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História Always Somewhere (Aonung x Neteyam) - Epílogo - Um estranho futuro de esperança


Escrita por: Srta_Michaelis

Notas do Autor


Cara, eu nem tenho palavras. Só quem acompanhou tudo isso desde o começo do ano sabe a loucura que foi.

Infelizmente acabei falhando com o spin-off e a história precisou entrar em hiatus por conta das coisas ruins que me aconteceram. Mas eu estou realmente muito feliz de ter conseguido trazer esse final, mesmo que muitos não se interessem mais.

Muito obrigado a todos que acompanharam no passado, acompanham agora ou salvaram a fic para ler em algum outro momento. Cada um de vocês faz meu dia mais feliz.

Este epílogo é minúsculo e podem sentir falta de algumas coisas. A ideia é focar na trama principal e deixar os refrescos para os dois extras que postarei logo em seguida (surtos garantidos, prometo!).

Enfim, aproveitem.

Um beijo!

Playlist da fic no spotify -> https://open.spotify.com/playlist/1aRePxCbac7cDunYhqoeCg?si=4b4afb281cdf4b5a

PS: Se puderem, escutem a música da citação. Ela exprime bastante tudo o que foi esse spin-off <3

Capítulo 58 - Epílogo - Um estranho futuro de esperança


Close my eyes and let the love-light guide me home (Fecho meus olhos e deixo a luz do amor me guiar para casa)

Let the love-light guide me home (Deixo a luz do amor me guiar para casa)

Skin and bones – Cage the elephant

 

Havia um certo tipo de energia ancestral cintilando no âmago de Tai’Ren, que fazia seus pés avançarem, mesmo que bem apoiado em Aneya, um passo após o outro na floresta.

Seus pensamentos, antes turvos e sem cor, agora ganhavam vida e sobriedade à medida que ele tocava as árvores onde brincou e as plantas que foram suas únicas companhias nos anos de isolamento.

Seu cérebro, ainda exaurido da tortura, lhe permitiu realizar algumas conexões, trazendo de volta poucos momentos da infância. Todos eles com a presença de Neteyam, inicialmente com o olhar de desdém e depois com os orbes repletos de amor.

Caminhou pela velha clareira onde Ao’nung havia improvisado um acampamento e parou por alguns segundos, deixando os olhos correrem por ali. Nada havia restado da passagem deles. A natureza implacável mostrou que o tempo continuou correndo e os anos em que viveu ali, além das semanas ao lado de Neteyam e Ao’nung, haviam ficado no passado, assim como todo o resto.

Encontrando a subida até o penhasco, se apoiou um pouco mais forte em Aneya, que o puxou com delicadeza, iniciando a caminhada lenta.

As pontadas em sua cabeça mostravam para Tai’Ren que sua mente trabalhava incessantemente para expulsar do casulo de proteção as memórias perdidas. 

Conforme eles diminuíam a distância da base até o topo da subida, o Sully podia enxergar a si mesmo correndo, em uma descida alucinada até escorregar e cair de cara no chão; Viu Neteyam passar por ele e ir de encontro ao seu pequeno eu criança, estendendo a mão para que caminhassem juntos. 

Mãos essas que nunca se soltaram mais.

Tantos momentos aconteciam simultaneamente que sua boca permanecia fechada, sem saber como dizer a Aneya a enorme confusão que acontecia em seu interior. Porém, o Metkayina não precisava ouvir nenhuma palavra pra saber que uma transformação acontecia em seu amado. Por isso, apenas respeitou o momento que ele precisava para colocar as ideias em ordem.

Quando finalmente alcançaram o topo do penhasco se deliciaram por alguns segundos com a brisa fresca, a visão do céu e o movimento das águas. Depois, voltaram aos seus dilemas internos.

Segundos e minutos se passaram até que Tai’Ren fechou os olhos demoradamente. Sua respiração não era muito regulada e a dificuldade fez as mãos de Aneya procurarem a sua, tentando passar algum acolhimento.

As ondas se encontrando com as rochas emitiam o único som que os rodeava ali.

— Hune. – Sussurrou Tai’Ren. – Era a minha mãe.

A revelação fez Aneya arregalar os olhos.

— C-como descobriu?

— Estava tudo aqui...- O dedo cinza tocou a testa. Seus olhos seguiam fechados. – O tempo todo. Eu tive que passar pela pior dor da minha vida pra conseguir descobrir a verdade. Mas agora eu sei. Sei o que ela passou. Me lembro da dor que ela sentiu por me abandonar. Me lembro da raiva do Povo do Céu. Eu me lembro de tudo sobre ela. Tudo o que meus olhos conseguiram ver.

Quando os olhos cinzas se abriram, as lágrimas caíram silenciosas por suas bochechas. Aneya baixou as orelhas.

— Eu...sinto muito.

— Eles foram tão cruéis que me ofereceram os “dados” da minha mãe em troca das memórias da minha família em Awa’atlu. Queriam saber de onde eu vim, quem eu era... Achei que aquilo nunca fosse acabar. Eu quis morrer muitas vezes.

Um soluço escapou por seus lábios, mas ele retomou a fala, antes que Aneya se manifestasse:

— Mas eu estou aqui agora, não é? Isso é real, Aneya?

— É, sim. Eu juro.

Tai’Ren soluçou um pouco mais, com os olhos do horizonte.

— Eu tinha uma música de despedida pra cantar quando esse momento chegasse, mas me sinto tão perdido e cansado... – Sua voz estava repleta de dor e era visível o esforço mental que ele tentava fazer para recordar. - ...Não consigo me lembrar dela.

— Então por que apenas não conversa com eles? Esse lugar é especial, não é? Sei que seus pais não precisam de nada além da sua presença. - Sussurrou o Metkayina, sentindo o coração pesar pela dor na voz do outro.

Os olhos se encontraram e transbordaram um companheirismo que Tai’Ren tinha até se esquecido. 

Imediatamente, foi bombardeado com os momentos intensos ao lado do rapaz. Quando matou para salvá-lo, trançaram os cabelos um do outro e, por fim, o momento que selaram o primeiro beijo depois de compreender seus sentimentos.

Aneya sentiu os próprios olhos encherem d’água quando viu um certo reconhecimento nos orbes cinzas, que haviam recuperado uma parte de seu brilho.

— Obrigado por ter voado tanto tempo comigo. – Disse Tai’Ren, ainda incapaz de sorrir, mas mais ainda de guardar suas emoções. – Eu vejo você, meu Aneya.

O Metkayina retribuiu o carinho com um beijo terno, mas depois deu um passo para trás quando constatou que Tai’Ren conseguiria ficar de pé sozinho.

— Agora, sabe o que precisa fazer. Vou esperar aqui e então vamos voltar pra casa.

Não foi necessário mais nenhuma palavra. Tai’Ren fechou os olhos e rezou. Deixou os ombros caírem pelo cansaço da viagem, mas tentou contar cada detalhe dos seus 18 anos de vida para os falecidos pais.

Agradeceu a Tsu’Yan por sua canção, que o guiou até seu avô. Falou para ele sobre seus dois pais e como eles também haviam ensinado coisas muitos úteis. Sorriu ao revelar ser um ótimo cantor e péssimo artesão e sentiu o coração pesar quando lhe contou o destino da terra onde nasceram seus ancestrais. Falou sobre Kaya e se perguntou se seu pai havia a conhecido quando ainda era muito jovem. Descreveu a emoção de reencontrar seu avô e se entristeceu por não se reconectar com suas emoções a tempo da despedida. Por fim, comentou que Huan estava em paz por saber seu destino e que agora, poderia descansar também.

Para sua mãe, Hune, dedicou todo seu coração. Agradeceu à vida, os cuidados e a proteção. Contou-lhe sobre como Neteyam também era muito protetor e fazia suas vontades. Revelou os desafios de ser um irmão mais velho, mas não entrou muito em detalhes pois ainda não havia se reconectado com as memórias de seus irmãos. Pediu desculpas por não ter tido mais descobertas sobre o passado dela e por temer o próprio povo. Pediu que ela não ficasse chateada por ter feito um amigo do Povo do Céu e também fez uma nota de se desculpar com Eiji pela forma fria que se despediu. Por fim, se compadeceu pelo tempo em que ela havia sofrido nas mãos dos inimigos e revelou que apesar de ter passado por cenário semelhante, estava começando a se lembrar que acreditava em um futuro de esperança.

Finalmente, Tai’Ren agradeceu a Eywa por acompanhá-lo por toda a vida, por cuidar de todos eles em meio a tantos momentos difíceis e fez um último pedido: recordar a canção feita para seus pais, para que um dia, pudesse voltar ali e cantá-la.

Quando terminou suas preces silenciosas, limpou as lágrimas do rosto e fechou os olhos para a brisa fresca que tocou seu corpo, como um abraço.

Como uma resposta.

Momentos depois, quando se virou, Aneya se aproximou, mais uma vez rodeando sua cintura.

— Venha, vamos pra casa.

Quase se rendeu a vontade de voltar, mas antes seus olhos brilharam ao avistar algo muito familiar na grama, como um presente.

— Não brinca!

— O que foi? – Aneya ficou confuso, mas ajudou o rapaz a chegar ao seu objetivo.

Quando Tai’Ren esticou o braço para pegar a frutinha que tanto comeu enquanto estava na ilha, deu um largo sorriso.

— Eu amo isso aqui. – Disse, antes de dar uma mordida generosa na fruta macia. O sabor característico, que espantava todos exceto ele, o fez rir baixinho. Aneya quase se emocionou pela reação do outro. – Pega, morde.

Prontamente aceitou a fruta e também mordeu generosamente. Contudo, não estava preparado para a explosão de sabores que invadiria sua boca. Seu rosto se contorceu nas mais variadas caretas até ele conseguir engolir.

Tai’Ren não conteve a gargalhada sincera pela expressão nada agradável do outro.

Depois de longos segundos se recuperando, Aneya fingiu que nada daquilo havia acontecido e voltou a puxar seu amado para perto.

— Adorei, mas não sei se quero mais um pedaço...Que tal irmos logo pra casa?

— Vamos sim. – Sorriu Tai’Ren.

Deitou a cabeça nos ombros do rapaz, feliz por sentir o coração esquentar e as bochechas corarem.

Tudo ia ficar bem.

 

FIM



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