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História A Morte Das Areias do Saara - Simplesmente aceitar


Escrita por: kagome95ingrid

Notas do Autor


OLÁ!!
esse capitulo demorou sair pq ngm comentou no anterior aí eu tava esperando vcs lerem ;~; mas como n posso nem quero prender a fic muito tempo, resolvi postar logo mesmo assim.
enfim, bom cap pra vcs :)

Capítulo 82 - Simplesmente aceitar


Fanfic / Fanfiction A Morte Das Areias do Saara - Simplesmente aceitar

Nefer-ka-ptah deu o comando, e a barcaça real retornou a Koptos, para que Merab fosse enterrado lá com a honra devida ao filho de um príncipe. Quando as cerimônias fúnebres terminaram, a barcaça real navegou rio abaixo em direção às terras do norte. Uma jornada alegre não era mais, pois Merab estava morto, e o coração de Ahura estava pesado por causa da tristeza que ainda estava por vir, pois a vingança de Thoth ainda não havia sido cumprida.

~ Fragmento de “O Livro de Thoth”

 

Imhotep se encolhia no chão do Salão do Julgamento sentindo cada vez mais dor. Ele tentava respirar mais devagar e com mais calma tal como Nefertem ficava pedindo para ele fazer, mas a dor que tomava conta de todo seu corpo toda vez que aquela poderosa luz irradiava de si era simplesmente forte demais.

Enquanto o arquiteto lidava com a dor, os deuses que haviam ficado para presenciar os acontecimentos haviam se dividido em dois grupos. Um discutia as problemáticas e consequências da transformação do arquiteto em deus e se havia ainda como evitar isso, outro tentava ajudar Imhotep a lidar com a enorme onda de poderes que estava repentinamente caindo sobre si.

- Você tem que conseguir controlar isso. - dizia Nefertem calmamente - Você ainda não é 100% imortal. Se não conseguir controlar toda essa energia, provavelmente irá morrer.

- ESTOU TENTANDO!! - gritou Imhotep desesperado esquecendo-se por um breve momento de que já estava morto. 

- Ele… já está morto.. - lembrou Qebui - Como vai morrer de novo?

- “Morrer” não seria a melhor palavra… - opinou Anúbis - Mas sem dúvida seria algo perto disso. Um mortal não consegue ficar muito perto dessa energia toda.

- Com vocês falando isso, ele não vai conseguir ficar calmo. - ralhou Anput.

Tomando a dianteira, ela se aproximou de Imhotep e pegou a mão direita dele já que a esquerda estava segurando a mão direita de Nefertem com tanta força que os nós dos dedos de Imhotep estavam brancos. Com Imhotep descontando quase totalmente  a dor que sentia ao fechar as mãos em fortes punhos, Anput não conseguiu de fato pegar a mão dele já que ele não queria abrir a mão. Mas mesmo assim, Anput segurou gentilmente entre suas gentis mãos o punho levemente transparente de Imhotep.

- Olhe para mim… - pediu Anput gentilmente e Imhotep, apesar da dor, olhou para a deusa - Respire fundo e lentamente. Junto comigo…

Anput inspirou e expirou lentamente e Imhotep até tentou repetir junto com ela, mas uma forte pontada de dor fez ele fechar a boca e os olhos fortemente enquanto se contorcia de dor. A luz que irradiava de seu corpo ficava mais forte e, o olhar de preocupação que Anúbis trocou com Qebui era justamente devido à isso. Os dois tinham certeza que, se aquela cena estivesse acontecendo com algum mortal normal presente, este já teria se desintegrado diante do poder divino que aquela luz escondia. Contudo, eles também sabiam de outra coisa. Por mais forte que aquela luz parecesse, não era nada comparada à energia equivalente que cada um dos deuses naquela sala escondiam dentro de si com extrema facilidade. Aquela luz era apenas a energia de um novo deus nascendo, fraca, por mais forte que parecesse. Era uma comparação injusta.

- Sei que parece difícil. - dizia Anput com extrema calma - Mas essa energia é uma parte de si agora. Não lute contra ela. Apenas aceite-a como sua e guarde dentro de si.

- Ficamos um tempo sem nos falar e quando nos falamos é por que um mortal está virando deus? - disse Qebui soltando uma leve risada e olhando para Anúbis - É só ficar importante que para de andar com a gente.

- Quê? - perguntou Anúbis perdido e sem entender o motivo das acusações de Qebui - Isso não tem nada a ver.

- Não? - Questionou Qebui - Porquê Anput ainda sai com a gente. Vai nos mercados, nos oásis e fica mais tempo com a gente nas festas. 

- Isso é mesmo hora para isso? - perguntou Anúbis suspirando - Se quer mesmo saber, eu já mal saio com Anput tanto assim. Caso não tenha percebido ainda, dezenas de mortais morrem todos os dias. Quanto mais o Egito cresce, mais gente morre. Quanto em mais guerras o Egito entra, mais gente morre. Eu não tenho tanto tempo assim. E, quando a andar pela cidade e ir ao mercado como Anput gosta de fazer, eu não consigo fazer isso sem do nada os mortais começarem a rezar ou algo do tipo. Dificilmente isso seria um passeio interessante.

- Na última festa que teve, a festa de boas vindas de Rá. Que até sua amiga, Ereshkigal, apareceu rapidamente, Anput ficou lá com a gente. Você ficou no cantinho e depois foi embora. - disse Qebui um tanto zombateiro - Não somos bons o suficiente para vossa presença?

- De onde você tirou algo tão ridículo? - perguntou Anúbis.

- Só um conclusão que cheguei parando para pensar nos últimos dias. - disse Qebui dando de ombros - Prefere andar com os deuses poderosos?

- Você por acaso me vê andando com eles sem ser por questões de trabalho? - questionou Anúbis.

- Gente… tem uma pessoa com dor aqui tentando não desaparecer de vez. - lembrou Nefertem suspirando pesadamente.

Os quatro deuses ficaram fitando Imhotep enquanto ele, olhando atentamente para Anput, acompanhava e imitava a respiração lenta dela. A cada respiração profunda ele parecia mais e mais calmo e a luz que escapava de si ia entrando cada vez mais sob controle. A dor ia diminuindo também até que, quando ele ficou calmo por completo, a dor não passava de uma sensação incômoda espalhada por todo o seu corpo. Não era nada muito confortável, mas sem dúvida era melhor do que ficar gritando de dor no chão.

- Acho… acho que estou melhor… - disse Imhotep quando Anput e Nefertem se levantaram.

- Tem certeza? - perguntou Nefertem.

- Não. - respondeu Imhotep cujo olhar foi para Osíris quando o deus se aproximou e analisou o arquiteto de cima à baixo.

- Parece estável agora… - opinou Osíris.

- Mas também não parece de fato um deus ainda… - opinou também Anúbis atraindo a atenção de Osíris, e principalmente de Imhotep, para si - Ainda está levemente transparente embora não tanto quanto antes.

Osíris concordou com a cabeça e olhou rapidamente para Ísis, Hathor, Ptah e Hórus logo atrás de si. Havia conversado com eles enquanto os outros tinham tentado controlar a situação de Imhotep. Por mais que nenhum deles gostassem da ideia de um mortal estar virando um deus e já estarem preocupados com as consequências que isso poderia causar no futuro, eles concordaram que não tinha muita escapatória.

- Se os humanos querem rezar para ele, não nos resta nada além de acatar. - disse Osíris - Contudo, ainda temos muito o que esperar, provavelmente. Pode ser que os mortais desistam de cultuá-lo e tudo volte ao normal. Novos deuses surgem esporadicamente. Seja no nascimento pelo ventre das suas mães ou simplesmente surgindo do nada devido às crenças dos mortais. Um mortal virar deus pode ser só um jeito novo de um deus surgir mas que, de preferência, que não se repita com muita constância.

- E-Eu… eu não tenho opinião nisso tudo né? - perguntou Imhotep.

- Aparentemente não. - respondeu Anúbis.

- Ainda tem muito o que acontecer com você aparentemente, Imhotep... - respondeu Osíris abrindo um pequeno sorriso de dó - Pode ser que desapareça, pode ser que ganhe uma vida imortal. Algo que sei que muitos mortais desejam embora não saibam pesar o que isso significa.

- E não tem nada que eu possa fazer para determinar qual dos dois acontece? - perguntou Imhotep - Quando irei descobrir qual dos dois acontecerá comigo?

- Só o tempo dirá. - respondeu Hathor gentilmente - A probabilidade de desaparecer por não acreditarem em nós ou nos conhecerem é um problema que todo deus enfrenta. 

- Deuses já desapareceram antes assim então? - perguntou Imhotep.

- Sim. - respondeu Hathor - O esquecimento é uma das causas de morte mais comuns entre nós, embora a morte de um deus ainda seja um evento de extrema raridade. Por hora, deixe a humanidade e a história seguir seu curso e em breve poderá descobrir se terá vários séculos à sua frente e do que será deus.

- Provavelmente da arquitetura… - chutou Anúbis dando de ombros - Não é incomum que deuses representem mais de uma coisa. Em vida suas habilidades de cura como médico também foram muito louvadas então… se conseguir se fixar nas preces dos mortais, pode acabar se tornando também um deus da medicina.

- Verdade… é bem possível. - disse Ísis com expressão pensativa - Os mortais estão constantemente ficando doentes. Um deus da medicina seria bem útil. Não um deus da cura, mas sim da medicina. Sekhmet até é também mas é apenas um sub-trabalho para ela.

Imhotep respirou fundo guardando aquele tanto de informação dentro si e então olhou para as próprias mãos. Elas não eram mais tanto assim as mãos fantasmagóricas e transparentes de quando ele havia sido cuspido para fora do Aaru. Suas mãos pareciam agora mais nítidas embora ainda pudesse ver o chão de pedra através delas assim como sentia um formigamento através delas assim como sentia em cada pequeno pedaço de seu corpo. Ainda era informação demais para o pobre arquiteto.

Aceitando que não poderiam fazer nada e que os mortais tinham total direito de começarem a crer em mais um deus dentre as dezenas de deuses egípcios que existiam, os deuses ali presentes decidiram que deixariam tudo seguir seu curso. Mas, em vozes baixas, Ptah e Hórus conversavam sobre, da próxima vez, impedir que um mortal chegasse assim tão fácil e rápido à imortalidade. Dessa vez deixariam passar, da próxima vez… fariam não ter próxima vez.

Com a conclusão, de certa forma, do problema, os deuses foram se afastando. Cada um voltando aos seus afazeres normais.

- Já que não tem muito o que possamos fazer… - disse Anúbis olhando para Imhotep - Talvez tenha algo que você adoraria conhecer. Mas talvez seja melhor esperar o nascer do sol.

- O quê? - perguntou Imhotep curioso.

- Uhh… - disse Anput entendendo ao o que Anúbis se reveria - Uma surpresa é melhor não? E no nascer do sol.

- Provavelmente - disse Anúbis parando para pensar.

- Ainda tem algum tempo para o nascer do sol. - disse Nefertem - Então… vamos conversar, maninho.

Nefertem então passo o braço ao redor do ombro de Imhotep e, com um sorriso radiante, levou ele para o mesmo cantinho de tapetes e almofadas que, até alguns minutos atrás, Anúbis, Anput e Hathor estavam sentados conversando sem imaginar os rumos que o dia iria tomar.

- Se quiser reclamar, a hora é agora. - disse Anúbis para Qebui.

Qebui nada disse, apenas deu as costas para Anúbis e Anput e foi ficar ao lado de Nefertem. Diante da cena, Anput suspirou e entrelaçou seus dedos aos de Anúbis enquanto o olhava com preocupação.

- Eu sei que o que Qebui disse não é verdade. E acho que Nefertem sabe também. Qebui está só magoado. Não pensa realmente o que disse. - disse ela - Sei que você não é do tipo que para de andar com a gente só porque não somos tão importantes assim.

- Claro que não. - respondeu Anúbis suspirando - É só que… Eu…

Anúbis bufou frustrado. Sabia bem porquê não estava mais passando tempo tanto assim com Qebui e Nefertem. Ou até com Seshat e Sodpet, com quem Anput também gostava de se divertir e passear. Mas botar em palavras sem magoar alguém por acidente não era exatamente a coisa mais fácil do mundo.

- Não é como antes… - disse Anúbis tentando.

- Eu sei. - disse Anput gentilmente colocando a mão livre sobre a bochecha dele sabendo bem que ele sentia desconfortável e que não se encaixava mais no grupinho - Eu vi o jeito que olhou para a gente no dia da festa de Rá. Sabe que pode passar um tempo com a gente quando quiser e que a gente não se importa com essas divisões né?

- Não se importar não fazem elas desaparecerem. - disse Anúbis.

- Quando as coisas estiverem mais calmas, tentamos de novo. - sugeriu Anput - Levamos eles também para ver a pirâmide de Khufu com Imhotep. Que tal?

- Pode ser… - disse Anúbis.

A partir daí, foi só questão de esperar o sol nascer. Com a noite tomando conta do Egito, a pirâmide de Khufu não poderia exibir sua beleza justamente. Para matar o tempo, Nefertem ficou conversando com Imhotep atualizando eles de todas as reviravoltas que haviam acontecido desde a morte do arquiteto. Nefertem apresentou uma lista de faraós e seus sucessores que se seguiu até chegar em Huni, então em Sneferu, Khufu e agora em Djedefre. 

Junto com Anúbis, Anput e Qebui, Nefertem contou para Imhotep sobre como todos os faraós começaram a querer túmulos piramidais que nem sempre conseguiam construir até o final. Contou como Sneferu conquistou muito na Núbia e na Líbia, como Sneferu encheu o Egito de turquesa vinda do Sinai, como Khufu resolveu ousar e construir a maior pirâmide de todas, mas ao mesmo tempo como Khufu havia ordenado o fechamento dos templos e como seu filho havia roubado um livro perigoso e poderoso de Thoth.

Quando gastaram tempo suficiente, os deuses levaram o arquiteto para Gizé que, ainda rodeada por casinhas de construtores, exibia a imponente pirâmide. Não tinha como não notar, foi só aparecer magicamente em Gizé que Imhotep ficou com olhos arregalados e brilhantes e a boca escancarada diante do tamanho e da beleza da enorme construção. Seu pescoço doía ao tentar ver o topo tão ridiculamente alto que exibia a pequena pirâmide banhada em ouro que agora refletia fortemente a luz do sol nascente do leste. 

A ponta dourada brilhava forte, o granito altamente polido parecia ganhar luz própria quando até mesmo ele tentava refletir o brilho do sol mas, por mais bonito que fosse, não conseguia se comparar ao forte brilho de doer os olhos que vinha da parte dourada.

- É maravilhosa… - disse Imhotep com lágrimas enchendo nos olhos num transe enquanto os deuses sorriem se divertindo com a sua reação.

- E só existe graças a você. - disse Nefertem.

- Mas disse que eles fizeram sozinhos.- disse Imhotep sem entender.

- Mas se não fosse você fazendo a primeira e muitas outras, não teriam feito essa. - lembrou Anúbis.

Imhotep sorriu orgulhoso não só de si, mas também dos humanos. Podiam ter vidas difíceis, passar fome e sede, ficar doentes e morrer, mas eram capazes de construir coisas de tirar o fôlego. 

Mesmo Imhotep não tendo participado do projeto da Pirâmide de Gizé, ele olhou para ela maravilhado. Seus olhos de arquiteto foram para os ângulos que com certeza tinham sido minuciosamente medidos, ou a estrutura iria ruir.  Sua curiosidade foi para o interior enquanto pesava em sua boca a pergunta de se poderia vê-la por dentro. Queria saber qual técnica havia sido usada para distribuir o peso pois sabia que em algum lugar ali deveria haver uma câmara mortuária. Quer fosse no meio da estrutura ou embaixo da terra. Ele também se perguntou quão difícil foi cortar e trazer tantas centenas de blocos de granito e calcário.

- Quem foi o arquiteto dela? - perguntou Imhotep.

- Hemiunu. - respondeu Anúbis - Primo de Khufu.

- Ele…. está vivo? - perguntou Imhotep olhando esperançoso para Anúbis - Eu… adoraria conversar com ele sobre os detalhes da pirâmide. Posso?

- Está. - respondeu Anúbis trocando olhares com os demais.

- Hórus não aprovaria isso… - disse Nefertem.

- Então vamos enquanto ele está ocupado começando mais um dia. - disse Anput.

 


Notas Finais


eu tô doida pelo próximo capitulo pq começa algo q eu planejei tanto tempo atrás q me sinto orgulhosa de ter chegado tão longe!
O Livro de Thoth - https://www.sacred-texts.com/egy/woe/woe10.htm
Imhotep - https://en.wikipedia.org/wiki/Imhotep
Sneferu - https://en.wikipedia.org/wiki/Sneferu#Foreign_relations
Hemiunu - https://pt.wikipedia.org/wiki/Hemiunu


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