História A Seleção Sem Fim - Inimaginavelmente Terrível

 Eu preferi não sair do quarto o resto do dia, não estava pronta para encarar as outras Selecionadas depois daquela imensa bronca em público, com certeza eu seria alvo de brincadeirinhas de mau gosto e todo tipo de perguntas.

 O domingo começou tranquilo: acordei meia hora antes do almoço. Depois de comer todo tipo de doces – eu não estava com fome – sai do Grande Salão e fui direto para uma das bibliotecas secundárias. 

Enquanto olhava o nome dos livros com capa de couro ouvi um barulho de algo se quebrando. Dei alguns passos para trás e olhei ao redor, o lugar estava vazio. Voltei a olhar os livros, mas um segundo depois ouvi uma voz masculina gritando, parecia furioso. Corri até a porta e espiei.

 Adrian estava de frente para uma empregada, ela se curvava enquanto pedia desculpas, mas ele parecia não ouvir, enquanto ele gritava percebi sua camisa um pouco manchada de algo que parecia café... Seria esse o motivo? A mulher estava chorando, e não era para menos, qualquer um se assustaria com Adrian gritando daquele jeito...  O pior era que o motivo era tão... besta! Para o futuro Rei repor uma camisa não era nada, até porque seriam os empregados que fariam isso... Eu estava me decidindo se saía e tentava acalmar Adrian ou voltava a procurar um livro quando Adrian fez algo que, apesar de tudo, eu nunca imaginava que ele fosse fazer.

 Adrian levantou o braço pronto para dar um tapa na criada, ela se encolheu, não pensei duas vezes: empurrei a porta e sai correndo no corredor, parei na frente da criada bem na hora em que o braço de Adrian começou a descer, senti sua mão batendo em meu rosto com força.

 - Você. É. Um. Idiota! – Eu disse enquanto ele se afastava e eu começava a sentir meu rosto ardendo, droga, com certeza ia ficar a marca.

- O que você fez? – ele perguntou, sua voz falhando.

- Eu ia perguntar a mesma coisa! É assim que vocês tratam os empregados?

- Você – ele apontou para a empregada – volte pra a cozinha, e nem uma palavra sobre isso – quando ela saiu correndo ele se voltou para mim – e você, nunca mais faça isso!

- Eu poderia dizer o mesmo pra você! – eu estava começando a ficar surpresa com minhas atitudes no palácio, ultimamente eu não estava pensando muito nas coisas que estava fazendo, e claro que isso era um erro!

- Como ousa falar assim comigo? Você sabe que eu sou o príncipe?

- Você e seu irmão só sabem falar isso? “Você tem que me respeitar por que eu sou o príncipe”, “eu sou superior a vocês por que eu sou o príncipe” – minha imitação era péssima, mas continuei – “eu posso tudo por que eu sou o príncipe”...  Sabia que é preciso muito mais do que ser apenas o príncipe para conseguir respeito?

- Pode ser, mas sendo o príncipe posso te mandar para casa em um segundo!

- Não, não pode! – Decidi contar o que sabia, não estava disposta a perder pra Adrian – Precisa me manter aqui por mais um tempo para ninguém perceber que você odeia as pessoas de castas baixas.

 A surpresa ficou estampada no rosto de Adrian.

- Ok, isso é impressionante! Como você soube disso?

- Bem, digamos que eu ouvi... sem querer... atrás da porta...  Mas de qualquer forma você não pode me mandar embora, se fizer isso eu vou contar isso pra Illéa inteira!

- Então agora você vai me chantagear? – ele deu dois passos para frente – Não importa com o que me ameace, eu não vou me casar com você!

Soltei uma gargalhada.

- Você acha mesmo que eu ia querer me casar com você? Mesmo sabendo que eu conheço seu verdadeiro jeito?

- As pessoas fazem qualquer coisa pela coroa!

- Não eu! – Me virei e sai andando, Adrian agarrou meu braço. – O que foi?

- E agora?

- Agora o quê? – Soltei meu braço.

- Você vai sair da Seleção?

- Talvez... Acho que sim... Eu te falo quando eu decidir.