História Alone (Imagine Min Yoongi) - Perfeitamente (in)comum.

________ P.O.V

Yoongi sorriu, pegou a caneta e começou a rabiscar as letras com calma.

Demorou uns vinte minutos até ele terminar, me puxou devagar pelo braço e então comecei a ler.

''A solidão sempre foi a minha maior e melhor companhia.

Em momentos que precisava de apoio, até minha sombra parecia desviar.

Me encontrei entre notas musicais, flores, livros e o cheiro adocicado dos grãos torrados de café.

Eram meus vícios, minhas paixões e tudo que me fazia feliz se limitava entre isso e meu travesseiro branco jogado na cama fofa que me confortava todas as noites.

As pessoas riram de mim, xingaram, bateram e fizeram comentários grosseiros.

E foi naquele dia, no momento em que entrei na nova escola, na nova sala e vi a pequena garota sorridente que me encarava incessantemente, que achei que acrescentaria mais um vício na minha curta lista.

Quando entrei novamente entre as flores para ouvir minhas músicas e ler meus livros, você chegou e tirou toda a paz, mas trouxe algo tão bom, meu sorriso que havia sumido depois de todo o sofrimento.

Se interessou pelos meus livros, meu café doce e minhas músicas que deveria ouvir com sua avó como concordamos que seria perfeito.

Ninguém nunca havia se interessado antes, você sempre foi assim mesmo? De se interessar pelo que ninguém se importa?

Depois atravessou a rua correndo, me deixou com um sorriso idiota no rosto e o coração nas mãos enquanto procurava algo nas nuvens fofas. Talvez estivesse procurando um significado pra tudo isso, o motivo de ainda continuar com o meu ritual ''floral'' ou apenas procurava você mais uma vez.

Passei a noite toda pensando em você.

E acordei diferente no dia seguinte.

As flores, o café, tudo tinha outro significado.

Queria dar flores pra você.

Tomar café ao seu lado.

Ouvir músicas lentas enquanto conversávamos sobre nossas vidas.

E hoje aconteceu o mesmo com o piano.

Quero tocá-lo enquanto canta pra mim.

Antes me perguntava como alguém como você se encantava com a minha loucura?

Talvez loucura seja ficar sem você.

Mas eu tenho medo e sei que devo te confessar isso.

Tenho medo de amar, de me apaixonar e confiar em garotas também se tornou um problema pra mim.

Talvez demore um pouco para que me sinta seguro o suficiente.

Você vai esperar por mim?''

Sorri fraco e abaixei a cabeça.

– Você humilhou a minha poesia – comentei baixo e ele sorriu.

– Sua poesia foi linda, vou guardar ela pra sempre aqui – disse pegando minhas mãos e as colocou em seu peito, fazendo com que eu sentisse as batidas de seu coração.

– Você foi sempre assim também?

– Como?

– Tipo aqueles personagens de livros românticos que todo mundo sonha em encontrar mas é praticamente impossível.

– Não, eu existo – sorriu – Todo mundo tem um lado assim, só basta encontrar a pessoa certa que faça isso tudo valer a pena.

Sorri envergonhada e ele me abraçou de lado, dando um beijo no topo da minha cabeça.

– Você despertou um lado meu que achei que já estivesse morto à muitos anos, obrigado.

Simplesmente não conseguia falar mais nada, apenas ficava o encarando. Meu coração batia mais rápido e meu sorriso não se desfazia, eu estava tão feliz e envergonhada ao mesmo tempo.

Como pode ser tão fofinho?

Meu celular começou a vibrar e o nome do Tae brilhava na tela, chamando a atenção do moreno.

– Seu primo deve estar preocupado, quer que eu te leve pra casa?

– Não precisa, deve ter coisa melhor pra fazer – falei pegando minha mochila e fui até a porta.

– Eu quero ir com você – falou determinado e então sorri.

Yoongi trancou a casa e logo estávamos andando até minha casa.

Ele entrelaçou nossos dedos e já foi o suficiente pra que eu surtasse internamente. Deitei a cabeça em seu ombro e sorri, era tão bom ficar perto dele.

Conversamos o caminho todo sobre pianos e o tal show de talentos, talvez eu me inscreva pra esse troço mesmo, vai que o pessoal gosta e me apoia. Se bem que o apoio do Yoonie já é o suficiente pra mim.

Antes de chegarmos na esquina da minha casa nos separamos, não por medo do meu primo ou coisa parecida, apenas não estava afim de ouvir centenas de perguntas.

Quando paramos na frente do portão ficamos nos encarando por alguns segundos.

– Acho que isso é um tchau né? – sorri envergonhada.

– Acho que sim, a menos que queira que seu primo saia correndo atrás de mim com uma barra de ferro – sorriu.

O abracei apertado e ele apenas segurou em minha cintura com todo o respeito do mundo, que era mais um dos motivos de achá-lo tão incrível.

Nos afastamos e ele ergueu uma das minhas mãos e deu um beijo leve na mesma.

– Até amanhã ____ – sorriu.

– Até, Yoongi – sorri e ele se virou, voltando por todo o curto caminho que traçamos juntos enquanto o observava até desaparecer algumas esquinas depois.

Entrei em casa tentando disfarçar o sorriso bobo e vi Tae lavando a louça, então fui até ele o abraçando por trás.

– Estupro é crime – disse sorridente enquanto esfregava o prato.

– Não é estupro quando ambos querem – respondi mantendo o tom brincalhão.

– Tá certo – sorri e dei um beijo em sua bochecha – Como foi o trabalho?

– Ótimo, acho que vamos conseguir uma nota bem alta.

– Tomara.

– Vou deitar um pouquinho tá?

– Tá, mas depois um café e de noite a gente pede uma pizza, o que acha?

– Perfeito – sorri e dei um tapa fraco na bunda do Tae, fazendo ele soltar um ''eita'' seguido de uma risada estranha.

Fui até meu quarto me jogando na cama, abracei uma das almofadas e mais uma vez sorri.

Yoongi era como aqueles caras de filmes de drama romântico, ou aqueles personagens de livro que você acaba se apaixonando de tão maravilhoso que é.

E eu me sentia como aquelas garotas que ficam deitadas em sua cama enquanto deliram por causa do beijo que recebeu do garoto que ama.

Mas no meu caso, Yoongi era o garoto que eu gostava em segredo, com medo de se apaixonar e que guarda seus sentimentos apenas para si próprio. Menino de sorriso doce e alma de gente mais velha, filosófico e pelo que vi hoje, um belo poeta.

Tão cheio de qualidades que nem sabe que tem.

Eu estava com a cabeça longe sabe? Quando seu corpo está ali mas sua mente viaja e lembra de cada detalhe que aconteceu naquele exato momento.

Normalmente as meninas dos filmes deliram com o beijo que recebem do ''mocinho'' da história. Eu surtava lembrando das poucas vezes em que entrelaçamos nossos dedos, dos beijos fofos que deu em minha testa ou na mão como esse último ali no portão, dos abraços e do aperto de suas mãos em minha cintura.

Lembrava da delicadeza de suas palavras naquela poesia, Yoongi era sim como um protagonista de filme ''água com açúcar'' adolescente, mas era tão especial e único ao mesmo tempo.

Não precisava beijá-lo pra saber o quão incrível era o garoto que cheirava a menta fresca.

O que ele representava pra mim, beijo nenhum iria mostrar.

Na verdade nem me importava muito com beijos e toques quentes, o sorriso dele era suficiente pra fazer meu corpo todo entrar em ebulição.

No dia seguinte...

Cheguei na faculdade acompanhada pelo Jungkook como de costume, dei oi pra todos os meninos e meu primo me encarou assim que o Jimin entrou pelo enorme portão de ferro com seu sorriso enorme e os cabelos acinzentados perfeitamente alinhados, usava óculos escuros e roupas de couro, podia imaginar dezenas de paparazzi tirando fotos dele mas na verdade era só a roupa que usava pra vir estudar.

Tudo perfeitamente comum.

Então pouco antes de tocar o sinal fui até meu armário, e assim que o abri um pequeno papel caiu de lá.

Me abaixei e comecei a ler:

''Lista de vícios de Min Yoongi

1. Café;

2. Piano;

3. Livros sobre distúrbios psicológicos;

4. Música clássica;

5. Flores;

6. Solidão;

7. Travesseiros brancos;

8. Camas;

9. Poesias;

10. A menina baixinha que estuda comigo e tem o sorriso mais meigo que eu já vi.''

Vi uma mão que oferecia ajuda e logo reconheci pelos anéis, olhei pra cima e lá estava ele com seu olhar fofo, Min Yoongi.

Peguei em sua mão e levantei, sentindo um beijo fraco em minha bochecha e logo depois ele se afastou.

– Bom dia, baixinha – sorriu então tomando um gole de seu café.

Perfeitamente (in)comum.