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História A proposta - Surpresa X Medo X Reflexão


Escrita por: Pretty_Poison

Notas do Autor


Yoo, minna!
Fui bem rápida mesmo, passei o dia todo imaginando cada pedacinho desse capítulo, espero que gostem.
Gostaria de agradecer, mais uma vez, a cada um que tem dedicado parte de seu tempo com comentários e mensagens de motivação, amo vocês!
Boa leitura,
Surpresinha do editor no final!

Capítulo 9 - Surpresa X Medo X Reflexão


Fanfic / Fanfiction A proposta - Surpresa X Medo X Reflexão

Gotoh e Tsubone acabaram de receber o chamado de sua senhora, ambos se dirigiram, desconfiados, para o jardim da mansão. Há dias, uma espécie de preocupação parecia ter tomado conta da mulher, agora, a mesma tinha uma expressão de puro contentamento nos lábios. O mordomo chefe já mordia os lábios, imaginando a causa daquele comportamento tão repentino. Era evidente que aquilo tinha a ver com a convidada e sua amizade com seu jovem mestre. Ao notar a aproximação dos empregados, a mulher esperou uma saudação formal.

–– Madame, –– Gotoh fez uma reverência, sendo imitado por Tsubone. Estava preocupado com o que ela lhes diria, com receio de que suas expectativas fossem reais. –– Mandou nos chamar?

–– Sim, gostaria de pedir que fizessem alguns preparativos. –– Ela falou, acomodando-se em um balanço de madeira, servindo-se de uma xícara de chá. –– Em alguns dias, os Damien estarão nos visitando. Espero uma acolhida digna de nossa família.

–– Entendido, madame. –– Foi a vez de Tsubone falar, abaixando a cabeça em respeito. –– Faremos conforme deseja. Mais alguma coisa?

Os dois tentaram esconder o espanto. Conheciam os Damien, embora eles só visitassem os Zoldyck de tempos em tempos. Era uma família relacionada à máfia, sempre buscando obter dinheiro fácil, principalmente nos leilões alternativos de York Shin. O chefe da família, Adam Damien, era um homem de pouca confiança, cheio de inimigos e ideias perversas. Gotoh endireitou os óculos no rosto, o que aquilo significava?

–– Sim, mais uma coisa. –– A figura de rosto enfaixado esboçou um sorriso maléfico. –– Quero que aprontem a senhorita Asano para uma surpresa.

Conforme a Zoldyck dava suas ordens, os dois mordomos sentiam cada músculo de seus corpos enrijecerem, Gotoh sentiu um frio percorrer a espinha. Aquela mulher era a encarnação da mais pura maldade, como poderia ter tramado aquilo? Sentiu um corte na alma, todos os empregados nutriam grande afeto pela mocinha, não havia como esconder aquilo. E tudo por causa de um começo de amizade com o rebelde Killua, seu temor se concretizara. Ele estava certo.

––– Como quiser, senhora. –– Limitou-se a dizer, com uma reverência polida, tentando manter a calma. Pensou em Killua e como ele parecia se preocupar com a amiga, como a senhora Kikyo pretenderia fazer aquilo sem que ele soubesse? A menina de olhos esverdeados era tão doce e meiga...

–– Perfeito. –– Kikyo sorveu um pouco de seu chá, cruzando as pernas. Estava satisfeita, por enquanto.

* **

 

Milla dormia, ainda cansada de todos os acontecimentos da noite anterior. Voltara ao quarto o mais quieta possível, ocultando sua aura. Era tarde e ela desabou na cama macia e aconchegante, mas antes pegara-se sorrindo ao recordar do abraço quentinho do amigo, feliz por terem feito as pazes de novo. E contente por não ter falhado no encontro com Alluka.

 

No começo, era um sono tranquilo e suave. Mas depois de um tempo, a garota virava-se de um lado para o outro, adormecida. Os sonhos começaram quase instantaneamente, tal qual um sono drogado, formas escuras se ondulavam, lançando rostos agonizantes e feras disformes diante dela. A morena suava. Tudo estava embaçado, até que ela teve um vislumbre do rosto de Illumi, a boca se movia, balbuciando alguma coisa, ele entrou em foco.

 

–– Milla, minha querida. –– Ele disse, cravando os olhos negros nela. –– Você tem sido tão pouco amigável. Acha que isso são modos de tratar seu prometido?

 

Ela estava horrorizada, a imagem dele era bem nítida. Que nen era aquele que podia até mesmo dominar seus sonhos?

 

–– Vá embora, por favor! –– Gritou, as palavras saiam com esforço.

 

–– Vim apenas para te dar um aviso. Um pouco de teimosia é até aceitável, gosto de pessoas com personalidade, sabe? Não é ruim...Mas essa desobediência... Bem, Milla, já a avisei antes, então deve saber o motivo que tenho para repreendê-la, não acha?

 

.... Uma criatura delicada que não merece ser tratada de forma abusiva por certas perguntas, suponho.

Mas é bom que saiba que o Kil não é o tipo de pessoa que você acha que é, sabe? Se eu fosse você, evitaria a companhia dele. Sua última amizade acabou de uma forma prematura, se entende o que quero dizer...  

As palavras da conversa da tarde anterior bombardearam sua mente.

–– Foi você quem fez meu pai assinar aqueles papéis, não foi?

Ele riu, zombeteiro.

–– Impressionante, não foi? Eu mesmo me surpreendi.

–– Como você pôde?

–– Não foi nada demais. Apenas ofereci dinheiro suficiente, mas com essa sua teimosia.... Acabei tendo de optar por uma nova abordagem. Eu não pensaria logo em sangue, então acho que foi uma boa ideia. –– Ele coçava o queixo, pensativo. –– Mas aquela empregadinha de vocês não parava de gritar... talvez eu deva ensinar algumas coisas a ela também. Gosto disso, eu não me divertia assim há um bom tempo... –– Assumiu uma expressão aborrecida e se calou.

–– O que quer dizer com nova abordagem? –– Ela indagou, com os olhos apertados. –– Sangue? Kaoru estava assustada? O que fez para ela?

–– Credo, como as mulheres falam! –– Ele exclamou. –– Uma pergunta de cada vez. Você vai acabar cansando seu noivo desse jeito. Eu não fiz nada para aquela garota, mas não garanto nada, por enquanto. –– Ele sorria, como se aquele jogo o agradasse.

–– Por que você insiste em se casar comigo? Não temos nenhum tipo de relação ou contato, nem temos famílias de mesmas condições... –– Ela tentava arranjar algum motivo, assustada.

–– Haverá muito tempo para nos aproximarmos.

–– Você nem mesmo me conhece.

–– Mas eu a conheço muito bem, Milla. –– Ela se afastava conforme ele se aproximava, com os longos dedos abertos para tocar-lhe a face. –– E já faz parte do acordo. Você será parte de minha recompensa.

–– Pelo quê?

–– Isso você terá de descobrir. –– Ela piscou, nervosa. Um sorriso perverso abriu-se nos lábios do moreno, era uma visão demoníaca. –– Os padrinhos do casamento, ou melhor, os Damien, já estão a caminho, logo não haverá escapatória.

 

Kaoru foi quem acordou, chorando e gritando como estava. Por algum tempo, abraçou a garota enquanto ela balbuciava coisas desconexas sobre o pretende, afastando as madeixas castanhas dos olhos. Ouviu-se uma batida na porta.

–– Desejam alguma coisa, Gotoh-san e Tsubone-san? –– Kaoru indagou, ainda preocupada com as revelações sobre Illumi. O cabelo de Milla estava desgrenhado, os olhos inchados.

–– Mestre Asano deseja ver sua filha, –– O homem declarou, nervoso. ––– É urgente.

A morena olhou para Kaoru, a Meido mordeu o lábio. Ela sabia de alguma coisa.

–– Mas a senhorita acabou de acordar... –– Kaoru tentou falar, mas foi cortada pela Asano.

–– Eu vou lá. –– Desceu da cama, vestindo um robe de seda por cima da longa camisola. Seguiu Gotoh e Tsubone, Kaoru ia logo atrás. Milla não sabia aonde estavam indo, aquele lugar era em uma direção oposta aos aposentos de seu pai. Era um corredor largo, dando para o subsolo. Sentiu uma parada abrupta, diante de uma porta. Sem cerimônias, o mordomo a abriu.

Aflita, observou enquanto a pesada porta se abriu. De início, a morena não conseguia enxergar um palmo diante do nariz, de tão escuro. Mas passados alguns segundos, uma respiração agonizante podia ser ouvida. Foi então que, franzindo a testa, ela viu uma silhueta com os pulsos algemados, amarrada a um tronco. O mordomo, tentando se conter, apertou o ombro dela.

–– Pai! –– Ela correu para o homem, ele tinha a blusa despida. Uma sensação de horror se apoderou dela quando percebeu uma suástica marcada nas costas dele e um instrumento de ferro largado no chão. Fios de sangue jorravam pelas costas. –– Pai, o que é isso? O que foi que aconteceu? –– Ela indagou, observando os mordomos se aproximando.

–– É um castigo, senhorita. –– Tsubone falou, triste. –– Uma punição.

Ela estava petrificada, como aquilo pôde acontecer? Ela soluçava, sem entender.

–– Pai, me perdoa... –– Ela tentava, em vão, soltar as algemas. –– ... Por favor!

–– Não se preocupe comigo. –– Ele declarou, estático. –– Vou ficar bem. Tsubone-san, Gotoh-san, por favor, levem-na, isso é o suficiente.

Milla sentiu o aperto forte da mordoma enorme em suas costelas, erguendo-a. Ela se debatia, gritando. Poucos momentos de tortura e surras de seu passado foram tão pavorosos quanto aqueles, a expressão vazia no rosto do pai. A menina tremia enquanto Tsubone a carregava de volta ao quarto, por que? Por que faziam aquilo? Tudo porque se tornara amiga de Killua? Aquilo era mesmo possível? Então, se alguém deveria ser torturado, esse alguém era ela. Por que estava sendo castigada daquela forma?

***

Milla estava encolhida na cama, agarrada aos joelhos como sempre fazia quando memórias de dor e agonia preenchiam sua mente. A seu lado, Kaoru parecia tentar acalmá-la, mas era como se ela não estivesse lá, ela tinha uma expressão vazia. Só conseguia pensar no pai, açoitado e com a pele marcada por brasas incandescentes, castigado por sua culpa. Ouvira Tsubone e Gotoh cochicharem algo sobre a senhora Zoldyck e uma punição envolvendo Killua. O pai tentara avisar para manter-se longe do albino, por temer as pessoas daquela casa.

A morena avaliava o primeiro comportamento de sua anfitriã, de início ela parecia uma pessoa bondosa e doce, sua única companhia. Bastou a chegada do filho para que aquela mulher se transformasse, que tipo de relação eles teriam? Ela parecia sufoca-lo com seus dramas. A Asano fungou, apesar de tudo, seu pai nunca aceitaria vê-la sendo castigada por algo que não fizera de errado, ou aceitaria?

Kaoru voltou os olhos para as próprias mãos. Sabia que a amiga estava abalada, mas ela não era fraca e não se entregaria tão fácil. A situação estava difícil e o círculo começava a se fechar para os Asano. Tinham que arranjar alguma maneira de contatar o rapaz de cabelos prateados antes que aquilo piorasse, ela teria de ajudar a morena, mas não conseguia pensar em uma forma de se manterem protegidas da crueldade da senhora Zoldyck e do filho mais velho.

–– Kaoru, no sonho Ilumi mencionou coisas sobre você. –– Espantou-se ao ouvir a declaração da menina. –– Você sabe de alguma coisa, não sabe? Viu quando levaram meu pai? –– Ela cravou os olhos na mordoma.

–– Não esconderei nada de você, Milla-sama, –– A Meido informou, com a voz firme. –– Estava prestes a servir o chá do mestre quando vi o senhor Illumi chegando. Assustada, escondi-me no corredor e pude ouvir toda a conversa. Vi quando Illumi-sama levou o senhor Asano para o subsolo, eu estava assustada e acabei deixando a xícara cair no chão, provocando a averiguação de seu noivo. –– Kaoru mordeu o lábio, sabia que aquela palavra provocava um desconforto enorme na morena.

–– Ele fez alguma coisa com você? –– A voz da garota estava alterada, não perdoaria qualquer pessoa que ousava tocar em um fio de cabelo de Kaoru. Sentiu o sangue ferver.

–– Felizmente não, senhorita. –– Os olhos de âmbar de Kaoru se estreitaram, recordando-se da visão de um moreno sedento por sangue, diante de si. Ele reconheceria a aura de um assassino em qualquer lugar do mundo. Afinal, convivera boa parte de sua vida com eles. Ela deveria contar aquilo. –– Mas foi um encontro amedrontador, eu senti uma aura sanguinária nele. –– Não foi novidade para a morena, aos poucos, ela já era capaz de ver até onde ele iria. –– Era quase a imagem de um demônio, exalando um cheiro de morte. Mas, senhorita, devo confessar que andei investigando algumas coisas durante esses dias. Não só eu como todos os mordomos temos certeza disso. –– Ela parecia hesitar.

–– Do que está falando, Kaoru? –– Milla arregalou os olhos, sem entender. –– O que querem me dizer?

–– Milla, escute com atenção. –– Kaoru disse, séria. Apertando o ombro direito da morena a seu lado. –– Você já é uma moça crescida e chama bastante atenção, a senhora Kikyo é totalmente obcecada pelo Killua-sama, ela já suspeita que ele tenha algum interesse em você e isso não seria nada bom. Tudo que ela deseja é evitar que o filho saia de casa novamente por causa de uma nova amizade, ela está determinada a evitar que isso aconteça.

A morena de olhos esmeraldinos corou com a confidência de Kaoru. A imagem do sorriso zombeteiro e dos olhos de safira de Killua não parava de dançar em sua mente.

–– Mandaram castigar meu pai porque eu sou amiga do Killua? –– Ela gritou, incrédula. –– Isso não é justo, deve existir alguma maneira de reconsiderar isso. Nem que eu precise falar com o senhor Silva. –– Pôs-se de pé, perante a ideia. Silva era um homem justo e saberia o que fazer. –– Killua e eu continuaremos amigos e eu salvarei meu pai e todos nós desse pesadelo, não me importo com a mãe dele, mesmo que eu mesma tenha de me resolver com ela! –– Cerrou o punho, com força.

–– Silva-sama saiu a negócios e só volta daqui a uns dias. –– Kaoru declarou, com uma ponta de desgosto. A expressão corajosa de Milla desapareceu, ela deixou-se cair na cama.

–– Como eu contarei isso ao Kil? Isso parece piorar a cada dia. –– Ela envolveu o rosto com as mãos, pensativa. –– Já tentei falar com ele, mas parece que ele não quer ouvir. Tudo isso por causa do meu comportamento na floresta. –– Ela bufou, socando a parede. –– Droga, agora mesmo pode ser que tenham ordens para não me deixarem vê-lo, o que eu faço?

Sem esperar qualquer reação de Kaoru, agarrou o travesseiro e enfiou o rosto nele, tentando pensar em alguma coisa. Ainda estava exausta da noite anterior, a surpresa de Illumi contribuíra para o cansaço também, era evidente. Ela não tinha ideia de que decisão tomar e o tempo escorrer, gota a gota. Não queria que sofressem por sua causa, queria ter um plano que convencesse aquelas pessoas cruéis.... Mas pensar em um certo moreno tirava-lhe todas as esperanças.

 

 

Em uma mansão luxuosa, próxima à cidade de York Shin, os três membros da família Damien estavam atarefados com os preparativos para a viagem à Padokia. O chefe da casa, Adam Damien, era um moreno alto, de olhos castanhos e porte musculoso. Já desfrutava de uma segunda dose de Whisky enquanto tentava não dar atenção aos gritos histéricos da mulher e da filha. Sua jovem e ambiciosa esposa, Lynda, conversava animadamente com a filha, Victória. Acabara de receber um telefonema da senhora Zoldyck e uma proposta tentadora, também.

Deu uma olhada de relance para a garota, por cima do copo de cristal, era uma moça bastante encantadora e jovial. Longos cachos loiros caiam em cascata sobre as costas, olhos azuis atentos e observadores, seios fartos e talhe elegante. Usava um vestido da mais pura seda, com um corte nada discreto, expondo-lhe as costas e parte do colo. Ele sorriu de canto, conhecia bem a garota, a despeito de sua aparência estonteante, ela tinha um gênio similar ao da mãe. Criada desde cedo com mimos e tudo o que o dinheiro podia comprar, Victória não poderia esperar menos que um bom casamento e uma vida repleta luxos e joias. Ainda mais, se fosse com outro assassino como ela.

Sua partida à mansão Zoldyck já era esperada desde que a proposta fora aceita por Illumi, mas quando Kikyo mencionou a garota Damien como a escolha perfeita para o herdeiro, Killua, Lynda e a filha não puderam controlar a surpresa. A beleza e o talento do albino eram reconhecidos em todo o país, além de ser cobiçado por muitas famílias, Killua era um bom partido. Inteligente, animado, perspicaz, belo e, principalmente, extremamente rico.

–– Então, já estão cuidando bem da pequena presa? –– Indagou o homem, pousando o copo de bebida em uma mesinha de centro. –– Soube que está tendo um tratamento personalizado, esse é um noivado deveras interessante.

–– Hum, é bom cuidarem bem da garota, espero que não lhes causem nenhum dano físico, sabe? –– A mulher sorriu, com desdém. –– A aparência é importante nesses negócios também.

–– E quanto ao pai, o que faremos? –– O homem perguntou, sisudo, acendendo um charuto.

–– É apenas um velho inútil e sem valor. –– Lynda abanou as mãos, observando as unhas compridas e recém manicuradas. –– A garota que tem aquele item especial, você sabe. Ouvi dizer que é um poder bem raro e difícil de ser controlado... de toda forma, nos pagarão um bom preço.

––– E, se por acaso, não consigamos que ela desperte tal poder raro? –– Adam Indagou, soltando fumaça pelos ares.

–– Faremos bons lances, tenho certeza. –– A mulher lançou um olhar malicioso. –– Ouvi dizer que ela é uma gracinha...

 

A menina loura gargalhou até ficar sem fôlego. Aquilo seria interessante, além de ter a chance de expor todos os seus dotes e encantamentos ao jovem Killua, divertir-se-ia com a nova presa, faria da vida dela um verdadeiro inferno. Afinal, aquela sempre fora sua função quando se tratava dos “negócios” da família.

      *                            *                              *

Era quase noite, Milla continuava em seus aposentos desde o ocorrido da manhã. Ficara andando de um lado para o outro por horas, tentando achar uma solução, até que, por fim, caiu de joelhos no chão, exausta, cheia de tristeza e autorrecriminação. Por que diabos aquilo fora acontecer? Por que sua vida era coberta por tantas desventuras? Ela não sabia quanto tempo ficara ali, agarrando as próprias mãos. O sol se movia pelo céu, mas parecia que o tempo tinha parado. Sentia que sua existência chegara, enfim, a um ponto singular. Naquele momento, pouco importava se ela tivera um passado sombrio e doloroso, pois tudo se resumia a sua falta de futuro, como se seu espirito se dissipasse como vapor. Um espírito errante e faminto, condenado à eterna deriva. As janelas estavam abertas, um vento frio balançava as cortinas.

Ela tremia, queria fugir. Daria tudo para encontrar-se com o amigo e revelar tudo, desde cedo não o vira, pouco importava se tinha coisas embaraçosas ou dolorosas no meio. Preferiria mil vezes que ele soubesse pelos seus lábios que por outra pessoa, já estava exausta, cansada de tudo aquilo. Desejava que Killua a chamasse pelo nome, que voltassem a caminhar juntos, brincassem com Alluka ou apenas sentassem um ao lado do outro. Ela estaria pronta, mesmo assim, não queria que ele tivesse mais problemas com sua família.

A relação entre os Zoldyck já era conturbada demais antes de sua presença, sentiu-se uma intrusa. Doía-lhe ter de se afastar de seu único amigo, aquele pouco tempo que passara com o Zoldyck significava tanto... Era uma afeição tão monstruosa que ela não sabia como definir, por que tamanha crueldade? O pai tinha razão ao avisar sobre aquela família.

Eu não quero ter de me afastar do Kil.... Logo agora que acabamos de fazer as pazes... Tenho de tomar uma decisão que não prejudique a ninguém.

–– Rei? –– A voz de Killua a trouxe de volta à realidade.

Ela virou, surpresa, encontrando-se com o albino encostado ao parapeito da janela. Ergue o rosto assustada, talvez estivesse sendo vigiada agora. O que aconteceria?

–– Oi, Kil... –– Declarou, tristonha. Ele continuaria a chama-la por aquele nome.

O rapaz se aproximou ao notar o tom de voz dela, abaixando-se perto da garota encolhida no chão, tentando interpretar a reação dela.

–– Desculpa por não ter aparecido mais cedo. –– Ele disse, notando o frio dela. –– Eu acabei passando um bom tempo com a Alluka, ela está com saudades. –– Ele quis sorris, mas se conteve ao perceber o olhar vazio da morena. –– Aconteceu alguma coisa? Eu fiz algo de errado. –– Ele pousou as mãos nos ombros dela, Milla teve vontade de desabar.

A Asano entreabriu os lábios, tremendo. Tinha medo, era capaz de sentir a aura maligna de Illumi em todos os lugares. Temia pela sua amizade, mas sabia que agora era quase impossível mantê-la.

––– Kil, eu não sei até quando poderemos continuar sendo amigos...

Os olhos dele se arregalaram, a usual tonalidade azul deu espaço para orbes sombrias e distantes, as palavras o atingiram como brasas ardentes.

–– Tudo bem... –– Ele disse baixinho, virando o rosto para o lado. –– Eu vim aqui para perguntar se não poderíamos dar um passeio pela floresta amanhã, mas vou respeitar sua decisão. Eu gostei muito de ter passado esses dias com você, mas já vi que não tenho jeito com amigos mesmo.

Milla se odiou por aquelas palavras, as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Não queria que ele se culpasse, ela soluçava, tentando se conter.

–– Por favor, não é culpa sua. Você é meu único amigo e nunca me fez mal algum. –– Ela declarou, entre o choro. –– Mas eu tenho muito medo...

Killua envolveu o corpo dela com um abraço, ela soluçava com a cabeça enfiada em seu ombro. Sentiu um aperto no coração.

––– De que tem medo, Rei?

–– Medo do que a sua família pode fazer, Kil. –– Ela levantou a cabeça, olhando para ele. Estavam próximos, podia sentir a respiração quente dele. –– Meu pai foi castigado hoje. A sua mãe não deseja que sejamos amigos, temo pelo que pode acontecer, creio até estar sendo vigiada.

Killua mordeu o lábio inferior, com raiva. Ele já suspeitava daquilo, conhecia bem a mãe que tinha.

–– Vai ficar tudo bem, não se preocupe. –– Ele disse, passando a mão em volta do pescoço dela. Trazendo-a para mais perto de si. Sentiu a outra mão dele envolver suas costas, em um abraço apertado. Tremeu com o toque, era tão quente e seguro estar ali, um abraço tão carinhoso que lhe arrancou lágrimas.

Pensou em contar sobre Illumi, iria arranjar alguma forma de sair com ele, contar-lhe-ia tudo.

–– Kil, promete que vem me buscar amanhã? –– Ela indagou, mordendo o lábio levemente. Era a coisa certa a se fazer, por mais que doesse. –– Eu tenho algo muito sério para contar.

–– Eu prometo, virei para o que precisar. –– Ela passou os braços pela cintura dele, tentando aproveitar o pouco tempo que ainda teria com ele. –– Amanhã à tarde está bom?

Ela balançou a cabeça, o rosto levemente úmido. Estava frio. Abraçados, ambos buscavam o calor um do outro, inconscientemente. Em sua ingenuidade, a morena acreditava que se conversasse com Illumi, ele entenderia.

––– Tudo voltará a ser como antes, eu prometo. –– Ela tentou sorrir, mas a voz saíra incrivelmente forçada.

–– Não faça essa cara, amanhã é um dia especial. –– Ele declarou, gentilmente.

Então ele lembrara de seu aniversário. Sentiu uma pontada de felicidade em meio àquele desespero.

–– Kil... –– Ela ergueu a cabeça, encarando os belos olhos azuis do rapaz, brilhando. As respirações se misturavam, um turbilhão de ideias, a morena não ousou se mexer. O rapaz queria ficar naquela posição para sempre, contemplando aqueles olhos esmeraldinos. Não sabia por quanto tempo teria aquela aproximação, então, abaixou a cabeça lentamente, aproximando-se do rosto dela e beijou-lhe a bochecha gelada.

Foi rápido, mas o bastante para que Milla sentisse o rosto em chamas. Ela estava tonta, esquecera-se do que pretende falar. Viu o rapaz se afastando para pular pela janela, enquanto ela apertava o punho cerrado contra o peito, as bochechas avermelhadas.

–– Até amanhã. –– Ouviu ele dizer, acenando.

–– ... Me chame de Milla... –– Ela sussurrou enquanto o avistava sumindo pela vegetação logo abaixo.

Killua continuou seu caminho, pensativo. Qual seria a razão de tudo aquilo? Seria apenas por causa daquela amizade? Pensou em Gon e por tudo que passaram juntos, aquilo seria difícil pensou. Deu de ombros, encarando o céu. Prometeu a si mesmo nunca mais fazer a amiga sofrer, custe o que custasse.

 

Que bonitinho são esses dois! Pensou uma criatura na floresta.  O que eu tenho de fazer com você, Kil? Essa menina é um obstáculo no meu caminho para te tornar um assassino perfeito, que é o que você deveria ser. Ah, Kil, será uma pena quando você descobrir toda a verdade. Eu me certificarei de que será um verdadeiro espetáculo!


Notas Finais


Tá aí pessoal, o que acharam?
Eu tenho que admitir que fiquei meio pra baixo escrevendo esse capítulo, acho que foi o mais difícil até agora porque é a partir dele que teremos o desenrolar de tudo. O que eu tenho a dizer? Bem, eu não sei o que dizer. Só espero que tenham gostado.
Velho, o Illumi fez um pacto com o capiroto e agora consegue até entrar no sonho dos outros, tô com medo. E esses Damiens, o que acharam? Sobre a Milla e o futuro de sua amizade?
Ok, vocês pediram e vão ter! Agora vem a hora do Mágico e ilusionista mais querido, divoso e malandro do mundo, meu querido editor, Hisoka! # Palmas, palmas

Cherry: Hisoka, todos aqui são seus fãs e me encheram de perguntas. O que acha, vamos à primeira?

Hisoka: Hum, em primeiro lugar, um bom dia, boa tarde, boa noite, boa madrugada para todos vocês. Pronto, Cherry, não enrola. Manda isso logo que eu tenho um traseiro pra fotografar... Quero dizer, tenho uns assuntos a tratar.

Cherry: Tá, que seja. A primeira pergunta foi a da @TiaNath: Hisoka, se pudesse escolher entre uma luta com Illumi e Chrollo, quem seria o escolhido e por quê?

Hisoka: Essa é uma boa pergunta! Eu tenho uma reação bastante interessante com o Illumi, mas isso impede alguns planos meus também... De toda forma, escolho o Chrollo, já estou de saco cheio daquela aranha. Depois que eu chutar a bunda dele, vou sair cantando Let it go pelo mundo afora.

Cherry: Se com planos você quer dizer matar o Killua pode tirar o cavalinho da chuva. A próxima é da @Livs2otome: “ Você é gay? Seu interesse no gon é estranho. Você pegaria o Illumi?”

Hisoka: Nunca pensei que estivessem tão interessados na minha opção sexual, que tipo de leitores você tem?

Cherry: Só responde, pelo amor de Kami!

Hisoka: Eu não tenho preconceitos, amo todo mundo. Alto ou baixo, gordo ou magro, homem ou mulher, tudo bem? Ainda mais se for alguém que me deixe interessado... Meu coleguinha Illumi seria uma boa opção, talvez sim, talvez não.

Cherry: Por fim, a pergunta da @Onlycofee: “Hisoka, você teria algum interesse sexual no Gon? Ou apenas quer vê-lo se tornar um "fruto maduro" e lutar com ele?”

Hisoka: Que parte de “fruto maduro” vocês não entenderam? Vou deixar mais claro para vocês, o meu interesse no Gon é inteiramente profissional. Quero ver até onde ele se desenvolve, só isso... Se bem que, eu adoro ver aquele traseiro perfeitamente redondo, sim, é uma bela vista.

Cherry: Não acredito que ouvi isso, deveria ter sido censurado.

Hisoka: Quem é editor aqui, fofa? Beijo pra todo mundo e até a próxima! XD

Cherry: Feliz ano novo e boas festas!


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