História Alone (Imagine Min Yoongi) - Eu me senti amado.

E mais uma vez me encontrei com um sorriso idiota enquanto observava Yoongi caminhando pelo campus, tomando seu café quente sem ao menos se importar com as garotas que o encaravam discretamente.

Ele chamava a atenção não só por sua beleza, mas por seu jeito diferente, era visível que não parecia nem um pouco com os outros garotos dali.

Os outros entravam na faculdade como se o mundo os pertencesse, como se toda a beleza do mundo fosse deles e todo o universo precisasse achar isso também.

Talvez seja por isso que meu primo não gosta tanto assim dele.

Seus cabelos pretos caídos sobre sua testa, os brincos pequenos escondidos embaixo das curtas madeixas, os moletons largos e calças rasgadas, tênis de cano longo, cada detalhe completava a perfeição dele.

Sorri e abaixei a cabeça assim que o perdi de vista.

– Olhando o Yoongi de novo? – Jungkook disse me assustando.

– Dá pra avisar quando for tentar me matar de susto?

– Foi mal – sorriu e o abracei de lado, sentindo seus braços me envolvendo, apertando ainda mais o abraço.

– E daí, como foi lá ontem?

– A gente saiu pra tomar café e depois ele me levou pra casa...

– Meu Deus, achei que ele era mais calmo, o que fez com a minha bebê? – me interrompeu, começando a fazer o maior drama que já tinha visto.

– Dá pra me deixar terminar de falar, drama king?

– Tá, fala.

– Ele tocou piano pra mim, nós cantamos e trocamos poesias.

– Sério? Poesias? Achei que as pessoas trocavam números ou bilhetinhos, poesia é novidade pra mim.

– Ele é mais conceitual, sei lá, mas foi muito fofo.

– E acabou nisso?

– Ele me levou pra casa, me deu um beijo na testa e um abraço.

– Ele é gay?

– Jungkook – falei indignada.

– Ah, não foi pra ofender, só perguntei, poxa.

– Não, ele não é gay.

– Eu sei que não, ele só é meio ''exótico'' – disse fazendo aspas com os dedos.

– É, eu sei disso – sorri.

– E como vai fazer pra contar pro seu primo que vocês estão juntos?

– Vai com calma, a gente não tá junto e ele nem precisa saber que eu tô saindo com o Yoongi por enquanto.

– Não sei porque, mas eu sinto o cheiro de que algo vai dar bem errado.

– Eu te amo mas cala a boca antes que te mate – sorriu.

– Retiro o que eu disse, vai dar tudo muito certo, o Tae nunca vai descobrir, vocês vão se casar, ter uma casa em Cancun, 3 cachorros e eu vou ter 5 sobrinhos bochechudos.

– Espera um pouco, sobrinhos? Cancun?

– Eu gosto de praia e de crianças bochechudas, ué.

– Agora eu sei porque o seu melhor amigo é o Jimin.

– Nossa, falou que ele tem bochecha de buldogue – disse rindo e quando avistou o garoto de cabelos acinzentados começou a berrar – Eu não deixava Jimin, arrebenta ela.

Minnie veio sorrindo em nossa direção, e prendeu meu pescoço com seu braço como se fosse me enforcar.

– Ah é? Fala quem é o buldogue agora – disse me fazendo cócegas.

– Para Minnie – dizia entre gargalhadas – Para, socorro Jin oppa.

– Ah, se vira aí – ele disse rindo enquanto passava ao nosso lado.

– Tu tá morto pra mim – falei ainda gargalhando – Para, inferno.

– Me chama de rei Jimin e eu te solto – disse aumentando a velocidade das cócegas.

– Que broxante – comecei a chorar de tanto rir – Jimin, me solta agora.

– Quem é o rei?

– Você – disse em um sussurro inaudível.

– Fala mais alto.

– Você é o rei Jimin, agora chega – ele sorriu e me soltou, enxuguei as lágrimas me encostando no armário logo em seguida.

– Obrigado, eu sei disso – disse convencido.

– Agora eu posso voltar a fazer parte da conversa? – Jungkook disse emburrado.

– Não – Jimin e eu respondemos em uníssono, até que o menor me deu um abraço de lado, me levando até a porta da minha sala.

Taehyung passou ao nosso lado e sorriu satisfeito.

Nos afastamos rapidamente, desmanchando a expressão animada que tomava conta de nossos rostos.

Eu sinceramente sinto falta do meu ex melhor amigo, apenas bons amigos, é uma pena que o Tae não acredite nisso.

Entrei na sala e me sentei na penúltima carteira, sendo seguida por Jungkook que sentou logo atrás como sempre.

E mais uma vez Yoongi estava do outro lado da sala, dormindo sobre seus braços dobrados na carteira, o copo de café e alguns papéis amassados dentro de uma sacola amarrada no chão, os livros perfeitamente alinhados ao seu lado como de costume, a cena mais linda das minhas manhãs entediantes na aula.

Virei rapidamente e vi Jungkook me encarando com um olhar meio psicopata.

– Tá doido menino?

– Não, mas agora você sabe como ele se sente.

– Eu não olho pra ele assim.

– Não mesmo – pegou a garrafa d'água, encheu a boca, olhou na direção do Yoongi e deixou a água escorrer entre seus lábios – Agora ficou perfeito.

– Idiota – falei dando um tapa nele, fazendo com que ele cuspisse a água na menina que sentava ao nosso lado.

– Me desculpa, Yumi-ah – ele disse fazendo reverência para a garota, logo tirou seu casaco e ofereceu para que ela se secasse com o mesmo.

– Tudo bem, não precisa – ela sorriu e voltou a encarar o quadro.

Peguei a garrafa d'água e imitei o Jungkook, babando sobre sua carteira.

– Eu nem babei, pode parar.

– Aham sei, e essa aguinha escorrendo aqui é o que?– falei colocando o dedo no canto de sua boca como se tivesse limpando.

– Eu vou cuspir na sua mão.

– Eca – tirei o dedo rapidamente e ele sorriu.

Yoongi P.O.V

Quando o sinal do intervalo tocou, saí da sala à procura da _____.

Sentada ao lado do primo rindo enquanto conversava com o Jin, a olhei discretamente e abaixei a cabeça, me afastando.

Peguei o lanche e sentei em uma mesa distante.

Ela me olhou e sorriu disfarçadamente, olhando pro primo logo em seguida.

– A tia me ligou agora a pouco – Taehyung disse pra mais nova.

– O que ela queria? Por que não me ligou? – ____ respondeu.

– Seu celular tá desligado, até eu tentei te ligar e não consegui.

– Ai que merda, esqueci de carregar essa porcaria.

– Ela disse que vai jantar lá em casa.

– Ah, tudo bem então.

Eu tinha planos de chamá-la pra sair hoje, mas acho que não vai dar muito certo, além de que ela precisa de um tempo só com a família.

Fica pra outro dia.

Olhei novamente e ela sorriu, fazendo um pequeno coração com a ponta de seus dedos e eu correspondi da mesma forma, fazendo-a corar no mesmo instante.

Peguei uma caneta que sempre deixava como marcador no meio do livro, rasguei um pedaço do guardanapo e coloquei meu número, dobrando diversas vezes.

Levantei e passei ao lado da mesa deles, deixando ''acidentalmente'' o bilhete cair sobre o colo da menor.

Ela se virou discretamente e sorriu, pisquei rapidamente, fazendo com que ela ficasse envergonhada logo voltando a conversar com os meninos.

Nunca fui do tipo de cara que flerta, ou ''paquera'' como diria minha bisavó, mas gostava de ver as bochechinhas da ____ vermelhas, era tão fofo.

Eu realmente me sinto estranho fazendo esse tipo de coisa, não é muito ''a minha cara'' isso de passar número, bilhetinho, piscar ou fazer coraçõezinhos com os dedos, aegyo tá longe de ser algo que gosto de fazer.

Nem sei se tô fazendo isso certo, acho que tô mais pra maníaco do que pra ''galanteador''.

Acho que o Namjoon tá certo, eu preciso mesmo parar de usar essas gírias de idoso, pareço aqueles velhos que passam a tarde toda jogando xadrez no parque enquanto discutem sobre como o viagra não tem mais efeito pra eles.

[...]

Quando cheguei em casa, joguei a mochila quase vazia na poltrona, liguei a cafeteira e peguei meu celular, ligando rapidamente pro Namjoon.

– Dongsaeng, que milagre você me ligando – disse risonho.

– Eu sempre te ligo, e não me chama de dongsaeng como se fosse uma criança.

– Você tem o tamanho de uma.

– Preciso de ajuda – falei ignorando sua piadinha idiota.

– Você sempre precisa, não sabe mais viver sem os conselhos do Nam aqui, eu sou ou não sou foda demais?

– Quer saber? Esquece.

– Não desliga não, pode me contar o que aconteceu, vai anda.

– Aquela garota, Nam.

– E o que é que aconteceu com a garotinha dos populares dessa vez?

– Eu saí com a _____ pra tomar café ontem, depois toquei piano e ela cantou pra mim, escrevemos poesias e depois a levei em casa.

– Daí tu pegou a menina de jeito? Ah, esse é meu garoto, tirou a teia do...

– Não cara, eu não fiquei com ela.

– E por que não?

– Eu não sei, quero ir com calma.

– Tá com medo dela ser uma nova Sunny?

– Não é bem isso, sei que ela não é desse jeito, mas fico nervoso perto dela e travo quando sinto seu toque, eu tô na merda, Namjoon.

– E lá se vai mais um guerreiro, se perdendo nos mares da paixão – disse rindo baixo.

– Você é definitivamente o cara mais imbecil que eu já conheci.

– Ah, vai dizer que não é engraçado? A Elsa da vida real se apaixonando pela prima mimada do garoto popular. Não dou uma semana pra estarem usando roupas iguais e se chamando de ''mozão e mozona''.

– Vai se foder – falei colocando no viva voz enquanto adoçava o café que acabara de ficar pronto.

– Falando sério agora, você tá apaixonado por ela né?

– Não sei, eu tô muito confuso.

– E você quer ajuda com o que afinal?

– Digamos que o primo dela não vai muito com a minha cara e tem esperanças que ela fique com um dos amigos populares dele – Namjoon afirmou, mostrando que ainda prestava atenção – Como eu convenço ele que sou um cara legal pra namorar com a prima dele?

– Você não é um cara legal, Yoongi.

– Tchau – falei quase desligando a ligação enquanto ele ria exageradamente.

– Mas teu humor tá um lixo hoje, hein?

– Só não tô com paciência pra piada com a minha desgraça.

– Você não precisa convencer ele de nada, só fica com a garota e se for pra rolar vai dar tudo certo, a vida não precisa ser tão planejada assim, sabia?

– Tem certeza?– falei olhando rapidamente pra tela do celular assim que senti o mesmo vibrar, sorri fraco ao ver uma mensagem com o nome da pequena.

– Tenho e pelo barulho sei que seu celular vibrou, desliga a ligação e vai falar com a garota logo.

– Como você sabe que é ela?

– Senti o cheiro de gente popular que não sei o que quer com um cara como você.

– Tchau, idiota.

– Tchau, babaca – sorri e desliguei.

Peguei uma caneca, enchi de café ainda quente e fui pra sala, deitando no sofá enquanto lia a mensagem dela.

''Oi Yoonie, aqui é a ____''

Salvei seu contato como baixinha, sorrindo pelo meu clichê idiota.

''Achei que nem ia mandar mensagem''

''Claro que ia, só estava esperando minha mãe apertar minhas bochechas e falar o quanto eu cresci'' – sorri.

''Queria ter te chamado pra assistir algum filme comigo hoje, mas ouvi a conversa com seu primo e desisti''

''Você anda prestando atenção na conversa alheia, Min Yoongi? Que feio''

''Foi a primeira vez, poxa''

''Estou decepcionadíssima''

''Perdão pela decepção, vossa alteza''

''Está perdoado contanto que sente perto de mim na sala amanhã''

''Estarei lá''

''Já volto, minha mãe tá me chamando''

''Tenho todo o tempo do mundo''

Sentei no banco que tinha no quintal, olhando pras flores penduradas nas grades enquanto sentia o cheiro da grama recém-cortada.

''Voltei, espero que não tenha dormido''

''Tô acordado, ainda...''

''Queria ouvir você tocando piano de novo, sabia? Fiquei o dia todo lembrando disso''

''Eu li a sua poesia várias vezes também, foi uma das coisas mais legais que alguém fez por mim''

''Achei tão sem graça, não sei escrever tão bonitinho, tenho quase certeza que poesia não é meu maior talento''

''Acho que você nem sabe quais são os seus talentos''

''Você tem toda a razão''

Sorri fraco, olhando novamente pro celular.

''Queria ter te chamado pra assistir um filme comigo aqui em casa''

''Assistir filmes 'cult', com atores desconhecidos, sem clichês românticos, com músicas simples de fundo, filmagem de baixa qualidade mas com uma história profunda, bem a sua cara mesmo''

''Você fez isso parecer a coisa mais chata do universo''

''Talvez amanhã, o que acha?''

''Você quer mesmo assistir comigo?''

''É claro que sim, vai ser ótimo''

''Mesmo que sejam filmes cult completamente chatos e entediantes?''

''Mesmo assim, qualquer coisa ao seu lado se torna especial''

Sorri, colocando o celular ao meu lado no banco.

Era fofo o jeito com que ela se esforçava pra fazer atividades que eu gostava.

Mesmo que não fosse uma grande fã de músicas clássicas, poemas e até mesmo a solidão, ela estava disposta em se envolver nessa enorme loucura que eu chamo de vida.

Por mais que eu achasse minha vida extremamente entediante, chata e monótona, ____ mostrava um interesse incrível em todo esse tédio.

Ela era tão legal, tão cheia de amigos, tão cheia de vida e animação.

Não costumava parar pra ler, ou observar flores com uma certa frequência. Tinha amigos e seu primo sempre ao seu lado.

Não tinha tempo o suficiente pra ser sem graça e chata como eu.

Mas sinceramente, era uma honra poder ser chato ao seu lado.

E vendo aquele sorriso enorme ao me ver tocando piano, ao ler minha poesia, ao dividir fones de ouvido, tomando café ao meu lado, lendo o bilhete curto e a pequena declaração em seu armário, ao perceber sua animação com o livro que tinha a emprestado, com um simples beijo na testa e mais diversas coisas que apenas eram parte de mais um dos meus dias, tudo parecia deixá-la encantada, me encontrei sorrindo lembrando de suas expressões doces e curiosas.

Tudo tão encantador pra ela, tudo tão simples pra mim.

E com um sorriso idiota no rosto lembrando de cada momento, percebi que pela primeira vez, tive orgulho de mim mesmo, pois ela amava as minhas chatices, ela amava quem eu era de verdade.

E pela primeira vez em toda a minha vida, eu me senti amado.