História Abulomania - Prólogo

Point of view Justin Bieber

L.A

Minhas mãos tremiam e suavam frio. Olhava fixamente para teste, eu estava sem reação, imóvel. Não podia acreditar no que Hailey fez, ainda não tinha caído a ficha, eu não esperava isso dela.

Sinto-me vazio, nervoso, triste e, principalmente, com muita raiva. Os papéis que havia em mãos eram dois documentos, um teste de gravidez e o outro da confirmação do aborto.

ㅡ Eu sinto muito por isso, Justin. Eu não estou preparada e  de qualquer forma era apenas um embrião, não era criança ainda.

ㅡ Hay, isso é desumano! Eu sempre sonhei em ser pai! Por que fez isto? Eu podia muito bem te bancar e bancar esta criança, dinheiro não é um problema pra mim e você sabe disso. ㅡ Ela me olhou apreensiva e sinto que sou prepotente a toda essa situação.

ㅡ Justin, olha o meu corpo, ficaria horrível. Você soube desde o começo que eu nunca quis ter filhos.

ㅡ Seu corpo ficaria lindo, não há explicação.

ㅡ Amor, é só um bebê, não fique assim.

ㅡ É uma vida Hay! Você a impediu de viver, tem noção disso? Você matou uma pessoa, alguém que poderia ser brilhante, assim como você era.

ㅡ Era? ㅡ perguntou-me calma, para ela estava tudo bem, mas eu não entendia como conseguia tratar de algo tão incomum, de uma forma tão naturalmente.

ㅡ Era Hay, eu queria me casar com você, ter filhos, viver uma vida com você, mas eu sou contra o aborto e mesmo que você não quisesse, você sabe muito bem que eu iria pegar a guarda da criança.

O sangue começou a ferver por todo meu corpo, impulsos drenavam-o por tudo. Eu estava me descontrolando aos poucos, não sabia o que fazer, como fazer, o que pensar.

Para mim aborto é algo realmente sério.

ㅡ Por que fez isso comigo, Hay? ㅡ Aos berros a questionei tão severamente.

ㅡ Não aumente o tom de voz comigo, Justin Drew Bieber! Tinha apenas dez semanas ou algo assim, além do mais, não existe mais.

ㅡ Dez semanas, Hay? Com tantas semanas assim, já tem o cérebro formado ou sei lá, mas algo concreto, que diga que é um ser; era o nosso filho. Você abortou alguém que nunca vai saber como é. Como pôde? Você não tinha o direito, eu também fazia parte disso!

Creio que, ao menos para mim, o que Hay falou era algo absurdo de se ouvir, algo que me entristecia, principalmente, ao saber que era o meu filho que havia morrido antes mesmo de chegar ao mundo.

Pego as chaves do carro na bancada e saio de casa fechando a porta com uma força exagerada. A cada passo que dou em direção do carro, as lágrimas começam a cair foneticamente, merda.

Eu não sabia onde ir, mas pensei em um lugar que me acalma, onde há natureza; o meu lugar.

Embora estivesse entardecendo, o sol não brilhava tanto, o pôr do sol tomou conta do horizonte e de meus olhos.

Eu não conseguia parar de pensar, isso me entorpeceu, como Hailey, sendo ela mesma, seria capaz de fazer algo assim? Estou perdido. Ou pior ainda, por que não teve coragem de me contar o que se passava? Eu acho que tinha o direito de pelo menos saber, poder talvez mudar sua opinião.

Em momentos da minha vida, a maioria deles, eu prometi juras de amor à Hay e eu realmente pensei em ter uma família com ela. O que tínhamos era um relacionamento de poucos meses. O que eu poderia esperar também? Nada.

Eu ainda chorava, por um tempo vi que a rua já ficava embaçada, e os poucos raios de sol ainda não ajudavam. Em questão de segundos eu estava acima do padrão de velocidade, já não mantendo mais o controle do veículo.

De longe, vi um carro prata, ele ia de encontro com o meu. A velocidade do carro era alta, e eu apertava o freio, mas não funcionava. Eu já sabia no que isso poderia dar, e, infelizmente, não teria um final feliz.

Ainda consciente eu senti meu carro colidir com o outro, foi como se o tempo estivesse em câmera lenta, os airbags do carro acionando, meu corpo indo inteiramente pra frente, pois estava sem sinto, o painel sendo amassado e o vidro quebrado em milhões de pedacinhos que encravaram em partes de meu corpo. Por alguns segundos senti a maior dor do mundo, como a dor quando recebi a notícia do aborto. Depois não senti nada, nem mesmo as minhas próprias pernas. Havia uma mulher, ela foi a única que abriu a porta do carro, os outros estavam tão chocados quanto eu. Mas eu ainda via ela, estranhamente ela tentou puxar-me para o chão, mas sem resultados, abriu sua bolsa e vasculhou-a a procura de um telefone que logo o achou e ligou para os bombeiros. Após finalizar a chamada, olhou-me profundamente, como se soubesse que eu estava consciente ainda, porém não por muito tempo. A última coisa que pude ouvir foi:

ㅡ Prometo que irá ficar tudo bem, Justin.

Como você pode sentir o que estou sentindo

Se você não está na minha cabeça?

Eu tenho uma pressão que me irrita

E me faz pensar em morrer

Tenho algumas emoções misturadas

Sobre como eu preciso lidar com o estresse - Wiped Out