História Agridoce - Coffe

Suho pegou a bombinha da bolsa e respirou fundo o remédio que o ajudava a respirar melhor. Suas mãos suavam enquanto ele e Minseok esperavam Kris voltar para explicar o que estava acontecendo e se Chanyeol estava bem. Ele podia ver o rosto de Min escurecido pelo medo e seus olhos brilhantes por lágrimas não derramadas. O gatinho parecia estar preso dentro da própria mente, esquecendo até mesmo da presença de Suho.

Kris apareceu no corredor, radiante, fazendo com que Minseok pulasse do banco cheio de nervosismo. Correu até os dois de maneira animada pegando Min no colo.

- Ele está acordado! Quer ver você! – Com o menino no colo correu deixando o pequeno Suho perdido para trás. O gato persa tentou acompanhar correndo atrás dos dois, mas acabou se perdendo no meio de tantos enfermeiros e doentes por todos os lados. Assustado por estar sozinho ele agachou-se ao lado da porta do banheiro e ficou ali esperando seu tutor voltar quando desse conta do seu sumiço. Suas orelhas se abaixaram de maneira triste e Suho fungou tentando não chorar, afinal ele era um gatinho forte.

No quarto, Minseok sorria para um Chanyeol sonolento. A mão pesada do confeiteiro acariciou as orelhas ruivas de Minseok que ronronou satisfeito por ter seu Chan Hyung de volta.

- Onde está Suho? Aposto que ele não cresceu tanto, assim como você. – Chanyeol riu baixinho da cara emburrada de Minseok. Não importa quantos anos tenha, ele sempre vai ser um gatinho fofo. O híbrido se prepara para retrucar, mas se vira para Kris percebendo...

- O Myeonnie! Ele ficou para trás! 

- Suho! – Kris corre até o corredor gritando pelo gatinho perdido, desesperado e xingando a si mesmo mentalmente. Mesmo relutante, Minseok o segue buscando o amigo por entre os desconhecidos. Suas orelhas captam os sons e bem abaixo de todas as outas ondas sonoras ele escuta o choro baixo de Suho.

Seguindo o som ele encontrou Suho e agachou-se ao seu lado sorrindo para o rosto úmido de lágrimas do gato persa. Seus braços envolvem o amigo, trazendo o corpo dele para se aconchegar em seu peito.

- Está tudo bem Myeonnie! Eu estou aqui. – O gato agarra o corpo de Minseok com força, como se tivesse medo de que ele fosse o deixar a qualquer momento, chora se lamuriando e falando finalmente tudo o que guardou em seu pequeno coração. O quanto sentia falta do amigo e do quanto ele se odiava por odiar Chanyeol e seu ciúme irracional da pessoa do confeiteiro.

Minseok se sente um idiota por ter esquecido por tanto tempo que não estava sozinho. Se enquadrou durante quatro anos em uma solidão ilusória, quando por tanto tempo Suho esteve ali. E agora podia ver o estopim de tudo, quando ficou cego de felicidade ao ter seu Hyung de volta, deixando seu amigo para trás. Suho sentia seu coração esgotado, enxugando as lágrimas ele tenta se afastar de Minseok, que não permite ainda com os braços em volta do hibrido.

- Suho! – Kris surge empurrando as pessoas pelo caminho e correndo até seu gatinho. Ele tira o híbrido de Minseok e segura Suho em seus braços com o coração batendo forte de desespero. – Nunca mais suma desse jeito! Eu fiquei tão preocupado! – O gatinho enfia o rosto na curva do pescoço de Kris e ronrona como um pedido de desculpas. Minseok assistia cena tentando controlar os próprios instintos, como o de arranhar a cara de Kris por ter tirado Suho dele.

O grupo segue até o quarto de Chanyeol que os recebe com um olhar preocupado. Ele sorri para Suho, que aceita um carinho em suas orelhas e descansa no colo de Kris. Minseok se aproxima de Chanyeol e sobe na maca, ainda emburrado por ter sido afastado de Suho. No entanto, naquele momento, Minseok sentiu como se finalmente as peças se encaixassem novamente em sua vida.

 A massa era espremida por suas mãos sob o olhar atento de Chanyeol que sorria a cada avanço culinário do gatinho. O hibrido sorriu animado só de pensar que seu Hyung iria comer algo feito por ele. Fazia algumas semanas desde que havia visitado Minseok e Chanyeol em sua casa nova e adaptada, já que depois de acordar, o confeiteiro descobriu que não poderia mais andar. 

Como se isso fosse afastá-lo da cozinha!

Chanyeol usou sua poupança para comprar uma casa nova e reforma-la de acordo com suas necessidades de confeiteiro. Inesperadamente Suho tornou-se uma espécie de aprendiz extremamente dedicado, mesmo que ainda novo demais para chegar perto demais do fogão, segundo Chanyeol.

Minseok estava no balcão, desenhando e apreciando o cheiro do recheio que o confeiteiro já preparava para os pãezinhos favoritos de seu gatinho. Ele levantou o rosto rapidamente, admirando o rosto sujo de farinha do seu Dongsaeng que balançava a calda animado a cada novo ensinamento de Chanyeol. Min mexe as orelhas, acompanhando a conversa entre professor e aluno, capta também o barulho do carro do Yifan Hyung chegando do mercado e corre até a porta para ajudá-lo.

Suho sobe as escadas a pedido de Chanyeol, para se lavar para o lanche. O confeiteiro afirma que pode terminar tudo sozinho e observa seu pequeno aluno correr para obedecer. Ao longe ele escuta a risada de Minseok e os passos pesado de Kris no assoalho. Ele se move pela cozinha espaçosa arrumando os ingredientes em seus devidos lugares e mexendo o recheio que seria usado para os Baozi.

- Hyung! Você faz cappuccino para mim? – O gatinho chega a cozinha carregando uma sacola seguindo Kris que caminha até a geladeira.

- Se Chanyeol deixar, eu faço sim. – Ele observa o amigo pelo canto do olho que faz uma careta na hora.

- Nem pensar, Wu! Minseok é novo demais para tomar café. – O confeiteiro diz rapidamente e o híbrido faz uma carinha chorosa de indignação.

- Mas eu sempre tomo café com bolinhos a tarde, Chanyeol Hyung.

Chanyeol bufa, sabendo que Minseok se viciou em café depois de passar tantas tardes naquele hospital ao seu lado. Ele se culpava por seu pequeno gatinho ter ganhado peso e centenas de vícios e medos após o acidente. Não havia uma noite em que Minseok não fosse dormir junto de Chanyeol, depois de ter um pesadelo. Por isso mesmo ele resolveu fazer vista grossa quanto a alimentação e a rotina de Minseok, que não gostou muito das mudanças, mas pareceu ser menos teimoso do que quando era mais novo.

O confeiteiro percebe a carinha chorosa do gatinho e limpa as mãos, chamando-o para o colo. Min se aconchega em Chanyeol sem pestanejar, ronronando com o carinho em suas orelhas. Kris sorri para o amigo que aponta as escadas indicando onde Suho estava e volta a brincar com as orelhas ruivas de Minseok.

- Eu só quero ver meu gatinho saudável, tudo bem? Não me veja como alguém mal, Minnie. – Ele diz.

- Eu não acho o Hyung mal. Você é o melhor. Prometo que não tomo mais café e nem peço para o Kris Hyung fazer cappuccino. – O híbrido se agarra em Chanyeol, com medo de tê-lo irritado.

- Quando você for maior eu prometo que vai poder tomar café o quanto quiser. – Diz beijando os cabelos ruivos do gatinho com carinho – Agora vai brincar com Suho, ele veio aqui para ficar com você e acabei tomando tempo demais com ele e diga para Kris vir falar comigo, sim? – Min acena e corre até o quarto que já é praticamente de Suho.

Ele espreita a entrada do quarto e observa Kris enxugar os cabelos de Suho, cantando algum rap de sua própria cabeça. Quando termina ele beija o topo da cabeça de Suho e o veste como sempre. Min franze o cenho achando estranho, já que o gato persa já tem idade para fazer isso sozinho, mas ele não parece se importar em ser tratado como alguém mais novo.

- Minnie? Precisa de alguma coisa? – Kris está olhando para a porta e Min se sente tímido por ter sido pego. Suho estava o encarando com olhos curiosos e um sorriso pequenino nos lábios. Ele sempre foi contido com seus sentimentos tomando cuidado com todos ao redor, mas nunca foi assim com Minseok. Suho sempre havia sido sincero em relação ao melhor amigo, mas de uns tempos para cá ele vem sentindo que Myeonnie estava diferente.

- Chanyeol Hyung está te chamando lá em baixo. – Fala tentando esquecer o constrangimento

- Certo. Está pronto, Suho. – Kris beija a bochecha de seu gatinho e sai do quarto, deixando os dois híbridos sozinhos. Minseok volta a encarar Suho, que estranha o olhar escrutinador de seu Hyung.

- Tem alguma coisa no meu rosto, Min Hyung? – Ele pergunta de maneira inocente. Minseok cora sem saber o motivo realmente e balança a cabeça, entrando no quarto.

- Não tem nada. – Ele sobe na cama e se deita com a cabeça no colo de Suho, que tenta evitar o susto com a aproximação repentina. Há quanto tempo eles não ficavam desse jeito, apenas apreciando a companhia um do outro? Hesitante, ele põe as mãos nos cabelos de Minseok e desliza os dedos pelos fios macios, escutando seu Hyung ronronar baixinho em seu colo. Suho sempre admirou o quão entregue Min era a toques tão sutis em seus cabelos e principalmente atrás das orelhas.

- Myeonnie? Você me perdoou? – Os olhos felinos de Minseok estavam abertos, fitando atentamente o rosto de JunMyeon. Seu JunMyeon.

- Eu sempre quis saber... Por que você me chama assim e não pelo nome que o Kris Hyung me deu. – Ele continua a acariciar os cabelos de Minseok, que não consegue segurar o barulho que sua garganta solta de maneira involuntária. Suho sorri e intensifica os movimentos fazendo Min se contorcer em seu colo, adorava ver seu Hyung satisfeito com seu carinho.

- Porque esse foi o nome que eu escolhi. – Diz manhoso devido ao carinho. Suho arregala os olhos não entendendo nada do que ele dizia e para de mexer nas orelhas de Minseok.

- Mas esse nome quem me deu foi minha primeira família. – Ele exclama.

- Fui eu. – Minseok insisti – Quando eles chegaram para adotar você, eu já estava lá. – Suho estava sem palavras. Min se levanta do colo do amigo e segura sua mão de maneira tímida. – No abrigo, eu já estava lá, você era tão pequenininho, fofo e frágil e eu gostava de brincar com você. Quando a família Cha chegou para levar você, eles não sabiam que nome te dar, então eu disse que já tinha te dado um nome e eles escolheram deixar como estava. JunMyeon. É um nome bonito, eu tinha um irmão de ninhada que se chamava assim.

- Você está falando sério, Hyung? – Suho aperta a mão de Minseok, sentindo o coração acelerar.

- Estou sim. Você não acredita em mim? – O gato persa percebe o olhar magoado do amigo e trata de desfazer o mal-entendido imediatamente.

- Não é isso, Min, mas é que eu nunca soube disso! Isso é... Eu... estou confuso. – As orelhas dele se abaixam, se sentido acuado com o sentimento que parece querer transbordar naquele momento. É forte demais. Minseok não entende nada, mas ao ver que seu Dongsaeng parece triste, ele logo o abraça, sentindo o coração com uma dorzinha desconhecida.

- Se você quiser, eu não te chamo mais assim. Se você prefere o nome que o Kris escolheu eu...

- Min Hyung. – Suho interrompe Min fitando-o seriamente. Suas mãos seguram o rosto do amigo, que sente suas bochechas arderem e o calor do nervosismo percorrer seu corpo. – Eu acho... eu acho que... – As palavras se perdem na garganta de JunMyeon, que esperava o amigo se afastar. 

E o contrário acontece, ao perceber o rosto de Minseok se aproximar, os narizes se encostarem e o gato persa ronrona ao sentir o nariz do amigo descer por sua pele até seu pescoço. Minseok esfrega o rosto e as bochechas na pele de Suho, que treme e retribui o carinho, também esfregando o rosto na pele do Hyung. Os dois rolam pela cama se acariciando e ronronado satisfeitos pela reconciliação, no fim acabam abraçados coma as caudas entrelaçadas e os corações batendo juntos. 

Ainda é cedo demais para que esses filhotinhos nomeiem seus sentimentos. 

Kris, o intrometido espiava pela porta a mando de Chanyeol, que ficava cutucando o amigo pedindo que ele diga o que está acontecendo. Os dois esperavam que seus gatinhos voltassem a se tratar como antes e, depois dessa tarde, talvez as coisas talvez voltem a ser como eram, talvez até melhores.

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- Myeonnie?

- Hum.

- O Baozi já está pronto?