História A proposta - Capitulo XII

                                                           EMMA

Os dias passavam rápido no internato. Mesmo com a montanha de provas, dava para ver que todos os alunos estavam empolgados com os preparativos para o Natal. E Depois que Mattew e eu começamos a namorar tudo ficou meio estranho, não só a minha relação com ele, mas minha amizade com as meninas, já que eu simplesmente não conseguia falar com elas sobre o assunto. Já eu e Mattew sempre acabávamos perto demais, sem que percebêssemos, segurando as mãos um do outro, conversando de perto. É claro que eu gostava de ficar assim com ele, mas também sentia falta de quando estávamos sozinhos.

Eu estava indo para o meu lugar de sempre, na “sessão reservada” da biblioteca. Lá eu posso ler meus livros em paz. É claro que é proibido estar por aqui, mas é o único lugar em que não está agitado por causa dos preparativos. Percebi que a tranca da porta estava aberta, olhei em volta antes de entrar. Andei em direção ao meu lugar de sempre, quando levei um susto ao ver Uriah sentado não chão, lendo um livro. Ele levantou os olhos para me encarar.

- Desculpe –falei – Posso voltar mais tarde...

- Tudo Bem! – o loiro falou, alto, antes de eu sequer conseguir dar um passo para sair dali. – A não ser que você não queira me fazer companhia...

Eu sorri para ele, dando de ombros.

- Tá legal – disse, indo sentar-me ao seu lado.

O silencio que ficou na sala começou a ficar desconfortável. Tive que achar a minha voz.

- Uriah –falei, ele me encarou sorrindo. E então eu entendi a expressão que já ouvi falarem dele “Um sorriso dele tira suspiros de muitas garotas”. Balancei a cabeça, quando percebi que fiquei segundos encarando os lábios dele e afastei esses pensamentos. Limpei a garganta. –Posso perguntar uma coisa?

Ele riu, amigável.

- Sim, sou solteiro –ele falou, ainda com um sorriso. Senti as minhas bochechas corarem, mas não consegui conter a risada. –Claro que pode.

- Bem –comecei, encolhendo os ombros quando ele se aproximou mais de mim –O que deu em você para vir parar nesta escola? Quer dizer... eu aposto que você já foi pra tantos lugares, mas por quê logo essa cidadezinha que você decidiu estudar?

- Bom –ele mordeu o lábio, pensando –Eu quis cair na real... Eu perdi três anos só de ensaios fotográficos e... –ele me fitou –Eu também sinto falta de tudo isso. Sinto falta de ser um garoto normal e de ter a minha vida de volta.

- Entendo... –falei, olhando para os meus pés.

- Meu pai sempre quis que eu me formasse, que eu tivesse uma faculdade decente–ele continuou, não me olhando – e eu sempre reclamava e não queria estudar. –Ele deu um sorriso - Mas depois que me tornei modelo, as coisas mudaram, e eu percebi que não queria aquilo. Não pra mim.

Estava prestes a falar algo quando ele segurou a minha mão e me encarou. Fiquei boquiaberta por alguns segundos, apenas piscando, como uma boba.

- Mas chega de falar de mim –disse. –Você tem namorado, Emma?

Tentei responder, mas nenhum som saiu de minha boca. Fechei os olhos, mordendo o lábio, tentando me afastar, mas era como se o meu corpo não quisesse me obedecer. Abri novamente os olhos e , ao olhar para Uriah, a imagem de Mattew apareceu em minha mente. Eu sorri, percebendo que sentia tanta falta dele.

- Sim –respondi finalmente. Ele arqueou as sobrancelhas, surpreso. Puxei a minha mão de volta e me afastei dele em um pulo. –Me desculpa –passei as mãos pelo cabelo –Eu preciso ir... Acabei de me lembrar que tenho um trabalho para fazer e... eu ainda nem comecei...

Ele uniu as sobrancelhas, enquanto eu apenas me afastava dele, andando cada vez mais para trás. Até que eu esbarrei em alguém, pisando no pé sem perceber.

- Aí, garota! –reconheci aquela voz de longe. Era Megan. Qual é, por que eu sempre me esbarro com ela?

- Desculpa, desculpa –falei, atrapalha. Dava para ver que ela estava me fuzilando pelo olhar. E então me virei para Uriah  e acenei para ele antes de sair andando.

Mas tudo estava bom demais para ser verdade. Enquanto estava caminhando, depois de ter saído da biblioteca, escutei alguns passos atrás de mim. Me virei e vi novamente Megan, ela estava acompanhada de suas amiguinhas, Lucy e Lara.

- Parada aí! –ela falou, apontando com o dedo para mim. Revirei os olhos, não querendo perder o meu tempo com ela, e voltei a andar. Mas ela segurou o meu braço –O que deu em você para achar que agora pode falar com Uriah?

Eu gargalhei, não acreditando no que ela falou.

- Por quê? –perguntei –Tá achando que tem algum tipo de autoridade em Uriah também?

Puxei novamente o meu braço, me soltando, e sorri ao vê-la vermelha. E então lhe dei as costas, indo até as escadas para descer para o primeiro andar.

- Se eu fosse você começava a ter medo de mim! –escutei ela gritar. – Sua vaca!

- Vadia. –falei, alto o bastante para que ela escutasse. E logo em seguida, eu ri, quando ela gritou como se fosse um aviso para que eu me afastasse de Uriah. Mas eu não me importei e comecei a descer as escadas.

                                                           MATTEW

- Mattew, você está me escutando? –Henry perguntou, balançando as mãos na frente do meu rosto. Balancei a cabeça, o olhando como me encarava tão pensativo. Olhei para o relógio, a aula já terminou?

Eu não podia ignorar o fato de que a história da Emily está me deixando preocupado. Nos últimos dias, desde que conversamos, eu não consigo pensar em mais nada por causa dela. Depois de explicar tudo o que havia acontecido para Henry, percebi o seu olhar de preocupação para cima de mim.

- Cara –ele falou, me encarando – Não gosto de te ver assim...

Coloquei o rosto entre as mãos.

- Eu sei –disse – Eu devia ter escutado ela...

Henry abriu a boca para falar algo, mas foi interrompido quando Sarah entrou na sala.

- Mattew... – ela disse, ofegante, apoiando as mãos nos joelhos para recuperar o ar.

A encarei.

- O que foi? – perguntei, bocejando.

- A Emma – falou rapidamente – Ela foi... ela caiu da escada...

Era a minha vez de quase cair, tive que me segurar na carteira a minha frente.

                                                                                           EMMA

- Eu estou bem. – Disse, mais uma vez, para a enfermeira que me olhava preocupada.

- Você pode ter batido a cabeça – a mulher disse, olhando-me.

Olhei para Alyssa e Graice, que me encaravam preocupadas. As duas vieram correndo quando souberam que eu estava na enfermaria. Senti o ódio percorrer pelas minhas veias.

- Você tem que contar que foi empurrada – Alyssa sussurrou para mim, quando a enfermeira teve que sair para buscar curativos para o meu joelho.

Fechei os olhos, relembrando de como Megan me empurrou escada à baixo. Tive sorte de não ter me machucando feio. Eu sorri, amarga.

- Você irá ver – sussurrei de volta – Eu vou me vingar!

Alyssa iria protestar, claro, mas não fez nada quando Mattew entrou na enfermaria e andou em minha direção. Suas mãos elas envolveram carinhosamente a minha cintura, e o calor dos lábios dele movendo-se sobre a minha testa dolorida fez com que eu estremecesse.

- Eu sou cardíaco, sabia? – ele murmurou, me encarando. Eu ri, Vendo-o me olhar com saudade. – Não faz mais isso comigo...

E amor. Principalmente amor.

Ele cedeu à tentação –Assim como eu – e roçou os lábios sobre os meus.

- Não acho que seja uma boa ideia... –sussurrei, com a testa dele junto a minha.

- Concordo, mas vou lhe roubar um beijo antes de ir embora.

Eu sabia que tinha que negar, mas não tive forças para fazê-lo. A principio ele se aproximou suavemente, experimentando apenas, até que a sua boca se moveu suave e carinhosamente sobre a minha. A pensar da dor, ergui o corpo para poder me aproximar mais dele. Mattew murmurou um palavrão e se afastou. Deixando-me com os doloridos braços vazios e os lábios que ainda suplicavam pelo beijo.

- Precisamos ir. –Henry falou, ainda olhando para fora da porta. – Não vai ser nada bom se a enfermeira nos ver aqui...

- É mesmo –Mattew murmurou, passando a mão na nuca – Se cuida, Emma.

Eu apenas concordei. Henry veio correndo em minha direção e deu um beijo na minha mão. Eu sorri.

- Se cuida...

- Você também...

Ele sorriu e, em dois segundos, já estava seguindo para fora. Eu sorri quando as meninas fizeram o mesmo e saíram, logo atrás Mattew, que ficou um tempo me olhando antes de ir.                                                                   

                                                                                            MATTEW

Depois de sairmos discretamente da enfermaria, o sinal tocou e tivemos que nos recolher e voltar para os dormitórios. Me joguei na cama assim que cheguei lá, e procurei algum livro ou gibi que me distraísse para que eu parasse de me perguntar como havia conseguido me afastar de Emma.

- O que foi aquilo? –Henry perguntou, me encarando sério até demais.

- Do que você tá falando? –perguntei, sem olhar para ele. Mas mesmo assim, sei aonde essa conversa vai chegar.

- Bom –ele começou, sentando-se na cama. Já vi que lá vem bomba. – Daí eu deixo de olhar um minuto para você, e você já está se agarrando com a Emma...

Tentei pensar em alguma coisa, rápido, mas a única coisa que consegui falar foi:

- Cara você parece a minha mãe. –eu ri. –E depois a gente conversa, agora tenho que ler o livro de ciências que vai ter prova semana que vem...

Encarei o livro que as minhas mãos seguravam, mesmo não lendo uma palavra sequer dele; o que não adiantava muito, porque, de algum jeito, eu sempre me perdia nos meus pensamentos que sempre, sem querer, iam para a imagem dos macios lábios de Emma.

- É mesmo? –escutei perguntar, e eu apenas assenti, sem olhar para ele. –Então por quê está lendo um livro de matemática, sendo que a prova é de ciências? – E então a minha ficha caiu e Henry arrancou o livro de mim, balançando-o na minha frente –A proposito, você estava lendo com o livro de cabeça para baixo, sabia?

Suspirei, sentindo as minhas bochechas queimarem.

- Aonde que você quer chegar? –perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

- Você sabe! –ele me encarou, bravo e então suspirou. –Você anda cada vez mais estranho...

Alevantei uma sobrancelha ao encará-lo.

- Estranho? Por quê estranho?

- Cara –ele colocou a mão no meu ombro –Você está sendo o que era antes!

Eu gargalhei, sarcasticamente.

- Tá brincando, né? –afastei a mão dele de mim.

- Não, não estou. –ele deu uma pausa, andando pelo quarto. – Você está tratando a Emma como aquela garota do tempo do ginásio, e sabe muito bem os sentimentos que você tinha por ela.

Eu revirei os olhos.

- Sempre que eu trato ela deste jeito, mais sessenta dólares entram no meu bolso. –falei, me levantando – Você já deveria ter percebido isso, Henry. E eu não quero mais falar sobre o meu passado, ok?

Ele riu, balançando a cabeça.

- Não é pelo dinheiro, eu já percebi isso. No meu ponto de vista, nunca foi pelo dinheiro que você aceitou a proposta da Emily. –Ele sorriu –É claro! Você só aceitou porque era a Emma que você tinha que iludir!