História Alone (Imagine Min Yoongi) - Eu nunca quis tanto ser ''ninguém''.

_____ P.O.V

Minha mãe me chamou, pedindo que sentasse ao seu lado.

– Tae disse que está andando com um garoto novo, é seu namorado?

– Yoongi? Não, só meu amigo.

– Pelo que ele estava falando parece ser um ótimo garoto.

– Ele é.

– Me fale um pouco dele.

– Toca piano, ama livros, muito inteligente, adora filosofar sobre tudo – sorri ao falar sobre ele, era tão difícil tentar resumi-lo em apenas alguns adjetivos.

– Um pianista? Que interessante.

– Sim, ele é incrível.

– Vocês podem até não estar namorando, mas esse olhinho brilhante não engana ninguém filha, você gosta do garoto não é?

Olhei pro Tae rapidamente e vi que o mesmo não prestava atenção, o que era um bom sinal.

– Talvez, mas ele é meio conceitual.

– Conceitual?

– É, ele tem um jeito todo dele, não sei explicar.

– Ele é romântico não é?

– Bastante.

– Já se beijaram?

– Não, ele acha que é cedo demais.

– Ele tem toda a razão, aproveite os momentos inocentes ao lado dele, são raros os garotos que se importam sinceramente com os sentimentos da menina. Deve estar esperando o momento perfeito quando tiver certeza absoluta do que sente.

– Andamos de mãos dadas, abraçados e ele sempre dá beijos na minha testa.

– Ele te respeita, então precisa respeitar o tempo dele.

– Você sempre tem os melhores conselhos, mãe – falei a abraçando de lado.

Minha mãe fazia muita falta, sempre compreensível e paciente, disposta qualquer hora do dia a me ajudar independentemente do assunto. É a mulher mais incrível que conheço.

Pena que não encontrou o amor que tanto merecia.

[...]

Acordei no dia seguinte com o despertador praticamente berrando. Me arrumei em uns quinze minutos e logo desci, encontrando Tae sentado no sofá.

– Bom dia – disse sorridente.

– Bom dia – respondi, enquanto mordia uma maçã.

Ouvi a campainha tocando e fui abrir a porta, vendo Jungkook animado como sempre.

– Vamos?

– Vamos – disse lhe dando um abraço de lado.

– Não vai junto, Tae?

– Não, vou mais tarde, podem ir – respondeu o mais velho, então saímos.

Ficamos em silêncio até chegarmos no outro quarteirão, não confiava na rua da minha casa. As paredes tem ouvidos, e a dona Maria também, não sei qual o problema daquela mulher, só sei que ela tenta achar uma oportunidade de me entregar pro meu primo pelo menos umas três vezes por dia.

– E como está o rolo com o Yoongi?

– Vou assistir filme na casa dele hoje.

– Sinto cheiro de fornicação.

– Eu sou praticamente uma freira, só falta a roupinha.

– Ah, claro – disse irônico.

– Minha mãe gostou da ideia.

– Ponto positivo pro Yoongi.

– Mas ainda imagino o problema que vai dar quando o Tae descobrir.

– Não vai dar nada, ele não pode te obrigar a ficar com quem não gosta.

– Mas ele ainda acha que eu dei pro Jimin.

– Nossa, que vulgar – disse rindo – O jeito é pedir pro Jimin falar com ele.

– Não vai adiantar, ele não acredita, acha que eu tenho vergonha de assumir que não sou mais virgem.

– Como vai assumir se tua virgindade tá intacta?

– Esse é o problema, até o azeite extra virgem é menos virgem que eu.

– Isso é verdade.

– Tenho medo que ele faça algo pro Yoongi.

– Se ele mexer com algum de vocês dois por causa disso, serei Jimin e eu contra ele.

E é exatamente o que eu não quero que aconteça.

[...]

Quando tocou o sinal, fomos em direção à sala e sorri ao notar Yoongi sentando em frente a minha carteira.

– Você cumpriu a promessa – falei assim que sentei atrás dele.

– E você, vai cumprir a sua parte?

– Com certeza – sorri.

– Jura que eu vou ficar de vela a aula toda? – Jungkook perguntou indignado e eu ri baixo.

– Não, até porque a sua namoradinha acabou de chegar – falei ao ver Yumi entrando.

– De onde tirou isso?

– Não se faz de tonto, já notei o jeito que olha pra ela.

– Você tá me enchendo o saco desde ontem, eu cuspi na menina, acha mesmo que teria uma chance?

– Acho – falei ao notar que a garota sorria em nossa direção.

Jungkook P.O.V

Talvez a ____ tenha razão, sempre olhei pra Yumi de um jeito diferente.

Mas não tem nada a ver, ela é tão meiga e eu sou mais idiota, enquanto ela é fofa com todo mundo, eu estou ocupando zoando a minha melhor amiga de todas as formas possíveis.

Não acho que seria bom o suficiente pra ela, então vou manter assim.

O professor entrou na sala e logo encheu o quadro de matéria, a qual comecei a copiar rapidamente.

_____ e Yoongi conversavam baixinho, trocavam sorrisos sinceros e carinhos discretos. Me orgulhava em ser vela deles.

Nunca tinha visto minha amiga tão feliz assim antes, parecia que ele era o pedaço que faltava nela mesmo antes de terem se conhecido.

Se completavam com tanta perfeição.

Até o jeito estranho de cada um parecia completamente normal quando estavam lado a lado.

Não tenho dúvida de que ele é o cara perfeito pra ela.

Olhei pro lado, observando Yumi copiando a lição, enquanto seus enormes cabelos castanhos cobriam parte de seu rosto.

Talvez nós possamos ser como eles um dia.

Yoongi P.O.V

As aulas passaram tão rápido que só notei quando tocou o sinal do intervalo.

– Bom, nos vemos na próxima aula – falei, enquanto levantávamos.

– Tudo bem, até daqui a pouco – sorriu dando um beijo na minha bochecha e se afastou sorridente com Jungkook.

A cada dia _____ se tornava mais incrível.

Mostrando maturidade, curiosidade e muita força de vontade. Poderia realizar todos seus sonhos se continuasse assim.

Saí da sala e senti alguém me segurando pelo braço.

– Yoongi-ah? – olhei rapidamente e vi Yumi envergonhada.

– Oi Yumi, precisa de alguma coisa?

– Preciso sim, posso passar o intervalo com você?

– Claro.

– Sua namorada não vai ficar brava comigo? – disse se referindo a ___ e eu sorri.

– Não, ela não vai.

A levei até a parte de trás do campus, onde haviam algumas árvores e era bem mais tranquilo pra conversar.

Sentamos na sombra de uma das árvores e ela mexia no cabelo, ainda muito envergonhada.

– O que precisa? Conversar?

– Na verdade, queria te perguntar uma coisa.

– Pergunte – disse a encorajando.

– Você sabe se o Jungkook tem namorada?

– Não que eu saiba.

– Posso confiar em você? Não quero que fale nada pra ele.

– Claro, pode confiar.

– Eu meio que gosto dele sabe, mas não sei se ele iria corresponder, tenho medo da rejeição.

– Nunca vai saber se não tentar, podia puxar um assunto com ele, conversar é o melhor jeito de se aproximar.

– Será que ele não vai me ignorar?

– Pelo pouco que conheço dele, Jungkook não é esse tipo de cara.

– Mas e se comigo for diferente?

– Pode contar comigo se algo der errado – sorriu.

– Você é muito fofo, Yoongi.

– Tento ser legal.

– E tá funcionando.

Conversei com ela pelo resto do intervalo, Yumi é uma garota de coração bom e acho que Jungkook pode protegê-la muito bem.

– Você deveria ser psicólogo, sabia?

– Não acho que é muito a minha cara.

– Mas tem conselhos ótimos.

– Só falo o que acho que seria o melhor.

– Acho que ainda vou precisar muito da sua ajuda.

– Sempre que precisar é só chamar – falei e ela sorriu, fazendo uma pequena reverência em agradecimento.

Talvez Yumi possa ser uma nova amiga.

Quando o sinal tocou, voltamos pra sala normalmente.

Assim que Jungkook entrou na sala, Yumi puxou a cadeira dele pra que ficasse ao seu lado e eu sorri.

_____ estranhou a primeira vista mas depois sorriu também.

– Por que sinto que tem dedo seu nisso aí? – ela perguntou me encarando.

– Porque tem mesmo.

Yumi mexia no cabelo o tempo todo e Jungkook batucava as pontas dos dedos na carteira, não sei qual deles estava mais nervoso, mas acho que me agradeceriam depois.

Se eles se gostam, nada mais justo do que assumirem um pro outro.

[...]

Quando a aula acabou, Jungkook tentou distrair Taehyung pra que não nos visse saindo juntos já que ____ tinha dito pra ele que iria fazer um trabalho na casa da Yumi.

– Obrigada pelo que fez pelo Jungkook – disse sorridente assim que saímos de perto da faculdade.

– Eles só precisavam de um empurrãozinho.

– No caso do Kook, uma voadora – sorri com seu comentário.

– Mas espero que eles se resolvam logo, Yumi parece gostar muito dele.

– E ele dela mesmo que não assuma.

Abaixei a cabeça e continuei andando, até que ____ me puxou pra um restaurante.

– Dessa vez sou eu que pago – falou sorrindo.

Sentamos em uma das mesas e logo o garçom veio anotar o pedido, ela pediu frango e eu pedi carne, também pedimos sucos naturais e o moço disse que logo traria, se afastando rapidamente.

– Você ainda não se inscreveu no show de talentos né? – perguntei a encarando.

– Não, tô sem ideia do que cantar além da vergonha enorme.

– Qualquer coisa que cantar vai ficar lindo, tem uma voz maravilhosa.

– Você é um fofo, mas não é tão fácil assim.

– Claro que é, só assinar o termo e cantar no dia, pronto, simples assim.

– Fala assim porque toca piano incrivelmente bem.

– Nem sempre foi assim, a gente erra, mas se nunca tentar não vai saber se é boa ao ver das outras pessoas.

– Não sirvo pra isso.

– Você é a única que acha isso.

– Eu e a minha noção achamos isso – sorriu.

Os sucos chegaram e então começamos a bebericar.

– Onde está a sua família? – perguntou.

– Digamos que não me dou bem com meu pai.

– Por que?

– Ele nunca apoiou meu sonho, sempre dizia que eu precisava de uma faculdade, arquitetura ou algo do gênero pra ele já era o suficiente.

– E agora faz faculdade de música.

– Resolvi seguir meu sonho – sorri.

– E o que ele achou disso?

– Não sei, nunca mais nos falamos.

– Isso não te deixa triste?

– Não mais, aprendi que às vezes é melhor ficar sozinho e feliz do que triste e rodeado de pessoas.

– Então decidiu morar sozinho por isso?

– Um dia cheguei da escola e quando entrei no quarto vi minhas composições rasgadas e espalhadas pelo chão.

– Seu pai fez isso?

– Ele e a minha mãe. Daí decidi vir em busca do meu sonho, dormi na rua por algum tempo até conseguir um lugar pra ficar, e aqui estou eu.

– Você é ainda mais incrível do que eu imaginava – disse colocando sua mão sobre a minha, fazendo carinho levemente com seu polegar.

– Não acho que seja bem por aí – sorri envergonhado – E sua família?

– Minha mãe é a melhor, mas não posso dizer o mesmo do meu pai.

– Então nós dois temos pais problemáticos – sorri mas na verdade, isso não era nem um pouco bom – O que ele fez?

– Ele bebe demais, já ameaçou bater na minha mãe, ela tentou ajudar de todos os jeitos mas nada funcionou, então se separaram.

– E daí decidiu morar com seu primo, isso?

– Sim, ele foi o único que conseguiu me tranquilizar naquela época.

– Acho que não temos as famílias mais estruturadas.

– Com certeza não – sorriu.

Nossa comida chegou e então começamos a comer tranquilamente, o tempo parecia travar quando estávamos felizes juntos.

Depois de almoçarmos, fomos até minha casa.

– Pode escolher um filme, vou pegar umas coisas pra gente – falei assim que entramos na sala – Estão ali embaixo – apontei pro armário.

– Tudo bem – ela se ajoelhou e começou a mexer nos DVDs.

Fui até meu quarto, peguei uma coberta, dois travesseiros e coloquei no sofá, indo depois até a cozinha.

– Café ou chocolate quente? – perguntei.

– Café – respondeu rapidamente.

Sorri e então arrumei tudo pra fazer um café bem quente pra nós, que em menos de 10 minutos estava pronto, abençoada seja minha cafeteira.

Peguei as duas canecas e levei até a sala, vendo _____ segurando um DVD.

– Esse parece legal – sorriu, pegou as duas canecas da minha mão colocando-as na mesinha e depois me entregou o tal filme.

Filme que pra ser sincero nem sei porque tinha ali já que nunca tinha assistido.

– Terror?

– Qual é? Menina não pode gostar de terror?

– Claro que pode – sorri.

Arrumei o sofá, desdobrando parte dele para que ficasse como uma cama. Coloquei o filme e depois fui pro sofá, vendo ____ sentada com um sorriso enorme.

Sentei ao seu lado e ela cobriu nossas pernas com a coberta, me entregando depois uma das canecas.

O filme começou e ficamos em total silêncio, apenas tomando nosso café.

Quando o café acabou, ____ deitou, me puxando para que deitasse ao seu lado e assim fiz. Nossas mãos entrelaçadas embaixo das cobertas e o sorriso discreto de nós dois era uma forma de comunicação muda.

Eu amava falar com ela, mas também amava o silêncio confortável que se formava entre nós.

O filme acabou e então ficamos falando sobre o mesmo até que _____ ouviu seu celular tocando.

– Atende – falei e ela concordou.

– Que foi Tae?... tô na casa da Yumi...ok, já estou indo...também te amo – ela revirou os olhos e eu rapidamente entendi.

– Te levo até lá – falei sorridente, peguei sua mochila – Inclusive, posso pegar seu caderno emprestado? Não copiei a matéria de inglês.

– Claro, pode pegar aí – peguei o caderno e coloquei encima da mesa, depois colocando a mochila nas costas.

Entrelaçamos nossas mãos e saímos, dessa vez desviei o caminho indo pelo meio do campo florido. Peguei uma margarida e coloquei presa entre os cabelos dela, deixando-a ainda mais linda.

Sorrimos, depois continuamos andando e conversando normalmente. Era maravilhoso o fato de que o clima nunca ficava estranho entre nós.

Tudo entre nós era incrível afinal de contas.

E mais uma vez me despedi dela na esquina da rua da sua casa. Ficamos abraçados por um longo tempo e depois dei um beijo em sua testa.

Fui embora sorridente como se tivesse ganho na loteria, e talvez tivesse ganho mesmo, mas o prêmio não era dinheiro e sim o sorriso daquela garota.

[...]

Depois de arrumar tudo, peguei meu material pra poder copiar a matéria. Folheava o caderno da mais nova com cuidado olhando tudo, até que vi uma página que me chamou a atenção.

''Querido ninguém,

Sempre fui muito quieta, sozinha e isolada.

Apenas Jungkook, Jimin e Taehyung estiveram ao meu lado.

No começo achava que estava perfeito assim, mas percebi que estava completamente enganada.

Eu amo a liberdade de ir e vir sem dar explicações, amo abraçar meus amigos sem ser obrigada a aguentar ciúmes, amo minha independência.

Mas você me faz falta, mesmo que não saiba quem sou.

Sinto falta de um carinho tranquilo, um beijo respeitoso, um abraço apertado e quentinho, andar de mãos dadas, ouvir músicas juntos, dançar sem música, brincar com nossas diferenças e comemorar nossas igualdades, alguém que me ofereça seu casaco em dias de frio, sinto falta de tudo isso.

Mas prometo que quando estivermos juntos farei meu melhor pra te fazer feliz, te darei todo o amor do mundo, serei a pessoa que sempre sonhou, ou pelo menos tentarei ser assim.

Sei que só me resta ter um pouco de sorte e esperar que o tempo nos ajude, mas sei que algum dia o vento lhe trará pra perto e fará com que entre na minha vida.

Vou esperar o tempo que for, pois sei que vai valer a pena, sei também que será minha alma gêmea.

Dizem que vale tudo no amor e na guerra, mas não precisarei lutar pois nós seremos uma batalha ganha.

Fazer parte da sua vida me mudará, e sei que vou amar as mudanças, assim como vou te amar.

Espero que não demore tanto, mas se demorar, continuarei aqui por você.

E um dia finalmente poderei entregar essa carta de amor para alguém que ainda não conheci.''

Sorri, como podia ser tão perfeita?

Talvez não seja esse tal cara perfeito pelo qual espera tanto mas eu nunca quis tanto ser '''ninguém''.