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História A Terra do Céu Cinza - O Nosso Subconsciente Sempre Tem Um Aviso


Escrita por: gabbyxx

Capítulo 5 - O Nosso Subconsciente Sempre Tem Um Aviso


Fanfic / Fanfiction A Terra do Céu Cinza - O Nosso Subconsciente Sempre Tem Um Aviso

“Doces sonhos são feitos disso. Quem sou eu para discordar? Alguns querem usar você, outros querem ser usados”.

Sweet Dreams, MARYLIN MANSON

 

Eu estava sentada no chão da minha sala de estar e me pegava pensando nos últimos ocorridos. Como havia ido parar ali ainda me era um grande mistério. Hayley havia decidido que eu iria iniciar meu treinamento no exato momento em que eu, Andrew (que agora de fato pertencia a Ordem) e Sever voltarmos do Campo de Punhais para a Sede.

Ela e Shaun pareciam preocupados conosco quando falamos sobre ter enfrentado Paul, mas no fim das contas viram que estava tudo bem, que todos estavam bem e decidiram que eu apenas preciso aperfeiçoar minhas habilidades, o mesmo foi dito a Andy que foi bem aceito por todos sem muitas explicações. Achei a coisa estranha, mas não discordei. A única pessoa que ficou fazendo cara feia para tudo foi Taylor, mas ela sempre estava de mau humor e nunca achava bom a presença de estrangeiros, esquecendo-se de que um dia, ela também fora um.

O treinamento que me foi designado era bem simples, consistia em eu entrar em uma sala de simulações cheia de equipamentos eletrônicos e outras panafernalhas que me colocariam em situações fictícias de combates, nas quais eu teria que dar um jeito e me virar. Max disse que seria bem fácil, o único problema é que eu iria pensar que era real.

Suspiro e me concentro no que estava fazendo. Eu estava jogando vídeo game sentada no chão da minha antiga sala, não entendia por que exatamente, apenas o fazia, apenas sei que fazia. Jogava Soul Calibur VI no modo arcade com meu personagem preferido da franquia: Kilik. Estava fácil demais, meio entediante. É quando no jogo empurro Raphael para fora da arena com um golpe que percebo enquanto o narrador anuncia “ring out”: Soul Calibur VI ainda não foi lançado. “Tem algo muito estranho acontecendo aqui...” penso.

Ouço passos atrás de mim. “Quem é que...?” mal tenho tempo de terminar o pensamento e uma voz rouca inconfundível fala atrás de mim:

-Olá, Alex. –É Andrew, automaticamente me viro para ele.

-O que está fazendo aqui? –Digo num pulo, me colocando de pé.

Andrew está diferente, não parece exatamente ele, suas vestes continuam as mesmas, até mesmo seu modo de pentear o cabelo é o mesmo, mas algo em sua expressão me incomoda, algo dentro de mim, como uma voz amigável, sussurrava o tempo todo em meu ouvido as palavras: Não confie nele. Talvez fosse Rick, talvez fosse o Homem Debaixo da Árvore que Sangra, mas o que era fato era que eu não devia confiar em Andrew.

Ele dá um meio sorriso para mim que estampa pensamentos maldosos, eu dou um passo para trás. E isso faz com que ele assuma uma expressão de satisfação.

-A questão aqui na verdade, é o que você está fazendo aqui. –O modo como ele pronunciava aqui deixava claro que o “aqui” do qual ele falava não era minha casa, era esse mundo estranho com seres curiosos.

Franzo a testa e nada digo, sigo-o com o olhar em cada movimento que ele faz, ele leva a mão na cintura disfarçadamente, ele sente o meu medo e isso o diverte. Ele se aproxima, eu dou novamente um passo para trás, ele sorri e me encara enquanto fala:

-Como podem ser tão tolos? Colocam suas esperanças em uma garotinha que nem mesmo devia estar aqui! –Ele me avalia, eu continuo o seguindo com os olhos. –No fim todos irão morrer, cara Alex.

Então ele se aproximou ainda mais de mim e eu me vi encurralada na parede, agora Andy estava tão próximo de mim que eu sentia sua respiração na minha cara.

-Eu serei responsável pela morte de cada um deles, seus amigos e esses vermes da Ordem, todos eles serão exterminados um por um, igual se mata a baratas. –À medida que ele falava eu via suas faces se transformarem, ele se tornava ainda mais magro, ficando com aspecto esquelético e seus olhos escureciam até ficarem completamente negros. –Mas você –ele disse depois de uma longa pausa na qual se afastara um pouco. –você morrerá primeiro.

Andy saca uma arma, era por isso que estava com a mão na cintura! Mal tenho tempo de processar suas palavras, ele aponta a arma para minha cabeça e atira. Meu cérebro explode com um tiro no meio da testa.

 

Estou sem ar. Levanto-me num sobressalto buscando fôlego, minha cabeça dói muito, o mundo a meu redor é imperceptível, vejo vultos, pessoas me seguram, tentam me prender na cama, mas eu continuo lutando com elas e com os fios grudados em minha cabeça, peito e braços.

-O que está acontecendo?! –Grito, mas não ouço o som de minha voz, só ouço minha pulsação e meus batimentos cardíacos, que estão muito altos. –Quem são vocês? O que estão fazendo? Soltem-me!

As pessoas a minha volta não tinham rosto (ou pareciam não ter por minha visão estar tão embaçada?), alguns pareciam ter duas cabeças ou vários membros (não, acho que eram duas pessoas, difícil dizer, minha mente estava confusa e tentando dar forma aos vultos que eu via, assim surgiam figuras amedrontadoras).

As figuras estranhas me agarravam ainda mais tentando prender-me na cama, eu lutava com elas inconformada, sem ter muito sucesso, pois eles eram muitos.

-Quem são vocês?! Quem são vocês? O que querem de mim? –Eu gritava desesperada, soava fora de mim e talvez de fato estivesse.

O que o tiro significava? O que as palavras de Andrew significavam? Aquilo fora real? Eu ainda estava sonhando ou havia morrido e isso era o inferno? O que está acontecendo?

Apenas sei que não posso parar de lutar e assim continuo, tentando inutilmente me ver livre.

 –Soltem-me! Soltem-me! –Continuo a gritar sem conseguir nenhum sinal de que alguém acatara ou iria acatar essa ordem.

Então um dos homens sem rostos se aproximou com uma agulha e injetou um liquido estranho de cor amarelada no meu braço. Meu corpo ficou pesado no mesmo instante e isso fez com que eu desistisse de lutar, parecia que cada membro meu pesava duas toneladas, lutar era inútil e eu já não tinha mais forças para isso. Eu sentia que eu estava apagando, que eu estava perdendo minha consciência mais uma vez.

A ultima coisa que vejo antes de apagar por completo é um dos homens sem rostos se aproximar e ganhar forma: era Rick, ele me encara com olhos cheios de olheiras, parece não dormir ha dias, ele estampa preocupação nos seus belos olhos castanhos escuros e a ultima coisa que me lembro de ouvir é sua voz dizer em tom tranquilizador, embora fosse quase certo que nem ele acreditava em suas palavras:

-Acalme-se Alex, tudo vai ficar bem.

 

Minha cabeça ainda doía, mas não parecia mais que meu cérebro havia acabado de explodir. Eu estava de volta ao meu quarto na Sede da Ordem, vestia roupas diferentes das que lembrava estar vestindo quando encontrei Andrew, mas sem duvida, gostava mais dessas. Elas eram cinza e largas, mas eram confortáveis.

Solto um longo suspiro, não fazia ideia que hora do dia era, e nos subterrâneos, sem a luz do sol ou a escuridão da noite, é impossível saber. É curioso, o tempo aqui parece passar de modo diferente. Hayley quando contara a história, disse que o tempo estava congelado, mas ainda assim, desde que vim parar aqui, notei diferenças no clima e no céu, eles continuam mudando, mas de uma forma diferente que é no nosso mundo. Uma forma meio inexplicável, talvez as pessoas apenas não possam envelhecer, quem sabe... Eu não sei.

Já sentada na cama percebo que não estou só, mas Rick está sentado no pequeno banco comprido e almofadado que ficava abaixo da janela que ele pulara na primeira vez que nos vimos nesse mundo. Ele estava dormindo, não parecia tão abatido como quando o vi naquela visão que agora é tão superficial que mal parece real e que talvez tenha sido um sonho, (isso é, se é possível sonhar em um sonho) mas o fato é que ele parece esgotado, como se fosse a primeira vez que pregava o olho depois de tempos em claro.

Que bonitinho, ficou cuidando de você. Acho que vou vomitar. Diz a voz na minha cabeça, mas eu a ignoro por completo, não esboçando nenhuma reação a ela. Não vai poder me ignorar para sempre, você sabe disso não sabe?

-Ah, que se dane. –Digo a ela, o que a deixa furiosa, porém, ela nada mais fala e fica quieta, como uma pistola com silenciador, que por não ouvirmos o disparo, nunca sabemos quando seremos atingidos pelo tiro.

Resolvo não acordar Rick, ele merecia dormir, simplesmente levanto e calço meu all star. Percebo que estou com fome, então desço até o andar de baixo e me encaminho para cozinha, não sei se tenho permissão para mexer nos armários, então a melhor opção que tenho é pegar uma das maçãs que estão na fruteira e é isso o que faço. Lavo-a na pia e estou me dirigindo ao sofá da sala, quando noto que todos me observam pela abertura que liga a cozinha ao cômodo que seria meu destino.

Taylor está sentada na guarda do sofá, veste uma calça de cintura alta, uma miniblusa e uma jaqueta de couro por cima dela, sua expressão é a mesma de sempre: nem um sorriso, nem uma careta, apenas indiferente, Max está de pé, de costas para mim escorado na passagem entre a sala e a cozinha e está usando a camisa que Rick deu a ele no seu aniversário passado, ela é toda preta diz em letras brancas simples “It’s shirt belongs to the best friend in the world”, Sever e Hayley dividem o sofá de dois lugares, não há sinal algum de Andy ou de Shaun. Sever vestia roupas curtas, seu cabelo está da cor preta, mas está levemente cacheado, já Hayley usa uma blusa listrada de mangas compridas e uma calça amarelo claro.

-Finalmente acordou. –É Hayley que fala, com seu sorriso caloroso costumeiro.

-É o que parece... -Digo de testa franzida. Ainda parecia que tudo isto é na verdade um sonho e que a qualquer momento irei acordar na manhã de segunda-feira novamente. –Por quanto tempo dormi?

-O suficiente. –Ela diz e eu franzo o cenho, estava tão cansada das respostas deles, porque no fim das contas suas respostas não respondiam nada, pelo menos não respondiam aquilo que eu queria saber.

Os olhos deles me seguem à medida que eu entro no cômodo, parecem surpresos em me ver. Fico constrangida, sinto-me como um ratinho de laboratório sendo observado depois de um experimento para saberem se deu certo ou não.

-Que foi? –Pergunto depois de morder a maçã.

Há uma troca de olhares, e um silencio que é quebrado por Max:

-Nada. –Ele diz, então seu olhar migra para Taylor, era como se ele dissesse “fale logo a ela”. O que falar? Eu não faço ideia.

Torço a boca, observando um por um. Estou pensando que estou enlouquecendo aos poucos e que logo me tornaria igual a Sever, quando percebo a causa da minha loucura: há muitas respostas das quais preciso, e ninguém está disposto a me dá-las de graça. Não farei todas as perguntas agora, mas há algumas que eu simplesmente não posso ignorar e o momento é oportuno para consegui-las.

-Alguém pode me explicar que diabo aconteceu? –Digo. –A ultima coisa que lembro-me é de levar um tiro na testa e acordar fora de mim e ser dopada.

Taylor solta uma risadinha e diz:

-O tiro não foi real, sua tola. Se fosse... Você não estaria mais aqui é obvio. –Ela então revira os olhos, como se fosse obvio. Por algum motivo sinto uma irritação estranha por dentro.

Suspiro e olho pra Max e pra Hayley, eles eram os únicos naquele lugar que eu confiava, pois eram gentis comigo. Sever até era gentil, mas eu não conseguia confiar alguém que eventualmente era possuído por um demônio. Levanto uma sobrancelha pra ele em sinal de que preciso de uma explicação melhor e ele começa a falar:

-Era uma simulação, Alex. –Franzo a testa, mas não falo nada, apenas deixo-o terminar de falar. –Seu treinamento já havia começado, só que... Alguma coisa deu errado. Era pra ter acontecido uma luta, ele não deveria estar armado, e tão pouco deveria ser Andy... Não sabemos explicar o que houve com o simulador, ele geralmente se adapta a mente daquele que está sendo testado, mas nunca foge das configurações padrões como ocorreu... Então acreditamos que tenha a ver com seus dons, embora não saibamos como exatamente...

Ele parece meio perdido, pensativo e calculista, como fica quando está resolvendo um problema matemático, só que dessa vez eu era o problema, eu sou a incógnita que toda essa gente estranha não consegue entender, porque eu supero sua estranheza com uma estranheza ainda maior.

Respiro fundo, tentando processar o que isso significa. Então digo:

-Que beleza, sou tão ferrada que nem um equipamento altamente desenvolvido consegue entender minha cabeça. –Olho para Max, minha voz soa mais preocupa do que eu gostaria quando digo: -Como irei treinar agora?

Ele dá de ombros e fala:

-Vamos dar um jeito, não se preocupe. Já estou trabalhando nisso.

Faço que sim, então sento-me na poltrona do canto, coloco meus pés no acento, como faço quando estou em casa e trato de acabar logo com aquela maçã. Noto então que eles continuam a me observar, mas já não dou mais bola, no entanto, o silencio é o que me incomoda, então sinto a necessidade de preenchê-lo e por isso digo:

-Aquilo do sedativo... Foi real? Rick parecia tão mal...

Sever fez que sim e disse sorrindo, quase que divertida com o ocorrido, enquanto seu cabelo a cada palavra se tornava azul:

-Você tinha que ver, você acordou tão... Louca! Não parecia você, você mordeu a mão de Paul cara! Essa foi a melhor parte, ele ficou tão brabo! –Hayley então limpou a garganta e Sever assumiu uma expressão mais branda e menos entusiasmada com o fato. Soando como uma criança que tenta conter suas emoções porque a mãe mandara, ela continua: –Tivemos que chamar outros membros da Ordem para lhe segurar, você estava maluquinha, maluquinha, -Ela então fala mais séria: -mas creio que tenha sido efeito do aparelho, você ficou duas horas ali e ainda levou um tiro, as sensações são muito reais qualquer um enlouqueceria se...

-Espera. –Digo, interrompendo-a. –Você disse duas horas? Pra mim pareceram minutos.

Ela faz que sim, mas quem me responde é Taylor:

-O tempo do aparelho funciona de maneira diferente, fora que demoramos um tempão pra trazê-la de volta, chegamos a pensar que você tinha morrido mesmo, Alex. –Taylor me encara séria, como de costume, sempre de cara fechada, às vezes até mesmo fria, sem demonstrar emoções pelo fato.

-Sim! –Sever explode em seu entusiasmo de novo, aquilo me dava nojo, o modo como a desgraça a agradava. –Você tinha que ver o lobinho! Ele também enlouqueceu, gritava aos quatro cantos do mundo que se você morresse a culpa seria toda nossa e que isso não iria ficar assim!

Ela então fez uma pausa e limpou a garganta olhando nos meus olhos, nesse momento deixei a maçã de lado e me concentrei na história, sabia que ela estava falando de Rick.

-Mas isso foi nos primeiros 15 minutos, depois ele ficou de cabeça baixa um tempão pensando, Shaun disse que ele chorou, mas eu duvido. –Ela continuou com a testa franzida, o olhar já desviado do meu, era como se tentasse entender o motivo das ações de Rick que ela narraria a seguir: -Quando você acordou ele fez questão de ficar ao seu lado... Aí precisamos lhe dar o sedativo depois de você surtar, e levá-la pro quarto e ele insistiu em continuar lá. Todo o momento ele quis ficar como você, como um verdadeiro cão de guarda. –Ela fala, os olhos brilhando, como aqueles fotógrafos que amam fofocas sobre famosos. -E deduzo que esteja lá até agora. Ele não pregou o olho um instante, e faz no mínimo umas seis horas que você estava inconsciente. –Sever termina.

-Seis horas? –Digo, espantada. Não fazia ideia que tinha durado todo esse tempo. –Meu Deus. Pobre Rick. Pobre Rick. –Digo mais pra mim mesma do que para qualquer outro.

Noto então que em minha mão não há mais maçã alguma, mas apenas seu talo, preocupada com Rick mal me dei conta que terminei de comê-la. Suspiro, e não sei quanto tempo se passa, estou atônita, encarando o vazio do chão e meu vazio, perdida nas vozes que sussurram em minha cabeça que no fim das contas o Andrew de minha visão estava certo e eu apenas iria ferrar com tudo e com todos naquele lugar,quando Taylor quebra o silencio limpando a garganta e diz:

-Afinal onde está Andrew e o Welgemoed? –Ela olha para Hayley em busca de respostas. –Shaun é uma confusão ambulante e eu não confio naquele tal Andy... –Ela fala o apelido com certo nojo. –O rosto dele me é familiar e vocês viram que ele tem uma tatuagem da Irmandade.

-Você também tinha uma tatuagem da Irmandade quando chegou aqui, e nem por isso a Hayhay te mandou pastar. –Sever olha para Taylor com discórdia, noto então os olhos das duas faiscando, ainda não havia notado a rivalidade que há entre as duas. -Está certo que é estranho ele ter aparecido na simulação da garota e tudo mais... –Sever assume uma expressão mais branda, considerando os prós e contras. -Mas não acho que ele esteja mancomunado com a Irmandade ainda. Ele parece tão de saco cheio deles quanto você estava quando chegou aqui.

Taylor olha dramaticamente para cima e então diz:

-Você não vê que ele está fingindo?

Sever abre a boca para falar, mas elas são interrompidas por um alarme que soa, as luzes começam a piscar, todos ficam a alerta, no primeiro instante sem entender o que está acontecendo e tentando processar tudo, no seguinte começam a se mexer, mas eu ainda continuo como eles no primeiro momento, então digo:

-O que está acontecendo?

Todos estão se dirigindo a sala de armas na cozinha, Taylor pega algumas capas pretas que estão penduradas em ganchos atrás da porta da sala, enquanto o faz diz de dentes cerrados a mim:

-É o alarme garota, significa que alguma coisa deu errada. –Ela então bufa olhando pra cima, para as luzes que piscavam. -Ataques da Irmandade!

Ela entrega uma das capas para mim praticamente a jogando em cima de mim e vai para cozinha.

-Vista isso logo! –Ela grita de lá e eu a obedeço no mesmo instante como se minha vida dependesse disso.

De repente Andrew e Shaun entram na sala, estão com expressão de preocupados.

-Taylor! –Shaun grita. –Taylor!

-O que é? Estou na cozinha! –Ela grita em resposta.

-É a tropa de filhos da lua da Irmandade, estão na Floresta Escura, procuram a entrada dos tuneis subterrâneos! –Ele parece em pânico com a afirmação.

Taylor que estava procurando alguma coisa em uma pilha de facas especiais para o que estava fazendo no mesmo instante e se vira para ele com os olhos arregalados e diz:

-Dos tuneis?! Achei que a Irmandade não soubesse da existência deles...

-Ao que parece eles sabem sim... –Shaun disse, tentando manter a calma, mas mal tem tempo pra terminar de falar quando Taylor logo explode:

-Shaun! Isso não pode acontecer, o tuneis da Floresta Escura tem ligação com o mar é por eles que passam os canos que trazem água para a Cidade dos Ladrões... Se eles chegarem a esses tuneis... Podem cortar nossa água, ou pior, inundar toda a estrutura subterrânea. –Taylor parece fora de si agora, o terror parece tomar conta de si. –Droga. Droga. Droga.

Max segura Taylor pelos ombros, e diz, como sempre tentando ser racional e manter o controle das coisas:

-Ei, ei. Vamos dar um jeito nisso.

Ela assente freneticamente e diz voltando a si mesma e gritando com todos em comando:

-Peguem as capas e vistam, armem-se o máximo que puderem! Vamos explodir os miolos daqueles desgraçados! –Eu vejo raiva em sua voz, de uma forma que me assusta um pouco, mas nada falo, ela então olha para Hayley ainda com ódio no olhar. –Fique aqui e tranque tudo, mande os soldados ficarem prontos e vigiarem todas as entradas da Cidade, mas não deixe os moradores em pânico, por favor, a última coisa que precisamos é de um desespero generalizado!

Hayley faz que sim e logo começa a trancar todas as janelas, em seguida pega um telefone começa a ligar para diversas pessoas, uma atrás da outra. Quanto a nós, nos armamos como Taylor havia instruído. Pego duas facas na pilha que Taylor mexia, elas estão presas a um cinto que eu coloco em minha cintura, pego também uma pistola, embora eu não tenha experiência nenhuma com armas, por essa razão, Max me ensina como usá-la.

-Vamos precisar de balas de prata. –Shaun diz. –É lua cheia.

-E agora que você diz isso?! –Taylor brada.

Olho para Max confusa.

-São lobisomens Alex, eles não se transformam apenas na lua cheia, mas ficam mais fortes nela, assim só podem ser mortos por prata nessa lua, nas outras não são tão invencíveis, mas claro que matar um lobisomem não é lá muito fácil mesmo sem ser lua cheia. –Ele explica.

-Cachorros malditos. –Taylor murmura carregando uma espingarda.

Sever que estava muito quieta (talvez por medo) desde que a noticia fora dada, então olhou para Taylor e perguntou:

-Quer que eu vá chamar Rick?

-Não! –Ela responde quase que de imediato. –Você sabe que nessas condições ele vai ferrar tudo e não fará muita diferença dos nossos inimigos.

Sever faz que sim, e diz:

-Então vamos logo! Isso vai ser divertido, vamos caçar animais criados para caçar! Chega a ser excitante! –Ela está batendo palmas, seu cabelo azul cai até a cintura em cachos pesados, ela está vestida com um short curto, uma bota preta e um corpete preto que deixa seu umbigo a mostra, eu diria que ela se parecia com uma versão gótica da namorada do Coringa e era tão louca quanto a mesma.

-Você tem uma ideia realmente distorcida do que é excitante. –Andrew fala com uma careta enquanto carrega sua arma, é a primeira vez que ele fala alguma coisa desde que entrara com Shaun. –Cachorros nojentos. –Ele diz. –Como os odeio.

-Você fala como um... –Sever diz meio perdida o observando, os olhos de Andy lampejam em um reflexo vermelho.

-Vampiro? –Ele diz com uma sobrancelha levantada, então ri e diz: -São apenas lendas, cara Sever.

Ela estreita os olhos, mas não fala nada. Nesse momento Taylor terminou de arrumar suas coisas. Então diz:

-Vamos logo. Se algo der errado, chamamos Paul e ele explode tudo com o aerodeslizador.

-E por que esse não pode ser o plano a? –Digo, a ideia de confrontar um bando de lobos que comeriam a mim (no sentido literal da coisa) em menos de um segundo me é aterrorizante.

-Porque a Irmandade não sabe que temos um, se souberem que o temos, um combate aéreo será inevitável, e eles tem muito mais naves que nós. –Ela então faz uma pausa e me encara: -Fora que precisamos deles para os resgates, como você mesma viu.

Faço que sim.

-Vamos nos dividir em dois grupos para facilitar a coisa. –Shaun diz e fala se dirigindo a Taylor: –Eu vou com você e Andrew, Tay. E Sever, Max e Alex vão no outro. –Assentimos e ele continua: -A coisa é simples: Não deixe que eles cheguem nos tuneis em hipótese alguma. Agora vamos fazer aqueles lobos malditos uivarem para lua!

Quando Shaun termina de falar soltamos um grito de guerra e eu sinto meu coração acelerando, por algum motivo gostava da sensação, meu coração batia tão forte que parecia que ia sair para fora do meu corpo, mas eu gostava disso, gostava porque ele era como os tambores de guerra que anunciavam que a batalha iniciara, eram nossa trilha sonora de uma cena sangrenta e eu, apesar de estar muito assustada com tudo, finalmente estava fazendo aquilo que nasci para fazer: eu estava lutando.



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