto do que já estava. O sentimento era desagradável.

Talvez precisasse tomar um paracetamol e ir dormir. Devia ser um efeito colateral de pegar vermes ou algo do tipo. Aquele negócio estranho no estômago. Quando menos esperasse iria estar querendo comer terra.

A notificação o assustou, mas sua frequência cardíaca não diminuiu ao ler a mensagem privada de Lucia.

“Agora você sabe como eu me sinto.”

 

Adeline

— Sua amiga está trancada em casa fazem dois dias porque o Harry Styles morreu? — a mãe loira de Adeline, Louise, franziu o cenho.

Ela mexia uma panela enquanto a mãe ruiva de Adeline, Marie, cortava vegetais na bancada, e ambas pareciam desconcertadas com a perspectiva de que alguém pudesse ter um surto daquele tamanho por causa de um cara branco genérico. Mas talvez fosse por serem lésbicas.

— Isso não é saudável — Marie declarou por fim, balançando a cabeça.

Addie estava sentada em uma cadeira no canto da cozinha, surrupiando pedaços de pepino ocasionalmente. Stella era sua amiga, e Adeline estava muito preocupada com a situação dela. Em todo o tempo em que se conheciam, ela nunca tinha se desestabilizado daquele jeito. Pelo menos, não para o padrão dela. Ela era sempre enérgica e disposta a fazer coisas incomuns, e normalmente, Addie estaria super disposta a acompanhar. Agora, ela parecia a própria imagem de Elle Woods depois do término no início de Legalmente Loira, com a cara toda borrada e atirando bombons na tela da televisão, e não tinha saído de casa para absolutamente nada. Tinha inclusive arranjado um pijama preto para anunciar seu luto, e todas as suas redes sociais estavam com as fotos pretas.

— Eu acho que não — ela suspirou, por fim.

Suas mães sempre tinham lhe dado todo apoio possível, mas se Adeline decidisse anunciar luto oficial como uma nobre vitoriana e se trancasse no quarto porque a Kim Kardashian tinha batido as botas, provavelmente haveria rivotril e bate-boca.

Ela também tivera sua fase de One Direction na adolescência, e uma bem vergonhosa, diga-se de passagem, com direito a fanfics de S/N onde a personagem principal se mudava para Paris forçada porque seus pais morreram, e acaba sendo vizinha do Zayn. Mas tinha superado a coisa toda e ido em frente, buscando pastos mais verdes. Stella nunca tinha saído e provavelmente nunca sairia da tal da fase, e provavelmente estava plena em seu direito de fazê-lo, mas tinha medo de onde aquele tipo de coisa poderia levar. Quem garantia que não acordaria no dia seguinte com uma notícia na televisão de que Stella tinha decidido fazer algo que colocara sua vida fatalmente em risco? Ela precisava de alguém lá, e Addie não podia ser essa pessoa naquele momento.

Ao menos, a situação de Stella tinha servido para tirá-la do tal jogo. Mais gente tinha dito que iria jogar, e ela torcia o nariz ao pensar sobre o assunto. Ia dar errado e ia acabar com computadores podres de vírus. Mas a curiosidade crescia cada vez que alguém anunciava que iria jogar, e talvez o bot estivesse certo, afinal. Algum momento chegaria onde sensatez seria jogada pela janela com relação àquilo.

— Hipoteticamente falando, se eu jogasse um jogo — ela começou, mordendo uma fatia de pepino — e esse jogo levasse nossa casa inteira para um mundo de fantasia, o que vocês fariam?

— Te avisaria que espero que goste de linguiça de monstro — Louise apontou para ela com a colher de pau, rindo.

Adeline tinha certeza de que ela não estava brincando, porque se sua mãe loira dizia, ela cumpria. Ela mataria um monstro com as próprias mãos e faria linguiça apenas para obrigar Adeline a comer. E ainda assim, ela não considerava deixar nenhuma de suas mães para trás, mesmo que isso significasse ter de comer carne de monstro.

— Só isso?

— Provavelmente um cascudo também, mas é melhor do que pegar ônibus — Louise deu de ombros.

Bom, pelo menos era um indicativo de que ela não iria morrer se jogasse o jogo.

“Ei, você tá ocupada?” recebeu logo em seguida de Xiao Lian. O timing era assustador.

“Não muito,” Addie respondeu.

“Eu acho que quero jogar o jogo.”

“Algum motivo em especial?”

Antes, ele não tinha sido contra jogar, mas não queria saber sobre o assunto. O que tinha feito com que mudasse de ideia? Adeline mordeu o canto da boca. Se ele tinha dito que queria jogar, provavelmente era uma implicação de que queria que ela fosse a pessoa a acompanhá-lo. Estava pronta para comer linguiça de monstro?

“Eu não quero arriscar e acabar morrendo para algum pedregulho espacial depois de conseguir continuar vivo até agora. O pessoal que jogou pareceu bem convincente, e eu já estou exausto, Addie. Meu pai foi liberado da prisão, e eu não quero nem correr o risco de ver ele de novo. Já não basta eu ter de pagar a multa dele toda.” Addie não podia dizer que entendia a situação dele, mas sabia que por vezes, era muito mais séria do que ele dizia. A pior parte era não poder fazer nada sobre o assunto.

Mas se até Xiao Lian tinha entrado no trenzinho da conspiração, a coisa deveria estar séria mesmo. E ver suas mães cozinhando e trocando provocações na cozinha fazia com que sentisse um aperto no peito. Adeline podia suportar os xingões que tomaria ou mesmo as reclamações de sua mãe ruiva sobre o salão de beleza não estar mais na esquina se isso significasse que as duas estariam seguras na terra da Barbie, onde não haviam meteoros, até onde ela sabia.

“Espero que um meteoro não nos mate.”
 

Rita

— VOCÊ — insira aqui o barulho vocal de uma cabeçada no teclado — ENVIOU O ARQUIVO PARA ELES?! E que porcaria é essa que você está usando?!

Laurie estava possessa, e Laurie frequentemente estava possessa nos últimos dois mil anos. Rita não podia culpá-la, até porque Rita era apenas uma bola de cristal e não tinha lugar de fala na Casa Marrom. Maahes parecia fazer esforço extra para irritá-la sempre que podia. Laurie parecia tão brava que não conseguia colocar em palavras, pois mudou de forma para um falcão e deu um berro, e então para um coiote, e deu outro berro, antes de voltar a ser uma mulher alta, com o cabelo preto tão perfeito que se dissesse que o lavava com sabão levaria um tapa de alguém — mesmo que a verdade fosse que Laurie simplesmente não precisava tomar banho de todo, porque era imortal e quase onipotente.

— É Marchesa, Laurie, não que eu espere que você entenda — Maahes se empertigou com seu spray na mão, alisando a saia de um vestido largo e florido com mangas mais largas ainda. Sempre gostara daquele tipo de roupa e não era agora que iria mudar. — Eu não precisaria fazer nada disso se você não tivesse chovido no sítio arqueológico perto de Glasgow JUSTO no dia em que Lee Smith ia visitá-lo. O ÚNICO dia em que ele decidiu fazer isso em anos. Ele deveria ter reconhecido um padrão no templo e começado a ficar obcecado com isso, mas é claro, você sabe de tudo, e nada vai dar errado — Maahes resmungou, espirrando limpa-vidros em Rita e esfregando com uma flanela. — Palhaça de circo. Você queria que eu fizesse o quê, deixado o jogo ir pras cucuias só porque você é uma irresponsável com um cérebro de geleca?

— Agora a culpa é inteira minha quando VOCÊ enviou de bandeja as coisas que eles deveriam ter descoberto por conta própria?

— Lee odeia sair com chuva, eu disse isso, mas você não me escuta. Além do mais, a parte onde eles entram é simplesmente entediante de assistir. Você quer um universo pra invadir ou não? Eles precisam fazer o sapo de meleca ou você não ganha nada. 

— Não é meleca — ela rançou. — É gosma paradoxal — Laurie declarou, enquanto Maahes repetia junto com uma vozinha irritante. — Deuses, eu odeio quando você faz isso. 

— Eu sei tudo o que você vai dizer antes que você diga. Você está no meu universo e eu tenho o terreno alto aqui. Tente se lembrar disso, já que alguns éons não foram suficientes.

Laurie se afastou, resmungando qualquer coisa sobre frango assado no espeto. Maahes revirou os olhos, inconscientemente mexendo os ombros, como se a falta do peso das asas que um dia tivera fosse fisicamente desconfortável. Os deuses do Anel Profundo eram cruéis em juntar os dois quando havia tanta coisa para dar errado ali. E invariavelmente, as coisas sempre acabavam da mesma maneira. Maahes nunca tinha vivido sem a presença de um Bruxo. Talvez fosse por isso que ele sempre ia atrás de Laurie, mesmo com sua falta de compreensão sobre Marchesa ou Zuhair Murad, e eles sempre acabavam em um quarto. Não era saudável, mas talvez os dois tivessem desistido de qualquer coisa saudável àquele ponto.



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