História Adolescentes em Crise 3 - Na Faculdade - Certas Coisas Nunca Mudam

“Não é só porque somos adultos agora que temos que ser comportados.” Freddie disse quando fomos morar com eles.

Adivinhem as roupas deles. Adivinharam?

Pois bem. Eles ainda usavam preto e ainda continuam usando. Lógico que deram uma “clareada” na roupa, mas no básico é sempre: calça jeans, all star preto, camiseta de banda e jaqueta preta de couro. 

“Falou o cara que ta fazendo medicina e precisa estudar o dobro que a gente.” Respondi. 

“Qual é... Todo mundo aqui, estuda por pelo menos quatro horas por dia, sem contar com o que a gente tem na faculdade.” Rodrigo tinha dito, e lembro que eu e o Billy ficamos impressionados com aquilo. 

“Bem vindos à faculdade.” Thomas tinha dito, passando em nossa frente, carregando alguns livros.

Mudei meu jeito de vestir durante esse tempo. Para mim um simples all star preto, calça jeans, camiseta de algum desenho como: hora de aventura, apenas um show, lanterna verde (liga da justiça em geral), x-men, etc., e moletom, esta ótimo. Agora só uso roupas pretas quando acordo de mal humor. 

“Depois que você começou a faculdade, você virou nerd.” Rodrigo reclamou uma vez.

Mas isso, só porque todos nós estudamos de manhã. Depois da aula, almoçamos e então estudamos por quatro horas seguidas. E no resto do dia, eu passo assistindo desenhos na internet.

Alguns de nós tivemos que começar a trabalhar. Bem. Na verdade já trabalhavam quando eu e Billy chegamos. Freddie e Kevin trabalham como atendentes de caixa eletrônico no super mercado e Thomas voltou a trabalhar no McDonalds, só que aqui no Brasil mesmo.

Rodrigo, eu e Billy ficamos de cooperar ajudando a economizar energia e água.

Fevereiro

- Consegui! – Billy entrou no apartamento, gritando.

Eram apenas oito horas da noite e até então estava eu revendo meus episódios preferidos de x-men.

Billy fechou a porta e deixou uma caixa na sala em cima da mesa de centro.

- O que você conseguiu? – Rodrigo perguntou preocupado, aparecendo na sala com um pano de prato em suas mãos.
- Playstation quatro! – Ele disse todo animado, abrindo a caixa.

Eu soube que aquilo era “antigo” agora, mas poxa, lançou quando eu tinha dezesseis anos. Querendo ou não, fez parte da minha adolescência.

Assim que o ouvi falando “Playstation quatro”, saí correndo da frente do notebook para ajudá-lo abrir a caixa e arrumar o jogo para nós jogarmos.

- Algumas coisas nunca mudam... – Disse Rodrigo, voltando à cozinha.
- Como assim algumas coisas nunca mudam? – perguntei deixando Billy na sala e seguindo ele. Vi que ele estava preparando a janta, e estava um cheiro muito bom – Hm... Que delícia. – fiz uma pequena pausa – Viu? Por isso é bom conviver com meninos. Vocês que fazem praticamente tudo. – Eu disse sorrindo.
- Nem vem Valentina. Amanhã quem cozinha é você. – Rodrigo disse voltando a cozinhar.
- Ah sim... Claro. Só se for miojo né. – Disse eu, entediada.

Ele me encarou com tédio por alguns segundos e voltou a cozinhar novamente.

- O que vai ter pra janta hoje? – Perguntei curiosa.
- Macarrão e frango frito. – Disse ele, tentando não mostrar nenhuma expressão. Mas aquele idiota sabia que eu amava frango frito.
- Frite bastante. – Respondi abandonando a cozinha.
- Eu sei... – Disse ele, em voz alta para que eu ouvisse.

Quando voltei para a sala, Billy já havia montado o Playstation e tinha acabado de colocar um jogo de luta.

- Ta a fim de morrer? – Billy perguntou, enquanto olhava ansioso para a tela da TV.
- Não sei. Você já jogou isso? – Perguntei pegando o outro controle, e sentando-me no sofá.
- Nunca. Mas eu tenho que te matar aqui de alguma forma. Pelo menos aqui. – Disse ele, todo esperançoso.
- Ah... Quanto amor, Billy. – disse soltando uma gargalhada – Eu nunca mais bati em você. Nunca. Isso já faz desde os meus 17 anos.
- Desde aquela sua idade a gente virou irmão praticamente. – Disse ele, enquanto escolhia o personagem de luta.
- Ok irmão. – eu disse em tom irônico – Deixa eu bater em você então. Porque faz tempo que não faço isso.

Precisamos de três rounds para a nossa luta.

- Ah! Desisto disso! – Billy disse estressado, deixando o controle no sofá e saindo da sala – Faz mil anos que ela não joga num Playstation, faz mil anos que não me bate e venceu a luta! – saiu reclamando para o Rodrigo – Cara, assim não dá!

Pude perceber a revolta dele no tom da voz. Fiquei rindo, gargalhando no sofá. Cheguei a perder o ar de tanto rir da desgraça dele.

- Volta aqui bebezão! – gritei – Para de reclamar! Vamos jogar!
- Não quero. Quero outro jogo. – Ele disse sentando no sofá novamente.
- Para de graça Billy. Seja homem. – Disse eu, apoiando meus pés sobre a mesa de centro.

Fitou-me antes de trocar o jogo, então voltou a jogar o mesmo comigo.

Ganhei mais algumas vezes pra variar, mas ele ganhou três vezes seguidas, então fez a maior festa na sala. Parecia uma criança jogando ali comigo.

- O jantar está pronto! – Rodrigo gritou com voz de tédio.

Ele já sabia o que ia acontecer, por isso gritou daquele jeito.

Eu e Billy nos olhamos e saímos correndo até a cozinha como se fosse uma corrida. O problema era que eu amava frango frito e ele também.

Quando cheguei à cozinha, primeiro que ele, logo peguei um prato e peguei pelo menos seis frangos fritos.

- Ah olha isso... – Billy reclamou – Só você pega praticamente tudo...
- Deixa eu passar. – Rodrigo disse entrando no meio da gente.
- Vai pegar o que? – Perguntei.
- Sai daqui Rodrigo. – Billy disse empurrando-o para o meu lado.
- Porra mano, a cozinha já é pequena e seu humor ta pior do que de pirralho, você tem certeza que vai me empurrar pra cima dela? – Rodrigo perguntou encarando-o.

Billy ficou emburrado enquanto pegava a comida.

- E lembrem que tem o Freddie, Thomas e Kevin, ta certo? – Rodrigo nos encarou.

Tivemos que devolver metade do nosso prato, porque se não, não teria comida para os outros três.

xx

Quando foram onze horas Freddie, Thomas e Kevin chegaram do trabalho. Eles chegaram animados como se tivessem aprontado alguma coisa. Mas só percebi a animação pelo tom de voz e as risadas, eu e Billy ainda estávamos jogando.

- E aí Val. – Freddie disse com tom de voz animado, ficando na minha frente.
- Saí daí Freddie. Estou numa corrida importante! – Disse eu tentando enxotá-lo.

Ele não saiu. Quando fui xingá-lo, olhei para ele e...

- Não acredito que você fez isso! – Disse surpresa e com ar de riso.
- Ficou bom? – Perguntou ele, sorrindo.
- Cara, você ta parecendo o Jack daquele filme A Origem dos Guardiões. – Disse ainda surpresa.
- Tradução: Te achou um gato. – Thomas disse com ar de riso.
- Sério mesmo? – Freddie disse se achando o encantador.
- Pode ser. – disse levantando-me e o empurrando – Vou dormir.
- Ficou sem graça... – Kevin e Thomas começaram a me zoar.
- Vão se ferrar! Vocês sabem que não gosto de falar sobre esses assuntos com vocês. – Disse eu, entrando no quarto enquanto eles me zoavam.

Não adiantou muito, já que no mesmo quarto que eu dormia, ficavam Freddie e Billy. E os dois ficaram me enchendo até um pouco antes deles dormirem.