História Alive - Chapter nineteen

Jimin comia calmamente seu café da manhã, prestando atenção no desenho animado que passava na TV enquanto Jeongguk tomava um banho. Na noite anterior, os dois dormiram agarradinhos com as músicas melosas da playlist tocando pelo quarto todo.

Se esqueceram que ainda haveria uma reunião demasiada importante naquele dia, se esqueceram que o ruivo ainda precisava tomar seus remédios, se esqueceram que estavam no hospital. Só se deitaram abraçados, curtindo o calor do corpo um do outro.

Virou o rosto pro lado e olhou de cima a baixo o mais novo parado na porta do banheiro. A toalha branca amarrada no quadril, os cabelos molhados e colados na testa, as gotinhas de água descendo livremente pelas partes expostas do moreno causaram um grande efeito em Jimin. Ele estremeceu.

Jeongguk sorriu de lado, ficando ainda mais sexy e bonito do que já era. O ruivo manteve a boca aberta até que o mais alto fosse até si e a fechasse dando um empurrãozinho em seu queixo. Engoliu, piscando os olhos de pressa.

–S-Sua avó não mandou cuecas na mochila, tem algumas ali no armário.

Virou-se de costas para o mais velho e andou até o guarda-roupas, procurando a cueca lá dentro. Pegou a peça de roupa e endireitou o corpo depressa, fazendo sua toalha cair no chão expondo sua bunda. O mais baixo soltou um gritinho de susto quando viu o quão bonita era aquela bunda.

O Jeon virou-se para encarar o Park, deixando que ele visse suas coxas bem definidas e seu pênis. O hyung gritou um pouco alto e tampou rapidamente os olhos com as mãos, puxando a touca até os olhos. Rindo, andou até o paciente que ainda tampava os olhos e parou em sua frente, sem ainda vestir sua cueca.

– Por que esta tampando os olhos? – perguntou. – Não precisa ficar com vergonha, você já o viu, já o tocou e já até o colocou na boca...

– Cala a boca, Jeon Jeongguk! Vista logo uma roupa!

– Mas esta bom assim, não me sinto incomodado... vou me deitar contigo assim.

– N-Não! E-Esta frio, vista uma roupa antes.

– Mas assim é mais rápido pra você me esquentar...

–Kookie... – resmungou.

–Hyung... – resmungou de volta, sorrindo.

O mais novo puxou lentamente a touca dos olhos de Jimin, olhando-o nos olhos. Sorriu com a cara surpresa que o outro fez assim que viu que já vestia uma de suas cuecas. Terminou de se trocar, colocando uma roupa quentinha já que fazia muito frio, logo se acomodando novamente nos braços do mais velho.

Gostava de como o ruivo o tratava. Mesmo que muitas vezes fosse irritante ser visto como uma criança, gostava de todos os carinhos que recebia. Gostava de quando o mais velho pedia para que deitasse em seu colo, apenas para bagunçar seus fios negros. Gostava quando o ruivo o abraçava com seus braços curtos e o apertava a si como um urso.

Quem mais parecia ser uma criança não era Jeongguk, era Jimin. Era uma criança carente de atenção, carente de amor. Tinha muito carinho e amor para dar e o moreno aceitou de bom grado ser a pessoa que receberia tudo aquilo.

Sentia os dedos pequenos e gelados do ruivo passar em sua cabeça, passeando entre os fios negros. Poderia dormir apenas com aquele carinho e quando ele começou a cantar, Jungkook fechou os olhos, se entregando ao momento. Desejando realmente que pudesse dormir ali.

Gostava ainda mais de ouvi-lo cantar.

Estava quase cochilando nos braços do hyung quando Choi entrou no quarto com uma cadeira de rodas. Seus cabelos agora estavam pretos novamente e ela usava uma franjinha, estava bastante bonita naquela roupa de enfermeira.

O Jeon colocou o ruivo na cadeira e os seguiu. Lembrou-se apenas agora que teria a reunião sobre o que seria feito com Jimin, já que seu tratamento estava progredindo muito de vagar.

O mais novo suspeitava que nem estava progredindo, após ouvir as palavras do Park. Mas apenas ignorou.

SeokJin estava sentado desleixadamente em sua cadeira, com os pés sobre a mesa quando entraram. Ele matinha o celular na orelha, falando baixo com alguém enquanto seus olhos estavam vidrados na TV. Choi pigarreou numa tentativa falha de chamar a atenção do médico.

Visto que fora ignorada, a enfermeira empurrou a porta com o pé, fazendo um barulho bastante alto e então, o médico olhar para eles. Quando percebeu do que se tratava, endireitou-se na cadeira, despedindo-se da pessoa com que falava no telefone com adjetivos como “até mais tarde, amor” e “claro, te ligarei”.

– Eu não sabia que você namorava, Jin-Hyung. –Jimin comentou, sorrindo.

– Eu chamo de pedofilia, o garoto tem a idade de Jeongguk. – Choi se jogou na cadeira de frente para o médico, como sempre fazia em qualquer lugar.

– Ei, mas eu tenho 18 anos.

– Nós não estamos aqui para falar disso, certo? – o médico perguntou, sério.

Jungkook ajeitou a cadeira de rodas do ruivo ao lado da que se sentaria. Estariam falando sobre a doença do mais velho e sabia o quanto ele era sensível com esse assunto, então resolveu se manter bem perto.

Jin endireitou seu corpo na cadeira, ficando totalmente ereto e olhando nos olhos do paciente o deixando um pouco nervoso. Meio escondido, a mão pequena de Jimin agarrou-se com força a sua, apertando-a.

O medico olhou para a enfermeira que confirmou com a cabeça e então ele suspirou, passando a mão nos cabelos, colocando sua franja para trás, voltando os olhos para o ruivo.

– Iremos fazer um transplante. – disse direto. – Já temos o doador, temos tudo preparado. As autorizações, tudo. Irei explicar tudo ao decorrer. Primeiramente, mesmo com as autorizações dos responsáveis, você pode optar por não fazer isso, Jeongguk. Creio que sua avó não lhe disse que você será ninguém menos que o doador do nosso Jimin...

Os olhos do moreno quase saltaram para fora do rosto quando digeriu aquelas palavras. Sentiu sua mão ser apertada com mais força e olhou para o namorado, que matinha um pequeno sorriso nos lábios.

Ele estava feliz, é claro.

– Certamente, sei que você em hipótese alguma negaria isso, não é? Então já que estamos todos de acordo vou começar a explicar. Separamos duas semanas para fazer tudo, normalmente, começaríamos as coisas agora e o transplante só ocorreria mais pro final do mês, mas o caso é, já estamos no final do mês e as condições de Jimin não são boas o suficientes para que fiquemos esperando.

– Separamos uma semana para os exames completos de Jeongguk e para as quimioterapias de Jimin. Espero que curtam o pouco tempo que terão juntinhos. – Choi comentou;

– Depois – recomeçou Jin. – dessa semana, ocorrerá o transplante, é algo simples, dura cerca de duas horas. O nosso doador ficara sob observação durante um dia. Ah, avisos. Após o transplante, não quero saber de línguas dentro de bocas alheias e nem agarração muito frequente. Não vão poder dormir agarrados igual fazem agora. Não, não estou sendo chato é apenas que durante esse tempo a melhor opção é evitar qualquer tipo de infecção já que todas as células do corpo dele estarão mortas, não vai haver defesa no organismo dele, então sugiro que sigam as regras. Pra ser melhor, já deviam parar com isso assim que as sessões de quimioterapia começar.

– Eu vou enlouquecer! – exclamou o moreno, agarrando-se ao namorado. Apertando o rosto do ruivo em seu peito. – Como podem fazer isso comigo?

– Melhor alguns dias sem poder abraça-lo do que o resto da vida, certo?

SeokJin terminou de dizer o que tinha e os dispensou, menos a enfermeira, dizendo que precisava ter uma conversa séria com a mesma. Jungkook empurrava a cadeira de rodas pensando no quanto de álcool em gel gastaria nas próximas semanas.

Assim que abriu a porta do quarto para entrar com o ruivo, levou um susto ao dar de cara com JiSung andando de um lado para o outro dentro do local. Colocou a mão no peito, ouvindo o namorado rir de sua ação.

Empurrou a cadeira para dentro, sorrindo ao ver Haru, a irmãzinha de Jimin – que se parecia estranhamente com o mesmo – sentada na cama, certamente o esperando. Ela abriu um largo sorriso ao ver o irmão, que fez o mesmo.

Num pulo, ela já estava abraçando o ruivo, apertando-o com toda a força que uma criança tinha. O mais velho retribuiu na mesma intensidade, já que não tinha tanta força quanto antes para ficar apertando alguém. Os cabelos negros da garota estava soltos e caiam no ombros, dando destaque ao vestido azul que usava no dia.

Haru sorriu e se afastou, para que Jeon colocasse Jimin de volta na cama. Como Choi havia o ensinado, ele colocou os remédios ligados á veia com facilidade, já que não era algo difícil e ele aprendia as coisas rápidas. Sorriu quando terminou e a menininha pulou novamente no colo do irmão.

O moreno moveu-se sentando na poltrona, qual JiSung não quis ocupar. Ele se encostou na parede e ficou olhando os dois filhos se interagirem. A garotinha ficou um longo tempo abraçada ao irmão, com medo de que ele fosse sumir.

– Oppa, como você está? – ela perguntou, finalmente o soltando. – Papai me disse que vai fazer um transplante. Vai doer muito?

– Estou bem, eu acho.  Ele contou é? Vou mesmo, mas não vai doer em mim, só no Kookie. – apontou pro namorado.

– Oppa, ele é seu namorado, não é? – perguntou novamente, rindo.

– Sim, por que?

– Vocês são fofos. – sorriu, olhando pro moreno que os olhava com uma sobrancelha erguida. – Amanhã é meu aniversário, e já que você não vai poder ir até minha festa, eu queria que cantasse parabéns para mim hoje...

– É claro que eu canto, minha princesa.

Colocando o cabelo atrás da orelha, ela pulou novamente da cama, andando até seu pai e cochichando algo para o mesmo. Sorrindo, ele saiu do quarto e voltou um tempo depois, com um bolinho em mãos. Haru sorriu e se sentou no colo de Jimin, sendo abraçada de lado.

Choi apareceu no quarto um pouco surpresa com aquilo, mas logo colocou Jungkook para fora da poltrona e se acomodou ali. O Park acendeu a vela assim que o moreno fechou as cortinas do quarto, deixando-o escuro, já que estava de dia.

A menina sorriu pro irmão e começaram a cantar parabéns para ela. Era visível a felicidade em seus olhos, de seu primeiro aniversário com o irmão mais velho. Sempre perguntava do garoto ao seu pai, que lhe dava informações curtas por saber pouco, mas sempre ficava feliz quando o pai resolvia abrir seu livro de segredos e contar sobre o filho.

Sua mãe não gostava quando o Park falava do filho, porque consequentemente, ele o levava de volta a ex-mulher. Por isso, Haru sempre perguntava quando estavam á sós. Para evitar brigas entre os pais.

Assoprou a velinha do número seis, pedindo que um dia, todos aqueles que ela amava, fossem felizes. Sorriu abraçando o irmão novamente, quase derrubando o bolo do colo, fazendo todos rirem.

– Parabéns, Haru. Princesinha. – Choi a deu um abraço. Sendo imitada por Jeongguk.

– Parabéns pequena cunhadinha. – ela riu alto e Jimin pôde ver a cara braa que seu pai fez.

– Obrigada. Eu quero tirar uma foto com você, Oppa. E com o Kookie Oppa também...

Jeongguk abriu a câmera do seu celular, entregando-o à enfermeira. O ruivo sentou-se normalmente na cama, colocando os pés para fora, balançando-os. O moreno sentou-se do seu lado esquerdo, circulando a cintura do namorado com uma das mãos, e ajudando a pequena a sentar no colo de ambos com a outra.

Assim que estava sentada, ela arrumou os cabelos, como se aquilo fosse importante e fez uma pose. Fazendo biquinho e V com as duas mão. O Park riu e a imitou com as mãos, Jeon aproximou o rosto ao do namorado, sorrindo com ele e puxando Haru para se encostar nos dois. Estavam parecendo uma família.

Assim que a enfermeira bateu a foto, a menininha de cabelos negros grudou no pescoço do irmão mais uma vez naquele dia, parecendo colocar mais força especialmente naquele abraço. Com a voz um pouco abafada, ela disse;

– Oppa, seja forte, ta bom? – Ela o apertou mais, como se ainda fosse possível. – Seja forte pelo Kookie Oppa, por mim e pela KyungMin Noona. Você me promete que vai ser forte?

– Eu serei. Não se preocupe.

                                                     (...)

A semana seguinte tinha sido bastante exaustiva. Jimin sentia que não tinha forças nem para comer mais. Jeongguk tinha de fazer metade das coisas para si, e aquilo lhe doía. Tinha medo de tornar-se um peso para o namorado.

Tinha medo de que algum dia ele fosse cansar-se de ajuda-lo. Mesmo com os sorrisos que o moreno lhe lançava ao acordar, desejando bom dia no seu ouvido como sussurro. Mesmo com todo o carinho que recebia, com todas as frases amorosas que recebia, seu peito doía.

Doía em medo.

Após se formar, Jeon começara a trabalhar para poder ajudar sua avó e agora teria a faculdade. Apenas no ano seguinte ele iria começar a sua desejada faculdade, mas com ajuda da avó, ele havia comprado uma câmera profissional e não parava de tirar fotos de Jimin.

Apenas uma semana de expediente no seu trabalho e mais os exames que estava fazendo para poder manter o ruivo respirando, manter o seu amor bem.

O Park observou Kookie entrar no quarto com uma cara bastante cansada e se jogou na poltrona. O moreno nem olhou para o namorado meio deitado na cama, apenas sentou-se e massageou as têmporas. Devia estar sendo difícil para o garoto, afinal, saía do trabalho e vinha direto para o hospital, depois ia visitar e passar um tempo com sua vó.

Os olhos de Jimin se encheram de lágrimas assim que o mais novo bufou, sentado. Ele ouviu os soluços baixinho do namorado deitado na cama e se levantou rapidamente. Parou ao lado do ruivo, limpando seus olhos em silencio.

– O que aconteceu, anjo?

O mais velho abaixou o rosto.

– Estou sendo um fardo pra você, não é? Agora você está com tantas preocupações e ainda tem que ficar vindo aqui ficar comigo...

– Cala a boca, Jimin. Você nunca vai ser um fardo para mim, eu adoro vir aqui quando me sinto exausto porque apenas ouvir a sua voz ou ver seu sorriso me faz esquecer tudo. Então nunca diga que você é um fardo pra mim!

As lagrimas desceram ainda mais pelos olhos já inchados do ruivo. Com um pouco dificuldade por conta da fraqueza, puxou Jeongguk para um abraço. Apertou o namorado nos braços com a força que não tinha.

Mesmo sabendo que havia sido proibido, Jeon empurrou Jimin mais pro lado, sentando ao lado do mesmo. Agarrou-se ao mais baixo, apertando-o. Beijou a testa do ruivo, ficando ambos no silêncio gostoso que se formou.

Ficaram assim por um bom tempo, Choi apareceu no quarto para levar o paciente até a quimioterapia mas ao ver os olhos inchados do mesmo e os dois agarradinhos na cama, debaixo do cobertor quentinho, alisando um ao outro, ela desistiu de leva-lo. Sorrindo, ela voltou para a sala da namorada.

O mais novo fechou os olhos e aconchegou-se nos braços do Park, aproveitando o cafuné gostoso que recebia. Sentia o cheiro natural do namorado, já que este não podia usar perfumes, respirava o aroma doce que ele tinha.

– Canta pra mim, hyung?

Sorrindo, o ruivo começou a cantar a música bastante conhecida por ambos.

                              You and I, we're like fireworks
                      Você e eu, somos como fogos de artifício

                       And symphonies exploding in the sky
                           E sinfonias que explodem no céu

                                      With you, I'm alive
                                  Com você, eu estou vivo

                       Like all the missing pieces of my heart
               Como todas as peças que faltam do meu coração

                                    They finally collide
                              Eles finalmente colidem

Reconhecendo rapidamente a musica, começou a sorrir bobamente para o teto, de olhos fechados, acompanhou com o mais velho na música, fazendo-o se calar, pois aquela era sua parte.

                                       Without you, I feel broken
                                 Sem você, eu me sinto quebrado

                                      Like I'm half of a whole
                             Como eu sou metade de um todo

                          Without you, I've got no hand to hold
                      Sem você, eu não tenho mão para segurar

                                     Without you, I feel torn
                                 Sem você, me sinto rasgado

                                       Like a sail in a storm
                         Como uma vela em uma tempestade

                             Without you, I'm just a sad song
                    Sem você, eu sou apenas uma música triste

                                     I'm just a sad song
                          Eu sou apenas uma música triste

Jimin sorriu para o namorado. Com certeza, essa música era a música deles. Completou sua parte, como em uma dupla.

                                          With you, I fall
                                     Com você, eu caio

                             It's like I'm leaving all my past
           Que é como eu estou deixando todo o meu passado

                         And silhouettes up on the wall
                              E silhuetas na parede

                         With you, I'm a beautiful mess
                     Com você, eu sou uma bela bagunça

                   It's like we're standing had and hand
               É como se estivéssemos em pé lado a lado

                     With all our fears up on the edge
        Com todos os nossos medos em cima da borda

Jungkook preparou-se para cantar a sua parte, ele ficara olhando o mais velho cantar que esquecera de que estavam revezando. Assustou-se um pouco quando o ruivo o cortou, pulando para sua próxima e ultima parte na musica.

                               You're the perfect melody
                                Você é a melodia perfeita

                      The only harmony I wanna to hear
                     A única harmonia que eu quero ouvir

                            You're my favorite part of me
                    Você é a minha parte favorita de mim

                         With you standing next to me
                             Com você ao meu lado

                           I've got nothing to fear
                       Eu não tenho nada a temer

Sorrindo, Jimin passou os braços pelos ombros de Jeongguk, abraçando-o. Selou os lábios nos dele, num selar rápido e fofo. O moreno riu após ver as bochechas do mais velho ficarem vermelhas.

Deu vários selares nos lábios, nariz e bochechas do ruivo, fazendo-o rir. Ouvi-lo sorrir era uma das melhores sensações que tinha, ele adorava. Recebia informações de Choi, pelo celular, e de acordo com a enfermeira, o namorado só sorria quando estavam juntos. Só parecia melhor quando estavam juntos. Parecia precisar apenas do moreno e demais nada, para viver.