História Adore You - Capitúlo 4

Um mês depois...

Haneul e Sehun colocavam potes de molho nas prateleiras, ele entregava os mesmos para a jovem que cuidadosamente colocava cada um no local certo. O silêncio entre ambos era algo meio anormal, pois Sehun sempre era muito falante e dessa vez, estava quieto, agindo como se estivesse em outro planeta, bem distante e perdido dentro de algum lugar em sua mente. Após todos os potes estarem no lugar, Sehun que estava sentado no chão, encostou-se a uma prateleira e puxou as pernas para si, enterrando a cabeça entre os braços.

- Hunnie, o que houve? – Sentou ao lado do corpo maior e gentilmente, deslizou as mãos sobre o braço do amigo. Sehun encarou-a nos olhos, os seus próprios estavam marejados e o nariz avermelhado, os lábios comprimidos com força. Com a visão, Haneul puxou o mais novo para deitar a cabeça em seu ombro. – Conte-me... Não precisa chorar...

- Toda vez que eu chego perto do Hyung... Eu fico muito feliz... Começo a suar e o meu estomago revira... Você vai dizer que estou apaixonado, mas Haneul, eu já me apaixonei e não é assim! Eu gosto muito, muito mesmo dele... O que eu sinto não é paixão, não pode ser paixão! – As lágrimas escorreram por seu rosto, enquanto as palavras que sufocavam sua garganta aos poucos iam abandonando seus lábios.

- Por que não pode? – Haneul alisava os cabelos negros do mais novo.

- P-por que o Luhan... Ainda ama o Jongin! – Soluçou baixo e agarrou seu próprio joelho com uma mão, apertando-o com força até os nós de seus dedos ficarem brancos. – E isso está me matando Haneul! Quando ele para e fica em silêncio e não me responde, sei que está pensando nele! E... É por isso que estou chorando, isso dói... Não pode ser paixão, porque eu iria sofrer... – Terminou. Enfiou o rosto na curva do pescoço da garota e começou a deixar aqueles sons característicos de choro, mas quase inaudíveis. Sehun sentia-se a pessoa mais estúpida do mundo, por estar ali, chorando por conta de um fato irrelevante, sentindo uma dor profunda dentro do peito ao pensar em Luhan, alguém que considerava como um amigo, um irmão talvez.

E era exatamente essas coisas que Luhan pensava sobre Sehun. Aquele era somente o seu bebê em momentos vagos, a pessoa que fazia seu dia se iluminar como se fosse um Sol particular. Só que estava mais para luz no final do túnel.

~~

- Bebê! – Luhan passou seus braços em torno dos ombros de Sehun e um sorriso instalou-se em seus lábios quando o mais alto selou sua fronte carinhosamente e abraçou pela cintura, levando os corpos de um lado para o outro em um balanço lento. – Baek conseguiu entradas pro parque de diversões, e disse que eu podia chamar alguém, e eu logo pensei em você pra ir comigo!

- Parque de diversões? Só se você apostar algo comigo! – Sehun fez um bico para depois sorrir.

- Ah não, bebê, por favor, eu sempre perco em suas apostas! – Retrucou soltando-se do abraço e virou as costas, pronto para andar na direção aposta, mas fora os braços do mais alto circundando sua cintura que o obrigou a parar no local e sorrir.

- Tá bem! Eu vou!

~~

Somente após chegarem à porta do parque de diversões que Luhan conseguiu se lembrar de seu medo de altura. Estremeceu no lugar, sentindo o corpo se congelar só de pensar em subir em um daqueles brinquedos altos demais para seu pobre coração frágil. Sem pensar duas vezes, enfiou sua mão dentro do bolso do moletom de Sehun, aproveitando do pouco frio que fazia no dia e agarrou a palma do garoto. O mais alto arrepiou-se com o toque, sentindo um turbilhão de sentimento passar por seu corpo, esquentando-o de todas as formas possíveis. O coração acelerou-se e começou a pedir para tudo que fosse o mais sagrado, não permitir suas mãos começarem a suar.

Os mais animados eram Chanyeol e Haneul, pareciam duas crianças de cinco anos querendo ir a todos os lugares possíveis. Saíram correndo em direção a uma das montanhas russas mais altas e Luhan logo sentiu uma náusea, obrigando-o a recuar e dar as costas, completamente sem ânimo.

- Hyung? – Sehun aproximou-se e enfiou os dedos em seu cabelo mediano. Luhan suspirou baixo.

- Eu tenho medo de altura... Como eu não me lembrei disso? Fiquei tão animado que... Acabei esquecendo até mesmo da minha fobia.

- Oh... Ele tem medo de altura – Sehun debochou com um ar brincalhão.

- Tenho. – Resmungou cruzando os braços, voltando a ficar de costas. O mais alto abriu um sorriso enorme e agachou-se, aproveitando da distração do menor e engatinhou até o mesmo. Em um movimento rápido, enfiou-se entre as pernas de Luhan, por baixo das mesmas e logo encontrou as mãos do mesmo, para não deixá-lo cair e ficou de pé. Luhan deu um grito esganiçado. – SEHUN! COMO VOCÊ... ME DESCE, AGORA!

- ELE TEM MEDO DE ALTURA! – Ameaçou correr e mais um grito foi dado por Luhan, dessa vez, mais choramingado. O mais velho apertava os olhinhos fechados e esmagava as mãos alheias entre as suas, as bochechas coradas de vergonha e o coração acelerado. Sehun aproximou-se de um degrau, este chegando quase em seu peito e sentou o mais velho no mesmo, este se encolheu apenas pela pequena altura.

- M-Me tira daqui... – Gemeu, agarrando-se ao maior, com medo de escorregar até o chão e cair e se machucar. Sehun afastou-se um pouco, estendeu os braços sorrindo travesso.

- Pula, vem pro meu colo! – Luhan segurou nos ombros do mesmo e deu um pequeno impulso, fazendo seus braços rondarem o pescoço do maior logo em seguida, pelo menos não estava mais tão longe do chão. Encolheu as pernas evitando rodeá-las em torno da cintura do mais novo. – Agora você não tem mais direito de ter medo! – Sehun riu e começou a girar no mesmo lugar, com o menor em seus braços. As pessoas olhavam curiosas, mas para que questionar a felicidade alheia?

- VOCÊS DOIS AI! PAREM DE NAMORAR E VENHAM LOGO! – Haneul berrou ao longe. Ambos coraram e Luhan voltou ao chão, passando a andar em passos rápidos com as bochechas queimando de vergonha pelo comentário alto da amiga. Sehun ia logo atrás. Entretanto, o mais velho ainda temia a altura e decidiu que não andaria na montanha russa, então junto de Sehun, fora dar uma volta pelo parque.

Encontraram um lugar onde compraram Bubble Tea e ficaram rondando por tudo, rindo com as mais diversas coisas, como sempre aconteciam ao estar na companhia um do outro. Até que algo chamou a atenção de Luhan, então sem que o mais novo percebesse, andou até um vendedor e comprou um spray de espuma e quando voltou, chamou-o. Sehun virou-se para encará-lo e recebeu um jato de espuma, acabou se sobressaltando. Colocou as mãos em frente ao corpo enquanto recebia jatos de espuma por todo o corpo, afastou-se e limpou com uma mão, procurou pelo vendedor e conseguiu um spray para si.

Dessa vez revidou. Iniciaram uma guerra infantil e escandalosa, mas no momento não existia outra pessoa no mundo, apenas os dois e espumas que faziam. Escondiam-se atrás de coisas, como paredes, bancos, postes de iluminação, árvores e tudo que encontrassem. Riam de forma discreta e outras vezes, escandalosos. Quando cansaram, sentiam calor por conta da correria, então subiram em uma ponte, em frente à rampa de um brinquedo que fazia percurso pela água. Esperaram e logo a água bateu contra os dois, deixando-os praticamente ensopados, assim como outras crianças, que eram repreendidas pelos pais por estarem ali. Por sorte, havia um pouco de sol e isso faria as roupas secarem, mais cedo ou mais tarde.

Torciam as mangas das roupas molhadas quando passaram pela roda gigante e do lado, um vendedor vendia algodão doce. Decidiram comprar um e dividir, encostaram-se a uma grade em frente ao brinquedo, mas enquanto comiam, Sehun olhava atentamente para a roda girando devagar. Luhan percebeu e sentiu um pequeno aperto no peito.

- Bebê, você quer ir lá?

- Não... Tudo bem... – Passou a língua pelos lábios, forçando um sorriso. A verdade é que queria muito ir, mas com Luhan, e tinha quase certeza que o mais velho não iria consigo.

- Sehun, enquanto estiver comigo, não terei medo de nada. – Arriscou dizer, mesmo que sentisse isso gritando em seu peito, ao lado de Sehun, o medo tornava-se um absurdo para qualquer um. Os olhos de Sehun brilharam e ele sorriu, um desses sorrisos que estranhamente faziam o coração do mais velho falhar a batida e depois acelerar. Sorriram um para o outro e seguiram para a fila curta, não levando nem mesmo dez minutos para estarem dentro do brinquedo.

If you're not the one then why does my soul feel glad today?
Se você não é a única, então porque a minha alma se sente feliz hoje?

Luhan recuou mordiscando os lábios antes mesmo de por os pés dentro do brinquedo, porém Sehun estendeu a mão, passando-lhe confiança. A porta da cabine fora fechada e o mais velho fechou os olhos quando sentiu tudo se mexendo, começando a subir. Uma música baixa e calma tocava no interior da cabine. O maior ainda segurando sua mão, guiou-o pelo pouco espaço, encostando-o de frente para o vidro e ficando atrás de si, passando um braço pela cintura alheia.

- Eu estou aqui com você... – Sussurrou contra o pé do ouvido do outro, este se arrepiando por inteiro com o sopro. – Abra os olhos, Luhan. – Ordenou entre sussurros. Seu coração batia forte contra as costelas, o cheiro inebriante que emanava de Luhan chegava a suas narinas e então respirava profundamente de modo lento, querendo afundar-se contra a pele do pescoço e sugar todos os resquícios do perfume dali.

Luhan engoliu seco e as pálpebras abriram lentamente, pegando o momento em que todo o parque começava a se iluminar com as luzes e o céu ia perdendo a claridade do Sol e dando espaço para a Lua. Lacrimejou com a bela visão, tudo entrava em um contraste perfeito, parecia um sonho estar ali, um sorriso surgiu em seus lábios, a sensação que tinha era a melhor de todas. Seus dedos percorreram o vidro e encontraram os de Sehun, também colado ao vidro. Entrelaçou seus dedos durante poucos instantes até virar a palma para si e deslizar o polegar pelo meio, desenhando as linhas suavemente. Depois voltou a entrelaçá-las.

If you're not the one then why does my hand fit yours this way?
Se você não é a única, então porque a minha mão se encaixa na sua dessa forma?

- Sua mão encaixa na minha... – Sehun murmurou, segredando ao outro. – Sofremos do efeito quebra cabeça, nos encaixamos. Transformando-nos em uma única coisa... – Disse baixo, próximo ao ouvido do menor. Este franziu o cenho por alguns segundos. Sehun puxou o ar pelas narinas e focou sua visão na paisagem logo à frente. – Sabe Luhan... Eu acho que... A-Aconteceu...

I don't want to run away but I can't take it, I don't understand
Eu não quero fugir, mas eu não aguento isso... Eu não entendo
If I'm not made for you then why does my heart tell me that I am?
Se eu não fui feito para você, então porque meu coração me diz que sim?

- Perdão... – Murmurou e bateu sua testa contra o vidro de leve e rodou entre os braços do mais novo. Os olhos lacrimejavam e ele piscava várias vezes, tentando encontrar forças para não chorar. Sehun colou suas frontes e as respirações descompassadas se encontravam e resvalavam contra suas faces. – Eu jurei... Que não ia acontecer de novo comigo... Você entende não é bebê? Nos já tínhamos conversado sobre isso, meio que indiretamente, mas eu sabia do que estava falando e me perdoa se aconteceu... E eu não quero te magoar Sehun, não quero, pois sei que se o fizesse, eu te perderia... E eu não posso te perder... Fica comigo, mesmo que só como um amigo... Me perdoa por ter acontecido e eu garanto, uma outra pessoa vai aparecer pra ti.

Sehun assentiu com o coração comprimindo dentro do peito, a dor queria obrigá-lo a chorar, mas não o faria. Pelo menos não naquele momento, Luhan escondeu seu rosto na curva do pescoço do maior, e este o abraçou o mais forte que podia. Sehun entendia, perdoaria Luhan todos os dias pela decisão do mesmo, porém não iria atrás de outra pessoa. O que mais queria é ter Luhan ao seu lado como um amante e esperaria mil anos, caso fosse necessário.

Is there any way that I could stay in your arms?
Não há nenhum jeito de eu ficar em seus braços?