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História A Terra do Céu Cinza - Dança com Lobos


Escrita por: gabbyxx

Capítulo 6 - Dança com Lobos


Fanfic / Fanfiction A Terra do Céu Cinza - Dança com Lobos

“À medida que os dias passam diante de mim, sinto a raiva das guerras crescendo nestes últimos dias existência desse pobre país, e este parasita dentro de mim luta constantemente para sair. Na escuridão da tempestade há um mal do qual você se esconde, mas esse mal... Sou eu”.

Fields Of Innocence, EVANESCENCE

 

Estava muito frio e o tempo estava escuro, a Floresta Escura era um lugar sombrio, onde nenhum vestígio de luz solar parecia poder ser capaz de penetrar, por isso era úmido e as árvores tinham um aspecto esquisito, eram completamente negras, compridas e tortas sem nenhuma folha, cresciam de maneira irregular e o solo era seco e cinza, assim como o céu acima de nossas cabeças. A temperatura fria criava uma neblina no lugar que apenas deixava as coisas mais aterrorizantes.

Sever caminhava a nossa frente nos guiando, estava com uma tocha na mão, o que não lhe dava a possibilidade de uma defesa imediata com uma arma, mas carregava em sua cintura uma pistola e duas facas de prata. Max caminhava ao meu lado, mas ele estava armado por precaução com uma espingarda. Eu ainda estava com as pistolas no cinto, mas não carregava nada em minhas mãos. Nada além da culpa de que eu acabaria com a vida de toda aquela gente que esperava que eu os salvasse, porque no fim das contas, eu não podia salvar nem a mim mesma.

-A onde estamos indo exatamente? –Pergunto a Sever e Max.

-Estamos procurando os... –Sever pensa por um instante em como responder, seu cabelo está brilhando em azul e ela aparenta estar calma, mas vejo em seus olhos que está com medo. –estamos procurando os parentes do seu namorado. –Ela conclui com um sorriso de deboche.

Levanto uma sobrancelha e digo meio confusa:

-Do que você está falando? Estou começando acreditar no que dizem e que você não bate bem da cabeça.

Max dá uma risadinha e diz:

-Traduzindo o que Sever disse: estamos procurando os filhos da lua, e com seu namorado ela se referiu a Rick. –É a primeira vez que vejo Max estampar algum tipo de malicia em seu olhar, às vezes ele parecia inocente até demais.

Suspiro e digo, soando mais irritada do que gostaria:

-Por que vocês insistem em dizer isso?

Quem suspira dessa vez é Sever, mas ela parece ter perdido a paciência mesmo, como se lidasse com crianças e talvez na cabeça dela ela de fato lidasse, pois era a mais velha dali. Então ela se virou na nossa direção e nos encara dos pés a cabeça e disse com uma sobrancelha levantada:

-Vocês querem calar a boca? –Ela assume uma expressão preocupada. –Eles ouvem até mesmo nossa respiração, é questão de tempo de nos seguirem até aqui... –Um uivo a interrompe e todos nós assumimos expressões de pânico, ficamos em silencio por um longo tempo em que ouvimos apenas o respirar um do outro que forma pequenas nuvens de vapor na floresta fria. –Eles estão vindo. –Ela declara com pavor no olhar. –Estão muito próximos daqui.

Mais um uivo dessa vez mais perto, sacamos as armas e olhamos em volta esperando lobos brancos enormes e sanguinários surgirem a qualquer momento, mas tudo que ouvimos e vemos é nossa respiração e nossos passos, pois corremos, corremos muito tentando fugir daquilo que não sabemos onde está, podemos muito bem estar correndo para o encontro deles sem sabermos. Outro uivo e mais outro e então um grito muito perto, talvez Taylor, talvez Shaun ou Andy, é difícil dizer, meu sangue está pulsando tão rápido que meus batimentos ecoam em meus ouvidos e tudo que ouço além deles é minha respiração ofegante e meus passos incensáveis, o mundo a minha volta é quase imperceptível e nada existe além do medo que assombra minha mente.

Ouço uivos novamente, os lobos estão cada vez mais próximos de nós, é questão de segundos para vê-los, e eis que eles surgem. Sete lobos completamente brancos e que devem ter no mínimo uns dois metros de altura quando apoiados apenas nas patas traseiras, eles tem olhos azuis brilhantes e caninos muito afiados que estão cobertos de sangue e se projetam de maneira estranha, como se estampassem uma caricatura mal feita de um sorriso de escárnio, eles estão cobertos de sangue, há manchas por todo seu pelo branco e o cheiro é de sangue fresco, me deixa um pouco tonta e enjoada.

Sever pega a espingarda das mãos de Max, deixando a tocha cair no chão e se apagar, então ela a aponta para os lobos, tomando nossa dianteira e olha para nós com certa afobação nos olhos:

-Eu cuido deles. Fujam daqui garotos, a vida de vocês ainda vale a pena. –Ela diz em um tom que me assusta, era como se já tivesse desistido de viver a muito tempo e tivesse se entregado por completo a seus demônios.

-Não! –Digo imediatamente. –Eu não vou deixar você sozinha. –Saco a pistola que está carregada com balas de prata e passo a mira-la nos lobos, assim como Sever fazia com a espingarda.

Max olha pra Sever que está em choque por minhas palavras, talvez tenha sido o mais próximo de uma demonstração de carinho que alguém teve por ela. Max também se arma com uma pistola e dá alguns paços a frente e diz a Sever em um tom gentil:

-Eu também não posso deixá-las pra trás.

Sever está um pouco de queixo caído, mas apenas fecha a boca e assente. A seguir mira no lobo mais próximo que arreganha seus dentes, pronto pra atacar, ela semicerra os olhos a espera, então quando ele finalmente ataca ela dispara e o que acontece a seguir é confuso, tudo é apenas uma explosão em luta, sangue, rosnados e tiros.

Naturalmente eu teria medo, mas não o tinha, estava concentrada demais para sentir qualquer coisa, eu apenas atirava e me esquivava de ataques, minha mira não era tão boa, muitas vezes eu errava, mas Max e Sever se saiam bem, nós nos saiamos bem, protegíamos um ao outro do ataque dos lobos e estávamos nos dando bem, mas parecia que nem mesmo as balas de prata os continham, eles estavam se curando muito rápido, creio que pelo que Max disse, era a noite em que eles mais estavam fortes. Eu estava muito perto da morte, mas não estava assustada por isso, porque eu sabia que estava fazendo aquilo que deveria fazer: eu estava lutando, resistindo.

Embora estejamos nos saindo bem, isso não dura por muito tempo, a cada tiro parece que eles ficam mais fortes e que sua raiva aumenta, depois de alguns minutos, um deles, um lobo enorme e maior que todos os outros, arrancou a espingarda das mãos de Sever e lançou a arma em uma árvore fazendo com que um galho dela se partisse e caísse em cima de Sever, apenas pude vê-la arregalar e soltar um grito antes do lobo se virar para mim e ver que eu via tudo e começar a rosnar vindo em minha direção.

Eu corro atirando diversas vezes nele, mas nenhuma delas parece fazer efeito algum e ele apenas cada vez está mais próximo de mim e eu mais distante de Max e de Sever, que agora vejo que acabou desmaiando pela pancada do galho, Max está cercado e eu logo me vejo na mesma situação com três lobos brancos sedentos de sangue a minha frente com sua imitação de sorriso bem aberto e pingando baba menos de quinze centímetros de mim. Disparo mais uma vez no maior de todos, mas nesse momento tropeço em uma raiz das árvores e caio sentada no chão, porém ainda estou com a arma em punho e por isso continuo atirando ainda sem sucesso algum.

O lobo branco enorme está agora em cima de mim, eu sinto seu bafo de sangue e sua baba pingando em meu rosto e isso me deixa enjoada, eu arfo e penso que será o meu fim, mas então minha salvação vem do ser mais inesperado que poderia, um lobo ainda maior que todos eles e completamente negro chega correndo em uma velocidade quase inacreditável e pula em cima deles e o que vejo a seguir enquanto me encolho é uma briga de cachorros em uma proporção gigantesca, pois os cachorros que brigam são enormes, o que torna suas mordidas e grunhidos ainda maiores. No entanto, o lobo preto parece ser mais forte que eles e está ganhando.

A luta não dura muito tempo mais e lobo preto sai vencedor, os outros três lobos brancos batem em retirada mancos e uivando para chamar seus companheiros e partirem e é isso que acontece. Estou ofegante, mas muito mais calma agora, respiro fundo tentando me acalmar até que não há nenhum lobo na minha vista além do lobo preto enorme.

Agora tenho mais tempo para observá-lo, o pelo dele é de fato todo preto e é brilhoso, parece bem cuidado, não é como o dos outros lobos brancos que estavam cobertos de sangue e muito sujos, ele se vira para mim, mas não está rosnando, ele parece confuso e fareja sentindo meu cheiro, e no seu olhar vejo algo estranho, era como se... Se perguntasse a si mesmo se ele me conhecia... Ou talvez se eu seria um bom lanche para ele.

Seu olhar.

Seus olhos me lembravam alguém, mas eu não sabia quem. Eram castanhos tão escuros que quase chegavam a ser pretos, com um brilho inesquecível e a curiosidade de alguém que está sempre buscando as resposta dos mistérios da vida e com a ternura daqueles que as encontram e as guardam como a coisa mais preciosa que poderiam ter junto a sua alma.

 Ele se aproximou de mim lentamente, eu não conseguia tirar os olhos dele, ele não os tirava de mim, mas eu não estava com medo, por alguma razão aquele olhar familiar me dava segurança. O lobo agora estava tão perto que eu consegui sentir sua respiração cheirando-me e mais perto ainda, seu focinho tocou-me o rosto, mas foi algo completamente gentil... Ele olhava pra mim como que fascinado, como se tentasse entender o que acontecia ali e eu mal conseguia respirar por sua proximidade... Mas então ele se afastou bruscamente de mim, eu franzi a testa, pois ele começou a rosnar e se virou para trás, olhando em volta, como se procurasse algum perigo.

Foi então que de cima de uma árvore Andrew pulou, mas não era o Andrew que eu conhecia, essa era uma versão completamente distorcida dele: ele estava ainda mais pálido (Deus como isso era possível?), seus olhos tinham uma coloração avermelhada e estavam ejetados, eram escuros em sua volta, uma mistura estranha de cinza e vermelho sangue envolviam seus olhos, suas unhas estavam realmente grandes e suas presas estavam grandes e sedentas de sangue. Andrew era de fato um vampiro e o sangue de alguma coisa lhe escorria pelo queixo.

O lobo preto rosnou para ele e Andrew sibilou, então olhou pra mim e disse:

-Fique tranquila, eu não deixarei esse vira-lata lhe machucar.

Arregalei os olhos, enquanto vi os dois partirem pra cima um do outro.

-Andy, não! –Gritei, mas de nada adiantou.

Andrew e o lobo caíram no chão rolando em uma mistura de arranhões, mordidas, sangue e pelos. Andy era forte, mas o lobo levava a melhor e tinha o dobro do seu tamanho. Quando a luta finalmente terminou tínhamos um Andrew ofegante caído ao chão cheio de arranhões e rasgos nas roupas com um lobo enorme e raivoso em cima de si pronto para acabar com sua vida... Mas então novamente o lobo parou, pareceu confuso e procurando por algo, olhou direto para mim e eu pude senti-lo entrando no canto mais escuro de pensamentos, desviou o olhar para Andy, rosnou e então voltou-se para lua cheia acima de nossas cabeças e uivou, tão alto que tapei os ouvidos, e partiu, tão rápido quanto havia chegado, adentrando a floresta que parecia ainda mais escura e sombria, ela o acolhia, ele tinha sua mesma coloração, nela desaparecia enquanto eu o observava ainda com seu olhar em minha mente.

Andrew estava ofegante, em um curto período de dias já escapara da morte duas vezes, mas já não estava mais em sua forma vampiresca, ele estava apenas pálido agora, mas era o mesmo Andy de quando o conheci. Mesmo em choque, me aproximei dele e sentei-me ao seu lado. Nada disse, mas depois de um tempo senti necessidade de dizer:

-Você está bem?

Ele fez que sim.

-E você?

-Eu estou. –Digo, depois de pensar um pouco. –O que houve com Taylor e Shaun?

-Foram levados. –Ele diz, o terror no seus olhos.

Engulo seco.

-Por quem? –Me arrisco a perguntar com medo de sua resposta.

-Pelos Sombras, são demônios, alguns trabalham pra Irmandade, outros... são incontroláveis, apenas malditos querendo espalhar sua maldade e o caos pelo mundo, alguns dizem que já foram humanos e que perderam sua humanidade. –Ele franze a testa, o olhar distante e então me encara: -É difícil dizer pra onde os levaram...

-Que ótimo. –Digo sarcástica.

Então Max e Rick surgem carregando Sever escorada em seus ombros, ela tem um hematoma em sua testa, mas fora isso parece bem e já está consciente. Rick está com uma careta e parece cansado, ele deve ter lutado também, talvez Hayley o tenha avisado, talvez ele tenha se acordado com o alarme, o que importa é que ele veio a nosso socorro, já Max parece destruído, ele está todo arranhado e sujo, talvez eu mesma esteja assim e ainda não tenha notado... E eu de fato estou. Suspiro e grito tentando animá-los:

-Vamos, força nisso aí!

Sever sorri e diz:

-Oh, cale a boca, pirralha.

Reviro os olhos e assisto-os largar Sever sentada encostada em uma árvore próxima de mim e de Andy. Andrew olha para Rick com o nariz franzido, como se não gostasse de seu cheiro e diz com tom de desaprovação:

-O que você está fazendo aqui?

Rick assume um sorriso em desafio e diz de cabeça em pé, com uma arrogância que nunca havia visto nele antes, mas que apenas queria dizer a Andrew que quem estava no lugar errado era ele:

-Eu sou parte da Ordem lembra? –Max olha com advertência para Rick, é evidente que ele estava querendo comprar briga e tudo que Max não queria era mais uma batalha naquele dia. –Eu não sou surdo. Também ouvi o alarme e vim ajudar, e pelo visto... Está mais que na cara que precisavam de minha ajuda.

Andrew bufa e sibila da mesma forma que fez para o lobisomem.

-Eu não preciso da sua ajuda, cachorro. –Ele brada. –Eu sei muito bem o que devo fazer pra ajudar essa gente!

Rick dá um sorriso de deboche novamente olhando bem nos olhos do vampiro, provocante, nunca havia o visto assim, tão atrevido, procurando briga...

-Você é mesmo muito falso, como se estivesse tentando mesmo proteger alguma coisa e fazer algo realmente útil a Ordem do Filho do Homem.

Andrew sibila novamente, agora mostrando os dentes de vampiro e grita com raiva:

-Não se meta nos meus assuntos, vira-lata sarnento.

Rick ri, divertido, irritá-lo era tudo que ele queria.

-Você é patético, sanguessuga.

Sever limpa a garganta e diz quebrando o clima tenso que estava no ar:

-Rapazes, eu acho que já chega.

Rick faz que sim, mas não contem seu sorriso. Se passam longos minutos de um silencio desconfortável que eu sinto necessidade de quebrar, eu estava exausta, a rixinha de Rick e Andy era patética e tudo que eu queria era uma cama confortável pra me jogar e não sair nas próximas doze horas, mas por ora devia resolver nossos assuntos, no entanto, Rick quebra o silencio antes que eu tenha a chance de o fazê-lo.

-Onde estão os outros? –Ele pergunta.

Quem responde é Andy, mas agora não vejo mais raiva de Rick em sua voz, quando ele anuncia o que eu já sei:

-Os Sombras o levaram.

-Isso é mau. –É a primeira coisa que Max diz desde que chegou ali. –Muito mau. Eu não consigo fazer contato com Hayley, aqueles lobos não eram normais, alguma coisa fez com que meus poderes parassem de funcionar temporariamente... –Ele olha para cada um de nós agora, apreensivo. –Parece que estamos por conta própria agora.

Sever faz que sim e se levanta, assumindo a liderança e ela era de fato a mais indicada pra isso, pois era a única que era maior de idade ali. Ela encara cada um de nós, expectativa em seus olhos, como se esperasse alguma ideia brilhante vida de algum de nós, mas como ninguém se atreve a falar, ela diz:

-Vamos acampar aqui e dormir um pouco, fazemos uma fogueira e então pegamos um trem para a Colina das Velas que Nunca se Apagam.

Rick franze a testa e diz:

-Está dizendo que iremos falar com a Morte?

Ela faz que sim.

-A Morte é um dos únicos seres que conseguiremos contato imediato que poderá saberão para onde os Sombras mandaram Shaun e Taylor... –Ela então olha para nós e diz com um meio sorriso: -E quem sabe possamos até descobrir algumas coisas sobre o Grande Líder, se dermos sorte.

 Cantavam cantigas estranhas e antigas ao redor da fogueira, eu não as conhecia, mas as apreciava, pois eram belas. Era estranho. Tostávamos no fogo algumas nozes que Sever e Max pegaram na floresta e Andrew e Rick cantavam animados juntos, como velhos amigos. Eles ainda tinham uma certa tensão entre eles, mas pelo modo que agiam agora eu vi: algum dia, aqueles dois já foram amigos. Lembravam-me a Peter Parker, o Homem Aranha, e Harry Osborn, que era seu melhor amigo, mas ao mesmo tempo um de seus vilões.

Sever ficava acompanhando as cantigas com as mãos pra cima, algumas palmas e de vez em quando alguns gritinhos, era engraçado e de certo modo empolgante de ver a animação dos três, era como se eles realmente se conhecessem a tempos, e talvez se conhecessem mesmo.

-Eles parecem tão animados. –Digo a Max sorrindo apenas por observar.

Ele faz que sim também sorrindo por vê-los.

-É verdade. –Ele diz.

-Rick os conhece há muito tempo?

-Alex, Andy e Rick são primos. –Max diz, e eu deixo um “oh” escapar de minha boca. –Eles e Sever se conhecem desde a infância, pelo menos nesse mundo... Foram criados no mesmo orfanato –Ele então olha para eles para ver se eles estão o ouvindo, mas eles ainda estão ocupados com a cantoria. –na Irmandade.

-Na Irmandade? –Digo em um pulo surpresa.

-Shiu. –Max se apresa em dizer. –Eles não gostam de falar sobre isso... E eu não posso falar sobre, mas eles cresceram juntos.

Assinto. Curioso. Cada vez mais curioso. E cada vez mais preciso de respostas porque a quantidade de perguntas vai se multiplicando.

-Max... –Digo depois de mais alguns minutos apenas ouvindo a cantoria. –Quando eu estava lutando contra os lobos e eles estavam quase me matando... Um lobo gigantesco completamente preto apareceu e atacou os outros... –Franzo a testa lembrando de seu olhar penetrante. –Ele me olhou de um jeito muito estranho... Como se me reconhecesse... –Max me olha de um jeito estranho, ele sabia do que eu estava falando, mas fingiria que não. –Max, você sabe alguma coisa sobre isso?

Max abre a boca para me responder, mas Rick o interrompe gritando:

-Alex! Vem cá, cante alguma coisa, eles não estão acreditando que você canta bem, veja só! –Ele está sorrindo como eu nunca vi, há tempos eu não o via tão feliz.

Olho para ele meio surpresa, depois olho pra Max como se dissesse “terminamos isso depois” e olho para Rick novamente e o respondo sorrindo:

-Já vou.

Levanto-me e me sento entre ele e Andrew, Sever me olha com expectativa, o que me deixa encabulada. Então olho sem jeito para eles e digo:

-O que querem me ouvir cantar?

-Para manter o clima... –Andrew fala. –Cante alguma canção de sua infância. –Ele sorri gentilmente pra mim.

E eu assinto, então começo a cantar, uma velha canção que lembrava de um filme que vira a muito tempo, mas que não sabia qual era, no entanto, ela me marcou tanto que jamais a esqueci, minha voz soa mais doce que naturalmente, seus olhos vidrados me fitando, mas estou confortável demais para ligar e embriagado na emoção da cantiga:

 

Eu vejo uma colina,

Onde caminha uma linda menina

Em seu rosto de realeza –linda princesa

Eu vejo o amanhecer

E que ela será tudo aquilo que precisa ser

 

Ela caminha constantemente

A procura do seu destino

Todos a conheciam,

Mas não sabiam quem ela era

 

E então a princesa delicada seria

Mas matou o dragão e virou heroína

Enquanto o príncipe dormia

Com outra menina

 

Contos de fadas não são reais

Na vida existe apenas você

E o que você faz

Para mudar o que o mal que vive em você

Uma vez já fez

 

Quem é você?

O herói? O vilão?

Você é quem?

Quem é a bruxa?

E quem é a fada?

As duas usam magia

Mas quem você teme, linda menina?

 

Encontre o caminho e salve a si mesma

O seu príncipe não vem

Ele ainda está dormindo

Com outro alguém

 

As palavras da cantiga se perdem no vento, enquanto um silencio desconfortável ecoa em meus ouvidos e todos me observam com seus rostos iluminados pelo fogo, na floresta, como tudo que a visitava, ganhavam um tom sombrio e estava ainda mais escuro, todos estavam pensativos pela canção de ninar para crianças que não parecia tão infantil assim.

É então que Sever limpa a garganta e a conversa recomeça, eles falam que foi bonito, nada mais, e começam a falar de assuntos aleatórios, todos menos Rick, que olha atentamente pra mim e diz em um sussurro, apenas pra mim ouvir:

-Uma vez eu lhe disse que não serei como os outros garotos que passaram por sua vida, e eu manterei minha promessa Alex. Eu não vou lhe deixar sozinha e você não precisa lutar sozinha se não quiser. –Eu não sei o que dizer, apenas me perco no castanho escuro de seus olhos que me fazem viajar e que penetram-me de forma tão intima. –Vou buscar mais nozes, mas não esqueça da minha palavra.

Faço que sim e ele levanta-se, enquanto assisto o fogo dançar a próxima cantiga, agora é Sever que canta. Ela é sombria como a noite eterna na floresta, e como nós estamos nos tornando por passar tanto tempo aqui. Mas no fim das contas, nós não tínhamos escolha.



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