1. Spirit Fanfics >
  2. Além do Desconhecido - BakuDeku (ABO) >
  3. O observador

História Além do Desconhecido - BakuDeku (ABO) - O observador


Escrita por: GowtherLust

Capítulo 7 - O observador


Fanfic / Fanfiction Além do Desconhecido - BakuDeku (ABO) - O observador



- Ca-caçar? Tipo, eu e você? - Perguntou incrédulo.

- Sim, você sempre quis isso, certo?

- S-sim, mas… como vamos fazer isso? Digo, sou um ômega, não tenho um terço da força de vocês.

- Não precisa usar a força bruta, tente acertar alguma área vital do animal com suas garras. Você tem coragem de matar um? 

- Claro que sim! - Falou confiante.

- Ótimo! 

- Vamos quando? 

- Acho que uns dois dias serve para eu melhorar. Estou bem detonado! – Apontou para seus braços.

- Verdade, me empolguei demais e esqueci que está machucado. - Riu envergonhado.

- Bem… tenho que voltar para minha tenda, tenho que consertá-la ainda.

- Espera, deixa eu te ajudar!

- Tem certeza? Você também está machucado, não pode se esforçar muito.

- Você está muito pior! – O ouviu rindo.

- Então está certo!

    Os dois caminharam conversando animadamente até a tenda de Bakugo. No percurso, Midoriya ainda estava empolgado com a ideia de finalmente sair para caça, sonho esse que já tinha desistido. O medo também estava presente no coração dele ao lembrar do que houve da última vez em que saiu da tribo, mas quando estava perto de Bakugo se sentia seguro e tinha certeza que ele o protegeria.

- Midoriya, que saudades meu querido! - Abraçou ele animada. - Fico tão feliz que você e meu filhote tenham se entendido e aquela biscate tenha sido mandada para bem longe.

- Aí não, e lá vamos nós. - Bufou colocando a mão na testa.

- Oi senhorita Mitsuki, também senti saudades. E quanto a mim e o Bakugo, ainda estamos nos entendendo. - Disse sem jeito.

- Que coisa boa, isso torna possível realizar o jantar que planejava.

- Jantar?! 

- Mãe, se manda daqui!

- Cala a boquinha filhote. - Fuzilou ele com o olhar. - Continuando, eu faria uma confraternização de amigos com sua mãe e outras colegas nossas, mas decidi fazer um jantar entre famílias. - Ignorava os rosnados de seu filho.

- Nossa que legal, minha mãe tinha comentado sobre isso, mas não sabia que o convite tinha sido estendido a mim. - Sorriu largo.

- Claro que você não podia faltar meu genr… 

- MÃE!!! - A interrompeu antes que ela falasse demais.

- Tá, tá, estou indo. Até mais, vê se melhora o humor desse rabugento. - Começou a caminhar até que parou momentos depois e se virou levemente. - E antes que eu me esqueça filhote, se gritar comigo de novo eu corto seu pau e faço você o comer. - Pisco voltando a andar.

- Sua mãe realmente continua a mesma! – Riu baixinho pela irritação dele.

- Não liga para o que minha mãe disse Midoriya, ela é louca! – Ambos caminharam até sua tenda, com ele buscando alguns materiais em uma pequena caixa. – Aqui, esses materiais devem servir!

- Wow, quanta coisa!

- Quando se é um alfa que briga com metade da tribo, é sempre bom estar preparado para essas situações! – Girou o dedo apontado para o redor. – Eu vou erguer essas sustentações de madeira e você costura o tecido ao redor delas, tudo bem? – Obteve apenas uma confirmação.

    Bakugo ia colocando algumas barras de madeira e as fixando no chão, mesmo que essa tarefa simples estivesse sendo difícil devido aos seus ferimentos. Midoriya ia costurando o tecido ao redor dessas barras de madeira, retornando o formato anterior da tenda aos poucos. Passaram quase a manhã toda naquela situação. Vez ou outra trocavam algumas palavras de duplo sentido, o que os deixava levemente excitados. Se não estivessem tão feridos, Midoriya tinha certeza que Bakugo já teria avançado em si.

- Prontinho, acho que isso deve ser mais do que o suficiente! – Limpava o suor que escorria de sua testa.

- Bakugo, tô com fome! 

- Eu percebi, quase fiquei surdo com o barulho de sua barriga. - Gargalhou pela cara de bravo dele.

- Que exagerado... Quer vir no refeitório comigo?

- Adoraria! – Aproximou-se de Midoriya, olhando fixamente para os lábios dele por alguns segundos, até que respirou fundo e saiu da tenda, já que ainda era cedo para aquele tipo de contato. – Por que tão nervoso?

- É-é que... essa é a primeira v-vez depois de tudo que aconteceu que... que... andamos juntos assim.  – Sorriu corado.

- Isso é ver- Foi interrompido ao ser empurrado por alguém.

-  Aaaaah, finalmente conheci você! - Disse animado o analisando.

-  Hmmm... Já nos vimos antes? 

- Não, não, me chamo Togata Mirio, sou da tribo de Lazuli. Já estava acreditando que era mentira o fato de aqui ter um ômega macho e eu ainda não ter cruzado com ele. - Falou com fascinação.

- Ah sim, você deve ser um dos visitantes. Me chamo Midoriya Izuku, prazer! - Estava sem jeito pelo olhar que recebia dele.

- Me diz, você tem todas as partes de homem?

- Co-como a-assim?! 

- Me referi se tem um piupiu. - Falou de maneira infantil.

- Ei cara, que tipo de pergunta é essa? – Soltou um leve rosnado, puxando levemente Midoriya para perto de si. - Melhor você cair fora daqui antes que arranje problema.

- É Mirio, que tipo de pergunta é essa? - Tamaki se aproximou dele rosnando.

- Ca-calma gente, só estava curioso, não quis ofender ninguém. 

- Hmmm, e ele tem cheirinho de morangos! - Constatou Nejire perto do pescoço de Midoriya, que só a notou agora ali.

- Aaaaaah. - Midoriya se afastou assustado.

- Ei garota, você também, cai fora! – Bakugo a fuzilou com o olhar.

- O ômega masculino realmente é bem bonitinho, excedeu minhas expectativas. - Piscou para o Midoriya.

- Repete isso garota e você vai ficar sem os olhos!

- Com os braços desse jeito? Duvido você conseguir! - Afrontou o vendo rosnar vindo até si.

- Bakugo calma! – Pediu Midoriya o vendo rosnando. Ficou surpreso ao reparar que a garota a sua frente era alfa. – Woww, você é alfa?

- Sim, me chamo Hado Nejire! – Sorriu largo na direção dele. – Nós dois somos dois resultados inesperados, não é mesmo?! – Foi puxada pelo ouvido.

- Gente vocês são muito indelicados! – Puxava a orelha de Mirio e Nejire. - Peço desculpa pelas atitudes e palavras dos meus amigos. - Fez uma leve reverência.

- Tudo bem, foi legal conhecer vocês! – Midoriya sorriu levemente na direção dele. – É a primeira vez que vejo pessoas de outra tribo. Gostei de vocês! – Disse animado deixando Tamaki corado.

- Minha nossa, ele deixou o Tamaki corado! – Sussurrou Nejire surpresa.

- O-obrigado... – Disse tímido, virando-se para ir embora.

- Qual o seu nome moço? – Perguntou Midoriya antes que ele fosse embora.

- Me chamo Tamaki Amajiki!

- Você deixou meu bebe corado, impressionante! – Disse Mirio sorrindo largo.

- Eu mereço o líder que tenho... – Revirou os olhos.

- Espera... você é um... LÍDER? - Midoriya ficou chocado com a descoberta.

- Nem parece né?! - Nejire segurava a risada.

- Gente assim vocês me quebram na frente dos outros. - Suspirou Mirio derrotado.

- Vamos logo, tenho que comer enquanto ainda tenho humor para isso. - Chamou Tamaki.

    Aqueles três deixaram Midoriya bem surpreso de diversas formas naqueles poucos minutos que conversaram. Não iria negar que ficou surpreso ao saber que Mirio era o líder de outra tribo, já que na sua cabeça quando se fala em líder vem a mente uma pessoa muito mais velha. Midoriya também se perguntava se Nejire sofreu ao se tornar uma alfa feminina, querendo conversar com ela depois de maneira mais tranquila se tiver a oportunidade para tal. Bakugo instintivamente segurava a mão de Midoriya, pois tinha se sentido ameaçado com a proximidade de todos aqueles alfas. Midoriya não iria reclamar, apenas seguindo até o refeitório.

- Bakugo... você ficou com ciúmes naquela hora? – Perguntou ao terminar de comer.

- Claro que sim, não quero ninguém te cheirando por aí ou fazendo perguntas inconvenientes!

- Quanta possessividade! - Apertou a bochecha dele o vendo ficar corado. – Sempre gostei da forma como você é direto sobre as coisas que te incomodam. O que achou deles?

- Deles quem?

- Dos visitantes.

- São bem... complexos. Cada um ali possui algo único e ao mesmo tempo são únicos por estarem juntos!

- Olha só, não sabia que era poeta! – Riu ao vê-lo fazer uma careta.

- Para Izuku! – Tentou levar a comida até a boca, falhando e derrubando um pouco. – Merda...

- Parece que seus braços chegaram no limite. Deixa que ajudo! – Levantou-se de onde estava antes que ele fosse negar, sentando-se de frente para ele e pegando sua comida. – Abre a boquinha assim ó: aaaaahh!

- Izuku mas que merda você ta faz- Foi cortado quando a colher entrou rapidamente em sua boca.

- Estou cuidando de um paciente adoentado, está incluso nas funções de ômega desde os velhos tempos! – Imitava uma voz de velho.

- Você tá zoan- Mais uma vez foi interrompido por outra colherada. – Para com essa porra!

- Desculpe! – Ria pela cara do outro de indignado.

 Depois daquele momento descontraído que tiveram durante a refeição, retornaram para a tenda de Bakugo onde descansaram um pouco e logo depois finalizaram os concertos. Bakugo ficou bem tentado em chamar Midoriya para dormir ali, mas sabia que não teria autocontrole e poderia acabar estragando tudo.

- Está entregue Izuku! – Disse ao chegarem na tenda dele.

- Obrigado, você é um cavalheiro! - Imitou uma voz fina.

- Somente nas horas vagas, na maior parte do tempo sou um safado. - Sorriu de ladinho. 

- Entra um pouco, deixa eu trocar essas faixas da sua orelha!

- Nã-não sei, sabe… está um pouco feio e tudo mais. 

- Não precisa ter vergonha, vem! - Puxou ele para dentro.

Os dois entraram na tenda e Bakugo se sentou na cama, esperando Midoriya buscar os materiais. Enquanto esperava, olhava tudo ao redor na tenda dele com mais calma, já que da última vez que esteve ali não teve essa oportunidade, pois foi embora bem rápido. Tudo estava muito bem arrumado e no devido lugar. Estava tão distraído olhando tudo ao redor que só percebeu que Midoriya tinha encontrado os materiais quando ele estava mexendo na faixa que cobria sua orelha para retirá-la. 

- E-espera... – Bakugo segurou na mão de Midoriya, o impedindo de retirar o curativo. – A-acho que voc-você não vai gostar!

- Está tudo bem, não vou desmaiar se é disso que tem medo! – Conseguiu retirar o curativo, vendo no local apenas o buraquinho do ouvido, mas sem a orelha. O ferimento ao redor já contava com uma casca. – Seu ferimento foi ontem e já tem uma casquinha formada, a regeneração de vocês é impressionante. – Passava as ervas com cuidado para não magoar o ferimento. - Prontinho, agora tira a blusa para eu passar o remédio nos cortes.

- O que? - Ficou nervoso com o pedido.

- Tira a blusa Bakugo!

- Midoriya não pre...

- Não começa, tira de uma vez ou eu tiro a força! – Cruzou os braços fazendo um biquinho e vendo o outro rindo.

- Tá bem, tá bem, o senhor é quem manda! - Retirou a blusa a colocando do seu lado na cama.

    Midoriya observava os ferimentos de Bakugo que assim como os de sua orelha já estavam quase todos cicatrizados. Trocava as faixas dos ferimentos de seus braços, abdômen e pescoço. Enquanto fazia isso, podia notar o semblante leve no rosto de Bakugo que apenas lhe observava sem dizer uma única palavra. Midoriya sabia que alfas adoram ser cuidados por pessoas que sentem apreço ou, sendo mais específico, que estão apaixonados. Terminava de fechar as faixas dos ferimentos das costas de Bakugo quando notou uma cicatriz de outros ferimentos antigos dele, tocando suavemente e o deixando arrepiado com o toque.

- Desculpa!

- Tudo bem, só seja rápido. 

- Como tem tantas cicatrizes? Achei que somente danos severos deixavam alguma.

- Na maior parte sim, mas danos causados por outros alfas tendem a deixar algumas marcas.

- Ah sim, entendi... já terminei! - Se afastou dele.

- Valeu! - Sorriu largo, vestindo novamente sua blusa. – Ficaram mais bem feitas que as minhas.

- Não tem de quê!


///// Uma semana depois ///// 

 

    Os ferimentos de Bakugo já estavam todos curados, com exceção de sua orelha que ainda estava crescendo. O dia no qual tanto aguardou tinha chegado, o dia em que caçaria com Midoriya. Na semana que se passou pode se aproximar bastante de Midoriya, se vendo sempre que possível. Durante esse tempo, Bakugo também aproveitou para ir agradecer a todos os envolvidos que solucionariam a mentira de Todoroki e Camie. O cheiro de Midoriya cada dia estava ficando mais forte, porém o mesmo estava tão imerso no seu pequeno mundo que não percebia esse alarme de seu corpo. Bakugo ainda sentia Midoriya retraído em certos assuntos, entendendo a posição dele. Ao sair de sua tenda, sentiu o cheiro dele próximo, o seguindo.

- Midoriya? - Notou ele sentando ao lado de seus pais. 

- Oi, cheguei cedo! - Coçava a cabeça sem jeito.

- Estou vendo, assim como sinto sua ansiedade daqui. - Sentou ao lado dele.

- Filhote, estou surpresa que irá levar ele para caçar. Achei que seu ego de alfa não fosse permitir, estou orgulhosa! -  Disse a mãe dele.

- Bom, não fico incomodado do meu ômega... d-digo... de um ômega caçar e tudo mais. 

- Toma cuidado Midoriya, ele tende a ser bem desatento quando está caçando. - Masaru disse alfinetando seu filho que apenas revirou os olhos.

- Pode deixar senhor, vou ficar atento aos ensinamentos dele!

- Quanta empolgação! – Falou Masaru animado. – Me lembro da primeira vez que levei o Bakugo para caçar, ele estava bem estressado por ter acordado cedo! – Ria ao se lembrar da cena.

- Até hoje ainda fico... – Disse Bakugo. – Podemos ir Midoriya?

- Claro! Até mais! – Despediu-se dos pais de Bakugo.

    Os dois caminharam em silêncio até a saída mais próxima, passando por um campo de flores e já se aproximavam da floresta densa. Bakugo parou no lugar onde costumava deixar suas roupas, sentindo o nervosismo de Midoriya ainda mais intenso.

- Essa floresta parece que ficou mais assustadora do que na primeira vez que vim...

- Vamos deixar nossas roupas aqui! – Já retirava sua blusa e guardava dentro de uma árvore ali próxima.

- V-vamos ficar an-andando pelado pela floresta?

- De certa forma, sim. Deixar para se transformar apenas quando o perigo chega pode ser um erro fatal, sem contar que nossas roupas só atrapalham na fuga. – Explicava com calma. – E sua intimidade não vai ficar exposta, olha aqui! – Apontou para suas partes íntimas depois de transformado, vendo Midoriya de olhos fechados. – Olha logo Izuku!!!

- Tá, tá! – Abriu os olhos, não conseguindo ver o membro dele ou qualquer sinal da intimidade do outro. – Oh... sumiu! 

- Agora é sua vez. Consegue se transformar e manter ela por muito tempo?

- E-eu vou tentar... se vira pro outro lado! – Pediu vendo ele revirar os olhos, mas obedecendo. 

    Midoriya retirava suas peças de roupas uma a uma, sentindo os ventos da floresta batendo em suas partes e isso o deixava envergonhado. Se concentrou para iniciar sua transformação, ficando nervoso por estar demorando muito para acontecer. Depois de alguns segundos de tentativas frustradas, finalmente conseguiu se transformar.

- Prontinho!

- Nossa... você fica lindo desse jeito! – Disse com a voz mais grossa que o normal, deixando Midoriya corado. – Certo, primeira e única regra: Não saia do meu lado!

- Ce-certo!

- Vamos procurar por presas pequenas, já que é sua primeira vez e eu também ainda não estou cem por cento para caçar animais maiores! – Segurou levemente em uma das mãos dele. - Estou aqui e vou te proteger de tudo o que eu puder. Te salvei uma vez e se acontecer de novo eu te salvo novamente. Curta o dia e aproveite para fazer o que sempre quis. - Disse firme o vendo corado.

- O-obrigado pelo apoio! Vamos indo?!

    Caminhavam pelo solo da floresta, sentindo as folhas caídas sob seus pés. O tempo estava bem agradável, sem muito calor e sem sinais de chuva. Os sentidos de ambos estavam atentos ao mínimo barulho feito por um inseto a metros de distância deles. Bakugo tentava não ficar muito tempo olhando para Midoriya para não desviar seu foco, mas estava fascinado na transformação dele. A cauda peludinha e suas orelhinhas que mexiam de um lado para outro escutando os sons da floresta fazia Bakugo sorrir bobo. Depois de alguns minutos, chegaram a uma das áreas escolhidas. Ela estava cheia de animais de porte médio, eram parecidos com borboletas, mas tinham o corpo coberto por pelos e apenas uma cauda que se enroscava nas árvores ao redor.

- Esses bichos são bem rápidos no voo e tem muitos olhos, mas eles só conseguem te notar se você andar muito rápido! Localize seu alvo e no meu sinal nós dois pulamos juntos e pegamos eles, certo?

- Certo! – Concordou baixinho.

    Bakugo foi o primeiro a fazer sua aproximação, caminhando de uma maneira que mal fazia barulho, deixando Midoriya surpreso com a forma sorrateira que ele se aproximava de sua presa. Ao localizar a sua, Midoriya também começou a caminhar na direção dele, porém fazia muito barulho mesmo tentando ao máximo pisar leve no chão. Acabou pisando com muita força em um graveto, fazendo muito barulho e todos os animais dali começaram a bater suas asas, virando uma bagunça. Midoriya pulava de um lado para outro, errando todos os seus ataques e deixando seu alvo escapar.

- Aaaaahhh, eu estraguei tudo! – Choramingava, vendo Bakugo com uma presa em mãos. – Você conseguiu!

- Sim, mas só vamos voltar quando você conseguir a sua! 

- Não entendo como não conseguir pegar elas no ar...

- Esses animais liberam um odor quando estão em fuga que afeta os sentidos de distância. O efeito é passageiro, mas o suficiente para o predador, no caso você, ficar desnorteado e não conseguir o abate! – Explicava tudo o vendo com total atenção. 

- E agora? Ficamos aqui esperando eles voltarem?

- Vamos para outra área vizinha dessa!

- Preciso fazer xixi, um momento! – Correu para detrás de uma árvore.

    Enquanto Midoriya fazia suas necessidades, a atenção de Bakugo estava focada em todo o arredor, já que naquela localização, eles estavam bem dentro da floresta profunda. Uma nuvem cobriu o sol por alguns instantes, deixando os dois imersos em uma escuridão. Bakugo ainda conseguia enxergar com clareza, entretanto, uma sensação ruim passou pelo seu corpo e sua visão foca em um ponto aleatório da floresta, o deixando confuso. Um vento forte soprou da direção que olhava e de repente é afligido por um medo descomunal.


    “Por que... porque estou tremendo tanto?! Para de tremer... para de tremer...”


    Estava em conflito com os próprios pensamentos, ficando travado no lugar sem conseguir nem ao menos proferir uma palavra. Bakugo se esforçava para tentar normalizar seu corpo, mas seus instintos estavam descontrolados e davam um único alerta: Perigo. Não conseguia sentir nenhum cheiro, presença ou ver o que estava lhe causando aquela avalanche de sensações ruins que já estavam o sufocando. Uma vontade de chorar imensa afligiu o corpo dele e uma sensação que ele conhecia bem estava presente. A sensação de uma morte iminente. O pânico perfurava cada uma de suas entranhas, o fazendo sentir vontade de vomitar.

- Bakugo! Ei, Bakugo! Oiiiii!! – Chamava por ele que apenas focava em um ponto aleatório da floresta. – BAKUGO!!! – Deu um leve tapa no rosto dele.

- Mi-Midoriya? - Falou com a voz trêmula, olhando para todos os lados desnorteado. – O-o que ho-houve?

- Terminei e estou te chamando há um tempinho. Está bem? - Notou ele pálido, olhando para onde ele olhava antes. – O que tanto olhava ali?

- Na-nada... vamos logo embora daqui! – Forçou um sorriso, segurando na mão dele e o puxando rapidamente para fora dali.

- Uau, você está extremamente gelado! – Disse ao sentir o toque dele. – Vamos Bakugo, pode compartilhar comigo o que está te afetando! – Apertou suavemente a mão dele.

- Já disse... não foi nada! – Olhou para trás mais uma vez, finalmente saindo em uma área mais aberta. – Pronto, aqui deve servir!

- Sabe que para esse negócio dar certo entre nós precisamos ser sinceros um para o outro… não é? - Viu ele suspirar pesado.

- Não menti Midoriya, realmente não vi nada, mas... meus instintos ficaram totalmente descontrolados... como se algo fosse vir de algum lugar e me matar. Depois que você me chamou eu não senti mais nada. Não falei nada para que você não ficasse ainda mais nervoso com algo que pode ter sido coisa da minha cabeça.

- Entendo… bom, no mínimo sinal de perigo quero que me fale e vamos embora sem problemas. Sei que você vai me proteger de tudo que possa vir, mas não esqueça de se proteger também. - Alisou o rosto dele o vendo sorrir.

    Mesmo depois de todas aquelas sensações ruins terem ido embora, Bakugo ainda estava com os nervos à flor da pele. Seu pai sempre lhe disse para confiar em seu instinto de sobrevivência, já que ele consegue ver muito além dos cinco sentidos. Depois de um tempo acharam a área que Midoriya iria caçar. Ela estava cheia de bichinhos redondos e que lembravam o formato de um coelho, mas não tinham orelhas tão grandes e nem patas. Aqueles animais tinham um corpo bem gordinho.

- Achei eles fofinhos! – Disse Midoriya.

- Não se engane pela forma deles, toda aquela gordura esconde a outra cabeça deles.

- Wow...

- Uma dica essencial quando se vai caçar, fique um tempo observando as características de sua presa, as rotas de fuga que ela pode tomar e a periculosidade dela. Aquela cabeça está com olhos e eles nem piscam, mas quando você olha para outro! – Apontou para outro animal. – Aquele ali está piscando, sinal de que está acordado. Resumindo, quando você marcar seu alvo, deve imediatamente correr na direção dele e o abater antes que ele esconda sua cabeça verdadeira. O corpo desses bichos é muito difícil de ser ferido com garras ou força bruta devido ao formato gorduroso. Entendeu tudo?

- Sim... – Engolia em seco, nervoso.

Depois de um tempinho olhando tudo bem atento, Midoriya saiu correndo a toda velocidade atrás de um alvo. Todos os animais se espalharam, escondendo suas cabeças e saindo rolando. Midoriya ficou confuso porque tinha perdido seu alvo, mas avistou um letárgico que ainda não tinha retraído toda a sua cabeça. Correu rapidamente na direção dele e conseguiu atingir o pescoço dele com suas garras, o fazendo perder muito sangue e por consequência morrer em seguida.

- Parabéns Midoriya, você conseguiu! - Se aproximou dele sorriso largo.

- Sim, eu consegui! - Estava com os olhos marejados.

- O que houve? Você se machucou ou seus ferimentos abriram? - Perguntou preocupado sendo surpreendido por um abraço.

- Obrigado Bakugo! Muito obrigado por ter me ajudado. Eu estou muito feliz! – Midoriya percebeu a aproximação de Bakugo e quando menos esperou estava com seus lábios selados aos dele. O beijo não teve língua e foi rapidamente desfeito por Bakugo.

- Me… desculpe… mas é que não resistir. – Disse receoso de ter o desagradado.

- Tu-do bem… eu já queria um mesmo. - Sorriu tímido.

- Então bastava ter pedido um que eu dava rapidinho. - Mordeu os lábios.

- Mas aí qual seria a emoção de roubar um não é mesmo?! - Piscou para ele.

- Você está se mostrando um ômega muito safadinho Izuku.

-  Deve ser a convivência!

- Então acho que devemos conviver mais! – Alisou delicadamente o rosto dele. – Vamos embora, já, já deve anoitecer!

- Hum? Mas saímos bem cedinho! – Olhou para o céu, vendo que o sol já se punha. – Minha nossa...

- Ficaria surpreso como é fácil perder a noção do tempo quando se está na floresta. Vamos voltar por outra rota!

    Os dois iam conversando animadamente, com cada um carregando suas presas. Bakugo sentiu um arrepio na sua espinha novamente, mas dessa vez não teve coragem de olhar para trás. Agora ele realmente tinha a certeza de que estava sendo observado por alguém ou por algo, mas decidiu ignorar aquilo, já que no seu estado atual não poderia fazer muita coisa, então deixou quieto seja lá o que fosse aquilo. 


///// Próximo dali /////


- Morais, não acredito que você me fez andar tudo isso somente para ver o Izuku com o Katsuki. - Revirou os olhos cruzando os braços.

- Achei fofo a maneira como Bakugo ensinou ele a caçar! - Disse Riam.

- Fofo?! Ele nem devia ter feito isso, ômegas não devem se esforçar a esse ponto. Sem contar que ele só deve ter atendido o capricho desse ômega somente para parecer um bom moço. - Morais bufou irritado.

- Vocês alfas com essas coisas cafonas!

- Riam tem razão Morais, esse seu pensamento é bem antigo. Enfim, vamos terminar logo nossa vistoria que tenho compromisso mais tarde. – Apressou Alex.

    Os três estavam fazendo vistorias pela área quando notaram Bakugo ensinando Midoriya a caçar. Morais era um dos alfas que tentou cortejar Midoriya no passado, não obtendo sucesso. Riam era um beta, o encarregado por instruir os dois alfas que o acompanhavam. Depois que Bakugo foi embora, ainda ficaram um tempo naquela área pois teriam que terminar aquela última vistoria. Na volta, Morais e Riam iam conversando mais a frente sobre as vantagens de ser alfa ou beta, assunto esse que os dois sempre acabavam entrando. Alex vinha mais atrás sorrindo para o nada. Seria hoje que ele iria pedir a ômega com a qual se relacionava em namoro e posteriormente dar sua marca para ela. 

- Vejo que alguém está muito felizinho hoje! - Brincou Riam olhando para trás.

- A-ah, não sabia que estava na cara assim. - Sorriu envergonhado.

- Está bem na cara, você falta gritar por aí. - Disse Morais.

- Só quero ver minha linda ômega logo… e você Riam, como anda com a Asui? - Ouviu ele suspirar triste.

- Eu pedi para iniciarmos algo sério e ela disse que ia pensar, mas já se passaram semanas que não a vejo e não quero ir em sua tenda e parecer que estou invadindo seu espaço. 

- Entendo! - Consolou ele com alguns tapinhas nas costas.

- Você pensa demais Riam, se fosse eu já teria ido a muito tempo atrás dela e mandado a real. - Os dois ali riram da fala de Morais.

    O caminho que seguiam era o mesmo que Bakugo e Midoriya tomaram para retornar à tribo, porém os três estavam algumas horas mais adiante do momento em que foram por ali. Alex enquanto caminhava sentiu um arrepio na espinha e olhou para trás rapidamente. O sol já se punha, boa parte da floresta já estava imersa em uma escuridão tão densa quanto as árvores que ali cresciam. Um vento veio da direção que Alex olhava o deixando paralisado de medo. O vento era tão gélido que ele sentia como se agulhas perfurassem todos os seus órgãos e esmagasse seus ossos. Aquilo era o verdadeiro significado de medo. Medo esse que ele jamais sentiu na vida. Riam e Morais ao perceberem a parada abrupta de seu amigo ficaram confusos, mas não demorou muito para Morais ser atingido também pela mesma sensação que seu amigo, sentindo seu sangue gelar e a respiração ficar pesada. O instinto dos dois alfas emitia um alerta claro de perigo.

- Gente, o que estão olhando? 

- Riam… corra… corra o máximo que conseguir!

- Hum? O que você tá dizendo Morais? Se for uma de suas brincadeir...

- Riam escute ele, corre agora! – Alex pediu também.

- Escute seus amigos… Riam. Corra… corra até seus membros falharem e o ar faltar no seu pulmão. - Proferiu a voz estranha assustando todos eles.

    Riam por ser beta, não tinha os instintos tão afiados quanto o dos dois alfas que o acompanhavam. Quando enfim entendeu do que seus amigos se referiam, já era tarde demais. Pode sentir com clareza o medo que eles sentiam. Uma pessoa saiu das sombras a sua frente e como estavam usando a visão noturna, não conseguiam distinguir exatamente quem era. O medo que cada um ali sentia era tão grande que não conseguiam sequer piscar para o que estava na frente deles. A pessoa que surgiu andava calmamente até eles com um sorriso na face. Essa pessoa fedia somente a morte e a tristeza. Os passos daquele ser praticamente não faziam nenhum barulho, quase como se aquela pessoa nem encostasse no chão de tão leve que pisava.

- Um... dois... três lobinhos! – Sorria mais ainda, focando seu olhar em Riam. - Pena que não são todos alfas.

- Q-quem é vo-você? – Perguntou Morais, falhando em tentar manter a calma.

- Eu sou o início, mas para vocês, eu serei o fim! 

    Percebendo a aproximação do estranho, Morais decidiu que teria que fazer algo antes que fosse tarde demais. Estava envergonhado de sentir tal medo diante de um oponente que ele não fazia ideia de quem seja. Morais respirou fundo e olhou mais uma vez para Riam falando para ele correr assim que uma brecha fosse criada. Riam não entendeu de primeira, mas tudo fez sentido quando ele viu Morais respirando fundo e avançando contra o inimigo à frente deles com toda sua força e voracidade. Contudo, nada ali saiu como Morais planejou. A pessoa à sua frente freou seu soco com apenas uma mão e com a outra o suspendeu do chão pelo pescoço tão rápido que ele não teve tempo de esquivar. Com apenas um mover de mão seu pescoço foi quebrado como um graveto. O corpo dele caiu inerte no chão frio da noite.

- MORAIS!!! - Riam ficou pasmo com o que viu.

- Odeio alfas, sempre acham que são superiores aos outros. – Olhava o corpo inerte dele no chão. - Que pena, esse não deu nem para me divertir.

- Você vai pagar por isso! - Vociferou Alex rosnando, atraindo a atenção de seu oponente.

- Olha, ele sabe rosnar, que medo. Me perguntava se ainda estava vivo, já que tremia feito uma folha ao vento.

- O que quer conosco? - Perguntou Riam tentando ganhar tempo.

- Quero que mandem uma mensagem para o líder de vocês... mas infelizmente terão que morrer para isso.

    A pessoa avançou contra Alex, que conseguiu desviar saltando sobre o seu oponente. Alex aproveitou e desferiu um forte chute no abdômen dessa pessoa a mandando bem longe. Ele não ficou para ver se tinha conseguido causar um dano significativo, apenas correu na direção de Riam e o puxou, saltando nas árvores e correndo pelos grandes galhos até a tribo. Alex sabia que a pessoa não tinha morrido, dado a força que parou o soco de seu amigo e matou ele como se não fosse nada. Enquanto corriam pelas árvores, ambos choravam pela morte de seu amigo, entretanto, o pesadelo deles não tinha acabado. Algo veio a uma velocidade absurda e perfurou o peito de Alex, o suspendendo no ar.

- O… que? - Cuspiu sangue enquanto falava.

- Eu amo caçar lobinhos, ainda mais quando pensam que vão sair com vida. Foi um belo de um chute, estava precisando de uma massagem mesmo.

- Por favor, pare com isso, falamos tudo o que quiser. - Riam implorava vendo seu amigo suspenso sangrando bastante.

- Own, vocês não têm nada que eu queira. Como eu disse, vocês me valem mais mortos do que vivos. Só é uma pena que vou ter que matar um beta, me dá uma dó sabe. É triste que esteja no lugar errado e na hora errada.

- O… que você… é? - Questionou Alex com dificuldade.

- Não adiantaria se eu explicasse lobinho, não entenderiam nada mesmo.

- Era você... que observava Bakugo mais cedo... – Constatou Riam, pois tinha escutado uma parte da conversa entre Bakugo e Midoriya sobre o mesmo ter sentido estar sendo observado.

- Sim, precisava ter certeza de algumas coisas! – Respirava fundo, andando ao redor deles. – A tribo de vocês é tão linda... 

- Você... não é daqui... não é? De que tribo você é?

- De uma muito, muito, muito distante! – Falou com certo pesar na voz.

    O que perfurava o peito de Alex e o suspendia no ar foi retirado o fazendo cair no chão, gravemente ferido. Eles não entendiam o que a pessoa a sua frente era, mas com certeza era algo que nunca haviam visto antes. Alex tentou discernir pelo que foi atingido, não sendo nada que conhecesse, mas pode notar que era uma estrutura viva que o perfurou. A pessoa se aproximou deles andando a passos calmos. Riam sabia que não daria para correr dali e muito menos salvar seu amigo. Então ele apenas segurou firme em sua mão e olhou para ele dando um pequeno sorriso. Alex abaixou o olhar sabendo que não falaria com sua amada nunca mais. Ali era o fim dos dois. Quando a luz da lua finalmente se fez presente clareando o local onde estavam, eles puderam ver com clareza quem era, ficando chocados. Contudo, antes de poderem pensar o que aquilo significava, os dois tiveram a cabeça arrancada e o sangue do local esguichou para cima, manchando todo o lugar.

- Que noite perfeita! - Olhou para a lua dando um largo sorriso.


///// Dia seguinte /////


- Filho acorda! - Chacoalhou o escutando resmungar.

- Mas já amanheceu?! Que noite curta é essa?!

- Levanta logo filho, o Bakugo está lá fora te esperando. - Falou o vendo se levantar apressado.

- Aí meu Yahveh, vou ter que me trocar logo!

    Midoriya quando chegou da caçada do dia anterior, apenas preparou sua caça e guardou o que sobrou, apagando automaticamente quando se deitou em sua cama. Bakugo havia se prontificado para o deixar em seus afazeres de ômega do dia atual. Diferente de Midoriya, Bakugo tinha dormido bem pouco, já que sua mente não conseguia parar de pensar da onde vieram as sensações que sentiu quando estava na floresta. Ao sair depois de vestido, Midoriya ficou olhando demais para os músculos de Bakugo que marcavam na fina camisa que ele usava.

- Filho está bem? - Perguntou ao vê-lo parado.

- Si-sim! 

- Bom dia Midoriya! 

- Bom dia Bakugo! 

- Filho, o Bakugo veio conversar comigo sobre a relação que vocês estão construindo. Acho lindo que os dois tenham se permitido a isso e dou meu total apoio. 

- Obrigado mamãe! - Abraçou ela.

- Porém, quero deixar uma coisa bem clara mocinho. - Olhou para Bakugo de maneira ameaçadora. - Sei o que você fez com meu filho no passado e da sua fama de pegador da tribo. Espero que não o machuque novamente, porque se acontecer eu não respondo por mim. - Estreitou os olhos.

- Pode deixar senhorita Inko, vou fazer seu filho o homem mais feliz desse mundo! - Falou firme.

- Assim espero! – Disse Inko, terminando de comer. – Tenho que ir encontrar algumas amigas, até mais tarde filhote, se cuide! – Beijou a testa e despediu-se de Bakugo, os deixando a sós.

- Olha só, parece que alguém dobrou a senhorita Inko! – Brincou Midoriya sorrindo ao notar Bakugo respirando fundo.

- Acho que nunca tive que pensar tanto no que falaria quanto nessa curta conversa que tive com sua mãe. – Coçou a cabeça sem jeito. – Conseguiu dormir bem?

- Sim, apesar de ainda sentir meus pés ainda cansados.

- É normal, logo você se acostuma! – Olhava bastante para Midoriya, notando algo diferente nele.

- Para de me olhar assim, está me deixando envergonhado.

- Mudou alguma coisa? 

- Hum?

- Parece que tem algo diferente em você...

- Acho que deve estar imaginando coisas! – Lembrou-se do que sua mãe tinha falando quando chegou no dia anterior. – Hoje que é o jantar de sua mãe?

- Sim... – Massageava as têmporas. – Espero que seja tranquilo!

 Bakugo sentia seus instintos levemente agitados quando estava perto de Midoriya e notava algo de diferente nele. Aspirou forte o ar e mais uma vez o cheiro de Midoriya estava mais forte do que nos dias anteriores. Se Bakugo tivesse pensado mais sobre, chegaria a resposta para aquilo, mas foi retirado de seus devaneios quando Midoriya o puxou para irem para suas funções.

- Adoraria passar o dia com você hoje, mas tenho que retornar para as vistorias... – Bakugo bufou irritado.

- Calma, de acordo com o que ouvi parece que não vai demorar muito para as coisas voltarem ao normal!

- Torcendo por isso, bom... até mais tarde meu lindinho! – Beijou a testa dele.

- Até mais meu esquentadinho! – Riu ao vê-lo com expressão de desgosto.

- Esquentadinho?! Sério Izuku?! Isso parece mais um insulto que um elogio. 

- Foi mal, mas de todas as expressões que você consegue fazer, a de desgosto é a mais expressiva! – Aproximou-se dele, dando um rápido selinho nele que desfez sua expressão. – Prontinho, isso deve melhorar sua cara!

- Por hora vou me dar por satisfeito com isso! – Aproximou-se do ouvido dele, tocando suavemente na bunda dele. – Mas é isso aqui que eu tô realmente afim! – Sorriu por finalmente ter deixado Midoriya corado. – Bom, vou indo porque já estou atrasado!

- Até mais tarde! – Observava ele caminhando mais ao longe.

- Parece que vocês avançaram bastante! - Falou Uraraka se aproximando.   

- Oi Ochaco, quanto tempo! – Abraçou ela rapidamente. 

- Temos muito o que conversar Izuku! 


///// A noite ///// 

 

    Midoriya tinha procurado sua melhor roupa para que usasse naquela ocasião. O dia tinha se passado bem rápido, atualizando Uraraka sobre tudo o que tinha acontecido na ausência dela. Estava feliz por estar cada vez mais se sentindo bem ao lado de Bakugo, que provava cada dia mais estar determinado em reparar seus erros. Ao terminar de se vestir, saiu para o lado de fora e ficou observando o lindo luar que estava naquele dia. Quando menos esperava, se pegou pensando em como Todoroki estaria naquele momento.

- Espero que ele esteja bem! - Sussurrou olhando para cima.

- Eu estou bem! 

- Bakugo, de novo me assustando!

- Mas eu não tenho culpa... Então, sobre quem se referia? - Viu ele desviar o olhar.

- Bem… estava pensando no Todoroki. Apesar de tudo o que ele fez eu me preocupo com ele. - Ficou receoso da reação dele.

- Huum entendo. Queria ter esse seu coração mole, mas quero que ele e a outra lá virem comida. 

- Bakugo, que coisa horrível! - Bateu no braço dele.

- Ué, mas eu fui sincero.- Se protegeu de outra pancada.

- Cof cof… - Chamou atenção deles. - Desculpem por atrapalhar o momento. Podemos ir?

- Claro senhorita Inko! – Ofereceu um braço para ela e o outro para Midoriya. – Vocês dois estão lindos!

- Obrigada Bakugo! – Sorriu gentil.

- Está bem Midoriya? – Perguntou ao notar ele andando devagar. 

- Sim, só que estou um pouco quente! – Abriu um pouco mais de sua blusa. – Pronto, isso deve ajudar!  

Bakugo sentiu o cheiro de Midoriya se intensificar bruscamente, descontrolando brevemente seus instintos, tanto que sua visão escureceu e quase perdeu a consciência para seus instintos. Respirou fundo e conseguiu estabilizar eles, porém sentia uma vontade de querer ficar perto de Midoriya o tempo todo. Tudo aconteceu em segundos, fazendo com que Inko nem se desse conta do que tinha acontecido, entretanto, ela já vinha observado as queixas de seu filho sobre os calores excessivos, mesmo durante dias frios ou amenos. Inko iria tocar no assunto, mas tinham acabado de chegar no local marcado pelos pais de Bakugo.

- Ainda bem que chegaram! – Disse Mitsuki se aproximando deles. - Que saudades Inko! – A abraçou levemente.

- Também senti muitas saudades! 

- Olá Inko! - Masaru apenas acenou com a cabeça. 

- Fico agradecida pelo convite e podermos conversar novamente.

- Siiim, a noite vai ser longa. E você Midoriya, como foi sua caçada? - Mitsuki perguntou animada.

- Foi ótima, Bakugo me ajudou bastante e foi bem atencioso. - Deu uma risadinha ao ver Bakugo estufar o peito orgulhoso.

- O que o amor não faz, não é mesmo?! – Comentou Masaru.

- Que bom que ocorreu tudo bem! Vamos nos sentar, temos muito o que conversarmos. - Mitsuki guiou todos para o lugar.

    O lugar onde estavam era perto de onde Bakugo e seus pais moravam, mas era um canto mais isolado. O local estava bem iluminado pela luz da fogueira que estava alta, com algo assando nela. Tinha uma mesa muito bem ornamentada e nela tinha várias frutas e outros alimentos. Bakugo estava do lado esquerdo de Midoriya e Inko no direito. Todos ali conversavam animadamente, principalmente os pais de ambos. Masaru olhou brevemente para Midoriya e sua expressão ficou confusa, com ele logo espirrando depois. A mão de Bakugo tocava na coxa de Midoriya por debaixo da mesa, apertando com força em uma das vezes.

- Bakugo, o que tá fazendo? - Perguntou baixinho perto dele.

- Desculpa, mas o seu cheiro está tão bom. Me deu vontade de te tocar. - Respondeu com a voz arrastada.

- Aqui não é lugar! - Tirou a mão dele envergonhado.

- Não tem ninguém vendo! – Tentava novamente o tocar, recebendo um chute na perna. – Aí!!!

- Aqui não é o lugar!!! – Repetiu novamente a frase anterior.

- Prontinho gente, acabado de assar! – Disse Masaru colocando o grande animal assado na mesa.

- Parece estar com uma cara ótima! – Elogiu Midoriya, se aproximando para pegar um pedaço, mas Bakugo foi mais rápido e arrancou no seu lugar, colando em seu prato. 

- O que foi gente? – Questionou Bakugo ao receber vários olhares confusos, inclusive de Midoriya.

- O que foi isso? – Perguntou Mitsuki.

- Slá... só achei que ele... poderia se queimar algo assim... – Respondeu Bakugo sorrindo sem graça, já que também não tinha entendido sua atitude súbita.

- Então Midoriya, já pensa em quantos filhotes quer ter? - Mitsuki perguntou o vendo engasgar enquanto comia.

- Fi-filhotes?

- Amor não assuste o garoto! - Masaru gargalhava pela pergunta da esposa. 

- Mitsuki, o coitado evita pensar que isso um dia vai acontecer. - Disse Inko rindo da vergonha do filho.

- Poxa, mas é algo importante e natural, uma hora ou outra vai acontecer, ainda mais se você tran-

- Mãe, está o deixando sem jeito! - Falou de maneira protetora.

- Bom... não espero ter muitos filhotes... já que pelo que dizem dói bastante o... parto... – Falava cada palavra envergonhado.

- Não se prenda nesses detalhes, meu querido, é somente por um momento! – Disse Mitsuki o acalmando. – Devido a baixa fertilidade das betas, conseguir ter somente o Bakugo! Sabia que na nossa família ele foi o primeiro membro a ter os olhos vermelhos mesmo sem estar transformado?!

- Ele já nasceu assim?

- Não, os olhos dele eram pretos, mas quando fez dez anos de idade, veio até mim reclamando que seus olhos estavam coçando muito. No dia seguinte quando acordou, já estavam dessa cor!

- Nunca tive problemas de visão ou algum incômodo depois que meus olhos mudaram de cor! – Completou Bakugo, entrando no assunto.

    Masaru mais uma vez ao olhar para Midoriya coçou seu nariz e espirrou novamente, tendo noção de algo somente agora. Levantou-se da mesa e chamou Bakugo, conversando mais distante do local da refeição. Midoriya olhava para os dois conversando mais distante e podia ver Bakugo retornando e caminhando a passos largos, porém naquela altura já era tarde demais para se preparar para o que viria. Uma forte pontada no baixo ventre de Midoriya o fez se encolher na mesa. Inko e Mitsuki olharam assustadas para Midoriya que se debruçava de dor sobre a mesa. Masaru que estava mais distante, continuou onde estava e apenas tapou seu nariz. Midoriya não teve muito tempo para pensar até que foi atingido por outra pontada e sentia algo molhado escorrendo de sua entrada sem seu controle.

- Aí meu Yahveh, você está entrando no período fértil filhote. – Inko se aproximou dele assustada.

- Na-não pode se-ser. Aaaagh!!! Droga. - Contorcia-se de dor.

- Por favor, se afaste dele senhorita Inko. - Bakugo pediu tentando ainda manter sua sanidade.

- Inko, acho melhor deixar meu filho ajudar o seu, também não há nada que possamos fazer para evitar isso. - Olhou para Masaru que ainda estava distante, já que por não ser um alfa marcado a um ômega ele ainda era afetado pelo período fértil de outros.

- Mas... mas... - Sentiu Midoriya tocar em seu braço.

- Es-esta tudo be-bem mamãe, é o melhor a se fa-fazer mesmo. Vou ficar bem!

- Vem Izuku, vou cuidar de você! - Pegou ele no colo indo embora.

- Inko calma, meu filho vai ajudá-lo. - Acalmava a amiga que estava preocupada.

    Todas as sensações que Midoriya sentia ao longo dos dias, desde as sensações diferentes de temperatura até seu cheiro mais intenso, eram sinais da proximidade de seu período fértil. Porém, muitas coisas ocupavam sua cabeça, não se atentando aos sinais até aquele momento. Assim que Bakugo carregou pequeno ômega até sua tenda, o mesmo não parava de gemer dolorido e ficava se martirizando por dentro por ter estragado o jantar. O ômega que carregava o estava deixando inebriado e já começava a perder o controle, percebendo que seus caninos já estavam bem grandes assim como suas pupilas dilatadas.

- Eu… estraguei… o… jantar. - Fungava um pouco, notando que tinham chegado na tenda de Bakugo.

- Não se preocupe com isso. - O colocou na cama com cuidado.

- Bakugo... está... doendo! 

- Eu vou te ajudar bebê, vai passar! – Tirava alguns fios do cabelo dele que já grudavam em sua testa suada. - Mas sendo bem sincero... Deku... não sei se vou ser tão carinhoso quanto da última vez. - Sorriu malicioso o encarando.

- Mas é exatamente isso que eu quero…



Notas Finais


Depois de quase três semanas finamente o capítulo saiu, mas avisando logo que vão ficar mais espaçados porque estou ocupadíssimo kkkkk. No mais, o capítulo foi isso, estamos entrando na última fase da história (Talvez mais uns 7 capítulos bem grandes), a parte de terror/suspense 🤭🤭

Até a próxima e beijinhos.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...