História A mommy for Ava the dog - Mark my words, that's all that I have

- Ginny ela esta dormindo... Sim... No corredor... Não aguento com ela... Vai dormir a noite toda lá... Ela foi idiota... Não quero falar sobre o que aconteceu... 

Eu escutei a voz da Lana ao longe e foi se aproximando.  

- (...) logico que ela esta viva... Ela esta respirando. - senti a mão dela tocar meu pescoço e abri os olhos. - Lana estava bem próxima de mim e tomou um susto. - Filha da mãe! Que susto! Calma ela acordou. Tchau.  

Ela guardou o celular no bolso do pijama e segurou minha mão.  

-  Levanta, te ajudo a ir até a cama. - Ela disse calma.  

Eu esperava de tudo, menos isso. Lana me surpreendeu. 

- Que horas são?  

- Três e vinte.  

- O que aconteceu?  

- Fora seu surto de idiotice? - Vi ela revirar os olhos. - Você ficou me gritando e dormiu. 

- Desculpa.  

- Deve desculpa aos seus vizinhos querida. Agora levante. Vou te levar até a cama. 

Eu nada disse só me levantei apoiando nela e fomos pra cama. Ela me ajudou a deitar e se levantou ia saindo. 

- Lana? Onde vai? 

- Para o sofá. 

Ela deu mais alguns passos. 

- Espera, não me deixa sozinha, por favor. 

Aqueles olhos castanhos me fitaram e vi o brilho carinhoso que ela me lançou. Lana tinha uma caracteristica que eu a admirava muito, ela era a pessoa mais amável que eu já conheci.  

Ela se deitou ao meu lado. E eu me ajeitei no travesseiro. 

- Eu sei que sou a mulher mais gostosa do mundo e tals. Mas se controle por favor. Não é pra me agarrar, ok? 

Eu sorri a olhando, mas não era sincero aquelas palavras mesmo que fossem usadas em tom de deboche me fizeram lembrar das merdas que fiz a ela. Minutos depois adormeci. 

Manhã seguindo. Dor de cabeça, enjoos e tudo que uma boa ressaca pode oferecer. Assim que abri os olhos, procurei meu relógio de cabeceira. Onze e quarenta.  

- Ai droga, estou atrasada. - Exclamei sentindo a dor. Eu tinha me esquecido como era isso, parece que fui atropelada por um caminhão.  

- Bom dia - Lana entrou no meu quarto, ela estava vestida, segurava duas canecas. Pelo cheiro era café.  

- Segura - Me entregou uma das canecas, sentou ao meu lado na cama. - Esta de ressaca, toma esse café forte, vai ajudar.  

Eu assenti, cheirei a caneca e meu estomago resmungou.  

- Acho que não vou conseguir beber.  

- Vai sim, você precisa. Vai devagar que desce.  

Tomei o primeiro gole. Caraca, que café amargo. Fiz uma cara feia.  

- Isso, esta bem amargo.  

- Percebi. 

- Jen - Lana alcançou uma das minhas mãos, me olhou nos olhos. E já sabia. Era agora que vinha o... -  Precisamos conversar sobre isso tudo. 

- Lana, por favor... Eu... - Não sabia o q dizer. Eu só não quero falar sobre o que aconteceu.- Nós. .. É, nós estamos atrasadas.  

- Ok, entendi. Você não vai falar. - Lana respirou fundo. - Eu já vou. Nossa cena foi adiada para tarde. Esteja lá. 

 

- Lana, por favor... - supliquei. 

 

- Por favor o que Jennifer? - Lana se levantou e começou a andar de um lado pro outro. - Por favor não me deixa sozinha ou por favor transa comigo? Por que acho que é só pra isso que estou servindo. 

 

Eu já esperava por essa conversa, embora não queria tê-la, Lana é muito paciente mas ela sabe ser firme quando tem que ser. E eu estava merecendo isso, só não quero que ela pense que não me importo com ela.  

 

- Não! - neguei com convicção 

 

- Não? Eu estou aqui a horas cuidando de você! Olha o estado que você está! Ontem você não conseguia nem andar de tão bêbada. Eu cuidei de você! - Ela passou a mão pelos cabelos curtos, bateu o pé direito no chão. - Jennifer, eu me preocupo com você por isso estou aqui até agora. Eu gosto de você! Mas olha não vou ficar aqui se você não quer. Aconteceu algo. Eu sei que sim. Sei que tem a ver comigo. Mas não quer falar. Ok, só não espere que eu fique aqui igual idiota. 

 

Eu não disse nada. Abaixei minha cabeça e chorei. Ouvi os passos dela saindo do quarto. Depois a porta da frente batendo.  

 

(...)  

 

Dias se passaram. Eu voltei ao trabalho. Levava tudo no profissionalismo. Lana não falava comigo. Eu sei o que ela esperava. Uma explicação que eu não podia dar. Eu não conseguia. 

Eu tentei, algumas vezes ensaiei o que dizer. Mas me sentia mal. Me sentia suja com o que tinha acontecido. Cheguei a buscar ajuda na internet. Não sei da onde tirei isso, mas dizem que tudo se acha no google, então busquei pessoas que tenham passado algo parecido com o que vivi. E em um sobre traumas causado por abuso, foi que achei o contato de uma psicóloga sua especialização era esse tipo de traumas. Hoje seria minha terceira consulta e eu ainda não consegui me abrir com a doutora.  Ela fazia perguntas tentando entender meu caso. Eu respondia mas ficava enojada. Eu não conseguia entrar em detalhes. Ela disse que isso não era bom. Que para que eu melhorasse eu tinha que ajudar no tratamento. Eu estou me esforçando, eu quero me curar.  

- Eu me sinto frustrada, como eu pude passar anos sem lembrar de uma coisa como essa. - Eu me ajeitei na poltrona, apertei uma mão na outra e olhei para a psicóloga.  

-  Isso é normal Jennifer, tem casos que acontece na infância e a pessoa lembra depois de adulto. 

- Eu li na internet. Isso deve ser péssimo. - Eu suspirei e abaixei a cabeça.  

- Acontece, pois a experiência foi tão ruim que seu subconsciente esconde para seu corpo não sofrer. - Ela me fitou nos olhos. Provavelmente tentando me passar confiança.  

- Me sinto uma idiota. - Confessei. 

- Não se sinta assim, você é uma vítima, onde você estava quando aconteceu?  

- Estávamos na casa do... - parei de falar e senti meu estomago revirar. Engoli em seco. 

- Ok, Jennifer, acho que conversamos muito por hoje. - Ela falou colocando seu bloquinho no braço da poltrona dela. - Obrigada por vir, nos vemos em dois dias.  

Nossas seções eram duas vezes por semana. Ela não me forçava a nada. Eu estava até gostando. Sentia-me melhor quando conversávamos, mesmo ainda sendo tão difícil.  

Eu estava trabalhando normalmente, mas mantinha-me distante de todos. Eu nunca fui assim. Mas por hora era o melhor eu não estava em condições de ser uma boa amiga a ninguém. Lana tentou falar comigo algumas vezes no set, mas eu não conseguia.  

- Jen? 

Vi Josh se aproximar e sorri fraco.  

- Oie, tudo bem?  

Ele sentou-se na cadeira ao meu lado. Eu marquei a pagina do livro que estava lendo e o fechei. A cabelereira ajeitava meu cabelo.  

- Estou bem e você? 

- To bem.  

- Mesmo? 

-  Sim. - Afirmei com a cabeça passando confiança. 

- Eu e Ginny estamos indo, quer carona?  

- Não cara, valeu. Ainda tenho algumas cenas pra gravar, vou dormir no trailer hoje.  

- Ok. - Ele ficou em silêncio me olhando, notei que queria dizer algo.  

- Fala. - Sorri o encorajando.  

- Lana...  

A cabeleireira terminou  e saiu da sala.  

- Olha Josh...  

- Calma - Ele me interrompeu. - Só queria dizer que realmente achei que dariam certo, assim como eu e Ginny.  

- Josh, eu e Lana não podemos ficar juntas. Gosto muito dela e sei que ela não merece o que estou passando.  

- Tem certeza? Ela pode te ajudar com seus problemas e...  

- Não - Disse seca o cortando. - Ninguém vai me ajudar. Eu estou bem ok. Só preciso de um tempo pra me resolver.  

Acabei soando mais seca e grosseira do que deveria. 

- Tudo bem. - ele se levantou, beijou minha testa. - Trás a nossa Jen de volta logo. 

Ele saiu sem que eu pudesse responder. Assim que entrei no meu trailer vi que tinham umas entregas. Provavelmente presentes. Abri os embrulhos e sorri um dos presentes era um sweater preto com o símbolo do ship swan queen. Eu sorri, fotografei e postei na internet agradecendo.  

Olhei as notificações e vi que tinha mensagens da Lana. A foto que ela me enviou ela estava vestida com o mesmo sweater que eu havia ganhado. Meu estomago embrulhou.  

"Gostou? Sweater novo!"  

"Você esta roubando meu estilo Parrilla, ganhei um igual"  

"Que legal! Vamos tirar uma foto juntas usando."  

Eu sentei na cama, a ideia de enaltecer um ship não era a que eu queria. Tenho mas experiências e vocês sabem. Eu queria responder não. Mas não podia. 

Me senti sufocada olhando aquele pedaço de pano. Lembrei do que fiz a Lana e mais uma vez me envergonhei. Tentei segurar as lagrimas mas era involuntário.  

*-*-*-*-*-*-*  

Eu estava sentada na sala de espera, na mão uma sacola onde estava o sweater, fazia dois dias que eu o tinha, eu ainda não respondi a mensagem de Lana sobre a foto. Tirei uma parte do pano para fora e o fitei. Tirei a peça inteira pra fora da sacola, estiquei ela na frente dos meus olhos a olhando.  

- Lindo Sweater. - Ouvi uma voz doce se pronunciar ao meu lado. Me virei em busca. - Oi! - Ela sorriu e acenou com as mãos pequenas.  

- Oi. - Respondi apenas.  

- Vai presentear alguém?  

- Não, eu ganhei. 

- Legal. Sou Rose. - Ela sentou-se ao meu lado e sorriu estendendo a mão.  

- Sou Jennifer.  

- Eu sei. Assisto TV.  

- Ah.  

Ouvimos a porta do consultório abrir a nossa frente e a doutora saiu por ela. 

 

- Jennifer Morrison, pode entrar. 

 

- Tchau, Rose.  

 

Lhe lancei um sorriso e ela acenou com a cabeça. 

 

- Olá! Como esta hoje Jennifer? 

 

A psicóloga me olhou sentada de sua cadeira. Eu suspirei, olhei para meu colo, tirei o sweater da sacola e levantei pra que ela veja. 

 

- Bonito! 

Ela me olhou e ficou esperando pra que eu explicasse. 

- Ganhei esse Sweater, essa semana. 

- Legal. 

- Esse símbolo significa, Swan Queen. 

- O ship da sua personagem com a personagem de Lana. 

- Isso. – Eu suspirei, mas parei pra analisar, como ela sabe disso? Isso era algo dos fãs, uma linguagem deles. Olhei pra ela confusa. 

- Eu acolho pessoas de intercambio, estou cuidando de uma guria que é sua fã. E ela me falou tudo sobre Swan Queen. – Ela sorriu, mas voltou a sua postura séria. 

- Lana ganhou uma igual, ela quer tirar uma foto, mas eu estou evitando isso. 

- Por que? 

Apertei o sweater nas mãos. 

- Eu estou com um bloqueio. Tudo começou por causa desse ship, quer dizer, essa história de ship meio que estava envolvida nisso. 

- Me explique melhor. 

Eu não sabia como a fazer entender. 

- Quando eu trabalhava interpretando a Dra Cameron em Dr House, a personagem tinha um relacionamento com o Dr Chase então as pessoas gostavam muito dessa relação, os produtores da série sugeriram que eu e ... – Respirei fundo, seria minha pele queimar. Fechei os olhos apertado. – Jesse, tivéssemos um relacionamento queriam dar realidade ao seriado. 

- Jesse é o ator que interpretava o Dr Chase? 

- Isso. – Olhei pra ela, seus olhos curiosos me fitavam ao mesmo tempo que me encorajavam a continuar. Eu já havia começado, não seria agora que iria parar. – Nós, começamos a namorar. Mas era marketing, eu sou lésbica. Nunca gostei dele. 

- Mas mesmo assim aceitou? 

- Sim, eu era nova, achei que tinha que fazer isso pelo meu trabalho. 

- Agora tem medo que os seus produtores que obriguem a ter um relacionamento com a sua colega? 

- Não. E mesmo que isso me acontecesse jamais aceitaria. 

- Então, por que o sweater é um problema, por que aparentemente, você esta com problemas em relação a sua foto com a colega. 

- Não, ela não é o problema. É só que, eu tinha ou tenho, não sei, um envolvimento com Lana. 

- Certo. – Ela me encorajou mais uma vez. 

- Eu não sei se é uma boa ideia que as pessoas achem que temos um relacionamento. 

- Como foi o seu relacionamento com o seu outro colega de trabalho? 

- Ah, com o Jesse, eu não... – Respirei fundo. 

- Mas você quer tirar essa foto? O que acha que ela pode afetar? 

- As personagens não tem envolvimento emocional. 

- Você quer que elas tenha envolvimento? 

- Quero! A história de Emma e Regina tem sido moldada e se o desfecho fosse um Amor verdadeiro entre elas, nossa, imagina, no século que estamos, seria uma quebra de tabu enorme. 

- Ok, Jennifer, acho que conversamos muito por hoje, fico feliz pois estamos tendo uma evolução muito boa. 

- Mas... E o sweater? 

- Tire a foto e faça um protesto silencioso pelo que acredita. 

Eu apernas sorri fraco. 

- Tchau! 

Sai de lá bem, sabia que não teria nada demais fazer aquela foto. As fãs swan queen shippers sempre nos tratam tão bem, e não acho que elas tenham culpa dos meus problemas, sei que Lana também não tem. 

- Alo? Jennifer? 

- Oi, Lana, onde você está? 

Assim que entrei no carro liguei pra Lana, esse seria uma passo. Decidida vou fazer a foto com ela.  

- No estúdio, por que? 

- Estou indo te encontrar, pegue seu Sweater.  

- Jen, você esta bem? 

- Sim e você? 

- Sim, só estou te achando estranha. Embora você esteja estranha a algum tempo, esta mais hoje, esta mais tipo como antes, eu não estou mais acostumada com isso.  

- Hey! - Eu sorri – Esta tudo bem, ok? 

- Tá. 

- Em 20min estou aí. 

Desliguei e fiz meu caminho para o set de gravações de Once Upon a Time. A 2 temporada estava sendo finalizada, logo estaríamos de férias, isso era bom.  

- Hey, Jen! - Lana me sorriu de lado, se aproximou, eu beijei seu rosto, aspirei seu perfume.  

Fechei os olhos por um instante, senti saudades dela. Coloquei as mãos na cintura dela. - Vamos? 

- Onde quer tirar a foto? - Me separei dela a fitando nos olhos.  

- Pensei em ir ali no meio das arvores, mais calmo. - Ela apontou para a pequena floresta cinematográfica que tinha próximo de onde estávamos.  

Nos encaminhamos até lá.  

- Vem aqui -  segurei o braço de Lana, ela se ajeitou, arrumou o cabelo. - Relaxa, esta linda.  

Lana me sorriu abertamente, segurou o celular e capturou a foto.  

- Olha só eu gostei e você? - Ela disse virando o celular pra que eu veja.  

- Linda! - Eu sorri pra ela, coloquei minhas mãos em sua cintura a abraçando. 

Eu sei, fui uma trouxa de marca maior, mas a verdade que estar próxima a ela aflorou a saudade. Aquele cheiro, seu toque, sua voz.  

- Sinto sua falta. - sussurrei com o rosto grudado em seu pescoço.  

Eu rodei meus braços em sua cintura e a abraçava com carinho.  

- Você que se afastou Morrison.  

- Eu sei, você não vai entender, más eu preciso disso, não quero te machucar, eu estou quebrada, você merece alguém completo. 

- Eu deveria ter a opção de escolher. Você não esta me dando essa chance Jen, deixa eu te ajudar.  

Eu olhei em seus olhos, eles estavam marejados, senti as lagrimas molharem os meus.  

- Lana, você é maravilhosa, por favor, eu não posso, eu fui horrível, e você ainda esta aqui. Eu passei por algo ruim, eu não quero que isso se reflita no que tínhamos, foi maravilhoso o que vivemos, e eu nossa – Suspirei coloquei as mãos em seu rosto. - sei que não vai entender, não sei como vou conseguir superar as minhas dificuldades, mas por favor seja feliz. Te peço.  

- É isso então? 

Eu apenas afirmei com a cabeça, selei meus lábios aos dela delicadamente. Lana encostou a sua testa na minha e chorou. Eu a queria, más não desse jeito, quero ser melhor e completa pra ela. Acho que eu me apaixonei por essa mulher. 

- Eu não quero que me espere, guarde minhas palavras, você merece o melhor, se estou me afastando é por que sei não sou capaz de te oferecer isso neste momento. Você é maravilhosa!  

Me separei de Lana e sai daquele lugar. Me sentia sufocada.  

"Oh I don't wanna live a lie 

Mark my words 

Mark my words "