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História After all this time - "É passado".


Escrita por: SadnessDaLana

Notas do Autor


Muito obrigada pelos favoritos e comentários estou realmente muito feliz pelo rumo que a história tá tomando e preciso de vocês para continuar com ela. Continuem dando suas opiniões please e espero que gostem

Capítulo 3 - "É passado".


-Alex...

Kara disse em um quase sussurro tentando acalmar a irmã e dizê-la que ela deveria apertá-la com menos força.

-Esqueça. Eu nunca mais irei largar você!

A loira quebrou o abraço e acariciou o rosto da irmã.

-Hey. Eu estou aqui. Agora... Pode me explicar como, com exatidão?

Alex respirou fundo antes acariciar as mãos da irmã.

-Bem... Lembra-se de ter discutido com Mike no restaurante?

-Sim, eu... Eu peguei o carro dele e deixei-o me chamando e... Espere, eu bati em alguma coisa? Eu... Sim! Um clarão.

-Infelizmente o motorista do outro carro morreu na mesmo instante, mas você entrou em coma.

À medida que a irmã contava-lhe a história, Kara apenas conseguia se sentir mais triste. Como pôde perder cinco anos de sua vida? Como pôde perder todas as datas importantes entre outros momentos, como pôde estar morta durante todo aquele tempo? Alex sabia que a irmã se sentia frustrada por tudo aquilo, mas ela conseguia se sentir aliviada por ela ter acordado. 

-E... 

Kara começou olhando para baixo, para as próprias mãos.

-Lena. Lena Luthor, ela estava... Realmente aqui?

Perguntou tornando a fitar a irmã, estava confusa. Como poderia Lena Luthor estar ali? Elas simplesmente haviam perdido contato, da forma mais dolorosa possível. Não participavam mais da vida uma da outra, como podia ela realmente estar ali? 

-Eu vou pegar um café.

Matthews disse levantando-se e se afastando, o olhar de Maggie o acompanhou até certo ponto. Até que ela ouvisse a mulher ao seu lado levantar.

-Aonde vai?

-Bem. Ela acordou, está bem. Eu creio que essa é a hora certa para que eu me retire.

-Não irá vê-la? Se não fosse pela sua tentativa, muito provavelmente ela não teria acordado a tempo.

-Eu fico realmente satisfeita de ter desempenhado esse papel, mas...

Lena deixou que sua frase morresse enquanto olhava para os lados, para o corredor, e para a direção pela qual Mike fora pegar seu café até retornar seu olhar para Maggie.

-Eu não acho que tenha espaço para mim aqui. 

Maggie compreendia, ela se sentia deslocada. Com toda aquela sua pose de mulher culta, calada e de boa postura, mas com certeza havia sentido algum incômodo em estar naquele lugar acompanhada de três pessoas com as quais não tinha intimidade alguma sendo que o motivo de estar ali era uma mulher que há muito havia amado e de quem não soubera nada por anos.

-Fique em National City.

Maggie pediu levantando-se e aquele pedido surpreendeu a Luthor, mas a outra apenas lembrou-se da caixa vermelha que encontrara debaixo da cama de Kara e da forma rápida que a loira reconheceu Lena Luthor quando acordou. Quando Lena fora embora de National City, Maggie ainda estava na fase de ser uma amiga que queria algo a mais com Alex. Ela acompanhara a reação de Kara com a ida da morena para Nova York.

E como a irmã da loira, achou que ela tivesse realmente deixado qualquer coisa que pudesse dizer a respeito de Lena Luthor no passado. Mas talvez não tenha deixado, Kara disse que Lena fora embora achando que ela havia escolhido Mike quando ela não fizera escolha alguma. Talvez a vida tenha escolhido por ela, mas lá estava Lena Luthor novamente em National City exclusivamente por Kara. Seria prudente deixá-la ir sem que as duas ao menos conversassem depois de tanto tempo? Maggie achava que não.

-Ao menos tenha uma conversa com ela antes de voltar para Nova York.

Lena ergueu as sobrancelhas surpresas pela postura da esposa de Alex Danvers. Não soube bem o que responder, e estaria mentindo se dissesse que não queria ter alguma conversa com Kara. Sobre qualquer coisa, sobre o tempo ou alguma comida, qualquer coisa. Mas ponderou se seria algo realmente necessário ficar ali, ela não pareceu se encaixar. 

-Você o quê?

Alex perguntou surpresa quando acabara de entrar no banheiro enquanto Maggie tomava um pouco de água, escorada ao lado da geladeira.

-Eu disse para ela ficar, pelo menos até ter uma conversa com Kara.

-O que você espera disso?

Alex perguntou abrindo a porta do banheiro, dando a visão apenas de sua cabeça. Ela tinha uma expressão questionadora para Maggie que colocou o copo sobre a mesa antes de respondê-la.

-Que elas se acertem? Luthor foi embora por um mal entendido, e talvez Kara sempre tenha detestado isso.

-Querida... Você sabe que elas nunca foram amigas, não é? Tipo... Antes de terem alguma coisa. Você também sabe que Kara é muito bem casada.

-Alex... Isso está muito além do seu querer, ou do meu. Isso é entre a senhorita Luthor e a sua irmã, sabe, sobre elas se entenderem. Elas podem deixar as mágoas do passado e mesmo assim Kara pode continuar bem casada.

Maggie respondeu sentando à mesa e a outra pareceu reflexiva sobre as suas palavras.

-Eu não acredito que ainda tem cisma com Lena Luthor e sua família. Você mesma viu quão ela parecia disposta a dar mais uma chance a Kara, de que ela pudesse acordar novamente. Ela ainda parece se preocupar.
Para Alex aquele era o problema, sim. Ela era grata pelos esforços da senhorita Luthor em tentar manter os aparelhos de sua irmã ligados, pois fora um tempo crucial para o seu despertar. Mas e agora? O que ela faria ali? O que elas conversariam? Elas seriam o que nunca foram? Amigas? O problema não era exatamente a senhorita Luthor.

O problema era que a vida havia seguido seu curso e a senhorita Luthor era como o passado. Mas Alex decidiu que Maggie tinha razão, aquilo não era um problema seu. Talvez ambas precisassem mesmo conversar e resolver as pendências e qualquer mágoa que pudesse ter ficado devido ao fim do que um dia já tiveram e de repente de tal forma poderia ser muito melhor seguir a vida.

-Você tem razão.

-Eu sempre tenho.

Elas sorriram uma para a outra e Alex entrou no banheiro novamente, por fim ligando o chuveiro.

-Tem certeza que não quer minha ajuda? Quer alguma coisa?

Mike Matthews perguntou quando entrara em casa com sua esposa.

-Mike! Eu não estou doente, inválida ou coisa assim.

Kara respondeu com um pequeno sorriso, ela havia recebido alta, e seu esposo parecia muito disposto a auxiliá-la em qualquer coisa que ela quisesse. Mas a forma como ele estava o fazendo parecia um exagero.

-Desculpe, eu... Nossa. Você está mesmo aqui.

Ele disse parecendo orgulhoso e satisfeito enquanto os dois sentaram.

-Sabe... Eu sempre achei que a culpa foi minha. Se eu não tivesse insistido no assunto e respeitado a sua decisão...

Mike lembrava-se muito bem de tudo, até mesmo do prato que haviam pedido, do sabor do maldito vinho e a mudança no rosto da loira quando ele tocara no assunto. Mas ele desejava ter uma família com ela e se sentia preparado para tentar novamente, no entanto Kara não sentia.

Depois de sofrer dois abortos espontâneos, ela sentia-se quebrada para tentar ser mãe novamente e tinha medo. Mas Mike superou o medo e conseguia ser esperançoso a respeito como ela ainda não conseguia. A sua insistência no assunto acabou lhe deixando um pouco distante embora ela tentasse demonstrar o contrário.

-É passado... Não é? E agora eu estou aqui.

Respondeu abraçando-o. Lena Luthor quis esperar mais tempo para conversar com Kara, seja sobre o que fosse que elas conversariam. Mas ficaria facilmente entediada naquela cidade se tivesse de esperar mais. Por tanto, naquela mesma tarde, ela tocou a campainha. Seus braços estavam cruzados e seus dedos tamborilavam em seu braço esquerdo.

-Lena Luthor? Você ainda está aqui?

Mike perguntou surpreso ao atender a porta.

-Sim, estou. Não por muito tempo, eu suponho. 

Respondeu enquanto ambos se encaravam, era como se ele estivesse vendo o passado nos olhos da senhorita Luthor e ela estivesse vendo o mesmo nos olhos de Matthews. 

-Lena Luthor.

Mike Matthews disse pondo-se ao lado do armário da morena que se virou olhando-o como quem diz que espera que ele seja breve.

-Mike Matthews. O que deseja?

Perguntou com um pequeno sorriso educado.

-Eu desejo que saiba que Kara Danvers e eu estamos saindo e que ela vem à festa de Halloween comigo.

O sorriso de Lena crescera. Um sorriso irônico acompanhado de uma risada nasal.

-Era apenas isso?

-Luthor. Ela será minha namorada, e já estamos saindo, procure outra garota para conquistar, não sei... Uma dessas que se atiram aos seus pés.

A Luthor se aproximou mais do garoto após fechar o seu armário.

-Do que tem medo? De perder o que realmente não tem? Você faz do seu jeito. E eu faço do meu.

Naquela mesma festa, Kara fora acompanhada de Mike que tinha um sorriso vitorioso para Lena. Um sorriso que fora devolvido quando a morena a puxou para dançar e ficou na sua companhia uma boa parte da festa. Eles lembravam, ali, olhando um para o outro, como se fosse ontem.

-No entanto, eu preciso falar com a Kara antes.

Ela completou, finalmente. No colegial, não importava quanto Mike tentasse demonstrar para Lena que ela havia perdido, chegado por último e que não teria o devido espaço que queria em Kara. Ela sempre revidava como que para mostrá-lo que ela tinha chances altas ao contrário do que ele tentava lhe passar.

-Espere um pouco. Eu vou chamar minha esposa.

Mike disse antes de deixá-la esperando, a sua presença ali o incomodava. Ele sabia, era besteira. Kara estava com ele, era sua esposa, estavam juntos e não estavam mais no colegial. Eles eram adultos, ELE era adulto e deveria agir como tal.

-Eu acho que eu desaprendi completamente como se faz aquele bolo especial da mamãe.

Kara disse sorrindo sem jeito tirando o bolo do forno, ao ouvi-lo entrar na cozinha.

-O quê? Não! O cheiro tá delicioso!

Mike disse fazendo um sinal positivo com o polegar quando a loira depositou o bolo sobre a mesa.

-Isso é só uma tentativa de me encorajar, você vai sorrir se ele estiver horrível e depois dizer que ficou delicioso.

Kara disse acusadora fazendo-o rir, mas sua expressão parecia um pouco diferente, como se ele quisesse dizê-la algo.

-Quer me dizer alguma coisa?

-Na verdade sim. Você tem visita.

Respondeu com um pequeno sorriso, Lena Luthor continuava frente à porta, mas daquela vez olhando para os lados. Mudando o peso de seu corpo de um pé para o outro, mas onde será que ele fora chamá-la? No país das maravilhas ou algo assim? Perguntou-se mentalmente, usando da ironia para manter a compostura. 

-Lena!

Kara disse abrindo a porta novamente com as sobrancelhas erguidas em um gesto de surpresa, mas havia um pequeno sorriso em seus lábios. Luthor deu-lhe um sorriso elegante descruzando os braços.

-Kara.

Após um mero segundo de silêncio e sorrisos trocados Kara fez uma expressão surpresa como se tivesse acabado de constatar algo muito óbvio.

-Oh. Você ficou esperando aqui? Devia ter entrado. Você...

A loira não estava sabendo muito bem como agir, depois de tanto tempo parecia até um pouco irreal ver Lena Luthor pessoalmente e tão próxima, ainda mais com um sorriso cordial nos lábios. Por algum intervalo de tempo de sua vida Kara fantasiou encontra-la novamente, nas mais variadas situações possíveis, para tentar explicar alguma coisa que a fizesse sentir-se bem a respeito do desfecho embaraçoso que tiveram, em poucas palavras, tentar desembaraçar toda a situação.

Mas aquilo era passado. Certo? Perguntou-se se vendo realmente na companhia de Lena Luthor outra vez. O que ela queria exatamente? Kara não sabia, mas estava grata de que ela ainda estivesse em National City. Talvez fosse bom elas conversarem, não? Kara não sabia, mas era bem o que gostaria de fazer. Será que ela havia mudado muito? Perguntou-se internamente.

-Na verdade... Eu vim chamá-la para... Tomar um café? 

Perguntou sugestiva. Então ela queria conversar também, Kara anotou mentalmente.

-Oh sim, eu adoraria.

Respondeu sorridente, como era estranha aquela situação. A última vez que conversaram fora carregada de emoção e acusações da parte de Luthor e ali estavam elas conversando como duas boas conhecidas, é isso que o tempo faz com as situações dolorosas e embaraçosas? Apaga-os como uma borracha sobre um papel rabiscado para que as pessoas possam tratar-se civilizadamente? 

-Seu rosto está menos suave, digo... Ele parece ter traços mais fortes do que antes.

Lena sorriu com o comentário tomando um pouco de seu cappuccino e constatando para si mesma que estar naquele lugar, com aquela pessoa, nunca lhe passaria pela cabeça e teve de sorrir mais uma vez da grande ironia que é a vida. Parece pregar peças nas suas horas vagas.

-Obrigada. Eu acho.

-Alex disse que você veio se despedir...

-Oh é. Eu vim sim. Eu sei que ainda deve estar sendo novo para você isso de ter praticamente dormido por cinco anos, mas honestamente se quer me acostumei com a ideia de que você estava em coma, imagine estarmos tomando café aqui?

Perguntou retoricamente e sincera.

-Eu teria vindo antes se tivesse sabido antes.

Kara levantou seu olhar encontrando o verde dos olhos de Lena.

-Teria?

Ela não pôde conter a surpresa em sua voz. 

-Teria.

Lena Luthor confirmou com uma expressão séria. Kara se permitiu perceber quão sua postura parecia autoritária e quão confiante ela parecia ser. Lógico que Lena sempre parecera confiante, talvez fosse uma das regras para ser um Luthor? Sua irmã costumava brincar dizendo que talvez existissem regras para isso. Mas o fato é que Kara fora acostumada com sorrisos largos de Lena e momentos fofos ou coisa parecida. 

-Kara...

Lena começou. Como se estivesse prestes a começar um assunto muito importante. O fato daquela conversa estar cheia de rodeios irritava um pouco a loira, era como se elas estivessem tendo o máximo de cuidado em escolher toda e qualquer palavra que tivesse de sair de suas bocas. Mas se Kara não estivesse tão ocupada com isso, estaria dizendo para Lena que de qualquer forma era bom revê-la e que costumava acompanhar notícias suas por mais que algumas parecessem mais sensacionalistas que outras.

-Eu só quero que saiba que eu estou aqui para dizer que... Tudo bem. Que passado é passado e que seja lá qual de nós duas deva mais desculpas uma para outra, eu só quero que saiba que tudo bem. De agora em diante não devemos mais nada uma para a outra, só devemos nos acertar.

Embora casar com Mike Matthews tenha sido um golpe baixo e duro demais. Pensou Lena, sim. O passado é passado, mas o casamento dos dois a mostrava quão idiota ela foi por alguém que não a amava o suficiente. Ela não estava culpando Kara, ela não queria culpar mais ninguém por aquilo, pelas coisas do passado. Eram apenas fatos desgastados em seu peito.

Ela cresceu mesmo, literalmente. Fora o que Kara pensou ao ouvir as palavras aparentemente francas de Lena. 

-Lena, isso é... É ótimo. Digo... Eu concordo que tudo o que devemos fazer é nos acertamos como pessoas sensatas e maduras. Mas eu... Eu espero que não se importe se eu tiver de lhe dizer algo que eu sempre quis dizer desde que você partiu.

A última frase pegou a Luthor de surpresa embora ela não tenha deixado transparecer.

-Que seria...?

A mão de Kara tocou a sua, contato que, a desestabilizou um pouco, muito provavelmente apenas porque não estava esperando-o. Ela pôs-se a responder mentalmente.

-Eu nunca quis machucar você.

Após uma breve olhada para suas mãos juntas, Lena recolheu a sua e comprimiu os lábios tornando a olhar Kara. E lá estava a sinceridade em seu rosto, mas do que adiantava agora? Nada. Porque falavam do passado. Mas então por quê? Se não queria machuca-la, por que escolhê-lo?

-Ora vamos. O passado não interessa mais.

Kara sorriu.

-E veja você. Tornou-se tudo o que sempre quis, eu suponho. Suponho que seja o que sempre esperou ser.

-Eu sou.

Mas depois que se realiza objetivos, mais objetivos você impõe para si mesma.  Disse o subconsciente de Lena, mas as palavras não lhe deixaram os lábios.

-E veja você, mais bela e casada.

Kara baixou a cabeça com um pequeno sorriso. Casada com Mike, aquele que estava lá do seu lado quando Lena se foi, que lhe deu conforto e ombro, sem se importar se toda a sua tristeza e desleixo com a própria vida devia-se unicamente a partida de Lena Luthor para Nova York. Ele sempre pareceu paciente com ela, e ela o amava. Tão logo apenas ele a restava, e Lena foi tornando-se uma lembrança de dias inesquecíveis. E por mais gasta que tal lembrança fosse, ela nunca se rasgava, nunca se desintegrava, nunca ia embora completamente.

Lena Luthor estava pela TV, pelas revistas, pela mídia toda, pelas bocas das pessoas. A Lena Luthor bilionária e bem sucedida, um grande orgulho da família Luthor. Mas não a Lena que a beijou, que lhe deu uma máquina fotográfica de presente para que ela pudesse capturar os mais belos momentos de sua vida. 

Não a Lena que lhe deu um belo colar no dia dos namorados quando na verdade elas nem namoravam, não que Kara tenha dito. Não a Lena que a levou para ver um belo festival de pipas, e que a fazia ver a esgrima com outros olhos e achar mais interessante após começar a ver a morena lutar e dedicar suas vitórias a ela. Aquela Lena parecia fazer parte de Kara, como um personagem em um livro.

-Pois é... Quem diria?

Respondeu um pouco desconcertada. Porque era mesmo desconcertante falar de seu matrimônio com Mike justamente com Lena Luthor. Justamente com ela que notoriamente não se dava bem com ele antes por causa dela mesma, Kara. Embora fosse passado como Lena parecia estar gostando de afirmar, ainda era desconcertante.

-Tudo certo entre nós?

Lena perguntou estendendo a mão para Kara como quem sela alguma espécie de acordo. A Luthor nunca disse por que não queria retornar para National City, mas aquilo se devia a loira que estava a sua frente. National City a lembrava, e ela lembrava o que as duas tiveram, e isso a lembrava de como acabaram o que acabava lembrando-a de ter sido negada. Mas ali, tentando por as coisas em ordem, ela esperava deixar para trás todo e qualquer ressentimento.

-Tudo certo.

Kara respondeu finalmente apertando a sua mão, e assim elas buscavam deixar qualquer mágoa do passado no passado. Não que a loira tivesse mágoa da Luthor, o que ela sempre quisera fora uma oportunidade para dizê-la que nunca fora sua intenção machuca-la. E mesmo que tenha demorado, estava ali a tal oportunidade. Lena pagou a conta e elas saíram lado a lado até a morena se adiantar e abrir para Kara a porta do carro que havia alugado.

Kara perguntou sobre o trabalho de Lena e ambas seguiram falando disso durante o percurso, vez ou outra o olhar de Kara que estava sobre as ruas pelas quais passavam ia de encontro ao rosto concentrado da outra. Prestando atenção nas expressões que seu perfil fazia e quando vez ou outra seus lábios cobertos por um batom vermelho faziam uma leve curva.

O tempo havia mesmo favorecido a Lena Luthor e Kara nem sabia que isso era possível. Pensou honestamente que ela já havia atingido o auge de sua beleza quando a conheceu, na primeira vez em que a viu, ela estava concentrada em alguma leitura na biblioteca o que permitiu Kara continuar a observar a sua beleza. “Ela é uma Luthor. Lena Luthor” foi o que Winn a disse quando a viu olhando para Lena Luthor no refeitório.
 

Mas alguém rodeada de garotas e tão linda e aparentemente perfeita como Lena Luthor jamais prestaria atenção em alguém como ela, como Kara Danvers. Apenas de ver Lena Luthor passar por ela a fazia sentir vergonha de usar óculos. Kara Danvers nunca chegou a sonhar com alguém como Lena Luthor numa tentativa de ser precavida e desde que botara os pés no chão, nunca mais a olhou como se quem sabe pudesse ter sua atenção.

Depois de todo o desfecho dramático e doloroso do que aconteceu entre as duas, Kara passou um bom tempo sem qualquer informação de Lena. Mas depois de algum tempo, de repente Lena Luthor estava nas revistas, estava trabalhando nos negócios da família e a Lena Luthor das fotos parecia mais bela do que nunca. Como Kara pensou que jamais fosse possível, e vendo-a ali pessoalmente ela podia confirmar aquilo. Estava errada ao achar que Lena estava no auge de sua beleza na época do colegial.

-Chegamos.

A morena anunciou despertando-a de seus devaneios e constatações. Ela sorriu para Lena e começou a desfazer-se do cinto de segurança.

-Obrigada pelo café.

Agradeceu com mais um sorriso que Lena tratou de devolvê-la. Toda aquela situação era estranha para Kara, mas ela estava fingindo que não. Lena Luthor se desfez de seu cinto de segurança e dera uma volta abrindo a porta do carro para a loira. O gesto fez suas bochechas corarem mesmo que sem qualquer intensão, o que gerou um sorriso torto e pequeno no canto esquerdo dos lábios da senhorita Luthor.

-Obrigada.

A loira disse outra vez saindo do carro, Lena fechou a porta e outra vez elas pareceram frente a frente.

-Disponha. 

Lena respondeu e ainda que um pouco hesitante puxou a outra para um abraço claro de despedida.

-Eu fico feliz que esteja bem, Kara.
Disse sincera.

-E eu adorei revê-la.

Kara respondeu sentindo o perfume de Lena enroscar-se sorrateiramente em seu nariz.

-Posso dizer o mesmo.

A Luthor respondeu quebrando o abraço, o sol estava se pondo. Era um daqueles belos finzinhos de tarde onde o céu pode ficar com nuvens rosa ou alaranjadas. A luz do pôr do sol refletia-se na pele pálida de Lena e fazia seus olhos verdes parecem mais belos e intensos.

Kara olhou para o lado apenas tentando quebrar aquela bela imagem à sua frente, mas quando a olhou novamente, uma mecha de seu cabelo balançou frente ao seu rosto e automaticamente a loira tratou de devolvê-lo para trás de sua orelha. Ela tinha de ir, sabia. Tinha de entrar e Lena entraria naquele carro novamente e então logo voltaria para Nova York. Deveria ser esse o curso natural das coisas.

Mas ela só queria vê-la de perto mais um pouco, embora tenha desviado o olhar por não aguentar sustentá-lo na mulher à sua frente. Bela como uma obra de arte, uma beleza estupidamente exagerada. Kara sorriu com aquele pensamento e então apontou para o lado direito como quem diz que vai entrar em casa e Lena apenas acenou positivamente com a cabeça.

Kara dera apenas um passo em direção à própria casa quando ouviu a voz da senhorita Luthor lhe invadir os ouvidos e depressa se virou para fitá-la.

-Kara?

-Sim?

A Luthor olhou para frente, bem para onde o sol parecia estar se pondo, embora ela estivesse ciente do olhar questionador da outra sobre si. Lena travou a mandíbula e ainda olhando para frente a perguntou:

-Você é feliz?

E finalmente olhou para Kara de volta, essa que por sua vez parecia surpresa com a pergunta. Franziu o cenho e abriu a boca para responder, fechou novamente e nenhuma resposta veio. Então deu um pequeno sorriso confuso antes de realmente responder.

-Bem... Eu não sei, eu... Acabei de acordar praticamente, não deu tempo...

-Não. Eu digo. Antes de tudo, antes de dormir por tanto tempo. 

Kara mordeu o lábio inferior e em sua expressão Lena Luthor enxergou que ela não sabia respondê-la ou talvez simplesmente não quisesse. O que era um direito seu. Pensando assim Lena sorriu mais uma vez e se afastou de Kara aproximando-se do carro.

-Tenha uma boa noite, Kara. Foi bom reencontrá-la e satisfatório vê-la realmente bem.

Foram suas últimas palavras antes de entrar no carro novamente e dar partida, Kara ficou observando o carro de cor preta ficar pequeno até que ela não conseguisse mais vê-lo. O vento ao seu redor cheirava ao perfume de Lena e era como se ele estivesse dançando ao seu redor quando na verdade, o seu cheiro não estava apenas no vento, mas também estava em sua roupa. Leve, ela quase não podia senti-lo em sua blusa, mas ela o sentia, mesmo com toda a discrição. 

Feliz... Ela estava feliz? Perguntou-se entrando em casa, Mike não estava na sala, fora até a cozinha e encontrara um bilhete seu com palavras que diziam que o bolo estava delicioso e que ele havia ido fazer compras. Ela sorriu e subiu para o quarto, sentou-se na cama repassando os momentos e as palavras ditas de sua recém-saída com Lena Luthor. Um suspiro escapou-lhe por entre os lábios e automaticamente ela levantou e agachou-se tateando algo debaixo da cama até encontrá-la.

Kara sentou-se no chão e a pôs em cima de suas pernas, curiosamente parecia mais limpa do que deveria realmente parecer, mas ela não estava reclamando. Com cuidado tirou a tampa e os encontrou. Todos aqueles objetos outra vez, há quanto tempo não os olhava? Muito. Mas ela sentia que fazia muito mais tempo do que realmente parecia, na verdade, aquela caixa deveria ter ido para o lixo como uma forma de provar sua libertação pessoal.

Mas aqueles objetos não eram apenas objetos, aquelas coisas todas, não eram simplesmente coisas. Cada objeto tinha um momento, e nenhum daqueles momentos era ruim por mais doloroso que fosse lembra-los durante certo tempo. Quanto às revistas, eram mesmo as únicas ali que não representavam belos momentos nem guardavam boas lembranças. Mas ela estava ali, estampada em suas capas e de alguma forma a loira queria saber como era o seu rosto na atualidade da época na qual comprou aquelas revistas e as escondeu como se fossem drogas.

 “Eu sinto. Você sente? Agora eu transbordo. Você transborda? L. L.”.

Kara leu mentalmente ao desdobrar o papel com cuidado. O pôs de lado e pegou a tulipa vermelha morta com um cuidado redobrado lembrando-se de quando havia a ganhado.

-Kara Danvers você está pronta?

Lena perguntou entrando em seu quarto com um sorriso enorme no rosto, ela estava linda. Kara se permitiu constatar, já ela, estava nervosa, fazia trinta minutos que estava frente ao espelho perguntando-se se estava devidamente apresentável.

-Acho que não. Você tem certeza que isso não é demais Lena? 

Perguntou incerta e a morena se aproximou pegando em sua mão e fazendo-a rodar em torno de si mesma.

-Olhe para isso. Apenas olhe para você.

Luthor respondeu posicionando-a frente ao espelho novamente, mas daquela vez estava atrás dela, com suas mãos em sua cintura e seu queixo no ombro da loira com um sorriso nos lábios.

-É a garota mais bela de toda a National City e meus pais irão ficar encantados com você, como eu fiquei quando pude me permitir prestar atenção na pessoa maravilhosa que você é. E é claro que eu tenho certeza disso, é o meu jantar de aniversário e eu quero que celebre comigo. 

Lena Luthor respondeu virando Kara para si novamente e dando-lhe um beijo rápido nos lábios após acariciar o seu rosto. Kara estava nervosa por ir conhecer a família Luthor formalmente, ela não quis dizer para Lena que aquilo é coisa de quem namora quando elas em fato não estavam realmente namorando. Mas por que ela faria aquilo? Era o seu aniversário e vê-la alegre como uma criança não tinha preço.

-Mãe. Pai. Mano. Essa é Kara Danvers a minha futura esposa.

Ela disse quando apresentou à loira, abraçando-a. Parecendo muito orgulhosa de suas palavras.

-Lena!

Kara disse sem graça sentindo que suas bochechas deviam estar avermelhadas. Ficou nervosa na companhia dos Luthor, queria passar a imagem de ser uma garota legal, mas ela nem conseguia se achar a altura de Lena. Eles foram cordiais e educados e Lena nunca pareceu tão feliz, antes que Kara se fosse. Ela a puxou para um beijo antes de olhar para os lados para checar se estavam sozinhas no jardim e no final, deu-a uma tulipa vermelha das que tinham ali perto.

-Não vai dizer que está dando uma flor para uma flor, vai?

Kara perguntou fazendo-a rir enquanto acariciava o rosto da loira que tinha o olhar na tulipa em suas mãos.

-Não. Eu vou dizer que ela é um jeito romântico de dizer que eu a amo.

Fora a primeira vez que Lena Luthor verbalizara aquelas palavras para Kara que se lembrava de sentir como se seu coração estivesse transbordando. 

“Você é feliz?”

“Antes de dormir por tanto tempo.”

 


Notas Finais


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