Jaemin havia desistido de encontrar a saída daquele túnel desde o instante em que adentrou às portas do ensino fundamental, onde a vida era mais complicada do que a sua mente ainda inocente poderia suportar.
Os meninos que implicavam com as meninas e até entre si.
A guerra sobre quem era o mais alto, o mais bonito, o que mais fazia sucesso entre as meninas, sobre quem tinha perdido o bv mais cedo.
E, principalmente, o modo como parecia que pra ser aceito, era necessário sempre se por como superior aos outros, fechando o coração pra quem não fosse de seu próprio grupo.
Aquela vida parecia amarga para Jaemin, que ainda gostava de mergulhar em seus desenhos e ajudar às crianças a tirar às mesmas boas notas que ele. E por mais que fosse popular por ser inteligente e estar sempre ajudando às outras pessoas, o garoto era um pouco solitário.
Os meninos de sua sala implicavam porque ele era tão gentil com todas às meninas e tratava às crianças mais novas como iguais, e também porque todos os professores e professoras estavam sempre dizendo o quão bom aluno ele era. Os de outras salas não pareciam ter tempo pra ele, apesar de que alguns ainda os direcionava rápidos sorrisos no recreio.
Em essência, Jaemin se encontrava sempre sozinho. Tendo como companhia em seu túnel apenas alguns quadrinhos que gostava de ler na intenção de fugir do mundo.
No começo, essa realidade o deixava bastante triste, pois que pessoa nesse mundo não se sente ávida por companhia? Mas com o tempo, passou a se habituar àquela situação, visto que não conseguia mudá-la e também não tinha vontade de se aproximar de pessoas tão sem graça quanto os garotos de sua sala.
E assim os dias iam passando para o garoto, que mantinha um grande sorriso no rosto para os pais e para todos que o cercavam, se esforçando sempre para enxergar os lados mais bonitos do túnel onde se encontrava, mesmo que às vezes fosse tão escuro que ele só conseguia esboçar a sombra de um sorriso.
Jaemin não acreditava muito que haveria uma luz no fim do túnel, como declarava o ditado. E não por ser um garoto pessimista, mas porque nada parecia contribuir para que o garoto tivesse fé nesse tipo de coisa. A solidão naquele túnel parecia a sua casa agora, e ele permitiu que fosse assim, pois resistir ao inevitável era inútil.
Entretanto, houve o dia em que ele viu aquele pequeno raio de luz surgir em sua visão no instante em que um novo garoto de belos cabelos acinzentados adentrara a sala de aula do sétimo ano.
Quando o mesmo entrou na classe, fora como se os olhares dos dois garotos se encontrassem. O olhar singelo e curioso não durou mais que dois segundos, mas causara um impacto significativo no coração de Jaemin, que não pôde deixar de notar o quanto a aparência do outro menino era encantadora.
E aquela luz aumentou ainda mais no recreio daquele dia, em que aquele mesmo garoto, sem nenhum motivo aparente, o indagou sobre os quadrinhos que esse estava lendo.
Naquele primeiro momento, Jaemin levantou a guarda, imaginando que o novato agiria como todos os outros e o diria algo negativo. Cogitou até mesmo ignorá-lo, mas simplesmente não era capaz de agir daquela forma com alguém. Ademais apenas o respondeu de forma vaga.
– Parece legal. Eu posso ler com você? – indagou o garoto, deixando Jaemin mais desconfortável ainda.
Arriscou dirigir um olhar ele, na intenção de procurar um rastro de que ele diria algo mal. Para a sua surpresa, percebeu o quanto o semblante de Jeno era doce, como se realmente não desejasse naquela hora nada além de ler um pouco com um recém conhecido.
Fora naquele exato segundo que Jaemin pensou que talvez pudesse acreditar em uma esperança.
Em algo semelhante ao que chamam de luz no fim do túnel, aquela que é tão incrível que quando chega, compreendemos o porquê da caminhada até lá ter sido tão difícil.
– É claro. – Jaemin disse por fim, afastando a cadeira para que o garoto pudesse ficar ao seu lado.
Quando o outro sentou ao seu lado, Jaemin não pôde deixar de encarar com timidez o rosto do outro, que lia com atenção o quadrinho em frente a si, parecendo verdadeiramente interessado com o que via. Sentiu algo se agitar em seu coração ao observar o outro, como se estivesse perdido no meio do mar, em perigo, mas ainda assim salvo.
O que sentia naquele momento não poderia ser descrito em palavras, mas se parecia bastante com a felicidade da esperança que se tornou realidade e da emoção que se sente ao se observar uma estrela.
Fora quando o outro garoto retribuira o seu olhar e o doou um sorriso brilhante e amigável, que Jaemin soube.
Tinha encontrado a luz no fim do túnel, e ela era tão bonita que a partir daquele dia, todos os momentos tristes antes daquele haviam sido esquecidos para sempre.
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