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História Am I Loving You? - 2 Temp. - É tudo culpa do destino.


Escrita por: GiowObsessed

Notas do Autor


UHUUULLL!!!! OLHA SÓ QUEM CHEGOU!!!
Pessoal, sei que muitos estão afim de saber sobre a rotina dos capítulos. Bom, provavelmente, estarei tentando atualizar toda Quarta e Sexta. Talvez não seja toda a semana, pois imprevistos acontecem.
Estou tomando providências dos próximos capítulos, mas vai ficar um pouco complicado de atualizar semana que vem. Perdões, sei que é chato ler esse tipo de notícia. Chega a ser ruim até para mim, mas quando se trata de escola, é complicado.
Mas, nada de desespero, porque quando vocês menos esperarem, vai ter a atualização! Qualquer mudança na rotina, eu aviso a vocês.
Bom... Então vamos com o próximo capítulo!
Tenham uma ótima leitura! <3

Capítulo 49 - 2 Temp. - É tudo culpa do destino.


Fanfic / Fanfiction Am I Loving You? - 2 Temp. - É tudo culpa do destino.

    -Finn...

 

    Sua voz ecoava num tom muito baixo e abafado. Mal escutava.

 

    -Finn... Ei, acorda...

 

    Continuou, e logo fez meu braço mexer. Que incômodo

    Permaneceu no silêncio total, mas não por muito tempo.

    Logo, meu coração veio à boca, pelo susto enorme que levei, após ouvir a alta buzina no carro ser apertada com tudo.

 

    -AAAAAAAHHHHH!

    -AAAAAAHHHHH! QUE HOUVE?! -Perguntou o retardado do meu irmão, enquanto mantinha meus olhares arregalados, presos ao painel do carro. Minha mão ainda agarrada em meu peito por causa do susto.

    -COMO ASSIM “QUE HOUVE”?! EU QUE PERGUNTO! -Disse. Logo comecei a respirar fundo. -Caralho!

    -Desculpa, você que não acorda por nada!

    -Você só me chamou duas vezes!

    -Ah, duas?! Você ouviu duas, chamei mais de quinze!

    -Legal, e aí você dá uma buzinada do caralho com o carro parado?! Porra, quase que eu morri!

    -Quer que eu acorde como?!

    -Sei lá! Me dá um tapa na cara, não buzinando!

    -Tá, enfim! -Ele disse e eu dei um suspiro. -Já chegamos.

    -Ah, sim... Nossa, eu acho que dormi muito.

    -Desde que saímos do aeroporto. E o caminho é longo, hein!

    -Nick, eu estou exausto. Nunca tive um ano tão corrido assim na minha vida, cara.

    -Ei, quer conversar sobre alguma coisa?

    -Não, é só... cansaço. Sei lá, muita correria, muita viagem. Eu já não consigo dormir direito em avião, o que é uma merda.

    -Você nem tenta?

    -Se eu tomar remédios pesados, eu durmo.

    -Não, Finn, de novo não...

    -Nick, nós já conversamos sobre isso uma vez. Eu estou bem, tá? Você não contou pros nossos pais não, né?

    -Não. Eu não contei, isso está entre nós.

    -Só não diz nada, tá?

    -Já contou pra Millie alguma vez? -Ele perguntou e eu assenti que não com a cabeça. -Finn...

    -Nick, eu vou dar esse desconto pra ela. Contar que eu me droguei?! Eu não vou fazer isso, não quero problemas.

    -Não acha que ela entenderia?

    -Sei lá, não quero tentar. Pelo menos, não agora. Já veio se estressando muito por causa da gravidez, e... -Apoiei meu braço na janela e dei um longo suspiro. -A única coisa que eu quero agora, é deixar ela longe de problemas. Por favor.

    -Pra mim você contaria?

    -Já contei uma vez.

    -Eu posso confiar em você? -Ele perguntou e eu me calei.

    Fui abrir a porta do carona, um tanto rápido, mas ele retirou a chave do carro. A porta permaneceu trancada.

    Levei minhas mãos à cabeça e suspirei.

    -Porque você quer saber?

    -Porque sou seu irmão! Me preocupo com você! Você não vai conseguir se livrar de nada se continuar com...

    -Eu tive outra crise. -Disse, e ele se calou por completo. -Tive outra crise, e...

    -Porque não me ligou?

    -Você sabe que é difícil. Não tinha tempo, estava na correria.

    -Foi no avião?

    -No hotel. Eu não posso embarcar com essas coisas, esqueceu? -Eu disse e percebi que ele riu de sarcasmo. Assentia que não com a cabeça. -Nick...

    -Eu não acredito que fez isso de novo. Eu não acredito.

    -Não fiz de novo! Já disse que não vou mais fazer isso!

    -Porque continua se drogando com Naja Preta?!

    -EU NÃO CONTINUO! FOI UMA ÚNICA VEZ, EU PRECISAVA!

    -NÃO FOI UMA ÚNICA VEZ! VOCÊ ME DISSE QUE NÃO FOI SÓ UMA VEZ, E OLHA PRA VOCÊ! OLHA SUAS OLHEIRAS! PARA DE MENTIR PRA MIM!

    Me calei. Nem sabia mais o que dizer.

    Só queria sair do carro e entrar em casa, mas ele não iria me deixar fazer aquilo tão cedo.

    -Posso ir pra casa? -Pedi, sem ao menos olhar para ele.

    -Você pode é me explicar o que está acontecendo. -Continuou, me deixando sem palavras. -Sabe, Finn? Esse era o meu medo. Sempre foi o meu maior medo. Você ficou famoso e tem uma porrada de dinheiro. Sabe o que faz da vida, tem uma banda de Rock, é mundialmente famoso. E, infelizmente, agora é maior de idade. Não tinha medo de você apenas realizar seus sonhos, de você acabar virando um garoto rebelde, ou não. Meu medo era de você chegar a esse ponto. E você chegou. Tudo bem que nossos pais não sabem, que a Millie não sabe, mas eu sei. Nós dois sabemos. Também sabemos que é errado. Porque você continua?

    Era melhor dizer logo a verdade de uma vez por todas.

    -Fomos para a Itália. -Comecei, e ele prestava bastante atenção. - Fizemos os shows tranquilamente, mas teve um dia que a Ayla ficou doente, e nós cancelamos alguns shows. Precisamos fazer uma mudança nos horários e nos apresentamos mais vezes do que o normal. Fizemos shows depois dessa mudança, mas estávamos muito desanimados, queríamos mais energia. Nós precisávamos, entende? E nos drogamos com Ecstasy.

    -Naja Preta?

    -Sim. Cada um tinha uma garrafa d´água com a absorção da droga. Desse jeito não é tão forte. Fomos bebendo aos poucos, durante o show mesmo. Finalmente fez efeito no sangue e nós tocamos como nunca. Ficamos animados, felizes. Foi uma maravilha. Fez um sucesso tão grande, que eu deixei levar. Conforme fomos nos apresentando, ingeri uma bala inteira da droga. Fiz isso mais duas vezes, e depois parei. Não sei se o pessoal fez, mas eu fiz. Não me arrependendo no momento do show, mas sim pelos sintomas que eu tive depois disso tudo.

-O que você sentiu?

    -Nada além do que deveria sentir. Além de tontura, me senti mais animado, como se eu não quisesse dormir nunca. Ficava agitado e permanecia compondo no meio da noite, por isso voltei com tantas olheiras naquele dia. Essa droga também desperta desejo sexual e mais algumas coisas que eu não lembro agora, mas senti.

    -E você não fez mais?

    -Fiz. Assim que cheguei em Paris.

    -Estou ouvindo.

    -Tive uma crise. Estava no hotel, não podia me atrasar para o compromisso, que no caso, tem a ver com meu trabalho.

    -O contrato com a Gucci?

    -Isso. Antes de ir, veio outra crise. Não te liguei, estava atrasado e não podia demorar. Eu aumentei a dosagem dos remédios, mas fica tranquilo. Não foi nada demais, eu só precisava me acalmar.

    -Você fez o que?!

    -Mas eu estou bem!

    -VOCÊ PODIA TER MORRIDO!

    -Mas não aumentei quase nada, eu juro! Acha que eu faria uma coisa dessas tendo risco de morte?!

    -SEI LÁ, VOCÊ É MALUCO!

    -Nick, se acalma! Estou bem, deu tudo certo, tá?!

    -Você NUNCA MAIS vai fazer isso de novo na sua vida! VOCÊ ESTÁ OUVINDO?!

    -Estou...

    -Puta que pariu... -Ele disse e deu um suspiro. -E porque usou Ecstasy de novo?

    -Eu fiquei preocupado comigo. Estava com medo de saber no que estava me tornando, e usei. Só pra me alegrar. Foi diluído na água, eu não quis me drogar completamente. Mas aí, eu não dormi. E por isso estou sim. -Terminei com um longo suspiro. -Esclarece tudo?

    Ele permanecia calado. Eu sei que isso devia ser uma decepção. Mas não é só pra ele. É pra mim também.

    Juro que não irei precisar mais disso na minha vida. Foi legal por um tempo, mas não pretendo usar isso nunca mais na minha vida.

    -Diz alguma coisa. -Pedi com um pouco de medo e ele deu um suspiro.

    -Finn, você precisa de ajuda? -Quem se calou fui eu. -Eu juro que só quero o seu bem.

    -Eu sei, Nick. Eu estou bem, fica tranquilo. Já foi, não vai mais acontecer. Joguei tudo fora, não quero ver aquilo nunca mais na minha vida. E mesmo se eu quisesse, teria que me livrar disso de qualquer jeito. Não quero ser preso de novo.

    -Está certo. -Ele disse, ligando seu carro novamente. -Você está bem mesmo?

    -Aham. -Respondi e logo abri a porta do carro. -Quando chegar em casa, liga.

    -Tá, eu deixei meu celular em casa. Eu te aviso assim que chegar

    -Tranquilo.

    -Ei? -Ele perguntou após abaixar a janela do carro e eu logo me virei.

    -Fala.

    -Não vai pegar suas coisas? -Ele perguntou e logo me lembrei.

    Peguei minhas coisas nos bancos de trás.

    -Se você precisar, me liga. Estou falando sério, Finn.

    -Tá, relaxa. Obrigado.

    -Tenta descansar, tá? -Assenti com a cabeça e me dirigi à porta de casa.

    A viagem e aquela conversa me deixaram com uma dor de cabeça e tanta. Eu sempre gostei de conversar com meu irmão, mas aquele assunto me desgastava demais. Mesmo assim, eu sabia que uma hora ou outra, eu iria dizer a ele.

    Nós não chegamos a viajar juntos. Fui sozinho à Paris, ele apenas me buscou no aeroporto. Não teria condições alguma de voltar dirigindo, do jeito que estava. Então, ele fez esse favor pra mim. Eu estava completamente exausto.

    Eu só precisava chegar em casa e dormir ao lado de Millie.

    Abri a porta, e já me alegrei no mesmo momento.

    -Olha quem chegou! -Dizia, bem empolgado, mas num tom baixo para não acordar Millie. -Quem é o garotão do papai? Hein?! ITI MALIA, É VOCÊ! COISA FOUFFAA! -Continuei, enquanto acariciava sua pelugem tão bonita. Na verdade, nem acariciava. Deslizava minhas mãos, pra lá e pra cá, em suas orelhas, pescoço, barriga. Tudo que tinha direito.

    Ele se deliciava, pulando em meu colo e me lambendo. Abanava seu rabo sem pudor, e acabou soltando um alto e forte latido, por causa da sua felicidade.

    -Shhh, quietinho! Vem, vamos entrar. -Disse e fechei a porta da casa.

    Logo entramos, e ele permaneceu andando em minha volta para brincarmos. Ele andava meio desajeitado, pois tinha um problema na pata traseira esquerda.

    Eu e Millie temos um amor enorme por esse cachorro. Ele está sempre conosco, nos animando, trazendo mais alegria ainda em nossas vidas.

    Ele é um cachorro da raça Golden. Sim, é daqueles cachorros que crescem bastante, mas ele não cresceu tudo ainda. Não tem nem um ano que está com a gente.

    Costumo dizer que ele é um presente do destino.

    Após a morte de meu cachorro, eu nunca mais quis ter algum. Isso me machucou de um jeito inexplicável. Quase entrei em depressão, mas graças a Deus, eu superei. Ainda dói bastante falar sobre, mas é por isso que recebi esse presente do destino. Foi enviado para mim e para Millie.

    Ele veio para nos adotar como seus humanos, e para preencher esse vazio que tinha no meu coração. E, para abstrair a saudade que Millie tinha de morar com os cachorros dela.

    Ou seja. Chegou para nós como uma bênção.

    Eu e Millie nunca conversamos sobre ter um cachorro morando conosco. Queríamos ter o bebê primeiro, e depois pensar nas outras possibilidades. Mas é como eu disse. Ele é um presente do destino.

    E quando se trata de destino, não há nada, nada nesse mundo inteiro, capaz de mudá-lo.

                                                                                             *Flashback On*

    -Vem, entra logo! -Disse Millie, gargalhando, enquanto eu entrava com pressa no carro para me proteger da chuva.

    -UHUL! -Disse bem empolgado após fechar a porta. -Foi irado!

    -Você está encharcado! -Ela disse, em meio de risadas, encostando a mão em meu peito nu. -Finn, veste a blusa! Vai ficar doente!

    -Relaxa, estou morrendo de calor! Você está molhada?

    -Sim, mas não tanto. Assim é bom que refresca! Estava muito quente naquela multidão!

    -Estava mesmo! -Disse ofegante. -Millie, foi foda!

    -Muito! Ahh, eu quero de novo!

    -Ainda lembro da gente comprando ingresso no trailer, com a maior empolgação!

    -Porra! -Ela disse abrindo um sorriso com sua mão na testa.

    -Está feliz?

    -Muito! Finnie, eu os vi de pertinho! FOI MUITO MANEIRO!

    -A MÚSICA INICIAL!

    -WHEREVER I MAY ROAM! FOI PERFEITO ESSA ABERTURA!

    -MANO, QUE PUTA SHOW!

    -HAHAHA, E AQUELA HORA QUE EU SUBI NOS SEUS OMBROS, E FICARAM RECLAMANDO! GENTE, EU AMEI!

    -Bando de gente chata! Só sabem reclamar! -Disse gargalhando junto dela.

    -Finn, foi incrível. Eu sabia que seria perfeito. -Ela disse me dando um selinho demorado. -Obrigada.

    -Tudo pra te ver feliz. -Disse, fazendo-a abrir um sorriso. -Mas que foi um puta show, foi.

    -Nem me fale. Atrasou três meses, mas puta que pariu. Fazia tempo que eu não me divertia assim.

    -Quer ver se divertir quando chegar em casa? -Brinquei, enquanto saíamos do estacionamento aberto da arena do show.

    -Ah tá! -Ela disse de ironia, nos fazendo rir.

    -Olha só, assim que chegar, a moça vai tomar um banho quente, ouviu? Nada de ficar doente.

    -Ih, olha ele me dando ordens!

    -Você prefere ficar doente?

    -Calma, amorzinho, é brincadeira! -Ela disse me dando um beijo na bochecha. -Coisa maizi gostosa da minha vida.

    -Quem, eu?

    -Tu sim.

    -Eu não.

    -Então, quem foi?

    -Você.

    -Eu roubei pão na casa do João.

    -Assaltou a geladeira e levou tudo na mão.

    -Quem, eu?!

    -Tu sim.

    -Fui mesmo. Fome da porra.

    -Tá com fome?

    -Morrendo.

    -Ok, quando...

    -Finnie!

    -Hm?

    -Estou com desejo.

    -Puta que pariu, lá vem.

    -Algum problema, Wolfhard?

    -Depende! Da primeira vez, você quis sorvete, de madrugada! Outro dia, você quis repolho com bacon, semana passada era Taco de presunto! O que vai ser agora?

    -Não era Taco coisa nenhuma!

    -Era o que, então?!

    -Era Burrito de presunto defumado!

    -Tá, e onde eu vou arrumar um Burrito defumado?!

    -Na Inglaterra tem um delicioso, ué.

    -Ah, super que eu vou até a Inglaterra buscar Burrito de taco defumado. Já estou até lá.

    -Aff, chato.

    -Mas fala, qual é o desejo agora?

    -Sushi!

    -Nunca te vi comendo essa porra.

    -Ah, que isso! Eu adoro! Vai, por favoooorrr!

    -Tá, a gente pede sushi quando chegar em casa.

    -Não, mas eu quero com arroz integral, batata frita com cheddar, acompanhada de salada, e...

    -Só Sushi. Tem essa opção?

    -Tá né...

    -Oba, graças a Deus.

    -E você, vai comer o que?

    -Sei lá, eu peço uma pizza.

    -PARA DE ME DEIXAR COM FOME!

    -Uai, você que perguntou!

    -Ahh, que delícia! Olha, imagina, aquele peixinho no arroz, e aí vem aquele molho maravilhoso que eu sempre mancho a roupa com ele! Nossa, Finn, que delícia de comida!

    -Pois é, uma delícia.

    -HHMMM, QUE DELÍCIA DE PEIXINHO, MEU DEUS!

    -Millie, você tá bem?!

    -To empolgada.

    -Percebi. Encosta a cabeça e tenta descansar um pouco, tá?

    -Ok. -Ela disse se ajeitando no banco do carona.

    Admito que queria que ela descansasse, porque errei o caminho de volta pra casa, e talvez estivéssemos perdidos. Não queria deixar ela nervosa.

    Estávamos no carro, na volta do tão aguardado show do Metalica. Esperamos por esse dia durante bastante tempo, e finalmente chegou.

    Foi um show e tanto. Estávamos precisando relaxar e nos divertir.

    Fazem poucos dias que estamos morando juntos. Uma nova fase na nossa vida, e até que está dando certo. Sendo honesto, tivemos alguns estresses por causa disso, mas hoje nós tivemos pura diversão.

    Eu nunca tinha visto Millie num show antes. E muito menos, nunca a vi tão animada e empolgada quanto estava hoje. Nós nos arrumamos de um jeito bem legal. Fizemos algumas coisas relacionadas à Rock em nosso rosto como maquiagem e nos vestimos como roqueiros, daqueles Heavy Metal. Foi algo muito divertido.

   

    O show demorou para começar. Sendo assim, muitos acabaram nos reconhecendo.  

    Tiramos fotos com muita gente, e já não era mais segredo para ninguém que estávamos namorando.

    Tenho certeza de que também notaram a gravidez dela, mas ninguém perguntou absolutamente nada. E nós também não dissemos. Até hoje, nunca anunciamos nada a ninguém. Nem sobre nosso namoro. Sei que parece egoísmo da nossa parte, mas nós não tínhamos necessidade alguma de provar nosso amor para alguém. É óbvio de que um dia iriam descobrir, e com certeza, já haviam descoberto.

    Foi uma vibração e uma energia enorme. Fazia tempo que eu também não sentia mais essa sensação de ser plateia. Foi ótimo reviver isso ao lado de Millie.

    Foi o tipo de show que nós nunca tínhamos assistido antes. Por ser a Live do show, era uma plateia gigante. Deviam ter, no mínimo, dez mil pessoas. Pessoas na arquibancada, ne frente do palco, como eu, Millie e mais milhares de pessoas.

    Tinham luzes para todos os lados. Às vezes ficava um breu, mas era só pra dar aquele gostinho a mais de Heavy. E disso, eu entendia bem.

    Fumaça de show para todo o lado, aquele som estrondoso e o calor de arder a alma. Aquela alegria e energia do Rock, de todas aquelas pessoas, com as mãos erguidas para o alto, fazendo o símbolo do Rock.

    As melhores partes, eram quando o som ficava mais estrondoso ainda, e luzes coloridas explodiam do palco.

    Foi algo extremamente foda.

    Nós ficamos bem perto do palco, mas do mesmo jeito, a carreguei em meus ombros, por ela ser um pouco baixa demais, comparada à imensa multidão em nossa frente.

     E lá íamos nós, na maior agitação e empolgação, cantando as músicas que tanto gostamos. E estávamos juntos. Foi uma maravilha, mas infelizmente, no final do show, começara a chover. Ninguém se importou. Faltava bem pouco para terminar, e assim que acabou, todos correram para seus devidos carros, assim como eu e Millie. Mas foi ótimo, pois estava tão calor, que a chuva foi uma ótima ideia.

    E cá estou eu. Dirigindo na chuva após um puta show. (Sim, eu já havia tirado carteira.) Só não estava perfeito, pelo fato de ter entrado numa rua completamente desconhecida e deserta. Cheguei a me preocupar um pouco, mas logo me acalmei. Me lembrei de que teria um retorno por ali, e logo acharia o caminho certo para chegarmos ao nosso destino.

 

    Mas mal sabíamos nós, que nosso destino estava relacionado à outra coisa.

 

    -Amor, está chegando?

    -Já vai chegar.

    -Estamos na rua certa?

    -Não, mas já sei qual é o caminho. Fica tranquila, que...

    -CUIDADO! -Ela gritou, pelo fato do susto enorme que levamos e eu precisei frear bruscamente.

     Demos um suspiro ofegante, ainda em choque, pelo que havia acontecido em nossa frente há segundos atrás.

     -Wow. -Ela disse ainda ofegante.

    -Você está bem? -Perguntei um pouco preocupado.

    -Sim, você está?

    -Aham... -Respondi ainda em choque.

    -Finn, o que foi isso?!

    -Não sei, Millie. Eu vou ver, fica no carro. -Disse e logo saí do mesmo. Estava ligado com os faróis acesos.

    Fui para a frente do carro e fiz um sinal para ela continuar dentro do mesmo. A vi assentir com a cabeça que sim, e logo fui analisar o problema.

    Eu estava apenas dirigindo, até que do nada, uma lata de lixo, que estava imóvel na calçada da rua, tomba para o lado. Para o lado da rua. Ou seja, quase matei uma lata de lixo.

    O problema nem é esse. O problema é: COMO QUE ESSA PORRA CAIU?!

    Fui me aproximando da mesma caída no chão, tentando entender o que havia acontecido. A rua estava deserta, ninguém havia esbarrado. Cheguei a pensar que pudesse ter sido tiro, mas nem barulho teve, ela apenas caiu. Nem tem como ter sido o vento, pois nem ventando estava. Apenas chovendo, e não era muito.

    Cheguei à conclusão de que algo, dentro da lixeira, havia a feito cair. Mas, o que podia estar ali dentro?

    Eu a levantei novamente, e senti um peso fora do normal. Não era comum ter um peso daquele dentro de uma lata de lixo.

    Meu coração começou a bater mais rápido, estava ficando agoniado. Não podia ser o que eu estava pensando.

    Voltei para o carro e abri a porta.

    -O que houve?

    -Preciso de uma lanterna, pega meu celular.

    -Finn, o que houve? Por favor, me fala.

    -Não sei o que houve.

    -Então eu vou ver. -Ela disse, ameaçando sair do carro, mas eu a puxei para dentro.

    -Millie, eu não quero que você vá.

    -Finn, para de me assustar!

    -Estou falando sério, se for o que eu estou pensando, eu não quero que você veja. Me espera aqui. -Disse, sem mais nem menos e fechei a porta.

    Voltei para onde estava, dessa vez com a lanterna na mão. Também peguei minha camisa, que no caso, eu não havia a vestido.

    Não queria, de jeito nenhum, saber o que era. Mas eu precisava.

    Finalmente, tomei coragem.

    Suspirei fundo, e...

 

    Puta que pariu. Era exatamente o que eu pensei.

    Como alguém tem coragem de fazer alguma coisa dessas?

    Eu espero que o responsável por isso apodreça no inferno.

 

    O vi encolhido bem no canto. Estava morrendo de medo e de frio.

Estava encolhido, com seus olhos meio abertos. Devia estar morrendo de fome, pois estava bem magro e tinha a pata traseira esquerda bem machucada.

    Uma lágrima ameaçou escorrer de meu olho, mas a enxuguei.

    Estiquei meu braço até o fundo da lixeira, me aproximando de onde ele estava. Ia chegando cada vez mais perto, até que ele se tremeu e deu um choro bem baixinho.

    -Ei... Tá tudo bem... -Disse num tom baixo e desliguei a lanterna para não o assustar.

    Finalmente o toquei. Era um filhote. Seu tamanho era um pouco maior do que minha mão.

    Comecei a acaricia-lo. Ele estava bem molhado por causa da chuva, pois a lixeira não estava tampada. Ele tremia bastante também.

    Não havia muito lixo, talvez ele não estivesse ali há muito tempo. Ou estava. Isso não importava agora.

    O que importava era que, agora ele estava a salvo.

    -Vem, pequeno. Está tudo bem, ninguém vai te machucar...

    O peguei no colo.

    Enrolei-o em minha camiseta para poder esquentá-lo, e o encostei em meu peito nu.

    Logo, ouvi a porta do carro bater.

    Veio correndo até mim, com suas lágrimas caindo sem pudor.

    -Mills...

    -Estava aí? -Ela perguntou enquanto chorava horrores. Assenti que sim com a cabeça, e ela levou as duas mãos à boca. O choro a fazia soluçar.

    Apliquei um beijo em sua cabeça, e a envolvi com um braço.

    Se apoiou em meu ombro e não parava de chorar um segundo sequer.

    -Se acalma, vai ficar tudo bem... -Eu sussurrava para ela, acariciando-a no braço. Ainda segurava o filhote com a outra mão.

    -Porque fizeram uma coisa dessas?! Porque, Finn?! -Ela dizia, tentando se acalmar.

    -Não sei... -Disse me lamentando.

    Senti as duas delicadas mãos de Millie deslizarem pela pelugem tão desgastada do cachorro. Ela então começara a fazer carinho em sua cabeça e em suas pequenas orelhas.

    -Vai ficar tudo bem, tá? Você vai ficar bem, a gente promete. -Ela dizia, na tentativa de cessar o choro.

    Logo, ouvi sua risada abafada, e me alegrei. Ele começara a lamber o pulso dela.

    -Isso, vai ficar tudo bem... -Ela disse e logo o beijou, delicadamente, na cabeça. Me fez abrir um sorriso.

    -Segura ele. Vamos pra casa. -Disse, e ela o pegou no colo, ainda enrolado em minha camisa.

    Continuamos o caminho para casa. Ainda estava intrigado pelo que tinha acontecido. Eu sabia que essas coisas existiam no mundo, infelizmente, mas eu nunca vi. Melhor dizendo, eu nunca vivenciei esse momento.

    Millie permanecia se enturmando com ele e o esquentando. Escutava sua risada enquanto brincava com ele em seu colo, o que me fazia sorrir. Sua risada ainda era fanha, pelo fato de ter chorado bastante antes, mas fazia parte. Era por isso que eu não queria que ela visse o momento. Odeio vê-la chorando, mas nem teve como evitar dela ver.

    Não demorou muito, e graças a Deus. Finalmente, em casa.

    Eram quase meia noite.

    Nos sentamos no chão e o colocamos de frente para nós.

    -Vem cá, vem! -Disse Millie, batendo suas unhas no chão, chamando-o a atenção.

    Ele abanava o rabo pouquíssimas vezes. Ainda estava assustado e com um pouco de medo, era completamente normal.

    Conseguiu andar um pouco até ela, mas logo tropeçou. Ele deve ter sofrido algum trauma na pata traseira. Andava um pouco desajeitado e dava uns tropeços, mas mantinha seu rabo abanando cada vez mais, o que nos fazia sorrir bastante.

    -Finnie, ele deve estar faminto. Ele precisa comer.

    -Tá, eu já sei o que posso fazer. Eu preciso que você tire essa roupa molhada e tome banho, Millie. Não quero que fique doente.

    -Mas e você?

    -Não se preocupa comigo, o que me importa agora é você. Vai lá, eu vou cuidar dele.

    -Tá, eu já venho ajudar você. -Ela disse e nos beijamos.

    -Agora somos eu e você, garotão. -Disse e o peguei no colo novamente.

    Me dirigi até a cozinha e abri o armário, que ficava acima da bancada da pia. A primeira coisa que encontrei foi uma garrafa com bico. Nem sei o que aquilo fazia ali, mas tudo bem.

    A peguei e enchi de água gelada.

    -Será que você bebe numa boa? -Disse e logo encostei o bico da garrafa em sua boca.

    Não é que deu certo?

    Ele começou a lamber aquela região que nem desesperado. Apertei a garrafa, levemente, para poder ajuda-lo.

    Ficou bem satisfeito. E eu também. Bebeu quase que a garrafa inteira de água. Parecia até estar mais alegre.

    Ao dar a água, percebi que ele já tinha dentinhos. Eram bem miúdos, mas tinha.

    Com ele ainda em meu colo, peguei uma carne congelada qualquer, que havia na geladeira, e coloquei na água fervendo para descongelar e cozinhar. Não iria deixa-lo comer nada cru.

    Devia estar faminto. Não parava de passar a língua no focinho um minuto sequer.

    Para ficar com um pouco de gosto, mas deixar a carne ainda bem leve, joguei um pouco de sal na água fervendo que a cozinhara. Só pra ter alguma graça quando ele for comer.

    Após ficar pronta, coloquei o cachorro no chão para poder cortá-la. Assim seria bem mais fácil para ele comer.

    Enquanto a cortava, senti suas leves patinhas da frente perambulando pela minha calça, como se estivesse implorando para receber a comida. E estava mesmo.

    Impacientemente, começou a puxar o cadarço de meu tênis.

    -Paciência é uma virtude. -Disse ao olhar para ele, e me surpreendi.

    Ele sentara no chão e virou a cabecinha para o lado. Me fez rir bobamente.

    -Tá me olhando por que? -Perguntei, e me surpreendi novamente.

    Simultâneos latidos agudos de filhote, tomaram conta da casa. Aquilo me fez levantar as sobrancelhas.

    -Gente, que coisa fofa, você late.

    -Isso é ele?! -Me virei e ela descia as escadas, sacudindo seus cabelos molhados e cheirosos. Vestia uma blusa minha que ela adorava. E eu adorava mais ainda vê-la vestindo-a.

    -É ele sim. Menino muito impaciente.

    -Gente, que coisa fofa! IHH, MEU DEUZO, OLHA ESSE LATIDINHO DE FILHOTE! -Ela disse, morrendo de fofura, e logo o pegou no colo, fazendo-o cessar os latidos. -Que isso?

    -Eu cozinhei a carne na água e coloquei sal. Só pra ter um gosto e não ficar muito pesado pra ele comer.

    -Nossa, que papai responsável! -Ela brincou, me fazendo rir.

    -Pronto, criança. Vai ser feliz. -Disse, colocando o prato no chão.

    Estava tão desesperado, que nem mastigava. Espero que não morra sufocado.

    -Acho que ele gostou. Está comendo amarradão. Parece eu. -Disse Millie, se sentando na bancada.

    -Eu espero que ele fique bem. -Disse, me posicionando no meio de suas pernas, fazendo-a cruzar seus braços por trás de meu pescoço.

    -É claro que ele vai ficar bem. -Ela disse me dando um beijo bem gostoso, o que me fez posicionar as mãos em sua cintura. -Ele é nosso, não é? -Ela perguntou com um sorriso.

    -Ah, Mills...

    -O que? Você não quer? -Ela perguntou manhosa, aplicando selinhos repentinos em meu queixo. Era mais por brincadeira.

    -Não é isso, é que... Nunca pensamos nessa possibilidade. Foi tudo muito rápido, não acha melhor esperar você ter o bebê? Agora não falta tanto pra nascer, e...

    -Finn?

    -Hm?

    -Você quer esperar o bebê nascer pra que?

    -Para termos um cachorro. Qualquer um que quiser, nós adotamos, e...

    -Amor, não percebe?

    -O que?

    -Esperar para ter um cachorro? Finnie, não podemos esperar por mais nada. Chegou a hora de termos. Ele veio para nós, Finn.

    -Mas...

    -Nada acontece por acaso, Finnie. Acha que entrou na rua errada por acaso? Que freou o carro por acaso? -Ela dizia olhando no fundo de meus olhos. -Tudo que podíamos esperar, nós esperamos. Ele veio para nossas vidas, amor. O destino nos trouxe esse filhote e não foi à toa.

    -Sei disso, Mills. Mas você sabe...

    -Sei. É claro que sei, Finn, mas tem que dar um desconto a si mesmo. -Ela disse, acariciando meu rosto com seu polegar. -Já fazem anos. Anos que aconteceu. Tem que pensar na sua felicidade, não acha? Essa pode ser a chance para um novo começo. Pode ser a chance de você sorrir novamente com um amor canino. Hein, o que me diz?

    -Você pode estar certa...

    -Sei que você sofreu, mas já passou. Livra seu coração dessa dor, Finn. A vida é assim, mas uma hora ou outra, temos que ir atrás de coisas que irão nos fazer sorrir novamente. E ele veio até você. É sua chance de começar algo novo na sua vida. Não gosto de saber que você ainda se prende por causa dessa dor. Sei que foi enorme, mas estou aqui com você. Estamos juntos. Superaremos juntos, não importa o que for. Só, por favor, não vamos deixar ele correr o risco de cair em mãos erradas de novo. -Ela disse, me fazendo mirar os olhares no filhote, que comia desesperadamente a comida do prato. -Temos conforto, espaço, dinheiro. Ele está feliz aqui. Sinto que pode dar certo. -Terminou, ainda acariciando meu rosto.

    -Tá, eu vou pensar.

    -Promete?

    -Prometo. -Disse abrindo um sorriso, e logo peguei a mão que acariciava meu rosto, enchendo-a de beijos. -Te amo.

    -Também te amo. Te amo muito, muito, muito, muitíssimo! -Ela disse abrindo um sorriso, me fazendo rir um pouco.

    Íamos nos beijar, até que ouvimos um baixo e fofo espirro de cachorro.

   Nos assustamos no momento, mas logo morremos de rir ao olhar para ele. Estava todo sujo de carne e vinha andando, desajeitadamente, até nós. Dessa vez, vinha com seu rabo abanando.

    -Acho que é a hora perfeita para um banho quentinho. -Disse Millie pegando-o no colo, e fui atrás, com um sorriso bobo no rosto.

    Enchemos a banheira que tínhamos no banheiro do nosso quarto, no segundo andar. A água era morna e havia bastante espuma.

    Além de ficarmos bem molhados, o banheiro alagou, mas foi um momento de pura felicidade. Estava começando a gostar mais ainda da situação.

    Já era madrugada e nós gargalhávamos ao dar banho nele. Ficava uma fofura com sabão no pelo e no pequeno focinho.

    A sujeira dele havia ido embora. Agora estava com o pelo limpinho e sedoso, graças ao sabonete e shampoo que usamos.

    Sua pelugem era linda, tinha uma cor caramelada, meio amarronzada. Era bem diferente.

    Na hora de secá-lo, nos encharcamos mais ainda, após ele estremecer seu corpo, tentando eliminar toda a água restante de seus pelos.

    Decidimos deixa-lo correndo pela casa. Era bom que ele se divertia, se secava e ainda conhecia melhor o espaço.

    -Bom, agora que os dois já estão de banho tomado, eu vou tomar o meu.

    -Tudo bem, eu fico com... Vamos dar um nome? Só pra não ficar chamando de “cachorro”!

    -Ele tem cara de que?

    -Hm...Vince?

    -Afonso?

    -Fonseca?

    -Soares?

    -Paçoquinha Lindo?

    -Golden?

    -Jax?

    -Douglas?

    -Duck?

    -DOUG! -Disse e nos surpreendemos, pela milésima vez.

    Foi só chamar o nome, e ele chega no quarto, esbaforido, com sua língua pra fora e o rabo abanando.

    -ATI VOCÊ GOSTA DE DOUG? GOSTA?! -Disse Millie, enchendo-o de beijos.

    -Então vai ser Doug!

    -Ok. Vai então tomar banho, e eu fico aqui com o Doug.

    -Tá, eu já venho.

    Até que enfim, relaxei. Tomei um banho quente para relaxar a alma e a mente. Lembrei dos momentos tão bons que tive com Millie hoje, e logo me lembrei de quando salvamos o Doug. Foi realmente algo lindo que fizemos.

    Não iria deixar esse cachorro dentro daquele lugar por nem mais um segundo sequer. E estava me deixando muito feliz de vê-lo a salvo agora. Além de estar a salvo, está recebendo amor e carinho.

    Saí do banho mais relaxado.

    Me vesti e logo saí do banheiro, me deparando com uma cena que foi o suficiente para esquentar meu coração.

    Millie estava em nossa cama, dormindo com o filhote, encostado em sua barriga, que estava bem crescida pelos cinco meses de gravidez. Ele também se encontrava dormindo.

    Dei um suspiro ao ver aquela cena e logo peguei meu celular.

    Pesquisei na internet alguns números de canis por perto. Tinha de ser algum que permanecia aberto 24 horas, pois estava de madrugada.

    Não tinha certeza se faria isso, mas caso acontecesse dele não ficar com a gente, gostaria de doá-lo para algum lugar seguro. Onde ele possa ser adotado por alguém que o amará.

    Disquei o número obtido e começou a chamar.

    Mirei os olhares em Doug, mais uma vez. Permaneci admirando-o enquanto dormia ao lado de Millie, e me lembrei do medo e do quão mal ele estava quando o encontrei.

 

    Millie estava certa. Aquilo com certeza não foi por acaso.

 

    -Canil Doção Legal, posso ajudar?

    -Ah, sim... Como faço para doar um cachorro?

    -Para adoção?

    -Sim.

-Um minuto, por favor. -Pediu o moço que atendeu o telefone. Eu não desviava os olhares de Doug por nada.

 

    Estava errado. A quem quero enganar?

    Nada acontece por acaso.

 

    -Qual o porte do cachorro, senhor?

 

    Demos amor e carinho a ele, e ele nos devolveu.

    Durante as poucas horas que permaneceu conosco, já parece nos amar. Vai ver, ama mesmo.

    Queria que a pessoa que o adotasse fosse alguém que o amasse, mas... Eu o amo! Nós o amamos!

    Com certeza ele veio para ocupar esse vazio canino no meu coração e me livrar, de uma vez por todas, dessa dor que carrego comigo desde que meu cachorro morreu.

    Com toda a certeza. Isso não foi por acaso.

 

    -Senhor?

 

 

 “O destino nos trouxe esse filhote e não foi à toa.”

 

 

    Desliguei.

    Me sentei na cama, ao lado dele.

    O acariciei e ele acordou.

    -Não vou deixar que te maltratem de novo. Nunca vou deixar que isso aconteça. Nem eu nem sua mãe. -Disse com um sorriso no rosto e ele começara a abanar o rabo novamente, mas parecia estar exausto. -Acabou. Não vai sofrer nunca mais. Você é nosso. Bem-vindo ao lar, garotão. -Terminei com um sorriso e os olhos marejados.

    Me levantei para apagar as luzes e me deitei ao lado de Millie.

    Apliquei um beijo em sua barriga em sua testa.

    A abracei por trás, e Doug começou a bater com a patinha em minha mão, pedindo por carinho.

    -Ssshh, quietinho! -Disse após começar a acaricia-lo para finalmente, dormirmos.                                                      

 

                                                                                        *Flashback Off*

 

    Coloquei meu celular para carregar, pois a bateria havia zerado assim que saí do avião.

    Dei mais um pouco de atenção ao Doug. Coloquei mais água e comida em suas vasilhas, e logo fui para o segundo andar.

    -Millie? -Bati na porta do quarto, que estava encostada. Percebi que a luz estava acesa, o que me fez chegar à conclusão de que ela não estava dormindo.

    A abri lentamente. Não estava no quarto.

    -Mills? -Chamei mais uma vez. No banheiro também não estava.

    Chequei nos outros três quartos. Um que seria para nossa filha, outro, que usávamos para guardar documentos, coisas de trabalho. Nossas bagunças do dia a dia. Tipo um escritório. E o outro quarto se encontrava vazio. Talvez, possamos utilizá-lo no futuro, quem sabe?

    Não estava em lugar algum.

    Voltei para o nosso quarto. Só para conferir se tinha algum bilhete, seu celular ou algo do tipo. Não havia nada.

    Estava prestes a sair, quando notei a ausência de algo dentro do quarto.

    A bolsa que o médico dela mandou estar pronta para o dia do parto. Não estava mais ali.

 

    -Não pode ser... -Disse, começando a suar.

 

    Corri para o primeiro andar. Graças a Deus, meu celular havia ligado.

    -Vai, vai, vai... -Ia dizendo desesperado, enquanto via as notificações de meu celular.

    Meu dedo ia para cima e para baixo num desespero só. Meu coração estava quase saindo pela boca.

    -Não pode ser, é só semana que vem... -Ia ficando cada vez mais ofegante, até chegar em algo, que foi enviado há uma hora atrás.

    E me paralisou.

 

 

 

    “Assim que ver essa mensagem, ligue para o Joe, eu estou com ele. Não sei onde você está agora, mas por favor, esteja bem. Por favor, Finn, ligue pro Joe assim que puder. Chegou o grande dia. Nossa filha está nascendo. Me deseje sorte. Te amo.

                                                                                                                                   -MBB”

 

 

    -MERDA!

    Levei meu celular e meu carregador num puxão só. Meus nervos estavam à flor da pele.

    Subi para o quarto numa velocidade surreal.

    Revirei meus papéis e peguei os documentos de meu carro, acompanhados da chave.

    Passei no quarto da nossa filha, mais uma vez, e peguei uma caixinha preta aveludada. Aquela caixinha significava tudo pra mim, desde o quinto mês.

    A guardei em meu bolso da calça e corri para o primeiro andar, novamente.

    Peguei umas três garrafas d´água na geladeira, para me acalmar um pouco.

    -Papai já volta! -Disse abrindo a porta, escutando seu breve choro. -Ei, garotão, não faz assim. Amamos você, mas agora temos algo mais importante pra fazer. Sua irmãzinha está nascendo. Dá esse desconto pra gente, tá? -Pedi, acariciando seu pescoço. -Eu já volto!

Bati a porta e me taquei pra dentro do carro.

    Eu parecia um desesperado fugindo de alguém, mas precisava ir o mais rápido possível.

    Dei a partida e acelerei com tudo. Dirigia sem pudor algum.

    Controlava o volante com uma mão, e com a outra, tentava ligar para Joe. Era tudo num desespero só.

    -Vamos, atende...

    -Olá.

    -JOE?!

    -Esse telefone, está fora de área, ou...

    -AAHH, PUTA MERDA! -Disse e comecei a discar novamente, após ter encerrado a ligação. Estava nervoso pra porra.

    -Olá.

    -OI! JOE, OI!

    -Esse telefone está...

    -O FILHA DA PUTA, CARALHO! JÁ SEI QUE ESTÁ DESLIGADO OU FORA DE ÁREA, MERDA! -Joguei meu celular no painel do carro e comecei a me encher de água.

    Eu já devia ter passado por um milhão de pardais. Vou tomar tanta multa, que é arriscado eu perder minha carteira de motorista. Mas eu não estava nem aí. Minha família é mais importante.

    Mantinha meus olhares focados na estrada, até notar a vibração que meu celular fazia no painel do carro.

    Atendi na maior correria.

    -JOE, OI!

    -Oi, bebê!

    -Que?! Quem é?!

    -É a mamãe!

    -Ah, oi mãe.

    -Está esbaforido por que? Seu irmão chegou e pediu para eu ligar pra você! Queria saber como foi de viagem!

    -Ah, mãe, eu não posso falar agora! Estou muito ocupado!

    -Você está bem?!

    -Sim, é que eu estou correndo muito!

    -Correndo?!

    -Sim, é que... -Ia dizendo, até ouvir a buzina alta do meu lado de outro carro. -O PORRA! VAI SE FODER!

    -FINN WOLFHARD! O QUE É ISTO?!

    -Mãe, olha, me desculpa, tá?! To jogando vídeo game, to correndo muito, quase me mataram, to quase chegando no destino! Deixa eu te ligar depois! -Disse e logo percebi que o celular recebia uma outra ligação. Era a de Joe.

    -Qual é o jogo, filho?!

    -EU TO JOGANDO AMOR DOCE, FREE FIRE, JUST DANCE! EU TE AMO, MÃE! EU PROMETO QUE TE LIGO! -Desliguei. -ALÔ?!

    -AONDE CARALHOS VOCÊ ESTÁ?! TEM NOÇÃO QUE ELA QUASE PARIU NO CARRO?!

    -ELA O QUE?!

    -Calma, exagerei, MAS AONDE CARALHOS VOCÊ ESTÁ?!

    -NO CARRO! QUAL É O HOSPITAL? EU ESQUECI!

    -É AQUELE DAQUELA ESQUINA.

    -QUE ESQUINA?!

    -A ESQUITA DO VELHO!

    -QUE VELHO?!

    -QUE VENDE CHURROS!

    -QUE?!

    -PUTA QUE PARIU, HEIN!

    -JOE! NOME DO HOSPITAL! SÓ ISSO QUE EU PEÇO!

    -PERA AÍ, ME DEIXAR VER! PARA DE FALAR!

    -MAS EU NÃO TO FALANDO!

    -SSHHIUU! TÁ, ACHEI! HOSPITAL TH...

    -AH TÁ, JÁ SEI!

    -MAS EU...

    -JÁ DISSE QUE JÁ SEI! ONDE VOCÊ TÁ?!

    -DO LADO DE FORA TE ESPERANDO!

    -TÁ, PERA, EU TO PROCURANDO!

    -Foi tu que passou aqui agora com o carro à cem por hora?

    -EITA PORRA, FOI! -Disse, freando bruscamente.

    -Freada foda essa, hein. Tá vivo ainda?

    -NÃO FODE! -Disse, acelerando com tudo, enquanto o carro ia de ré.

    Desliguei o telefone e estacionei o carro em uma vaga qualquer que achei ali na rua mesmo.

    Saí do carro às pressas e corri até Joe.

    Permanecíamos do lado de fora do hospital.

    -Puta merda! -Disse esbaforido, colocando mais água abaixo. -Quer?! -Perguntei, quase morrendo.

    -Deixa pra você. -Disse Joe dando tapinhas no ombro.

    -Ah, Joe! Porra, como isso aconteceu?! Eu preciso ir lá! Não posso perder o nascimento dela, eu não...

    -Finn, se acalma agora. Esquece, não adianta mais.

    -Que?! Como assim?!

    -Vai fazer mais de uma hora que eu vim pra cá com ela! Onde você estava?!

    -Me desculpa. Deu confusão pra sair do avião, demorou muito! Meu irmão me buscou, nós pegamos trânsito. Meu celular ficou sem bateria, eu dormi... Cheguei em casa e percebi que a bolsa pro dia do parto não estava mais no quarto! Eu quase morri de desespero!

    -Ah, ela me deu essa bolsa, só que uma doutora já levou para a maternidade. Fica tranquilo.

    -Nossa, eu estou muito nervoso! Eu só preciso ver a Millie!

    -Finn. Olha pra mim.

    -Fala...

    -A Millie está bem. Ela está com médicos, não se preocupa com ela agora. O que importa é que, chegamos a tempo e o bebê de vocês vai nascer! Bom, já deve ter até nascido.

    -Será?! Você tem alguma informação?!

    -Não, se não eu iria te dizer. Mal consegui explicar, ela disse que estava em trabalho de parto e saíram correndo com ela.

    -Mas... Não era pra ser hoje... Não era. E ainda está de madrugada! São duas e pouca da manhã!

    -Imprevistos acontecem. Vai que é ansiosa que nem você, né. -Ele disse, me fazendo rir um pouco.

    -Se eu soubesse que isso poderia acontecer, eu nunca teria ido pra Paris. Que merda.

    -Finn, para com isso. É o seu trabalho, você não sabia! Os dois não sabiam, veio de surpresa. Mas agora, graças a Deus que eu pude buscar ela. Eu fiquei nervoso pra caralho quando ela me ligou.

    -Imagino. -Disse, respirando fundo.

    -Se acalma, tá? Vai dar tudo certo.

    -Valeu, Joe. Valeu mesmo, cara. -Disse, abraçando-o com bastante força. -Essas duas meninas são as coisas mais valiosas que eu tenho, você não faz ideia do quanto eu as amo.

    -Sei disso, relaxa, Finn. Eu disse que sempre estaria aqui pra vocês.

    -É...

    -Está ansioso?

    -Porra! Ansiedade é pouco!

    -Está feliz?

    -Está brincando?! É claro, mas...

    -O que houve?

    -Queria ter entrado com ela...

    -Ou! Para com isso, antes que eu te dê um tapa!

    -Tá, desculpa.

    -Já sabem o nome?

    -Que?

    -O nome dela!

    -Ah. Sim, sabemos. É Alison.

    -KNFJQBRFQN, QUE?!

    -Tá tendo um derrame?!

    -AAAHH, UM DERRAME DE FOFURA, SÓ SE FOR! ITI MALIA, ITI MALIA!

    -Eita, porra...

    -Finn! Cara, pensa comigo! Alison Wolfhard Brown! Caralho, que nome ESPETACULAR!

    -Foda, né? Eu e Millie que fizemos. -Disse para brincar mais ainda com a ansiedade dele.

    -Finn, eu não vou aguentar! Meu Deus, você segurando uma neném chamada Alison que é sua filha, é filha da Millie.... Puta que pariu, tá fodendo meu psicológico.

    -Calma, vai ficar tudo bem, amigo...

    -Aleluia.

    -Com licença. Finn Wolfhard? -Perguntou uma funcionária, enquanto olhava para nós dois.

    -É ele.

    -Sou eu. -Disse me aproximando da mesma.

    -Bom dia, sou a doutora Meredith.

    -Oi, bom dia. -Disse cumprimentando-a. Estava tremendo de tanto nervoso.

    -Pode me acompanhar, por favor?

    -Claro. -Respondi e logo dei um tchauzinho para Joe.

    Comecei a seguir a tal doutora.

    -Namorado da paciente Millie Bobby Brown?

    -Isso. Sou sim. -Respondi e continuamos caminhando pelos corredores do hospital. Não sabia para onde ela estava me levando. -Ela está bem, doutora?

    -Há uma pessoa que saberá responder por mim. Espere aqui, por favor. -Ela terminou.

    Fiquei de frente para uma porta, a qual ela acabara de entrar.

    Nem dois segundos se passaram, e ela voltou acompanhada de um homem. Vestia um uniforme verde. Provavelmente era o obstetra.

    -Finn Wolfhard?

    -Sim.

    -Com licença. -Pediu a outra doutora e se retirou. Esqueci o nome dela.

    -Prazer, Dr. Meltcher. Alex Meltcher. -Ele disse, apertando minha mão. -Pode não estar me reconhecendo, o obstetra que veio acompanhando vocês, está de férias. O parto estava marcado para outro dia, então...

    -Ah, sim. Sem problemas.

    -Mas não se preocupe. Sou profissional e realizei o parto. -Ele disse e logo abriu um grande sorriso.  -É uma honra em te conhecer!

    -Ah, me desculpe? -Não entendi muito bem o motivo da honra.

    -Eu já disse para sua mulher. Sou um grande fã de vocês. Acompanho seu trabalho desde Supernatural.

    CARALHO, QUE FODA! MEU DEUS, ELE SE LEMBRA! QUE SENSACIONAL, UM FÃ QUE FEZ O PARTO DA MINHA FILHA! IMAGINEM A FELICIDADE DO CARA!

    -Ah! Nossa, p-perdões pela minha pergunta! Sim, claro, muito obrigado! É um prazer em te conhecer!

    -Eu que agradeço! -Terminou com um sorriso esplêndido no rosto, mas logo voltou ao assunto que nos interessava. -Gostaria de tomar um pouco de seu tempo. Sei que quer ver sua namorada...

    -Esposa. É mais bonito. -Disse, fazendo-o rir um pouco. Não era pra ter graça, mas se ele estava rindo, era porque estava tudo bem. Então, que ria.

    -Claro, sem problemas. Bom, sua esposa Millie está bem. Está em perfeito estado, e...

    Meu corpo se amoleceu. Aquilo me relaxou num nível altíssimo.

    -Nossa... Meu Deus... -Disse, apoiando na porta ao meu lado. Comecei a respirar fundo.

    -Com licença, está passando bem?

    -Melhor impossível. -Disse e comecei a rir um pouco. -Nossa, moço, me dá um abraço. -Pedi e o abracei com força.

    -Está bem mesmo?

    -Estou. Nossa, eu fiquei tão preocupado com ela... Obrigado.

    -Por nada. -Ele disse e logo me desfiz do abraço, um pouco envergonhado.

    -Por favor, prossiga.

    -Bom. Segundo ela, o parto estava previsto para a semana que vem, mas eu disse a ela que é completamente normal os bebês nascerem alguns dias antes do previsto.

    -Graças a Deus.

    -Como a bolsa estourou antes do previsto, o ideal era ter realizado o parto normal, que é mais seguro, porém, o bebê não estava em boa posição e não podíamos demorar muito. Por isso, realizamos o parto cesárea.

    -Ok... Mas, e a minha filha?

    -Ah, então já sabe o sexo!

    -Sim, sim, é uma menina!

    -E um menino! -Ele disse e eu comecei a gargalhar.

    -Desculpa, como é?!

    -Meus parabéns, vocês tiveram gêmeos!

    -Oi?!

    O QUE?!

    -Não sabia?!

    QUE PORRA É ESSA?!

    -Pera aí, vo... Haha, você está di... Gêmeos? Sou pai de... Senhor, não é possível, hahaha, Cristo do céu.

    -Você não parece muito bem...

    -Ah... Relaxa que passa. Aguenta aí que... Tem água? Com açúcar? Acho que a pressão baixou um pouquinho só... Hahaha, ele disse gêmeos. Puta que pariu, gêmeos. Hã?

    -Posso te falar uma coisa?

    -São trigêmeos, moço?! Eita, cara, vai. Manda aí quantos são, to escolhendo os nomes.

    -Eu brinquei com você!

    -Hein?!

    -É só uma menina mesmo! Fica tranquilo!

    Puta que pariu. Cheguei a ficar colorido, de tanto nervoso.

    -Ah, moço, não faz assim não. Hahaha, já pensou?! Pai nosso que estás no céu, santificado seja o vosso...

    -Era só brincadeira, tá?

    -Ah, relaxa! Meu coração parou aqui também de brincadeira! Tudo brincadeirinha, rs.

    -Mas enfim. Voltando ao que interessa. Alison é o nome dela, certo?

    -Sim.

    -Nasceu com ótima condição de saúde. Ela nasceu com exatos dois quilos e quinhentos e vinte e três gramas.

    -E qual é o peso ideal para recém-nascidos?

    -Entre dois quilos e quinhentos até uns quatro quilos. Ela está ótima, fica tranquilo.

    -Obrigado, doutor.

    -Por nada. Bom, o parto levou, se não me engano, em torno de meia hora. Sua mulher já está na maternidade. Está na internação, ela pode receber visitas, mas é sempre bom evitar tumulto.

    -Sim, eu sei.

    -Ela está com o organismo sensível, mas logo irá receber alta. Poderão ir pra casa daqui a dois dias. É o tempo necessário para a recuperação.

    -Tudo bem.

    -Eu já conversei com ela, mas é bom você saber também. Ela receberá a licença materna em breve, estou encarregado disso. Também passarei algumas recomendações, se necessário. Nós vamos cuidando disso mais pra frente.

    -Perfeito.

    -Bom. Era sobre isso que precisava informa-lo. Alguma pergunta?

    -Eu poderia vê-la agora, doutor?

    -Claro. Ela está no terceiro andar, sala seis. A doutora Cath deve estar com ela nesse momento, ela irá autorizar sua entrada. Millie já pediu para autorizá-lo a entrar assim que chegasse.

    -Tudo bem. Obrigado, Dr. Meltcher. Agradeço por tudo.

    -É o meu trabalho. Eu que agradeço. -Ele disse me abraçando novamente. -E, mais uma coisa.

    -Sim?

    -Meus parabéns pela linda menina. Serão uma família linda. -Me abriu um sorriso e começou a caminhar pelo corredor, analisando sua prancheta.

    -Seremos sim. -Disse a mim mesmo.

    Avistei o elevador no final do corredor e o segui. Era um caminho oposto ao qual o doutor havia feito.

    Apertei o botão do terceiro andar.

    Ia analisando os números se acenderem numa placa de metal acima da porta do elevador.

    Comecei a respirar fundo e a suar um pouco frio.

    Finalmente iria poder abraçar Millie, saber o que havia acontecido, saber se estava bem... Qualquer coisa.

    E, finalmente, eu iria saber de minha filha. Talvez eu até a visse.  Será que está no quarto junto de Millie? Não fazia ideia.

    Aqui estou. Terceiro andar.

    -Ele disse sala três? -Perguntei a mim mesmo, enquanto me dirigia à essa sala. Tinha quase certeza de que ele havia dito sala três.

    Analisei a placa no corredor. As salas de 01 à 15 eram para a esquerda. E lá ia eu.

    Estava mais perdido que cego em tiroteio.

    Sentia que podia desmaiar a qualquer momento, mas era um desmaio bom. Um desmaio de felicidade.

    Sei que pareço maluco dizendo isso, mas vocês não entenderiam o nervosismo e felicidade que é, de um garoto que vai ver a pessoa que mais ama na vida, logo após uma situação difícil, e que vai ver a filha pela primeira vez.

    Finalmente. Sala 03.

    Parei em frente a porta. Estalei meu pescoço e meus dedos. Dei um largo suspiro e suspirei fundo.

    Girei a maçaneta...

 

    -Amor?

 

    -MAS O QUE É ISSO?! -Ouvi uma voz totalmente diferente.

    Puta que pariu, entrei na sala errada.

    -Moça, desculpa! Sala errada!

    -DEIXA MINHA MULHER EM PAZ! -Veio um homem, que estava ao lado dela, com várias folhas de jornal vindo me bater.

    Que loucura.

    -Desculpa, moço! Parabéns pela criança! -Disse e fechei a porta na correria.

    Por pouco, não fui agredido por vários jornais juntos.

    -Porra, ele disse terceiro andar, sala... Seis! Sala seis, seu imbecil! -Disse e voltei a caminhar, com rumo à sala seis. -Sala três. Eu hein!

    Nem me toquei, e quando percebi...

    Estava de frente à sala seis. Dessa vez eu não vou errar.

    Dei um suspiro, mais uma vez, e enxuguei o suor que escorria de minha testa.

    Fechei meus olhos e joguei meu pescoço para trás.

    Ao abri-los, notei um pouco de movimentação dentro do quarto.

    Havia uma janela, um tanto grande, ao lado da porta, visando ter a vista do quarto.

    Infelizmente, havia uma cortina por dentro do quarto. Aquelas cortinas mais duras e divididas. Aquelas de modelo sanfona.

    Não estavam fechadas por completo, eu conseguia ver através de algumas brechas. Porém não me dava a visão de tudo, mas consegui saber que era ela.

    Avistei uma moça, ao lado de sua cama, fazendo alguns gestos com a mão. Apenas bati meus olhares em Millie, e me encantei.

    Mesmo cansada, por causa da cirurgia, abriu um sorriso enorme e contagioso para a doutora. Vai ver, era a tal da Cath.

    Abriu um sorriso e notei que ela dissera “Obrigada”, o que fez a moça assentir com a cabeça, e vir em direção à porta.

    Voltei para a posição normal e tomei um pequeno susto, após a doutora abri-la.

    Assentiu para mim com um sorriso, e eu retribuí, mas logo foi embora.

    Não podia mais esperar um segundo. Era a chance de entrar e finalmente vê-la. E, finalmente, estarmos a sós sem médicos por perto.

    Meu Deus, que nervosismo enorme. Chegava a sentir calafrios.

    Olhei mais uma vez, através das brechas da cortina, e a vi ajeitando o cobertor em seu colo.

    Reparei também que a iluminação estava bem baixa. Só tinha um abajur, mas era uma iluminação com a temperatura perfeita.

    Querem saber?

    Chega de enrolar.

 

    Suspirei fundo e girei a maçaneta com cautela.

    Entrei no quarto e o observei.

    Foi fechar a porta, com bastante tranquilidade, que ela bateu os olhares em mim.

 

    -Finnie?

 

    -Mills?

 

 


Notas Finais


EITAAAAA!!!!!! Eu sei que vocês estão quase se rasgando para verem os dois juntinhos, mas se acalmem! EU ESTOU TÃO ANSIOSA QUANTO VOCÊS! E, por favor, não me matem com esse final, rs.
Amo vocês de paixão, tá? *-*
BEIJOOOSSS!!!! <3
Um último avizinho: Essa família está cada vez ficando mais linda! Muito obrigada, por tudo! <3


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