Wei Wuxian descansava descontraidamente sobre o sofá quando o som estridente da campainha soou por toda a casa.
Os músculos tencionaram em susto e ele levantou a cabeça do celular. Olhou o relógio preto e de marca no pulso (um presente muito apreciado que lhe tinha sido oferecido em conjunto pelos seus dois irmãos, no seu último aniversário) e verificou que apenas passavam alguns, poucos, minutos das 13:15. Os seus olhos reviraram e bufou em cansaço. Quem seria agora?
A partir das duas da tarde, WuXian, tinha planos muitos importantes para serem desmarcados. E, atualmente, não estava com cabeça para abrir a porta a quem quer que fosse e ter que o aguentar até o bendito decidir que existem coisas melhores para fazer.
Resmungou e comprimiu os lábios, se debatendo no sofá como uma criança e se aconchegando mais nas almofadas. Ninguém o iria tirar daquele sofá! Não, não!
O som da campainha soou novamente e, no instante seguinte, um som alto e irritado veio do banheiro.
“Vai atender, caralho!” Mandou Jiang Cheng, dentro da banheira, ao desligar o chuveiro para pegar o chinelo do chão e o arremessar contra a porta para ter certeza que era ouvido.
O corpinho de Wei arrepiou-se com o estrondo alto, no entanto, ele refutou alto, também: “Não quero! Vai tu!”
“Queres mesmo discutir sobre isso?” Gritou de dentro da banheira. “Se não fores agora eu vou-me certificar que o outro acerte diretamente essa bunda gorda!”
Wei inchou as bochechas e não refutou. O irmão tinha ido tomar banho a alguns minutos atrás, depois de terem acabado de arrumar a cozinha. Obviamente, ainda não tinha acabado o seu pequeno momento de lazer – como era caracterizado os seus banhos de quase meia hora, na única banheira da casa.
Por azar, a sua Shijie já não estava em casa, então, a missão de encarar as visitas sozinho era de sua inteira responsabilidade.
Bufou, levantando do sofá, apenas com uma camiseta simples, com tonalidades degradê, indo de cinza a branco e uma cueca box preta. Hoje fazia algum calor, como tal, WuXian apenas estava espojado no sofá usando a sua roupa mais leve, velha e fresca. E se ele fazia intenções de ir vestir algo para atender a criatura na sua porta? Óbvio que não! Se o sujeito quisesse, que encarasse o seu pau demarcado na cueca apertada. WuXian não queria saber! Era demasiado sem vergonha para se incomodar com trivialidades assim. Até podia ser que ficasse desconfortável e desse as costas para ele mais rápido.
Chegou na porta, distraído a formular xingamentos mentalmente, e abriu-a, sem sequer se certificar quem era a pessoa.
Qual não foi a sua surpresa quando deu de caras com o homem de camisa azul bebé, sorrindo como um raio de sol tímido e desleixado – já que tinha escutado perfeitamente os gritos dos dois irmãos.
Wei abriu a boca e contraiu as sobrancelhas, com uma leve descrença no semblante. Olhou o relógio no pulso – 13:20. Olhou o homem sorridente, que só poderia ser confundido com o irmão e, de novo, para o aparelho no pulso.
“Quebrou?...” Interrogou-se ao cutucar, com o indicador, o vidro do objeto. Obviamente tinha quebrado! Isso era a hipótese mais plausível. Os Lan's eram demasiado pontuais para se terem enganado nas horas.
XiChen riu suavemente, abanando com a cabeça em negação: “Não WuXian, o WangJi é que estava um pouco ansioso para te vir buscar hoje. Não descansou até eu entrar no carro. Então acabamos por vir mais cedo.” Apontou, com o polegar, para o veículo, um pouco distante, estacionado no lado oposto da rua, de onde um homem saía e se apoiava com a lateral do corpo os observando cautelosamente.
Ao cruzar o olhar com o namorado, o humor de WuXian cresceu de forma exponencial. Esticou o braço com energia e o abanou em cumprimento: “Lan Zhan!” Chamou de forma estridente.
WangJi levantou a mão e assentiu subtilmente, com um pequeno sorriso por causa daquela mudança de disposição tão descarada. Sempre que o via sorrir assim para ele, algo dentro de si se derretia. Era demasiado bom poder proporcionar aquela energia toda só com a sua presença.
Ah, como queria abraçá-lo…
Mesmo que o rapaz estivesse de boxers na rua, de maneira tão descuidada – algo que WangJi já fez referência não apreciar muito.
Era uma situação complicada. Lan Zhan não poderia simples explodir com todos os vizinhos ou possíveis transeuntes da rua que pudessem, eventualmente, sem intenções maldosas, olhar para o seu precioso namorado naqueles propósitos. Então, o homem, pedia cordialmente para o namorado ter mais atenção à roupa que usa na rua. Porém, para além de não ser escutado, ainda era provocado, posteriormente, com isso. O que conduzia a algumas situações bastante intensas quando a paciência de WangJi se esgotava.
Depois daquele pequeno momento, um sorriso travesso formou-se na face de WuXian. Como se estivesse mandando algum tipo de sinais ou mensagens telepáticas obscenas para WangJi. Pois, este tossiu suavemente, em seguida, e virou o rosto, irrompendo o contacto visual de maneira tímida.
O pequeno sorriso ainda adornava as bochechas de XiChen, porém, era tão forçado que ele sentia os próprios músculos doer.
‘Por favor, flertem quando eu não estiver por perto. Eu realmente não quero dicas sobre a razão que deixou WangJi tão inquieto a manhã inteira!’- pensou no seu silêncio desconfortável, que era ignorado pelo casal.
Rapidamente WuXian mudou a postura e adquiriu uma mais relaxada e divertida, virando a sua atenção para XiChen: “Eu vou vestir uns calções e avisar o Jiang Cheng. Já voltou!”
Quase nem acabou de falar, quando já tinha as costas viradas para Huan e saia correndo pela casa.
O homem ficou um pouco encabulado e inseguro, indeciso se deveria entrar ou ficar à porta. Embora já fizessem aquela rotina à quase dois meses, ainda era estranho para ele entrar na casa dos outros sem autorização, ou mexer nas prateleiras e nas coisas da casa,como Jiang Cheng e Wei WuXian já faziam no seu apartamento. Querendo ou não, as suas bases de educação eram bem presentes no seu dia a dia. Sendo assim, apenas decidiu esperar na porta da casa.
De dentro, pôde ouvir mais alguns gritos do par de irmãos. Algo como:
“Onde estão os meus calções pretos?”
“Como queres que eu saiba?”
“Não foste tu a lavar a roupa esta semana?”
“Eu não fico cantando a tua roupa suja como a shijie faz!”
“Ah!... Foda-se… Vou levar os teus, então!”
“Oie?! Não! Espera! Eu vou vestir isso! Aaahhh! Volta aqui!”
E, do nada, XiChen vê um chinelo voar até ao início do pequeno hall de entrada.
“…”
Depois de mais alguns gritos, Wei voltou com um sorriso resplandecente e uma pequena malinha no ombro.
XiChen não alterou a postura, já que já estava habituado àquilo, apenas apontou para a malinha e perguntou por casualidade, pois nunca vira Wei levar nada lá para casa, exceto comida ou jogos: “Vão fazer algo?”
“Oh?!” O jovem bateu na malinha duas vezes e demorou um tempo a responder, como se pensasse nas palavras com cuidado. Abriu um sorriso e falou: “Nós vamos trabalhar num projeto da faculdade.”
“…” XiChen não disse nada, mas tinha a completa certeza que aquilo era mentira. Pois, primeiro de tudo, quando WangJi entrava em projetos, normalmente, comentava ou pedia opinião sobre pequenos pormenores. E, segundo, os dois nem sequer frequentavam o mesmo curso e as mesmas cadeiras...
Houve um pequeno momento de silêncio, porém, Wei encarou aquilo como algo normal e apenas continuou: “Jiang Cheng está a tomar banho ainda, mas acho que ele já acaba.” Informou agarrando o pulso do homem e o puxando para dentro, visto que este não parecia fazer intenções de entrar. “Anda! Podes ir para a sala enquanto esperas. Não fiques aí à porta.” Incentivou, arrastando-o pelo hall de entrada, até à sala de estar que era pegada com a cozinha. No processo, os olhos de XiChen passaram pelo chinelinho abandonado, que tinha sido jogado do lado oposto da casa e, depois, deslizaram para os calções pretos que WuXian usava. Um sentimento estranho instalou-se no peito. Contudo, segurou a língua para não perguntar nada.
Por sua vez, Wei, alheio a isso apenas continuou: “Cheng andou meio distraído com umas coisinhas esta semana, então, está um pouco estressado com trabalhos e estudo.” Comentou simplório, fazendo os olhinhos amendoados de XiChen piscarem repetidamente e o encararem com mais atenção. Wei teve vontade de rir com aquela subtil mudança.
Levantou o indicador e deixou um aviso: “Ele ficou até bem tarde, ontem, a acabar trabalhos e, hoje de manhã, também acordou cedo para fazer tudinho, em cima da hora, por causa de ti! Então espero que não sejas muito cruel com ele!” Acabou com um sorriso matreiro e uma sugestão de algo que XiChen não conseguiu captar. Porém, só de ouvir que Cheng tinha sacrificado as suas horas de sono, apenas para passar tempo consigo, já lhe enchia o peito. Huan tinha plena consciência de que nunca iria ouvir essa pequena historinha, tão significativa para si, da boca de Jiang Cheng. E, muito provavelmente, o mesmo nunca iria mostrar o cansaço também.
Ah, aquela característica eram tão agridoce…
Wei observou os olhos amendoados relaxar e o subtil levantar de lábios. O tempo com WangJi, já o fazia perceber o quão recheado de sentimentos aquele subtil gesto era. Parecia pouca coisa, mas o olhar tranquilo perdido em pensamentos enquanto os lábios se mexiam por conta própria, dizia muita coisa, principalmente para pessoas como WangJi e XiChen.
Preencheu os lábios com um largo sorriso e abanou a cabeça de forma positiva: “Bem, bem! Acho que era só isso.” Colocou a mão no ombro do homem e deu duas pancadinhas, ao passo que se aproximava de forma íntima. “Espero que se divirtam.” Cantarolou num sussurro, próximo de XiChen, formulando um sorriso no canto dos lábios um tanto quanto… sugestivo?
“…”
Isso aí, XiChen entendeu bem. Os seus olhos o encararam com alguma surpresa e os lábios se separaram. O que exatamente Wei queria dizer com aquilo? Era só mais uma provocação das suas?
Durante aqueles quase dois meses, embora nenhuma das suas investidas fosse recusada de forma direta, XiChen conseguia perceber que Cheng ficava nervoso e defensivo quando tentava saltar para a etapa final. Os seus contactos mais íntimos apenas chegaram na parte da masturbação. Podiam passar a tarde toda em trocas de beijos e mãos ariscas, e até morrer de tesão um pelo outro. Contudo, Jiang Cheng nunca dava oportunidade de continuar a partir daí. No início era suportável e o homem conseguia acalmar-se com o pensamento que beijos e carícias já era muito bom, porém, desde os dois últimos fins de semana, XiChen tinha dificuldades até de engolir a própria saliva quando pisava fora daquela casa, como se algo dentro dele o destroçasse e o fosse arrastar, junto com Cheng, para dentro de um quarto aleatório daquela casa.
Provavelmente que esse algo se chamava frustração. Uma frustração bem forte e acumulada.
Huan conseguia entender um pouco a situação, ou pelo menos tentava. Numa das suas tentativas, Cheng parou-o e, entre desviadas de olhar e xingamentos pelo constrangimento, ele acabou por confessar que nunca tinha entrado num relacionamento longo e sério, principalmente com um homem. Jiang Cheng não disse diretamente e, provavelmente, nunca diria, já que isso seria mostrar uma parte fraca sua, mas XiChen pôde supor que o homem tinha algum tipo de receio ou nervosismo infundado.
Se fosse algum problema com a posição dos dois. Passivo e ativo não era algo que incomodasse o homem, para ele, estaria tudo bem ficar em baixo, desde que tivesse algum cuidado no início. Para além disso, o homem estava um pouco acostumado com aquilo. Quando XiChen estava sozinho, no silêncio do seu apartamento, se ele quisesse ele apenas brincaria com o seu corpo de todas as formas que lhe dessem prazer. Assuntos sexuais eram, muitas vezes, tratados como tabu na sua família. Contudo, XiChen sempre foi alguém de mente aberta. Com algumas influências em redes sociais e na vida escolar, o homem aprendeu que não deveria ter vergonha com o seu corpo. O seu corpo era seu! Ele tinha o direito de se satisfazer, tocando nos lugares que quisesse, independentemente do que a sociedade estipulava como ‘normal' ou ‘aceitável’.
Contudo, também não queria pressionar ou obrigar Cheng de maneira nenhuma. Ele tinha-se contido bastante até aquele ponto. Para além disso, qualquer outro tipo de investidas eram aceites e, as vezes, até retribuídas. Isso era suficiente! Pelo menos, por enquanto, XiChen ainda conseguia convencer-se disso.
No entanto, ao ouvir as palavras do homem mais jovem que, por acaso, até era irmão do seu atual namorado e dividia a mesma casa com ele, o seu coração acelerou subtilmente. Deveria dar importância àquelas palavras? Sabia que, muitas vezes, as coisas que WuXian dizia não deviam ser levadas a sério; algumas eram simples provocações, outras suposições sem lógica. Porém, o seu corpo queria acreditar que sim!
Wei observou cuidadosamente o homem e percebeu que os olhos de tonalidade marrom brilharam em expectativa. Teve muita vontade de rir! Ah, como queria ser mosca para poder provocá-los quando estavam a sós!
Notou que XiChen contraiu um pouco os lábios e ia abri-los para perguntar algo, no entanto, nesse mesmo instante, os dois foram interrompidos.
“Wei WuXian! Que merdas estás a falar para ele?” Resmungou com raiva, enquanto calçava o chinelo no chão que tinha arremessado, anteriormente, com o intuito de acertar o irmão. Andou de forma ligeira e rapidamente ficou perto dos dois. Enrugou o cenho e colocou uma mão no ombro do irmão e pressionou para ele se afastar do outro. “Estás muito perto! Sai, sai! Vai ter com o teu expressão de pedra!”
WuXian não insistiu e apenas soltou o ombro do homem, gargalhando de forma animada enquanto se afastava: “Irmãozinho, não precisas ter ciúmes! Obviamente, eu não tenho o que reclamar do meu serviço diário, nunca o trocaria.” Balançou a cabeça em negação com um sorriso divertido e provocador.
Jiang Cheng apertou as mãos em punhos com aquela frase de conteúdo tão vulgar. Ele não estava com ciúmes, tinha plena consciência que o irmão nunca olharia para XiChen. No entanto, seria mentira dizer que não lhe causou um pequeno incómodo vê-lo tão perto. A boca de WuXian era muito ligeira, dizia muitas coisas desnecessárias e, em muitos casos, comprometedoras. Seria estranho Cheng querê-los ver a uma distância de segurança aceitável? De preferência um no seu quarto e o outro num continente diferente, separado por um mar.
“Se não saíres agora eu vou-te chutar para fora!”
“Que maldade! Esta casa também é minha!” Resmungou com um falso desagrado na voz, cruzando os braços e levantando o nariz. Porém, naquele momento, não havia nenhum WangJi para protegê-lo das consequências das suas provocações e muito menos YanLi para argumentar a seu favor. Como tal, apenas pôde aceitar o tapa que levou na nuca que quase o fez desequilibrar para a frente.
“Rua! Agora!” Gritou apontando para a porta.
WuXian, mesmo com a dor na nuca, soltou uma leve e curta risada, impercetível para os outros dois. Levantou a cabeça com um olhar choroso, porém, quem o conhecesse, sabia que era apenas manha. Virou o corpo e saltitou para fora da casa enquanto gritava: “Lan Zhan! Lan Zhan! Eu fui agredido! Preciso de um beijinho…”
O som da porta a bater ressoou e, só aí é que Jiang Cheng relaxou. Respirou fundo e afrouxou os punhos.
XiChen, um passinho mais atrás, observava-o calmamente. As discussões inofensivas eram rotineiras, porém, o homem preferia não participar delas diretamente. Apenas ouvia, sorria minimamente e esperava terminarem para acalmar o gatinho irritado de pelo eriçado.
No entanto, agora, os seus olhos estavam demasiado enfeitiçados para a sua mente tentar processar sequer uma ação.
Jiang Cheng estava no seu lado, com um subtil rubor nas bochechas, por causa do banho de água quente. Os cabelos estavam molhados e um pouco desalinhados, dando destaque para a franja longa que ainda pingava algumas gotas de água sobre a toalha à volta do pescoço. No seu estado, parecia que tinha saído da banheira com alguma pressa e vestido a roupa, com mais pressa ainda. A camiseta branca, com um pequeno pormenor desgastado de uma câmara a preto e branco no peito, estava colada ao corpo em alguns lugares, denunciando que o jovem não tinha secado o corpo perfeitamente. Nas costas, as gotas escorriam de alguns fios de cabelo e, aqueles que não caiam sobre a toalha, formavam uma leve lagoa sobre o tecido fino, começando a revelar e a demarcar a pele levemente morena. Se XiChen baixasse um pouco o olhar, poderia apreciar a deliciosa visão das nádegas apertadas na cueca box azul escura e, mais abaixo, as coxas levemente grossas. Estas, por sua vez, possuíam algumas gotículas mínimas pelos pelinhos das pernas. Era algo bastante subtil, mas poderia ser notado por causa do brilho contido que a luz proporcionava ao ser refletida pelas pequenas partículas de água.
A imagem era banal. Apenas um homem jovem e bonito que acabara de sair de um banho sem cuidado a se vestir. Porém, aos olhos de XiChen, tudo aquilo ganhou mais força. Não era apenas um homem, era Jiang Cheng quem estava na sua frente com a roupa subtilmente molhada e colada ao corpo, arrumado de forma desleixada e apenas de cueca e camiseta.
O coração bateu com alguma força dentro do seu peito.
Sim, já tinha visto imagens mais lascivas do homem, no entanto, como XiChen não acharia aquilo bonito?
Mentalmente, Lan Huan elogiou Wei WuXian. Não sabia se foi de propósito, para lhe dar uma bela visão assim de graça, ou se apenas foi consequência das suas provocações aleatórias, porém, o homem repetiu na sua mente várias vezes, frases como: ‘Bem jogado WuXian! Muito bom! Tens a minha lealdade e consideração a partir de hoje! Irei retribuir o favor!’
Jiang Cheng bufou, ainda irritado. Algo que rapidamente tirou a mente de XiChen da lua. O seu olhar o acompanhou, enquanto, o mais jovem dos dois pegava na toalha e começava a secar o cabelo, de forma bagunçada e rude. Algo que, aos olhos de XiChen, se assemelhou à imagem de uma pequena criança chateada despenteando os próprios cabelos.
Um pequeno sorriso cálido apoderou-se dos seus lábios. Passo por passo, aproximou-se vagarosamente de Jiang Cheng e o acolheu no meio dos seus braços, o trazendo para perto e apertando os dois corpos, levando as suas mãos a descansar sobre a pele delicada do ventre alheio, por baixo do tecido branco.
O corpo diante de si tremeu, parou, porém, recuperou rapidamente a postura e terminou de secar o cabelo, como se não fosse nada.
Jiang Cheng às vezes sentia-se como uma mãe koala de tantas vezes que a sua cintura era segurada, agarrada e abraçada. No fundo, não desgostava realmente daquilo, XiChen era um pouco grudento, mas sabia dar espaço quando Cheng se impunha! Para além disso, era um contacto bastante aconchegante e quente. Então, tudo bem, por enquanto.
XiChen tinha uma pequena ideia disso, que o abraçava bastantes vezes daquela forma, mas era um pouco inevitável para si. Normalmente, mesmo que houvesse grandes chances de Jiang nem se dar conta, a personalidade do mesmo parecia tornar-se mais afável. Quando se deixava encurralar no abraço de XiChen, aquele gatinho rabugento abanava a cauda, balançava as orelhinhas, fazia pequenas arranhadelas e, depois de tudo, lambia como uma pequena demonstração de carinho e amor, agridoce. Era um pouco difícil de explicar para Huan, mas tê-lo assim, parecia realmente mais confortável.
Os ombros de Cheng relaxaram e ele tentou ajeitar as madeixas dos cabelos para ficarem, pelo menos, alinhadas.
O sorrisinho do mais velho cresceu e afundou o nariz no pescoço coberto pelos fios molhados e cheirosos do banho.O Jiang estremeceu e remexeu-se para diminuir o aperto.
“Ei?!” Vociferou com um mau gosto na boca.
“Flor de lótus…” Comentou num sussurrou e deslizou o nariz até ao ombro, utilizando a pontinha para desviar a camiseta e poder tocar a pele mais livremente. Inalou profundamente o ar e o cheiro doce daquela pele e concluiu. “Amêndoa e jasmim…” Sorriu e depositou um beijo cremoso e molhado no local.
O corpo de Jiang Cheng tencionou e as bochechas ganharam uma leve coloração rósea. Desviou o olhar para o lado oposto e falou com um suave tom de indiferença: “Humph, e daí?!”
As cordas vocais de XiChen tremeram ligeiramente, num riso baixo e abafado: “Nada… Apenas é interessante que realmente o tenhas comprado depois de eu ter comentado que tinha um cheiro agradável…” Proferiu calmamente, antes de deixar um novo beijo demorado na pele morena.
As bochechas coraram mais, pelo constrangimento. O cenho enrugou e os seus lábios moveram-se de forma grosseira e defensiva: “Que porra?! Não penses demais! Foi apenas uma coincidência YanLi ter comprado o mesmo gel de banho de que tu falaste!” A verdade é que Jiang Cheng não conseguia admitir que tinha influenciado, descaradamente, vale ressaltar, a irmã a comprar o gel de duche. YanLi achou estranho, já que Jiang Cheng nunca deu importância aos tipos de champôs, amaciadores ou geles que eram comprados para casa. Porém, não se opôs. Sempre era bom mudar de vez enquanto e experimentar marcas e cheiros novos. A sorte de Cheng foi WuXian estar ocupado a analisar a secção de camisinhas e lubrificantes, naquele momento. Se não, tinha a certeza que iria ser questionado e perturbado pelas brincadeiras toscas do irmão.
XiChen voltou a rir. Não fazia intenções de insistir muito naquilo já que, provavelmente, não obteria a verdade. Inspirou uma vez mais aquele cheiro doce que preenchia a pele fresca pós-banho. Apertou mais o abraço e levantou a face, com um sorriso brilhante e acolhedor, enquanto esperava que Cheng o olhasse também. Algo que não tardou a acontecer, já que o homem virou subtilmente o rosto na sua direção, com um semblante calmo, atípico. Aproveitou aquela aproximação para roçar os dois narizes e falou de forma meiga e cálida: “Senti saudades.”
O coração de Jiang pulsou no peito e as orelhinhas até ganharam uma leve tonalidade rosa. No entanto, ele não era capaz de demonstrar aquele calor mesmo que quisesse. Contraiu as sobrancelhas e respondeu com uma leve zombaria, que transpareceu alguma irritação: “Não sejas idiota! Ainda ontem trocamos mensagens!”
“Não é a mesma coisa… eu sinto falta da tua presença! De te poder apertar, tocar…sentir…” Sussurrou com o tom de voz calmo e rouco, fechando os olhos com a sugestão de um sorriso meigo no rosto. Era pouco, porém, depois de uma semana inteira só com mensagens e pequenos encontros durante as horas de almoço ou final das aulas em dias ocasionais, todo o seu corpo estava repleto de felicidade e tranquilidade por se encontrar com Cheng. E, claro, ficou ainda mais feliz ao sentir os narizes roçar quando este se precipitou para depositar um selinho sobre o sorriso que adornava os seus lábios. Entreabriu ligeiramente os olhos para observar a expressão suave do homem que tanto amava. As pálpebras estavam serenamente caídas para baixo, destacando os longos cílios negros. Parecia tão delicado e terno naquele momento.
Ah…
Lambeu os lábios que se tinham colado nos seus, pedindo passagem para aprofundar aquele subtil toque num beijo. Isso foi prontamente cedido e XiChen pôde sentir o aroma fresco e revigorante do sabor a menta. Provavelmente, Cheng acabara por lavar os dentes depois da refeição e isso trouxe um toque envolvente e delicioso durante a troca lenta e molhada de beijos.
Os beijos foram calmos, bem calmos até para Jiang Cheng. No entanto, as mãozinhas de Huan ficaram ansiosas. Alisaram a pele macia sobe os dedos e puxaram, levemente, a barra da cueca, ameaçando se acomodar naquele lugar sensível e proibido. No entanto, para a infelicidade do homem, Cheng se afastou no mesmo instante o fuzilando com o olhar.
“Chegaste não faz 10 minutos…”
Ah… era mesmo? Então porque estaria tão impaciente?
XiChen sabia, apenas não refletiu muito sobre ou verbalizou.
Sorriu de maneira doce e ao invés disso falou: “Apenas me entusiasmei um pouco. Desculpa…”
Trouxe uma das mãos para colocar as mechas húmidas do cabelo de Jiang atrás do ouvido e depositou alguns beijos no pescoço, agora, exposto: “Cheiras tão bem! Parece tão irresistível… Eu quero morder e deixar algumas marquinhas.” Continuou de maneira divertida e amorosa.
Embora fosse, por enquanto, uma brincadeira, essas palavras fizeram Jiang Cheng relembrar o fim de semana passado. Abanou a cabeça em negação e virou-se nos braços do namorado pousando, em seguida, as mãos no peito do mesmo para ter um pouco de distância.
XiChen não se sentiu abatido com esse afastamento. Essa ação era tão recorrente que tinha-se tornado fofa aos seus olhos. Jiang Cheng até podia reclamar, xingar e espernear, mas nunca fazia força o suficiente para se libertar. Exceto, quando queria realmente se libertar…
“Controla-te!” Mandou com as sobrancelhas contraídas.
XiChen respondeu com um sorriso calmo e radiante, ao envolver o corpo alheio novamente. Porém, as suas mãos em vez de pousarem na cintura desceram e acomodaram-se sobre as suas nádegas fofas. Não apertaram, nem se mexeram, apenas pousaram.
A mão de Cheng contraiu num punho, quase como por reflexo: “XiChen…” Ameaçou com a voz arrastada.
O homem gargalhou em deleite e divertimento. Abraçou a cintura de relance, apanhando Cheng de surpresa e suspirou em pura emoção: “Brincadeira, amor!” Depositou um beijo demorado na testa do mais jovem.
WanYin ainda se sentia constrangido com aqueles nomes carinhosos. No entanto, mesmo que reclamasse, o namorado sempre acabava por dizê-los quando entrava no seu modo demasiado meloso e pegajoso.
Aceitou o beijo com uma pitada de vermelhidão nas bochechas, porém, não tentou se afastar nem reclamar. Parecia que nada iria mudar depois de tudo. E era bom! Era bom que não mudasse…
Contraiu os lábios e esperou que Huan se afastasse para ficar na sua altura. Cruzou os braços e estreitou os olhos, formando uma expressão carrancuda: “O que ele te disse?”
“Nada de muito importante.” Respondeu com um sorriso calmo.
“Ótimo! Então, desembucha!” Falou a primeira parte com deboche.
“Hum, eu ficaria tão feliz se isso fosse um pouco de ciúme…” Pensou alto em tom de brincadeira, fugindo do assunto.
“Até parece que eu iria ter ciúmes de vocês dois!” Revirou os olhos.
Apenas é incómodo vê-los tão próximos, não se confunda!
XiChen riu subtilmente: “Tudo bem, então… Irei dizer se receber um novo beijo!” Brincou.
No entanto, Jiang Cheng dava-se muito mal com qualquer tipo de chantagem. Por mais pequena e inofensiva que fosse, ele preferia virar as costas e mandar o assunto p’ró caralho. Ele até poderia fazê-las, mas se isso fosse virado contra si ele preferia sair perdendo que cedendo a um método tão medíocre.
Bufou em raiva e pressionou o peito alheio para se soltar: “Como se eu me importasse!” Falou de maneira agressiva virando o rosto com raiva.
Porém, XiChen antecipou-se roubando um selinho rápido antes de Jiang virar a face por completo, rindo, logo em seguida, de forma divertida. Isso proporcionou-lhe um tapinha no peito e a visão da contração furiosa do sobrolho de Cheng.
“XiChen!...”
“Ah, A-Cheng!” Pronunciou de forma amorosa só para provocar. Depositou um beijo na bochecha, subtilmente, corada e continuou. “Ele apenas comentou que estavas um pouco cansado.” Disse à medida que deslizava os lábios da bochecha para o pescoço.
Essa resposta acalmou um pouco Jiang. Finalmente ficou quieto e deixou-se aproveitar os pequenos arrepios que os beijos lhe proporcionavam.
“Apenas isso?...”
XiChen subiu a face com um sorriso e selou os lábios num beijo ligeiro: “Apenas isso.”
Obviamente, não iria referir as insinuações subentendidas nas palavras do jovem travesso. Não queria estragar o humor de Cheng, pois, apesar das respostas e perguntas mais agressivas, ele estava quieto e aceitando todo o seu carinho de maneira dócil.
Ah! XiChen não era louco para abrir mão daquele momento.
“Não dês importância ao que ele diz!” Soltou com alguma indiferença. Tentou virar-se para sair do aperto, no entanto, a sua cintura apenas foi apertada com mais força e um novo beijo foi depositado no seu pescoço.
Cheng bufou em cansaço. Levou o indicador à testa de XiChen e a pressionou para trás, para que pudesse olhar nos olhos do homem: “Podes-me soltar agora?!” Perguntou com as sobrancelhas franzidas. “Eu quero ir vestir algo!”
XiChen sorriu: “Hum, tá calor, A-Cheng. Fica assim mesmo. Vais ficar fresquinho.” Pediu com o tom um pouco manhoso.
“Não estás muito carente, não?!” Estreitou os olhos com um leve olhar de desconfiança.
“Nhum… é que estás muito lindo. E eu quero muito abraçar-te assim…O resto da minha vida!” Brincou com uma leve determinação infantil.
“Não sejas demasiado pegajoso, XiChen!” Mandou pressionando o peito alheio para se desvencilhar daquele abraço.
Embora ele dissesse isso e muitas vezes o afastasse, o carinho exacerbado de Lan Huan não lhe desagradava. Jiang não conseguia demonstrar a quantidade de sentimentos que o namorado mostrava. Porém, achava fofo a dedicação e a atenção que sempre lhe dava. As palavras eram doces, os atos eram meigos, os sorrisos calorosos e, para além disso, sabia respeitá-lo quando compreendia que Cheng estava realmente incomodado. No fim de tudo, WanYin não estava desconfortável e, algo dentro de si, sempre se movia quando era agarrado de forma tão íntima e amorosa. No entanto, nunca iria dizer isso abertamente. Era muito vergonhoso pedir ou elogiar coisas do tipo…
XiChen abriu um singelo sorriso: “Eu não irei fazer nada. Ficarei bem quietinho.” Afirmou calmamente.
Os olhos com leves tons violeta o sondaram, com uma leve desconfiança. Não que Jiang Cheng desconfiasse dele. Óbvio que não. Nunca iria desconfiar da sua sinceridade em qualquer outro requisito. Porém, nós estamos a falar de XiChen. Independentemente de como Cheng olhe para isso, o amor e afeto do homem sempre o lembravam do amor de um grande cachorro felpudo. Tu o repreenderias um momento, ele ficaria quieto de orelhas baixas. Tu o mimarias por singelos segundos, e ele te derrubaria no chão.
Cheng bufou cansado e irritado: “Tá, ok! Mas larga-me!”
XiChen riu e concordou. Porém, antes de o soltar apoderou-se dos lábios rosados para uma nova troca de beijos. Não houve qualquer relutância e foi correspondido prontamente na mesma intensidade.
Sendo o bobinho que é, XiChen entusiasmou-se. Qual não foi a surpresa dos dois quando um som estalado ecoou pela sala. Fez aquilo mais por instinto, sem se dar conta sequer, porém, agora havia uma mão que formigava, uma bunda que ardia e uma carranca que decorava a face de Jiang Cheng.
Assim que se separaram, não foi surpresa para ninguém quando a mão de Jiang subiu e um tapa foi desferido na nuca de XiChen…
[ • • • ]
No final, Jiang Cheng acabou por não vestir mais nada. Tanto por conveniência, preguiça de subir as escadas e insistência do namorado que agia como um pequeno caramelo mimado.
Os dois estavam jogados no sofá. XiChen estava devidamente sentado no sofá. A sua atenção estava completamente virada para o plasma, de tamanho mediano, na sala. E os olhos brilhavam com alguma excitação enquanto observava as ações e falas dos personagens. Não conseguia entender muito e perdia-se facilmente, mas estava a esforçar-se pelo menos. Os pormenores que conseguia captar deixavam-no visivelmente interessado e curioso por toda a trama complexa da série.
Por outro lado, Jiang Cheng estava deitado descontraidamente no mesmo sofá comprido. As suas pernas desnudas estavam refletidas por cima do colo do namorado e a sua atenção também estava retida na TV. Por mais vezes que visse aquela série, Sherlock, parecia que nunca era o suficiente e sempre haviam coisas que lhe escapavam. Então, sempre se tornava interessante de rever.
Os seus pelinhos das pernas eram alisados e às vezes beliscados pelas mãos cálidas de XiChen que parecia focado em toda a tensão do episódio. Cheng não soube o que sentir sobre isso. Seria algum fetiche? Ou apenas um modo de distração inconsciente? Para Jiang isso era um pouco estranho. O homem nunca partilhou o seu espaço com alguém, de forma tão íntima. Então, algumas das coisas que o outro fazia banalmente e intimamente, ainda eram encaradas com alguma estranheza. Porém, não costumava verbalizar isso de forma descarada. Não que desgostasse… Apenas era estranho e o fazia sentir-se estranho…Por exemplo, quem insistiria tanto em secar os cabelos de outro alguém com uma toalha? Ou pior, quem limparia os lábios de alguém com o polegar depois destes ficaram sujos do chantilly de um simples milkshake de mirtilo? E não acabava por aí… Ele ainda teve a audácia de lamber o dedo bem na sua frente. O olhando com aquela expressão calma e divertida, como se fosse maravilhoso ver Jiang Cheng com as bochechas coradas e uma baita vontade de arrebatar um beijo violento daqueles lábios. Se Jiang ficou irritado? Ah! Como ficou…Na verdade, o que o deixou realmente irritado foi por estar em público e não poder rebater para desfazer aquele sorriso que o parecia desafiar de alguma forma. Pelo menos, não da forma que tanto queria.
Ter as pernas massajadas e alisadas era estranho, no entanto, a sensação quente e suave era agradável. Então, Jiang pensou que se estivesse tudo bem para XiChen, os seus pelinhos poderiam continuar a ser enrolados.
Essa ação não era desagradável de todo para XiChen. Depois do banho a pele estava cheirosa e os pelinhos macios, então era bom beliscar para se distrair. Aliás, vendo o Jiang tão quietinho e obediente, isso apenas foi uma confirmação para a sua ação. Por dentro, o coração sorria com algum calor.
Uma bacia de pipocas já no meio descansava sobre a barriga de Cheng. Embora os dois pudessem comer à vontade, parecia que apenas Jiang estava interessado nisso. XiChen não conseguia desviar o foco da televisão. Sentia que se o fizesse iria perder algo muito importante para o enredo – algo que acontecia frequentemente, diga-se de passagem.
O homem não era familiarizado com a dinâmica das séries. A sua área era mais de literatura e escrita nos tempos vagos. Ainda não fazia muito tempo que começara a trabalhar seriamente, então, fazia o possível para focar-se inteiramente ao trabalho, para ter certeza que ficaria como funcionário permanente. Então, nem tempo de qualidade tinha para dedicar-se a uma série.
No entanto, mesmo que não fosse muito apreciador (principalmente, porque nunca teve alguém que o incentivasse a isso) estava a tentar dar uma oportunidade a esse mundo por Jiang Cheng. Sabia o quanto ele era viciado naquilo e, no seu entender, seria bom fazer um esforço para compreender esse lado seu.
Para além disso, esse seu desejo de o acompanhar naqueles momentos apenas aumentou quando, na terceira vez que foi à casa dos Jiang e teve a inusitada oportunidade de visitar o quarto de Cheng por singelos minutos, conseguiu ver a grossa e inconfundível lombada do livro ‘A Sombra do Vento’, de Carlos Ruiz Zafón, enfiada na estante dos livros.
Tudo bem, isso era algo banal. Qualquer um tem o direito de ler o que fosse. Incluindo o livro que XiChen acabara de ler um mês antes e ainda estava eufórico com a história. Porém, seria demasiada coincidência aquele mesmo livro, estar naquele mesmo quarto, daquela mesma pessoa com quem desabafara por quase uma hora, na semana anterior, sobre todos os pontos positivos e negativos da trama sendo que este, em momento algum, abriu a boca para dizer “Eu sei. Eu já o li e tenho um exemplar em casa!”.
Mais uma vez, XiChen duvidaria que o namorado fosse dizer algo como: “Eu apenas queria conhecer um pouco das coisas que tu gostas…”. Se este o questionasse sobre. Provavelmente, receberia alguma resposta defensiva tipo: “Qual é o problema?! Não posso lê-lo sem te dar satisfações, agora?!”
Ah, era complicado…
No entanto, quando XiChen se apercebia desses pequenos pormenores que o mais novo fazia para se aproximar dele, o seu coração batia descontroladamente.
Lan XiChen era apaixonado por tudo isso!
Não era alguém que gostasse de espalhafato em demonstrações de afeto, já que isso se tornava vergonhoso. E as pessoas que passaram pela sua vida que mais disseram as palavras ‘Eu te amo!’, foram as que mais tiraram o verdadeiro significado dessas mesmas palavras…
Então, ter aquele gatinho que sempre dormia nos pés da sua cama, incapaz de ronronar para lhe dizer o quanto o amava, mas que no fim, sempre se lembrava de si nas suas caçadas e lhe trazia pequenos ratinhos fofos, como um presente, era muito agradável para XiChen. Ele sentia que não o podia amar mais do que já amava.
Os olhinhos de XiChen piscaram e ele soltou aleatoriamente: “Por que eu sinto que sempre tem uma leve tensão incomum entre o John e o Sherlock…?”
Jiang Cheng, com os olhos virados para a tela, gargalhou subtilmente e pegou numa pipoca para levar à boca: “Talvez porque tenha?” Perguntou de forma retórica.
XiChen rodou a face no mesmo segundo para Cheng com uma subtil euforia nas orbes escuras como caramelo: “Isso é spoiler?”
Jiang Cheng também rodou a face, que estava apoiada na almofada e o olhou. Um sorriso um pouco sarcástico e zombeteiro desenhou-se nos seus lábios, ao passo que uma pipoca era colocada lentamente na boca. Sobre as suas sobrancelhas, pairava a sugestão de uma frase que dizia ‘Achas mesmo?’.
XiChen abanou a cabeça e olhou para a televisão novamente, abanicando a mão em negação.
“Não, não, não! Não me digas nada! Nada se spoilers! Eu quero pensar que eles vão ficar juntos, oficialmente.”
“Humph, eu não disse nada…” Disse com um tom de voz indiferente, mastigando a pipoca e olhando de novo para a TV.
“Mas eu percebi…” Disse. “Aliás, o método de dedução é muito bom, mas eu perco-me facilmente… Sem contar que, pode não ser tão realista assim. Tu podes usar uma marca de roupa que é comumente de pessoas gays, mas não seres gay, certo?” Ele falou e fez uma pequena pausa. “O que são roupas gays sequer? Os gays têm marcas em específico?”
Cheng teve vontade de rir para as pormenores que ele notava. Na verdade, ele notava em um monte de coisas que o próprio Jiang não notara mesmo que já fosse a terceira vez a assistir. E, XiChen, sempre fazia questão de comentar aquilo em voz alta. As suas sessões de cinema em casa nunca eram passadas em silêncio, pois sempre havia um comentario aqui e ali junto com uma reflexão. Pelo menos, os risos não eram escandalosos como os de WuXian e a voz era muito mais branda também.Trocar impressões daquela forma tinha-se tornado suportável e agradável. Pelo menos, com XiChen era. Uma coisinha só deles, que Jiang Cheng só permitia com ele.
“Eu deveria usar esse tipo de marcas?...” Pensou em voz alta.
Jiang riu de forma abafada: “O que isso interessa? Consideraste gay?”
“Hum… não de todo, eu acho…” Respondeu num sussurro e fez uma pequena pausa. “Ao menos, não todos os dias…”
Jiang quase gargalhou com isso, porém, conteve-se com a cota da mão sobre a boca.
Um sorriso mínimo e vitorioso surgiu nos lábios de XiChen, mesmo que a sua atenção continuasse na TV.
“Sério? Posso saber então que tipo de dias te fazem sentir especialmente gay?”
“Oh…” Ele parou e pensou um pouco. “Talvez…” A sua mente, realmente, pensou em algo. Porém, a sua boca não quis reproduzir aquela verdade que, quem sabe, pudesse até envolver o mais jovem. Sendo assim, apenas respondeu. “Acho que todas as intervenções do Sherlock… ele parece bastante… sensual…” Algo que não era mentira.
Cheng piscou um pouco surpreso. Na verdade, no início, não sabia que série recomendar ao namorado para o introduzir ao universo das séries. E foi um pouco difícil escolher. Apenas se decidiu depois de ele comentar que gostava de suspense em livros. E, conhecendo como o conhecia (o que ainda era pouco) sabia que ele gostava de entretenimento que estimulasse a sua mente. Então, achou que a série Sherlock, por ter poucos episódios e raramente ter momentos mortos, cheia de ação, intrigas, jogos, cumplicidade, alguns temas sensíveis e uma pitada de comédia, seria algo bastante bom para XiChen. Acabou que ele não esperava que o mais velho aparentasse gostar tanto.
Se estava feliz? É, Jiang Cheng não poderia negar isso. Pelo menos, não para si.
Pegou numa pipoca com um singelo sorriso nos lábios.
“É, verdade. Acho que é do casaco e do cachecol.” Comentou com algum deboche mastigando a pipoca.
“E não só!” Acrescentou. “O cabelo encaracolado. A postura inflexível. A segurança que ele tem. A maneira veloz com que fala. O sotaque britânico. O olhar… aquele tom leve como água! As reações inocentes, que se tornam fofas.” Enumerou distraindo-se das cenas que se seguiam na TV. Cheng engelhou levemente o cenho, mas isso nem foi notado por XiChen, que apenas continuou. “A primeira vez que vi o ator não achei nada de especial. Mas a forma como ele interpreta o personagem é realmente encantadora e parece muito genuína. Mesmo de forma inconsciente, tu começas a apreciar o personagem e sempre tens vontade de o perseguir com os olhos.”
Jiang Cheng contorceu a expressão com todos aqueles elogios. No entanto, tentou não transparecer aquele leve desconforto.
“Hum… tendi.” Levou a mão bruscamente às pipocas e trouxe três, que logo foram abocanhadas pela sua boca. Mesmo que quisesse, esconder algumas das suas emoções ainda era complicado.
Lan Huan notou essa agitação e uma parte de si achou piada.
De maneira inocente, perguntou e girou a face com um sorriso meigo na direção do namorado: “Não achas?”
“…” Cheng ficou um minuto em silêncio até o encarar com o olhar afiado e um pouco escuro. Sacudiu as mãos, levando-as novamente às pipocas, e falou banalmente. “Ele é um personagem bacano de ver, mas eu não suportaria conviver com a sinceridade ou a arrogância dele na vida real.”
“Oh…” Pronunciou como se entendesse o ponto. Sorriu e riu minimamente, passando a mão cálida pela canela da perna do namorado. “Acho que dois pólos da mesma carga sempre vão-se repelir, certo?” Comentou alto, em tom de brincadeira e provocação.
“O quê?!” Inquiriu rapidamente subindo o tórax, apoiando-se nos cotovelos e o olhando com o sobrolho franzido e intimidante.
XiChen piscou os olhos e fingiu surpresa: “Falei algo errado?”
“Tu acabaste de me chamar arrogante…” Expôs de forma arrastada e baixa.
“Não só isso…” Disse de maneira calma beliscando suavemente a pele sob os dedos. “Arrogante, teimoso, cruel, insensível, indiferente…”
“XiChen…”
“Hum, com certeza estou a esquecer-me de algo… Talvez demasiado objetivo também? Tipo, como se o coração tivesse sido trocado por uma pedra?”
Um morrinho foi desferido no seu ombro e o homem mais velho riu em divertimento.
“Cala a boca!” Mandou com uma visível carranca.
XiChen montou um sorriso mais largo que o normal: “Ah, quase me esqueci, A-Cheng! Também tem a parte do agressivo.”
“Eu vou-te colocar na rua!” Ameaçou sentando-se no sofá, ainda com as pernas sobre o outro, e o olhando com alguma intensidade e descontentamento.
“Ah? Mas está tanto calor lá fora…”
“Se eu te incomodo tanto, o calor não deve ser nada!” Rebateu alto no mesmo instante.
XiChen se deleitou em divertimento. Sempre parecia tão bom provocá-lo. Ao contrário do que fazia anteriormente consigo, ou com o irmão, Cheng parecia sempre adquirir uma leve atmosfera mais meiga e dócil. Como se realmente tivesse levado as suas palavras ao peito e uma pequena parcela de si se tivesse magoado enquanto que a outra parcela explodia em raiva.
Talvez Lan Huan fosse um pouco cruel por gostar de ver isso, mas era tão divertido cutucar aquele gatinho.
Sorrio.
“Em nenhum momento eu disse isso.”
Jiang Cheng parou e formou uma expressão subtilmente surpresa. Não exatamente pelas palavras ouvidas, mas sim por ter sido impulsivo.
Agitou a cabeça e ficou sério novamente: “Pareceu…”
“Hum? Eu apenas disse que vocês têm característica idênticas…”
“Características negativas.” Resmungou num tom baixo, desviando o olhar.
É… XiChen achou fofo…
Sorrio docemente e pousou uma das mãos na cintura de Cheng. Passo a passo, aproximou o nariz da bochecha do mais novo e fez um leve carinho enquanto a sua boca soltava, de forma quente e abafada, um sussurro quase lascivo: “Se quiseres… podes adicionar a sensualidade nesse pacote de características.”
Um beijo macio foi depositado na bochecha de Cheng. No entanto, isso não melhorou o humor do homem. Quiçá, até o piorou um pouco.
“Para de o chamar de ‘sensual'! É irritante!” Soltou alto sem pensar.
XiChen riu de forma abafada contra a bochecha do namorado: “Isso é ciúme?”
“Ah! Até parece! Quem vai sentir ciúmes de um personagem fictício?” Resmungou afastando o outro e caindo no sofá, enquanto cruzava os braços.
Aquela situação, apesar de tudo, transferia um sentimento estranho para Jiang Cheng. Como nunca teve alguém que quisesse manter de maneira amorosa, ainda era um pouco difícil lidar com algumas coisas banais. Não era por mal. E muitas vezes era de forma inconsciente, no entanto, sim, ainda era desconfortável ouvir isso se dirigindo a outra pessoa mesmo em tom de brincadeira. E sim, Jiang Cheng tinha noção de que deveria controlar isso.
XiChen achou graça àquele ciúme inofensivo e decidiu cutucar mais um pouco a ferida, de maneira inocente.
“Mas tu não concordas?”
“Tsk… Vais perder o episódio inteiro…” Desviou o assunto virando a atenção para a TV.
“Eu já vou puxar atrás de qualquer forma…”
Cheng bufou e revirou os olhos irritado.
XiChen sorrio e precipitou-se sobre o corpo do amado para depositar um suave selinho no canto da boca de Jiang. O mesmo fechou e abriu os olhos, ainda com a expressão contraída e zangada, e olhou nos olhos do mais velho.
“Eu te amo da maneira que és, A-Cheng. Não tens de te incomodar com nada do que eu digo… eu só estou a brincar.” Disse com um sorriso meigo e cálido.
WanYin ficou calado por um tempo. O canto dos lábios contraiu e o olhar tornou-se ainda mais afiado. Uma leve desconfiança pairou no seu semblante.
XiChen achou aquilo adorável. Levou a bacia das pipocas ao chão e juntou os lábios, sendo recebido por uma troca suave de beijos. A sua mão passeou pela cintura morena, por baixo da camiseta branca, deslizando e apertando a pele macia, o acolhendo quase num abraço. No entanto, o contacto confortável desfez-se quando Jiang o afastou.
“Entendi… vamos continuar a ver…” Cheng pronunciou de forma suave, num sussurro quase tímido e contido.
Quando Huan se afastou, os seus olhos caíram sobre as duas linhas gordas, vermelhas e entreabertas, molhadas com a saliva das suas bocas. Foi doloroso… teve vontade de o beijar por mais tempo e continuar. Porém, conteve-se e fez como foi mandando.
Debruçou-se até ao computador na mesinha de centro e voltou atrás no episódio, até um pouco antes do momento que tinha parado.
Trouxe as pipocas novamente para a barriga de Cheng e voltou a endireitar-se obediente.
Discretamente, Jiang suspirou de alívio.
Enquanto XiChen revia a cena, algo lhe surgiu na mente para diminuir o clima mais quente que surgiu.
“Oh! Isso já ocorreu comigo…”
Cheng levantou uma das sobrancelhas e proferiu de forma irônica: “O quê? Já alguém tentou explodir contigo?”
“O quê?” Perguntou incrédulo e com vontade de rir. “Óbvio que não!”
“Oh…”
“Porque pareceu que ficaste triste com isso?!” Levantou um pouco o tom de voz, como se se sentisse ofendido.
Em resposta, apenas recebeu uma pequena gargalhada abafada de Jiang.
Sorrio discretamente e continuou: “Eu estava a referir-me à parte do número telefônico de baixo do tênis.”
“Oh… alguém usou um método assim contigo?” Riu levando uma nova pipoca à boca. “Funcionou ao menos?”
“Hum… Nem por isso… Foi um pouco embaraçoso na verdade…”
“Opah! Deixa adivinhar!” Sorrio com um leve entusiasmo. “Ela entrou no balneário masculino, na hora de educação física, e colocou o número telefônico no meio da tua roupa íntima!”
Um sorriso um pouco complicado e encabulado surgiu no rosto de XiChen. Ele gargalhou suavemente e abanou a cabeça em negação: “Porque eu sinto que tu gostas de ver a vergonha alheia?”
“Oh… pensei que isso fosse algo que já tivesses notado…” Fingiu certa surpresa e indiferença.
“Ai, A-Cheng…” Balançou a cabeça com desilusão. Em resposta recebeu um sorriso ligeiro e a pontinha da língua entre o par de dentes sorridentes, como se dissesse que apenas estava a brincar.
Com isso, XiChen apenas continuou: “Mas, não. Não foi bem assim… Eu estava no primeiro ano da secundária. A aula tinha acabado e todos estavam a sair, mas eu ainda estava sentando a organizar a minha mesa. Até que uma menina passa pela minha mesa e derruba o meu estojo. No processo ela também derrubou a minha garrafinha de água que não estava fechada por completo… Acabou que no final ela molhou o chão, as próprias calças e o meu estojo também… e todos começaram a olhar…” Contou calmamente se relembrando do episódio. “Quando ela recolheu todas as minhas coisas tinha um papelzinho dentro do meu estojo… Mas com a água alguns números ficaram esborratados e eu não consegui entendê-los…” Ele suspirou com alguma pena e compreensão. “Acho que ela ficou tão constrangida que não conseguiu aproximar-se de mim de novo…”
Jiang Cheng conteve o riso e comeu mais algumas pipocas.
“Que pena.” Disse de forma irônica.
“Não sejas cruel!” Repreendeu.
“Eu? Cruel? Tu é que devias tê-la consulado. A mim apenas me resta rir da situação.” Rebateu com alguma indiferença enquanto devorava as pipocas.
“Ela começou a evitar-me e eu nunca mais consegui ter uma conversa longa com ela…” Comentou. “Acho que não sou bom a insistir em pessoas que fogem de mim…”
Jiang o olhou incrédulo com uma sobrancelha levantada e uma pipoca quase dentro da boca.
XiChen o olhou também e gargalhou calmamente, percebendo o que estava a passar pela mente dele: “Tu não foges de mim! Na verdade, estas bem quietinho e acomodado no mesmo sofá que eu.” Brincou e recebeu outro morrinho no ombro.
“Cala a boca!” Rosnou arrancando mais risos de XiChen.
Com o tema aparentemente finalizado, os dois estavam prestes a focar-se no episódio finalmente, contudo, o celular de Jiang Cheng vibra na mesinha da sala, perto do computador.
O mesmo alcança-o e vê a mensagem que recebeu. Rapidamente, um resmungo de um xingamento é solto pelos seus lábios, chamando a atenção de XiChen.
O homem observou as contrações nada felizes do namorado e os dedinhos a teclar para responder, seguidos de alguns suspiros descontentes.
O mais velho ficou intrigado e, então, perguntou por conveniência.
“Aconteceu algo?”
Jiang Cheng deitou-lhe o olhar por uns singelos segundos e apertou o aparelho na mão. Desligou-o e suspirou cansado abanando a cabeça em negação depois de um silêncio.
“Nada demais… Eu apenas estou a fazer um trabalho de grupo na faculdade e acho que há um erro na parte que eu enviei hoje de manhã…” Explicou, espreguiçando-se no sofá e olhando para o teto com a face tensa.
XiChen ouviu atentamente e achou engraçado a coincidência de ser a mesma coisa com que WuXian se desculpara anteriormente.
Abriu um sorriso calmo e concordou pacientemente: “Entendo…”
“Eu vou lá em cima rever a minha parte e reescrevê-la, pois precisamos dela já para terça-feira.” Sentou-se e olhou para XiChen. “Ficas aqui? Vai ser rápido.”
Lan Huan virou a atenção para ele: “Queres ajuda?”
“Percebes alguma coisa de leveduras?”
“Oh…” Fez uma pequena pausa. “Que pergunta interessante…”
Cheng riu de forma abafada e XiChen abriu um pequeno sorriso.
Aquela atmosfera de cumplicidade era muito confortável para os dois…
“Desculpa por isto…” Pediu num sussurro quase inaudível. Em parte, por sentir o seu orgulho sendo pisado um pouco.
XiChen sacudiu a cabeça e falou: “Não tem problema, eu compreendo.”
Com isso, WanYin não se conteve em deixar um beijo demorado nos lábios de Huan. Levantou-se e subiu as escadas para o quarto deixando o namorado na sala, sozinho.
Sentiu-se um pouco estranho por ser abandonado numa casa que nem era sua, porém, apenas tentou ignorar isso. Voltou a puxar o episódio para trás, até às partes onde se tinha distraído, e deitou-se no sofá, colocando-se à vontade para assistir e comer o resto das pipocas.
____
O tempo passou. Cinquenta minutos voaram rapidamente. Lan Huan estava demasiado entranhado no episódio para ter noção do tempo. Sendo o último da primeira temporada, houveram muitos momentos que XiChen teve vontade de comentar. Principalmente os minutos finais em que ficou com o coração nas mãos. Quando terminou, o seu bichinho eufórico queria mostrar o quanto lhe tinha agradado o episódio e a primeira temporada! Contudo, Jiang Cheng ainda não tinha descido.
Verificou a hora no computador portátil – estava quase a bater 16:30.
Como passou o tempo petiscando pipocas não tinha muita fome, mas talvez fosse bom comerem algo melhor no lanche. Principalmente, Jiang Cheng que ainda estava corrigindo o trabalho.
Levantou-se do lugar, foi até à mesa da cozinha e pousou a bacia das pipocas.
“A-Cheng! Ainda falta muito?” Perguntou forçando com algum custo a voz para elevar o seu tom, já que não era comum gritar.
No fim de chamá-lo, houve um barulho de algo a cair no andar de cima e alguns resmungos que foram impercetíveis.
A expressão de XiChen contraiu com alguma preocupação e dirigiu-se para o início das escadas. Colocou uma das mãos no corrimão disposto a subir.
“Aconteceu algo, A-Cheng?” Voltou a perguntar alto, porém, a resposta demorou.
Houve uns míseros segundos de silêncio e uma voz trémula foi ouvida: “Nada… Eu já… desço…”
Não era alto, naquela distância soou como um sussurro contido e hesitante. XiChen achou estranho e perguntou novamente: “Já terminaste? Eu posso ir fazer algumas torradas e chá enquanto acabas o trabalho.”
O som de uma porta a bater foi emitido e os passos do homem mais jovem arrastaram-se pelo corredor até ao início das escadas, de uma maneira quase dolorosa e desengonçada.
Os dois pares de olhos encararam-se e aquela cena gerou uma sensação estranha em XiChen.
O homem encarou o namorado no cimo das escadas, de cima a baixo, atentamente. Definitivamente havia algo estranho… E ele não se referia, apenas, ao casaco um pouco longo de tecido fino que agora cobria Jiang Cheng até ao meio das coxas.
Pressionou subtilmente os lábios e insistiu novamente na pergunta: “Já acabaste?...”
Cheng, que o olhava, rapidamente mudou o seu foco de atenção para o lado e balançou a cabeça em sinal de positivo, sem dizer nada, enquanto que as mãos nos bolsos pressionavam a barra do casaco para baixo.
Aquela resposta foi estranha e não era preciso muita convivência com Cheng para perceber isso. Ele não era do tipo que respondia de forma tímida ou hesitante.
XiChen atreveu-se a fazer uma nova pergunta: “Por quê que estás de casaco?”
“Fiquei com frio…” Respondeu baixo, sem lhe dirigir o olhar.
“Estão 30°C lá fora…” Sorrio amarelo.
“Tsk.” Murmurou e cruzou os braços. “E daí? Porra, eu não posso ter frio?!”
XiChen contraiu as sobrancelhas com a resposta defensiva, porém, riu no instante seguinte ao ver que o outro adquirira a postura rude de sempre.
“Podias ter dito. Eu podia ter-te abraçado este tempo todo enquanto corrigias o trabalho.” Brincou com um sorriso.
Jiang Cheng rolou os olhos: “Até parece que eu iria confiar num pervertido.”
“Ah, que cruel A-Cheng!” Disse isso mas rapidamente deu meia volta para se dirigir para a cozinha, sem se importar realmente com as palavras. “Anda! Eu faço o lanche como recompensa por seres um menino tão bom e esforçado.” Brincou e riu suavemente.
“Vai à merda.” Rosnou com um sorriso distorcido no rosto.
Com algum esforço, Cheng desceu a escadas com ajuda do corrimão. Contudo, essa imagem um pouco desengonçada não foi notada por XiChen visto que, este já tinha entrado na cozinha e pegava o pão e a água para ferver.
Enquanto isso, os lábios de XiChen mexeram-se, distraidamente.
“Sherlock é mesmo bom! Foi uma pena tu não teres visto comigo… Eu quase perdi a respiração quando o John apareceu na piscina ao mesmo tempo que o Sherlock.” Comentou ao mesmo tempo que abria o pão ao meio para colocar na torradeira,e punha a água a ferver. “Por momentos eu pensei que ele fosse trair o Sherlock! Ahah, mas eu não sei o que seria pior… Ele descobrir-se como um vilão depois deste tempo todo, ou ter quase morrido… A minha cabeça iria explodir! Mas nem fazia sentido ele trair o Sherlock…”
“É…” Jiang apenas concordou com os olhos fixados no corpo de XiChen.
O homem acabou de colocar a água a ferver, tirou duas canecas dos armários de cima e sentou-se numa das cadeiras perto da mesa, disponibilizando as duas louças no móvel.
Suspirou ainda distraído.
“Ah, parece que todos na própria série veem os dois como um casal de verdade. Seria uma desilusão eles não serem nada no final…” Comentou com um sorriso mínimo.
Cheng não concordou nem discordou. Avançou calmamente até ao fogão e desligou o bico que aquecia a água: “Tens de pensar que não é muito conveniente introduzir um casal homossexual em séries com uma grande projeção. Podem sofrer várias críticas com isso, principalmente se for com os personagens principais. Sem contar que eu acho que não faz qualquer sentido o Sherlock ficar com alguém de uma maneira amorosa.”
“Hum…” Ele agarrou uma das canecas entre os dedos, sem notar nas ações de Cheng. “Estás a dizer que não vai acontecer mesmo nada?”
“Eh…” Colocou uma das mãos no ombro do namorado e hesitou em responder. “Estou a querer dizer que és muito emotivo com essas coisas e vais acabar por te iludir.”
XiChen suspirou e apoiou-se nas costas da cadeira para poder encará-lo: “Isso não foi o que eu disse só que em outras palavras?”
Jiang apoiou a lateral do corpo na mesa, ainda com a mão no ombro do outro, e encolheu os ombros: “Não exatamente…”
“Ah, mas eu vi o desespero do Sherlock a salvar o John! Ele sempre é tão apático com todos… mas naquele momento, com o John!” Entusiasmou-se e um leve brilho apoderou-se das suas orbes em tons de chocolate. No entanto, essa sua linha de raciocínio foi interrompida quando sentiu o pequeno toque molhado dos lábios cálidos de Jiang.
XiChen ficou um pouco surpreso com essa iniciativa, porém, aceitou de bom grado. Separou os lábios para iniciar um beijo, contudo, como Jiang tanto parecia gostar, os seus desejos não foram concebidos de imediato. Ao invés disso, Cheng torturou-o com uma mordida e um puxão suave no seu lábio inferior.
Separaram-se.
Os dois olhares se chocaram de forma calma, lânguida e quente, em silêncio…
“Tu és muito emotivo com essas coisas…” Repetiu suavemente.
Um sorriso morno enfeitou a expressão relaxada de Huan: “Porque eu sinto que ficaste mais meigo de repente… hum?”
“…” Jiang não respondeu, no entanto, XiChen sentiu a mão sobre o seu ombro apertar-se.
Os dois pares de olhos não conseguiram desviar um do outro. Apenas as pupilas negras e dilatadas de Huan é que balançavam o seu foco de um olho violenta para o outro. Movimentos simples, rápidos e inconscientes, que apenas Cheng captava.
Estava expectante por algo…
Os olhos doces, como chocolate derretido, denunciavam…
Havia algo! O homem sabia que havia! O namorado não o costumava beijar tão livremente ou sequer formar climas aleatoriamente.
Ele queria avançar! Mas queria ainda mais ver o que vinha a seguir.
Paciência…
Alguma paciência para deixá-lo ficar à vontade para comandar a cena.
Paciência…
XiChen repetia isso mentalmente. Porém, conter-se por tanto tempo tinha deixado aquele simples exercício, que sempre pareceu tão simples para si, uma enorme tortura.
Quanto mais os segundos passavam, mais XiChen se perdia naquele oceano púrpura que habitava aquelas duas orbes hipnotizantes.
A pulsação aumentou.
Bom…
Bom.
Bom!
No momento seguinte, o pequeno espaço entre si e a mesa foi ocupado por um corpo robusto. O seu colo foi invadido pelo calor do corpo alheio e os seus lábios devorados no mesmo instante.
Um suspiro recheado de deleite cresceu no meio daquele beijo. Um abraço brusco esmagou o pobre corpo ousado.
Naquele momento, Jiang sentiu que seria impossível sair daquele aperto poderoso que espremia os dois corpos um no outro.
Mais suspiros. Alguns gemidos. Mãos afoitas, agarrando em fios de cabelo, beliscando em peles intocadas até então. Arranhões, mordidas, um tapa poderoso numa das nádegas indefesas disponibilizadas, de forma tão instigante sobre o colo de XiChen.
Um gemido com um timbre mais alto, fora do comum, saiu dos lábios de Jiang Cheng, depois disso. O beijo cessou por uns ligeiros segundos e XiChen apreciou aquilo com um largo sorriso e a respiração alterada.
“Que lindo…” Comentou num sussurro entre arfadas aceleradas.
O cenho de Jiang enrugou e ele mordeu os lábios do amante. Sem resposta, como se fugisse das conversas excitantes e confortáveis que normalmente costumavam ter, o mesmo voltou a ocupar aquela boca desesperadamente.
As línguas se tocavam com fervor, desgastando os dois e os enchendo de desejo.
Ah, XiChen tinha que admitir. Embora fosse difícil chegar ali, a recompensa que Cheng lhe dava era maravilhosa. O esforço apenas tornava aquilo mais gratificante e delicioso.
Os seus fios foram puxados para trás, junto com a sua nuca que ficou apoiada na cadeira e o corpo por cima de si precipitou-se para se colarem mais. As mãos de XiChen desceram e apertaram as duas nádegas de uma vez. No entanto…
…
O homem enrugou o sobrolho e apertou com mais força. Juntou-as. Separou-as. Amassou-as e segurou-as com firmeza. Claramente tinha algo ali. E a sua suposição, que já não era suposição, apenas se tornou mais real com a hesitação de Jiang no meio do beijo seguida de um suspiro que se assemelhou a um gemido, apenas com aquele toque tão banal.
Ambos se separaram: XiChen com surpresa e Cheng rubro até à ponta das orelhas.
Silêncio…
“Tu… o que…” O homem mais velho tentou falar, contudo, aquilo era demais para o seu pobre coração processar. Os seus dedinhos tatearam aquele local até acharem o relevo de uma circunferência dura.
Cheng não conseguiu responder. Porém, o seu corpo tremeu e os seus dentes morderam os próprios lábios quando sentiu aquele local ser pressionado para dentro.
Não houve som, mas XiChen percebeu perfeitamente as mudanças na expressão tímida e lasciva de Cheng.
Um sorriso cresceu nos lábios do homem.
“A-Cheng?” Chamou para ter uma explicação.
Contudo, Cheng estava demasiado acanhado para ter algo para dizer.
Essa postura foi estranha para os dois. Isso claramente não era normal. Sempre haveria alguma coisa mesmo que fossem apenas xingamentos e palavras de baixo calão.
As mãos de XiChen subiram até ao pequenino fecho do casaco e o seu olhar encarou Jiang como se pedisse autorização para o abrir. O homem sentiu ainda mais vergonha pela forma lenta e demorada que o namorado sempre o tratava. Os gestos deviam ser simples! Mas ele sempre parecia dar uma importância incomum a tudo que Jiang fazia de diferente para ele. Isso sempre tornava as coisas muito vergonhosas para Jiang. Ele não era capaz de responder a algo do tipo! Se ele tivesse no lugar do namorado ele apenas abriria! Não iria pedir por nada. Se não fosse para ele, ele não teria saltado para aquele colo primeiro de tudo.
Não respondeu, nem repeliu, apenas girou a face para o lado interrompendo o contacto visual.
XiChen interpretou aquilo como um sinal positivo e deslizou o fecho para baixo, lenta e tortuosamente para a vergonha de Jiang por se sujeitar a algo como aquilo.
A fina camiseta foi revelada, passo por passo, cada centímetro branco foi-se mostrando aos olhos de XiChen. Até ali, não havia nenhuma mudança desde mais cedo. Porém, o coração formigava e palpitava de forma violenta. Ansiedade! Todo o seu corpo pulsava e as bochechas ardiam apenas com a imaginação do que poderia estar mais abaixo.
O pomo de Adão subiu e desceu quando uma quantidade de saliva desceu pela garganta quase seca. Os olhos não vacilaram ou piscaram um único segundo até o fecho contornar aquele volume arrebitado e molhado. Até que chegou ao fim…
O som baixo e fino do fecho se desprendendo ecoou timidamente na mente de XiChen.
Um suspiro saiu pelos seus lábios.
Hum… que lindo…
O local estava realmente… lastimável, talvez…
O homem não sabia ao certo como caracterizar aquela excitação rija e dolorida que babava pré-gozo pela ponta e molhada a cabeça rosada e reluzente. Aquilo era definitivamente novo.Todo o membro demarcado e pulsante, se erguia como se choramingasse para ser tocado. XiChen nunca deu importância a essas coisas como tamanho, porém, naquela posição, ele apenas pode pensar que Jiang tinha realmente uma boa genética.
A ponta ousada do seu dedo esgueirou-se até ao pequeno orifício molhado, tocou e pressionou para trás.
O corpo de Jiang Cheng tremeu.
Os lábios de XiChen contraíram-se num sorriso.
Estava muito sensível. Estava incrivelmente excitado. Mesmo que os beijos de ambos fossem muito instigantes, naquele pequeno tempo, nem mesmo os seus beijos mais excitantes iriam colocar Jiang daquela forma.
Uma gargalhada rouca e melodiosa vez tremer as cordas vocais de XiChen: “A-Cheng…” Subiu o olhar daquela imagem tão lasciva sobre o seu colo e encarou os olhos nublados de Jiang. “Queres ser sincero comigo e dizer-me do que se tratava realmente esse trabalho?... Hum?” Mordeu os lábios de forma provocante com um sorriso deleitoso.
Jiang cerrou fortemente os lábios com aquela pergunta. Contudo, no instante seguinte, depois de sentir o seu membro ser envolvido pelo mão quente e os movimentos circulares do polegar sobre a cabeça sensível e molhada, o aperto dos lábios afrouxou. Pequenos suspiros impuseram espaço naquela boca.
“A-Cheng…” Chamou novamente lambendo os próprios lábios depois de ver as suaves contrações do rosto de Jiang. “… podes-me contar o que te levou a vir até mim neste estado? Onde está a tua roupa íntima? É comum andares assim pela casa?” Perguntou com um tom calmo, mas os dois pedaços de chocolates continuavam brilhantes, vidrados nas expressões do amante.
“Porra… XiChen…” Xingou entre suspiros contidos, semicerrando os olhos. “Eu não tenho esses fetiches estranhos…”
Foram essas as palavras, contudo, Cheng parecia bem feliz por estar naquela situação.
XiChen sorriu calmamente e, sem alterar a expressão polida ou mudar o seu foco de atenção de Cheng, levou o polegar à boca e o chupou.
O olhar púrpura brilhou e um suspiro arrastado emergiu da garganta de Jiang ao sentir aquele dígito escorregadio pressionar e mover-se calma e tortuosamente por baixo do pênis, sobre o freio do seu prepúcio.
Suspiros e aumentos da pulsação. O corpo de Jiang queimava como se estivesse a arder em febre. O seu foco de olhar escorregou para baixo e este pode-se deleitar com a visão do seu órgão sendo massageado de forma tão excitante.
XiChen divertiu-se com aquela expressão nublada que parecia presa no seu próprio mundo. Sorrio de maneira cálida.
“Se é assim, A-Cheng…” O homem precipitou-se mais para a frente, interrompendo a visão da sua mão se esfregando no pênis alheio. WanYin foi obrigado a encará-lo de novo e conteve a respiração ao ter o homem tão perto de si. “Como um menino tão decente conseguiu arrastar-se até ao meu colo para esfregar a sua excitação em mim? É preciso muita coragem, dou algum mérito…” Provocou divertido, aproximando mais as duas faces, enquanto a sua mão brincava de torturar aquele membro. Subindo, descendo, fazendo movimentos circulares com a palma da mão, massageando as bolas; tudo com lentidão e leveza. Jiang como estava impossibilitado de ver qualquer movimento, cada mudança fazia o corpo se arrepiar e se excitar mais.
“Vamos, A-Cheng… O que levaria um menino assim a sentar no meu colo? Tem algo que eu possa fazer?” Sorrio extasiado ao ver aquela faceta tão dócil e incomum de Jiang, se contorcer naquele pouco espaço. “O que esse menino quer?”
Cheng mordeu os próprios lábios enquanto o encarava. Tentando arranjar palavras decentes naquele momento. Porém, isso era algo difícil sendo que estava a ser estimulado de forma física, auditiva e, ainda à pouco, visual.
As mãos de Jiang subiram até às bochechas do homem e pousaram, o encarando com alguma hesitação. Um suspiro quente embateu perto da bochecha de XiChen e então, finalmente, Jiang falou: “Eu quero fazê-lo…”
Silêncio…
A expressão extasiada de XiChen transformou-se numa entorpecida. A mão que alisava o pênis de Jiang travou no lugar.
Os dois se encararam em silêncio.
“Tu…” A voz de XiChen falhou. Bem no fundo, não estava realmente a acreditar no que ouvira nem no que estava a acontecer. “Nós…”
Jiang revirou os olhos, cansado e, em parte, aborrecido por aquela reação: “Porra, XiChen… o que mais eu poderia querer depois de me jogar literalmente no teu colo?”
“Não… eu apenas achei que… apenas era algo para não chegar ao fim… Eu…”
“XiChen…” Chamou com um suspiro. “Eu… Ah, esqueça isso… Eu estou aqui, não é?” Perguntou com um tom de voz calmo, levando uma das mãos até ao coro cabeludo do amante. “Eu agora estou aqui... Eu não vou parar-te desta vez…” O homem aproximou as faces, o suficiente para roçar os lábios nos de XiChen. As suas respirações se conectaram mais uma vez e o homem suspirou, mas não avançou. “Eu vou tentar ser obediente… Só desta vez… porque é a primeira…” Justificou-se deixando um beijo no canto dos lábios e afastando-se um pouco para olhar a cara corada e ofegante do amante. Abriu um sorriso confiante e um pouco superior, sentindo-se mais à vontade e entranhando-se no momento. “O que foi XiChen? Apenas depois de teres o meu consentimento é que ficas quieto?” Riu de forma rouca. “Eu deveria ter usado isto antes?”
Obviamente, os seus lábios foram devorados e calados no mesmo instante. O contacto foi tão brusco que as próprias costas de Jiang foram contra a mesa e o machucaram. A mão de XiChen subiu e alisou as costas naquele local, percebendo, por causa do gemido sofrido de Jiang, que aquilo o tinha magoado. No entanto, isso foi apenas um pormenor perante os beijos violentos que eram compartilhados pelos duas bocas. Nenhum dos dois ousou se separar por causa daquilo.
A cabeça de Huan balançou subtilmente em forma de negação e separou-se por breves centímetros: “Não, não, não. Óbvio que não…” A sua mão que ainda agarrava a intimidade de Jiang moveu-se e o homem contorceu-se, recebendo mais beijos e singelos selares de lábios que o desnortearam. “Eu apenas estava a pensar… a interiorizar…” Falou entre beijos e mordidas. “Eu realmente ainda não consigo acreditar que estejas a dar o primeiro passo… logo tu!... Eu… Eu estou tão feliz!” Disse depositando um longo selinho com os olhos brilhantes. Assim que se separou, aproximou os lábios da orelha de Jiang e sussurrou com a voz abafada e com uma leve emoção acrescida, assemelhando-se a um suspiro extasiante: “Tu fazes-me tão feliz Jiang Cheng!... Eu sinto-me tão feliz contigo… Isso me deixa doido ao ponto de eu não conter o meu corpo…” Depois disso, deixou uma forte mordida na curvatura do pescoço de Jiang.
O homem contorceu-se e gemeu – um som raro que delirava XiChen. Os olhos ficaram nublados e ele pensou que não poderia ficar mais quente do que já estava. Aquelas palavras em forma de confissões ganhavam muito mais significado naqueles momentos. O seu sangue borbulhava e o aumento da velocidade na sua masturbação levou-o para a sua própria bolha. Os sons molhados e rápidos, da mão subindo e descendo sem pudor, misturaram-se com os gemidos arrastados e contidos do homem.
O seu baixo ventre formigou…
“XiChen… não…” Tentou pedir, porém foi ignorado e em troca recebeu uma mordida na clavícula.
Um gemido!
“XiChen… eu vou… eu não quero…” Pediu e agarrou a mão que o masturbava. O namorado parou e olhou para o seu semblante suado, corado e ofegante. Cheng respirou um pouco antes de falar. “Vamos para o meu quarto primeiro…”
Um sorriso surgiu na face de XiChen e ele largou obedientemente aquele órgão rijo e quente. Ao invés disso, rodeou a cintura de Jiang e o deslizou pelo seu colo até senti-lo fazer pressão sobre o seu volume por baixo da roupa. Lambeu os lábios ao sentir o suspiro quente de Jiang sobre seu nariz, por ter a excitação pulsante pressionada entre os dois abdomens: “Tu próprio és um pouco masoquista contigo mesmo, não é?”
“Não me faças arrepender disto…” Ameaçou num resmungo sussurrado.
XiChen voltou a rir de forma melodiosa e amigável. Levou as mãos até às nádegas do namorado e o levantou, o suficiente para deixá-lo cair sobre a mesa.
O corpo do homem tremeu e um gemido sofrido atravessou a sua garganta ao sentir o plug anal duro e lubrificado se enterrar mais fundo na sua carne. No entanto, não pode sequer reclamar de imediato pois a sua boca foi invadida pela língua de XiChen.
“Eu vou-te matar…” Resmungou baixo, depois de se afastar e apertar os ombros do homem que agora estava de pé, na sua frente.
XiChen achou graça àquilo: “A-Cheng, isso é apenas o começo…” Aproximou os lábios da orelha exposta e corada. “Tem algo muito maior que um simples plug anal desejoso para se afundar em ti…”
Jiang ficou tenso só de imaginar isso.
“Para além disso…” Alisou e apertou as coxas morenas e expostas a si. “A-Cheng… já pensaste o quão incrível vai ser subir as escadas com isso dentro de ti…” Brincou. “Estou muito ansioso por ver.”
“…” Jiang enrugou o cenho. “Tu tens um fundo negro no final…” Comentou num sussurro ao sentir o pescoço a ser beijado suavemente. Deixou o local mais exposto e apoiou a bochecha no ombro de XiChen, aproveitando dos suaves arrepios que aquele contacto lhe causava.
“Eu tenho?” Perguntou suavemente ao levantar a cabeça e fitar a expressão dócil, com a bochecha amassada e a testa levemente enrugada, lhe encarando calmamente.
“…” Jiang não respondeu, apenas contraiu mais o sobrolho.
XiChen achou aquilo fofo e depositou um delicado selinho nos lábios alheios.
“Eu posso ser um pouco benevolente e carregar-te.” Brincou e rodeou a cintura de Jiang arrastando-a para mais perto. Deslizou as mãos por baixo das coxas e as puxos para se entrelaçarem no seu corpo.
Cheng riu de forma zombeteira. Endireitou a postura e enlaçou os braços em volta do pescoço: “Como se tivesses força para isso.”
“Se pedires, eu posso!” Falou com uma leve determinação infantil, roubando mais uma beijo dos lábios de Jiang.
O homem ficou quieto e calado por um tempo, pensando nessa hipótese. No entanto, obviamente, preferia morrer que se sujeitar a ser carregado por um homem. Ele sentia que, bem no fundo, um pouco do seu orgulho iria-se despedaçar.
“Não quero…” Disse isso, mas a indecisão estava bastante explícita no sussurrou e desviada de olhar.
XiChen riu calmamente: “Muito bom A-Cheng. Eu propus algo idiota de facto… Alguém que se arrasta até mim, dessa forma, por livre e espontâneo vontade, deve amar sentir-se sendo penetrado e alargado por um brinquedo tão sujo.” Provocou. Algo que originou rapidamente um aumento da tonalidade vermelha nas bochechas do amante. “Me desculpe eu não ter notado isso antes…” Mais uma vez começou a distribuir beijos pelo pescoço alheio, acompanhado pelos movimentos das mãos sobre a fina camada de pele do corpo moreno. “Eu estou com um pouco de inveja por não ser eu ai dentro…”
Os braços à volta do pescoço de XiChen apertaram fortemente, quase de uma forma sufocante. E ele sentiu a cabeça a afundar-se no pequeno espaço da curvatura do seu pescoço. Sentiu o corpo tremer e suspiros embaterem contra aquela região. Um sussurro, semelhante a um gemido, suplicou perto da sua orelha: “Cala a boca…”
Mas como Lan Huan podia calar a boca quando tinha a pessoa que amava, no meio dos seus braços, reagindo a todo o seu mais pequeno estímulo? Ele queria provocar mais! Muito mais! Ele queria ver o quanto WanYin aguentava com aquele pau baboso e duro se contraído em tesão.
“Hum… A-Cheng… eu me pergunto se é possível gozar só com o som dos seus gemidos perto do meu ouvido.” Mexeu as ancas e procurou o contacto entre as duas intimidades arrancando suspiros de ambas as partes.
A boca entreaberta salivou por uns momentos. Respirou fundo e inalou o perfume dos fios de cabelo: “Eu posso beijá-lo, A-Cheng?...”
O pedido foi quase em formato de súplica.
Jiang Cheng, mesmo hesitante em levantar o rosto, cedeu a esse pedido e selou os lábios com os do amante. XiChen gemeu e apoderou-se do controlo do beijo. Beijos, mordidas, chupões, algumas mãos bobas, e os dois já se tinham transportado, mais uma vez, para a sua bolha quente e lasciva. Aquela bolha nublada em que apenas existiam os dois.
No meio do momento, o pobre Jiang não percebeu o instante em que foi erguido e sustentando por XiChen. Porém, os seus braços e pernas enlaçaram-se com mais força, quase por instinto, ao deixarem de sentir o suporte firme da mesa.
Os dedos entranharam-se nos fios negros de XiChen e o homem foi obrigado a recuar por uns centímetros.
Os dois pares de olhos brilhantes abriram-se e encararam-se, ofegantes.
Um sorriso ligeiro e sugestivo decorou as bochechas de Huan e ele relaxou, deitando o ar para fora do peito: “Eu sinto que vou gozar antes mesmo de chegar ao quarto…”
Um sorriso mínimo brotou nos lábios de Jiang, que levou o polegar até à linha carnuda e vermelha da face de Huan e a entreabriu, para depois alisar e roçar a própria boca ali: “Eu te proíbo XiChen…”
O hábito quente fez cócegas na pele do homem, que não se reteve em possuí-los mais uma vez.
Passo por passo, os dois seguiram rumo ao andar de cima. De facto, foi algo um pouco difícil para XiChen, porém, ele forçou-se a não largá-lo ou mostrar parte fraca. O momento estava demasiado bom para si, para sequer pensar em desfazer-se dele.
As bocas beijavam-se sem pudor. Uma luxúria ansiosa e expectante, como se houve dois bichinhos sedentos um pelo outro. Os dois peitos pulsavam com a respiração descompensada e os dois corpos já suavam pelo acumular de tensão e pelas subidas de calor repentinas.
Como as mãos de XiChen estavam ocupadas, agora era Jiang que comandava um pouco a cena. Beijava e mordiscava os lábios, sem muito controlo por parte de XiChen que apenas ficou subjugado àquilo. Desceu os lábios pelo pescoço e fez questão de deixar marcas bem visíveis, acompanhadas pelas linhas vermelhas de arranhões no início das costas e os puxões violentos no couro cabeludo. Era mentira se XiChen dissesse que isso não o instigava mais.
Quando sentiu os braços fraquejar, algo que aconteceu quando chegou ao cimo das escadas, o homem apenas pôde jogar as costas do amante na parede.
Dois gemidos ecoaram fortemente pelo corredor quando as duas intimidades se apertaram, tanto de forma dolorosa como excitante.
“Filho da puta…” Jiang xingou entre dentes, mas foi calado no mesmo instante pela boca de XiChen.
As mãos afoitas do mais jovem, começaram a desprender os botões da camisa azul, algo que foi desajeitado e apenas abriu dois botões. No entanto, isso já era o suficiente para passar pela cabeça. XiChen o colocou no chão e tirou ele mesmo a camisa para satisfação de Jiang que pôde observar os músculos do abdómen a contraírem bem na sua frente.
Assim que o tecido foi jogado no chão do corredor, as duas bocas encontraram-se quase em desespero.
Rapidamente, o casaco de Jiang também foi tirado e arremessado no chão sem cuidado. No segundo seguinte, o pescoço de XiChen foi puxado de relance.
Um novo suspiro.
E um tapa que deixou uma marca vermelha e marcante na nádega de Jiang.
“Agora nós nos completamos mais um pouco…” Soltou em tom de brincadeira, quando Cheng se afastou por uns breves segundos.
O amante o encarou cansado e com o semblante contraído: “Irritante…” Foi a única palavra que saiu pela sua boca antes de começar uma nova troca de beijos.
XiChen limitou-se a rir de forma abafada, correspondendo a todas as iniciativas, à medida que o seu corpo era conduzido pelo corredor.
O namorado dizia isso, porém, todas as vezes que XiChen dizia algo bobo ou ‘irritante’, Jiang sempre fazia algo para o calar. Seria impossível o mesmo deixar os seus comentários se, depois disso, houvesse grandes chances de ser recompensando com beijos, puxões ou algumas mãos mais pesadas.
Quando as suas costas chocaram-se com a porta do quarto, o botão e o fecho que prendiam as suas calças foram atacados pelas mãos de Jiang. O tilintar dos elementos férreos coçou nas orelhas vermelhas de XiChen e um gemido aliviado e arrastado foi solto quando a excitação rija e dolorida pulsou para fora das vestes apertadas. A sua nuca apoiou-se na porta de madeira, com os olhos fechado, e, no segundo seguinte, todo o seu corpo saltou e tremeu ao sentir a língua quente e escorregadia lamber todo o pré-gozo salgado que escorria pelo seu falo.
Um gemido e uma mordida de lábio…
XiChen teve vontade de xingar, porém, a sua conduta o impediu de chegar nesse nível.
O olhar abriu e desceu, para encarar o amante ajoelhado na sua frente, enquanto o masturbava com a mão e pressionava o polegar com alguma força na parte inferior. Os olhos brilhantes e afiados encaravam-no de baixo, acompanhados por um leve sorriso extasiado e arrogante.
“Pareces um pouco pior que eu, XiChen...” Comentou ao levantar um pouco o órgão e lambendo toda a extensão, de cima a baixo, de forma lenta e torturante, sem desviar o olhar um único segundo.
“Como… eu não estaria…?” Respondeu com a voz trémula depois do arrepio que atravessou todo o seu corpo.
Jiang riu de forma abafada e envolveu toda a cabeça rosada e pulsante na sua boca. Com a língua quente e molhada, rodeou-a com movimentos circulares enquanto movimentava a mão pelo falo grosso.
XiChen voltou a gemer e a sua mão começou a massagear os cabelos negros de Jiang quase como forma de distração.
“A-Cheng… Vamos entrar… Nhum…” Pediu sem muita credibilidade. “Eu vou deixar-te engolir tudo… o quanto quiseres… mas vamos entrar…”
Jiang Cheng podia ser obediente às vezes, contudo, essas vezes eram tão raras que poderiam ser contadas com uma simples mão. Em resposta, os lábios do homem apenas deslizaram e deixaram o órgão acomodar-se mais fundo dentro da boca.
XiChen era fraco. Muito fraco quando se tratava de Jiang e um gemido atravessou facilmente os seus lábios com aquela ação, que não ficou por ali.
A boca moveu-se, de cima para baixo, um movimento que foi aumentando a velocidade. Acompanhado pela mão que massageava a zona que Jiang não conseguia alcançar com os lábios.
Os sons molhados do pau entrando e se lambuzando na saliva enfeitiçaram os ouvidos de XiChen que suspirava e agarrava fortemente os fios negros.
Velocidade formava fricção. Fricção formava calor. Calor aumentavam a excitação.
“Ah… Jiang Cheng…” Gemeu sentido as pequenas explosões dentro do corpo.
O movimento veloz e vigoroso, foi substituído pela calmaria e os olhos lilases encararam as contrações prazerosas no rosto de XiChen. Os movimentos foram suaves e precisos. A língua formando uma pequena cama que alisava a parte inferior do pênis.
XiChen pôde respirar um pouco, no entanto, a velocidade aumentou no segundo seguinte fazendo-o conter-se para não fuder aquela boca.
Novamente a vontade de xingar e grunhir fizeram a sua garganta tremer.
Ele sentiu que se aquilo continuasse ele iria derramar-se bem antes da parte interessante. A mão livre tateou a porta, procurando a maçaneta. Porém, antes mesmo de a achar, o seu pulso foi segurado e a sua mão foi conduzida até à nuca de Jiang.
Os movimentos da mão continuaram, contudo, agora o membro já não se alojava naquela cavidade húmida e cálida. Os lábios de Jiang percorreram a extensão até perto da virilha, a morderam como um pequeno castigo: “Não te atrevas…”
A voz arrastada com a ligeira irritação do costume, fizeram XiChen suspirar. E, como se aquilo fosse pouco, o seu membro continuou a ser amassada e agora a sua cabeça era alisado e pressionada pela palma da mão, enquanto beijos cálidos eram distribuídos por toda a extensão.
O baixo ventre formigou e aquele tratamento lento deixou-lhe a boca seca. A sensação desgastante de se querer libertar mas o contacto ser insuficiente era quase insuportável.
Grunhiu e retirou a mão que o acariciava com a sua. Puxou a cabeça de Jiang para trás e levou a ponta lambuzada e latejante a encontrar-se com os lábios inchados e encarnados.
Os lábios estreitaram-se num sorriso satisfeito e as sobrancelhas ergueram-se como se o questionasse de forma zombeteira. Sempre era assim… ele estava a ajoelhar-se na sua frente, mas a sua postura sempre parecia confiante e arrogante. Como se mesmo abaixo, pudesse controlar Lan XiChen por completo. O que não era mentira…
Lan Huan amava ser encarado daquela forma.
Com os lábios molhados e inchados, o mesmo balbuciou: “… por favor…”
A cabeça foi lambida suavemente, como uma pequena provocação e as bolas começaram a ser massajadas. Contudo, o membro não foi engolido. Apenas foi deixado um longo beijo estalado que sugou a ponta.
Tesão…
Isso foi tão desgastante que os olhos de XiChen lacrimejaram.
“Porque és tão desobediente A-Cheng…?” Perguntou como um lamento.
Ah, a resposta era muito óbvia. Jiang adorava presenciar aquele olhar cheio de desejo e louco para o agarrar. E adorava ver o quanto ele se contorcia por não ter o que tanto queria. Ou então quando ele acumulava todas as suas frustrações e descarregava tudo de uma vez.
O homem passou a língua pelo freio do prepúcio, sem lhe responder, apenas focado em observá-lo com a sugestão de um sorriso nos lábios.
Mais suspiros e grunhidos contidos atravessaram os lábios de XiChen enquanto a sua expressão se enrugava. As suas mãos agarraram desesperadamente o cabelo alheio, se contendo para não impulsionar de forma violenta o membro na boca do amante, pois sabia que isso poderia ser doloroso.
Jiang divertiu-se e suspirou extasiado com aquela imagem e com o puxão doloroso no couro cabeludo.
Com isso, não conseguiu conter a feroz vontade de levar a mão ao próprio membro, começando a se masturbar lentamente.
A outra mão começou a subir e a descer lentamente pelo pênis de XiChen enquanto os lábios acariciavam a ponta, a chupando como um pequeno pirulito. A pontinha da língua passeou e deslizou pelo local. E as ações iam alternando de vez em quando levanto XiChen ao delírio de apenas sonhar em se libertar.
Os gemidos finalmente surgiram e fizeram questão de ficar. Altos e sem controle. XiChen deitou todos os seus princípios por terra e só conseguia pensar numa coisa: gozar.
Os sons lascivos impregnaram a mente de Cheng e ele apenas pôde pensar que queria ouvir mais. As duas masturbações aumentaram a velocidade.
Agora, não só os gemidos e os suspiros preenchiam o corredor, mas também os sons molhados e vigorosos da fricção entre as duas peles.
XiChen finalmente pode sentir a pontada do seu ápice. Sem aviso, ou qualquer outra coisa, o sêmen explodiu sobre os lábios rosados de Jiang. No entanto, ninguém ligou para aquilo de facto. O gemido arrastado ecoou pela casa e prolongou-se junto com o forte prazer e as línguas de líquido branco que sujaram aquela face rosada e repleta de luxúria. A masturbação não parou até todo o líquido sair e a excitação ficar finalmente mole.
XiChen deliciou-se com aquela cena e largou finalmente a nuca de Jiang. O homem suspirou e gemeu, lambendo a porra e engelhando a cara em desgosto. Precipitou o torço um pouco para trás e deixou XiChen observar a sua masturbação rápida e ligeira.
A boca salivou enquanto a respiração se estabilizava e o homem captava as contrações prazerosas no rosto do amante.
Suspiros. Gemidos. Os sons ambíguos, junto com o cheiro característico.
Tudo o começou a excitar novamente.
Porém, ele não mexeu um músculo até presenciar o corpo abaixo do seu sofrer pequenos espasmos e o orgasmoso atingir. Um gemido arrastado surgiu e o sêmen derramou-se sobre a mão cálida. Os olhos lacrimejaram e a boca, molhada e suja, moldou-se a uma simples palavra: “A-Huan…”
Uma onda de calor subiu no corpo do homem ao ouvir o seu nome, logo naquele momento.
Ele não pensou muito, apenas caiu no chão e beijou aqueles lábios sujos da sua semente. Ele não ligou para nada. Apenas teve vontade de os devorar no momento. O sabor desagradável inundou as duas bocas, mas foi só um pequeno pormenor. A excitação era muito maior que aquilo.
“Tu nunca consegues fazer nada do que eu quero…” Disse assim que se separaram entre suspiros. “Vais arrepender-te disto… A-Cheng…”
Com a consciência nublada, Cheng respondeu com o tom de voz calmo e rouco: “Nhum… a mim pareceu-me que querias muito… na verdade.”
É… não era mentira…
XiChen realmente não tinha nenhum argumento contra isso.
Houve mais um beijo antes de se afastarem para Huan retirar a camiseta alheia.
Limpou a mão de Jiang com ela e de seguida os restos de líquido esbranquiçado da face do mesmo.
O semblante do homem contraiu um pouco, quase como um biquinho zangado, ao ter aquele corte de clima. E isso fez XiChen rir de forma abafada e amorosa.
Deixou a camiseta no chão, depois de limpar tudo,e depositou um leve selinho: “Desculpa…”
Jiang não disse nada, revirou os olhos e pressionou os lábios, trazendo o outro corpo a levantar-se consigo.
XiChen foi mais uma vez pressionado na porta. Porém, aquilo não demorou muito já que ela foi aberta por Jiang e o seu corpo quase tropeçou para trás.
O seu pequeno desequilíbrio foi amparado pelas mãos ousadas de Jiang que escorregaram da sua cintura para os bolsos das suas calças. Apertaram e o sustentaram. Uma ação que provocou uma leve timidez no homem que apenas trouxe as mãos para o peito do outro.
No instante que passaram a porta, XiChen foi pressionado de novo nela. Suspirou e sua boca foi solta. Beijos e mordidas foram espalhadas, desta vez, pelo seu pescoço, enquanto as mãos ligeiras de Jiang corriam pelas suas costas e as arranhavam.
O homem mordeu os lábios e limitou-se a aproveitar aquelas sensações, enquanto sentia a excitação subir novamente na sua zona baixa. Os olhos nublados percorreram o quarto e o seu peito acelerou por estar ali. Naquele cômodo que pertencia a Jiang.
O cheiro parecia diferente. O conforto que lhe preencheu o peito também. Tudo estava arrumado no seu lugar. Organizado, mas sem grande excessividade. Não havia roupa no chão ou demasiadas coisas na secretária. Os seus olhos brilharam ao ver aquele livro aberto, provavelmente, ainda nos primeiros capítulos, com o marcador no meio.
Ele estava realmente a lê-lo.
Um enorme sorriso decorou as suas bochechas rosadas e o pensamento inocente e borbulhante, que inundou a sua mente, escorregou, sem querer, para os seus lábios.
“Eu… de verdade, te amo muito, A-Cheng…”
O ar proveniente de uma gargalhada abafada bateu contra o pescoço de XiChen: “Isso tudo apenas porque vamos fazê-lo?... Eu realmente escolhi o pior tipo…” Comentou em tom de provocação.
“Claro que não…” Rebateu com um sorriso cálido.
“Oh! Então é porque eu vou deixar que sejas o top hoje?” Os olhinhos de XiChen piscaram e uma leve surpresa pairou no seu rosto. Girou a face um pouco para o lado e pode encarar minimamente a face séria de Jiang que, rapidamente, adquiriu um sorriso um tanto provocante.
Oh, se fosse isso mesmo, agora o Lan poderia compreender um pouco o plug. O outro teria mesmo perdido tempo a se preparar sozinho de propósito para si? Ele realmente teve esse cuidado e consideração consigo? As suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas com esse pensamento cálido e um sorriso bobo e radiante cresceu nos seus lábios.
Como ninguém percebia o quanto Cheng poderia dedicar-se às pessoas que ama?
“Não tem de haver uma razão… eu apenas amo e isso é o suficiente!”
“Tsk, essa frase não soou nada convincente depois de sorrires assim quando soubeste que me ias foder…”
“Ah…” XiChen tentou argumentar, mas o que poderia dizer quando Jiang era tão objetivo e não compreendia os significados mais profundos que o homem dava às coisas? Suspirou e balançou a cabeça com um sorriso mínimo. “Ganhaste, desta vez.”
Admitiu a derrota e colou os lábios sobre o sorriso arrogante de Jiang. Pouco a pouco, os dois arrastaram-se para o início da cama e, num momento, o som de algo de cartão a ser chutado foi ouvido pelo mais velho.
O cenho enrugou-se e ele afastou-se um pouco para observar o local mais abaixo de onde tinha vindo o som. Ele pôde ver, por alguns segundos, a pontinha de uma caixa de papelão escondida debaixo da cama. Porém, a sua face foi logo erguida e um beijo foi roubado dos seus lábios, tentando distraí-lo daquilo.
As mãos de Jiang escorregaram até à barra das suas calças e, ao passo que se sentou na cama, também as puxou junto com a cueca até ao cimo dos joelhos.
“Tira logo essa merda!” Mandou com as sobrancelhas contraídas e uma leve ansiedade.
XiChen gargalhou suavemente e fez o que foi mandado, precipitando-se, em seguida, sobre o corpo exposto e desnudo do amante.
Houveram algumas trocas de beijos a mais, e os dois já estavam deitados.
A mão ligeira de XiChen desceu pela lateral do corpo de Jiang e percorreu a coxa interna até separá-la e levantá-la à altura da sua cintura, deixando espaço para se encaixar naquele espaço.
Separaram-se por um momento e o homem deu alguma distância para poder observar aquela parte mais íntima de Jiang. Contudo, isso foi impedido. A sua face foi segurada pelas duas mãos de Cheng e puxada para o mesmo lugar enquanto o mais jovem negava timidamente com a cabeça.
XiChen compreendeu o recado e sorrio de forma compreensiva, começando a distribuir beijos pela face de Jiang.
Claro, XiChen podia compreender a timidez de se expor daquela forma para outro alguém. Porém, isso não era algo que o iria deter.
Os beijos desceram pelo pescoço até ao ombro e a mão puxou um pouco o local dando espaço para depositar alguns beijos pelo início das costas.
A mente de Jiang tornou-se nublada com aquele tratamento meigo e quente. Então, ele realmente não notou que o seu corpo estava a ser virado bem lentamente e, num momento, as suas costas já eram alisadas, massajadas e beijadas pelo mais velho.
A sua consciência apenas voltou a si quando os seus dois pulsos foram agarrados atrás das costas e a voz rouca gargalhou perto do seu ouvido: “Ei A-Cheng… o que é que chutaste ainda à pouco para debaixo da cama?... Hum?”
Jiang tentou soltar-se, porém, falhou miseravelmente e as suas pernas apenas foram mais apertadas entre as de XiChen.
Suspirou cansado e tentou controlar a subtil raiva provocada pelo constrangimento: “Nada…”
“Nada?...” Repetiu de forma arrastada, mordendo perto da curvatura do pescoço. Jiang apertou os lábios com a subtil dor. “Porque eu sinto que se fosse realmente nada, tu não a terias chutado do meu campo de visão?”
Jiang não soube o que responder então apenas se calou.
XiCheng voltou a rir e afastou-se o suficiente até poder sentar sobre as pernas do homem abaixo de si.
A boca salivou por conseguir ter aquela maravilhosa vista. Sabia que Jiang provavelmente não o iria deixar olhar por muito tempo se não fosse imobilizado. E também sabia que poderia estar a abusar um pouco da situação. Mas ele realmente não iria perder a oportunidade de olhar e apertar o quanto quisesse.
Enquanto uma das mãos segurava fortemente os pulsos, a outra passeou pelas costas expostas. A pontinha delgada dos dígitos desceu delicadamente pela lateral do corpo. Tão subtil que chegava a fazer cócegas. Porém, naquela posição, apenas aumentou a ansiedade de Jiang e proporcionou pequenos arrepios.
A mão, ao chegar nas ancas, puxou-as para cima e pressionou as costas para baixo, deixando as nádegas empinadas e aquele brinquedo reluzente seduzir ainda mais os olhos de XiChen.
Um sorriso formou-se nos lábios do homem ao ver as finas camadas de pele, que rodeavam aquele objeto, se contraírem, talvez, em desconforto.
A sua mão deslizou até à nádega e a apertou. Pressionou para a frente e largou-a, vendo-a tremelicar, como gelatina, até ao lugar inicial.
Voltou a sorrir e apertar. Aquela parte era suave, porém, um pouco dura e firme, afinal, pertencia a um homem. Contudo, isso não tirava o charme aos olhos de XiChen. Usou o polegar para acariciar as bordas do orifício carnuda e macio que abocanhava aquele pedaço de metal.
O corpo tremelicou e ele alisou mais com o polegar. Para, logo depois, puxar a pedrinha brilhante da ponta do brinquedo e o afundar sem piedade naquela carne deliciosa.
Um leve resmungo em forma de suspiro foi solto pelo corpo abaixo de si, mas nenhuma queixa foi verbalizada. Apenas a face foi afundada, pela vergonha, na almofada e colchão da cama.
Os dedos rodaram o objeto circular e fizeram a ponta cutucar as paredes por dentro, estimulando aquela zona.
Jiang Cheng contorceu-se mais uma vez e os quadris mexeram-se subtilmente, procurando mais contacto. A sensação de submissão era estranha, mas não deixava de ser um pouco satisfatória. Então, o homem forçou-se a entrar um pouco no clima. Os lábios tremeram e ele forçou um gemido contra os finos tecidos do colchão, apenas para demonstrar que aquilo era bom. Contudo, no segundo seguinte, a vergonha deu-lhe vontade de bater a cabeça na parede por ter feito algo do tipo.
XiChen riu abafado e debruçou-se para morder um dos lados dos quadris de Jiang. Com o indicador e o dedo do meio, retirou de uma vez o pequeno plug alojado no orifício carnudo.
O homem mais abaixo grunhiu e os olhos lacrimejaram.
Isso reservou-lhe uma nova mordida que com certeza iria deixar marca.
O brinquedo deslizou por entre as nádegas. Pressionou e massajou o ponto G entre as bolas e o pequeno orifício que pulsava em lubrificante. A pontinha girava por entre as bordas da entrada subtilmente dilatada e ameaçava entrar. No entanto, nunca chegava a entrar mais que metade. Depois voltava a sair e a massajar aquele local tortuosamente.
Naquele ponto, o pénis de Jiang já estava duro e molhado de novo, roçando contra o colchão como forma de se tentar aliviar. Cheng acabou percebendo que ao gemer ou ao suspirar, todo o seu corpo parecia excitar-se mais e entrar naquele clima. Então, depois de um tempo, ele não se impediu de soltar os suspiros lascivos que ficavam entalados na garganta.
As mãos presas incapacitavam-no de fazer algo, então ele esforçou-se para se soltar. Algo que não aconteceu novamente.
Grunhiu em insatisfação e girou a face sobre o colchão, procurando o olhar amendoado de XiChen. Este ainda se mantinha a depositar beijos e mordidas sobre a lateral do corpo do amante.
Assim que viu a pequena súplica que pairava no mar púrpura das orbes do amado, teve vontade de sorrir. Deixou mais uma mordida no local e forçou, mais uma vez, o brinquedo sobre aquela entrada rosada e lasciva.
“Queres que eu te solte, A-Cheng?”
Os lábios molhados de Jiang contraíram um sobre o outro e, o único som que saiu, foi um “Hum…” em concordância.
“Oh… então estás disposto a dizer o que está dentro daquela caixa?”
Essa pergunta não obteve resposta. O homem continuou quieto com demasiado constrangimento para responder a isso.
XiChen achou isso muito fofo.
Endireitou a postura e levou o seu olhar nublado, cheio de luxúria, até aquele local tão comprometedor.
Com o polegar pressionou o brinquedo a entrar dentro de Jiang. O ato foi lento, sem pressas, e o objeto deslizou com algum custo até ao fim. O pobre corpo tremeu e houve um longo suspiro que foi abafado na cama.
“Vamos, A-Cheng…” Falou com a voz rouca e fascinada ao presenciar aquilo. “ Tens certeza que aquela caixa tem coisas mais vergonhosas que isto?”
Perguntou e puxou novamente o brinquedo para fora. Sem pressa. Apenas para captar a imagem das paredes carnudas escorregando pelo objeto e deixando um pequeno beijo na ponta.
Não houve resposta. Então, o brinquedo afundou sem dó.
Aquilo acertou um ponto sensível e um gemido alto inundou o quarto.
“A-Cheng…” Chamou com a voz rouca. “Achas que haverá coisas mais indecentes que isto? Coisas que o façam gemer mais?” Perguntou ao presenciar o corpo abaixo de si contorcer-se. “Eu estou apenas curioso…Eu duvido que haja mais alguma coisa no mundo que me consiga deixar pior que isto…” Disse, no momento em que pegava na sua excitação rija e a deslizava sobre a pele cálido e húmida entre as nádegas expostas.
Suspirou e deu três pancadinhas na região com a extensão do pénis, provocando um som molhado e um arrepio em Jiang.
Voltou a sorrir sem desviar o olhar escuro e excitado da imagem do seu pau deslizando por aquela zona.
“Enquanto eu o estimulava e fiquei imaginando… Se fosse eu… Como seria a sensação de sentir as suas paredes quentes me apertando… Olha o que isso me fez…” Pressionou a ponta na zona mais a baixo do plug e a moveu, estimulando-o a ele e a Cheng. “Consegues sentir o quão duro isso me deixou?…” Perguntou com a voz baixa e arrastada, começando a se masturbar lentamente enquanto observava, com os lábios entreabertos, o pequeno coração tentador que as nádegas empinadas faziam com o diamante reluzente no meio.
“Diz-me A-Cheng… o que está na caixinha? Eu irei ser bondoso, não vou exigir nada, independentemente do que esteja lá dentro.” Suplicou afundou o pau entre as coxas juntas de Jiang.
Um suspirou atravessou os seus lábios ao sentir algum alívio pela fricção da região quente.
Jiang também suspirou ao sentir a excitação penetrar aquele pequeno espaço e estimular o seu sexo.
O homem mexeu-se suavemente naquela região e debruçou-se para a frente, sendo suportado pela mão livre sobre a cama. Estocou uma vez e os dois suspiraram, novamente.
A cada estocada lenta e forte, não só a sua excitação era estimulada mas também, o pequeno brinquedo fazia pressão dentro de si cada vez que o baixo ventre de XiChen se chocava contra a sua bunda com os movimentos que fazia.
As sensações eram lentas e tortuosas. No caso, mais para Jiang do que para XiChen. Que, no meio de tudo aquilo, apenas conseguia ficar mais excitado sem um contacto que realmente o satisfizesse e arrancasse aquela necessidade absurda de se libertar.
Mais uma estocada e o seu corpo balançou sobre a cama. Sem as suas mãos, o homem sentia-se vulnerável a tudo. Afundava a face corada nos tecidos quentes e, agora húmidos, tentando arrancar o melhor proveito da situação.
O som obsceno dos corpos molhados se chocando inundou o quarto, quando as ancas de XiChen aplicaram mais força. Isso era hipnotizante para os dois, produzindo um formigueiro expectante no peito.
Os olhos escuros e relaxados de XiChen, que observavam a cena do seu órgão sendo engolido por aquele coração, subiram até à nuca vermelha e exposta.
Mordeu o lábio e então debruçou-se até chegar perto do ouvido escondido entre os fios soltos e levemente ondulados por causa do banho de antes.
Lambeu toda a extensão e sentiu Jiang se contorcer e afundar mais a face na almofada, deixando escapar um suspiro acanhado. Sorrio em deleite com a respiração pesada.
“Eu quero foder-te… quero muito… A-Cheng…” Soltou num suspiro, passeando a mão livre pelo quadril de Jiang até chegar no membro sensível e endurecido. Agarrou.
O homem gemeu e retorquiu de forma abafada: “Solta-me primeiro…”
“Diz-me o que tu tanto queres esconder de mim, antes…”
Jiang grunhiu em descontentamento.
“Tu não consegues ficar calado um minuto?!” Rugiu, porém, os tecidos da almofada abafaram o som.
Algo que não aconteceu quando a mão pesada de XiChen se encontrou com uma das suas nádegas expostas e provocou um som vibrante e estalado que ecoou vivamente pelo quarto.
O homem gemeu e xingou contraindo as mãos que continuavam presas nas suas costas.
“Porra… XiChen…”
“Podias apenas ser um pouco obediente…”
“Nhum… Controla a merda da tua curiosidade…” Rebateu. Mesmo que estivesse naquela posição, XiChen sabia que dificilmente o faria abrir a boca. Isso de certa forma o atiçou.
Levou as mãos ao pequeno plug e o retirou sem muito esforço, substituindo-o pelos próprios dedos.
Dois dos seus dígitos desceram por aquela cavidade sem qualquer esforço, o atrito, de início, era mínimo. Contudo, pela simples razão de ser ele agora dentro de si, o pobre Jiang Cheng se contraiu pelo constrangimento.
Os lábios de XiChen cresceram num sorriso ao sentir a sensação saborosa e excitante das paredes quentes e macias palpitando à sua volta.
Os seus olhos estavam fascinados naquilo, no entanto, o olhar tímido e silencioso, direcionando a si, por cima do ombro alheio, chamou-o mais a atenção.
Gargalhou suavemente para depois morder o lábio de forma sedutora: “Já tiveste um orgasmo anal, A-Cheng?”
O homem não respondeu de imediato, apenas quando sentiu os dois dígitos se mexendo e o tateando como se estivessem a descobri-lo por dentro.
“Nhum… não…” Sussurrou.
“Queres experimentar?” Os olhos amendoados brilharam ao tateá-lo por dentro, perto da zona onde deveria estar aquele ponto sensível. Em nenhum momento retirou os olhos da face de Jiang. Analisando todas as mais pequenas expressões que pudessem indicar algo.
Foi então que, no momento que Cheng abriu a boca para responder houve uma pequena contração. Este se reteve e fechou a boca no mesmo instante, soltando um pequeno suspiro. Não houve qualquer palavra, mas XiChen pôde supor.
Recuou os dedos um pouco e levou-os contra aquele local para ter certeza. A força e a precisão fizeram o corpo de Jiang arquear e os pobres olhos fecharem.
Um novo suspiro molhado apoderou-se da garganta de Jiang.
O homem mais velho sorriu em deleite: “É bom?”
Perguntou, mas não obteve resposta.
Novamente, levou os dedos a aprofundarem e chocarem contra aquele ponto. Uma nova reação. Agora um gemido!
“É muito bom, não?”
Jiang não estava habituado àquele tratamento. Nem às sensações peculiares que ele lhe trazia. Então, ele não conseguia responder nem agir como era habitual nas suas relações sexuais.
Era bom, mas como ele iria verbalizar isso sem parecer um pervertido?
Os dedos dentro de si fizeram movimentos de tesoura, o alargando mais. Para depois, no segundo seguinte, começaram a socar aquele ponto sem piedade.
O local lubrificado deixava XiChen mover-se com facilidade. Socando e brincando. Aproveitando para presenciar as contrações saborosas a que o corpo alheio ficou sujeito.
No meio dos suspiros prazerosos surgiu um gemido arrastado e sofrido: “A-Huan…” Chamou com dificuldade, com a testa apoiada na cama de maneira que conseguisse respirar mais livremente, sem ter os tecidos o impedindo. Contudo, isso era uma posição desconfortável, então ele mudava constantemente a posição da face, com uma ansiedade e desnorteio palpável.
Seria hipocrisia, se XiChen dissesse que isso não o satisfez um pouco; ver o quão sensível conseguia deixar o corpo de Jiang com as suas provocações.
Com um leve sorriso ameno, soltou um “Hum?” em resposta. Porém, os seus dedos não pararam os movimentos, apenas mudaram o seu foco para não ser cansativo e repetitivo. Foram fundo e acertaram outros pontos, rodopiando e cutucando, com uma precisão impressionante.
Os olhos de Jiang lacrimejaram com as ondas de prazer que subiram do seu baixo ventre e fazia a sua respiração alterar-se. Ele nunca pensou que XiChen soubesse fazer algo do tipo, e de certa forma, não queria saber onde ou como ele adquirira tal habilidade. Nas poucas vezes que se tocou naquele local, algo que se resumiu apenas àquela semana, como forma de se acostumar, nunca conseguiu sentir nada daquilo. O prazer que conseguia se dar era residual, o que o desmotivou bastante em alguns momentos. Porém, agora, parecia completamente diferente!
O seu pau pulsava, pela segunda vez naquele tempo, em pura excitação. Tremia e babava, mandando sinais de que queria vomitar todo o leite que já subia pelos seus canais. Como aquilo era possível? Ele se perguntava… Perguntava como estimular aquela zona poderia fazê-lo perder as estribeiras. Como aquele homem poderia deixá-lo tão desejoso por o tocar ali…
“Porra… XiChen…” Balbuciou para depois morder a almofada como uma forma de suporte, já que as mãos ainda estavam presas.
A única resposta que recebeu foi uma subtil risada abafada.
Os dedos dentro de si saíram lentamente, de maneira que apenas a pontinha dos dois estivesse dentro, e então, no segundo seguinte, deslizaram com força e precisão contra aquele pontinho.
Todo o seu corpo estremeceu e o seu pau realmente deu sinais que poderia gozar. Um gemido sofrido morreu naquela almofada molhada…
“XiChen… Não… Espera…” Pediu sem muita coerência entre arfadas descompensadas.
O homem não parou. Na verdade, teve vontade de o soltar. Queria tocar em mais lugares. Apertar os botões que deveriam estar durinhos. Alisar a pele morena. Arranhar, apalpar, marcar. Ele teve vontade de o provocar ainda mais. Porém, aquela posição estava tão linda aos seus olhos. Depois de se segurar por tanto tempo, ele não queria abrir mão dela. Queria mostrar a Jiang, o quão excitante e prazeroso poderia ser a descoberta daqueles lugares proibidos, vergonhosos e, muitas vezes, considerados um tabu.
Os dedos continuaram, cantando uma melodia molhada e obscena, se chocando na carne.
Os gemidos apoderaram-se da boca de Jiang a cada estocada.
“XiChen… para… nhum… ah! A-Huan…!” Chamou desesperado, tentando alcançar o pulso do homem com uma das mãos presas. “Espera… um pouco… hum…” Pediu. “Eu estou quase a vir-me…”
XiChen ficou preocupado por um momento, contudo, vendo que esse era o problema, apenas sorrio. Debruçou-se e depositou alguns beijos no inicio das costas do amante.
“Podes vir A-Cheng… Eu vou fazer-te gozar a tarde toda…” A voz era grave e aveludada, carregando um desejo quase devoto e inebriante.
Jiang aplicou mais força no maxilar inconscientemente pela nova onda de calor. Grunhiu e remexeu-se. Os indícios de um novo orgasmo arrepiaram os seus pêlos; desta vez mais longo, parecia que seria bem mais prazeroso! Mas, Cheng, conteve-se.
Enfim, conseguiu libertar um dos pulsos. Usando o cotovelo livre para se apoiar na cama, levantou o torço e o rodou o máximo possível, dando de caras com o semblante de XiChen; primeiro surpreso, depois relaxado e, novamente, o brilho hipnotizante nas orbes achocolatadas surgiu.
Um novo arrepio atravessou o corpo ofegante e pulsante de Jiang.
“Eu… ah, não quero gozar para os teus dedos…” Soltou junto com todos os seus princípios. Os olhos de XiChen aumentaram de tamanho ao ouvir aquilo. “Eu quero-te dentro… Eu quero que… também seja prazeroso para ti…” Confessou ainda com o peito ofegante e as bochechas terrivelmente vermelhas.
XiChen sorrio ao compreender o teor da preocupação. Mexeu os dois dedos ainda alojados dentro de Cheng e fez alguns movimentos de tesoura.
“Mas assim também é prazeroso para mim...” Contrapôs com um sorriso cálido e amistoso, algo que contrastou com toda aquela cena.
Cheng voltou a suspirar e baixou o torço. Os seus dedos vincaram nos tecidos da almofada: “Eu… ah… Não importa!... Eu quero que sejas tu…Quero que sejas tu dentro…” Pediu fechando os olhos nublados e aguados pelo prazer. Gemeu ao sentir-se ser cutucado mais intensamente. “XiChen… não me faças gozar sozinho…” Quase implorou. “XiChen…” Chamou.
Obviamente, aqueles lábios inchados e suplicantes não foram ignorados por muito mais tempo. As duas respirações misturaram-se e as línguas cumprimentaram-se mutuamente. Depois de ser solto, Jiang agarrou-se àquele beijo como se fosse a última bóia de salvação. O pouco fôlego que lhe restava foi todo gasto ali e num momento, XiChen era o único que controlava o beijo. Contudo, isso não foi um pretexto para se separarem, já que Huan deu algum espaço para Jiang respirar enquanto distribuía pequenos selares de beijos pelos cantos dos lábios.
Se encararam momentaneamente e não tardaram a se consumir novamente.
XiChen estava amando. Ele realmente não queria terminar aquele momento, nunca. Retirou os dedos da cavidade quente e molhada e os levou a apertarem fortemente a cintura alheia.
Depois disso, uma nova onda de calor subiu pelo corpo de Cheng ao sentir a excitação rija deslizar por entre as suas nádegas e ameaçar adentrar em si.
O seu corpo tremeu e ele mesmo interrompeu o beijo para encarar o olhar nublado do amante. O seu olhar levemente tímido, foi recebido por um novo sorriso extasiante.
“Foi isso que pediste não foi?” Perguntou com a voz calma. Riu suavemente ao perceber que não iria ter uma resposta concreta. “Tens proteção?”
Cheng não verbalizou, mas mudou o seu foco de atenção para o criado-mudo ao lado da cama.
XiChen não perdeu tempo. Debruçou-se e abriu a primeira gaveta. Pegou rapidamente no primeiro que encontrou e no frasquinho de lubrificante que estava convenientemente arrumado no cantinho.
Todas aquelas ações foram seguidas pelo olhar atento de Jiang. Tanto quando a rodilhazinha transparente foi retirada do pacotinho, como quando foi colocada na pontinha rosa, grossa e pulsante do pênis e desenrolada até ao fim daquela extensão poderosa, até mesmo quando o gele escorregou pelo falo e foi espalhado por uma masturbação lenta. Os lábios inchados e entreabertos, os subtis suspiros e o semblante relaxado e perdido. Jiang Cheng observou isso tudo e sentiu-se tenso pelo próximo passo…
XiChen sorrio e debruçou-se sobre o corpo do amante. Roubou mais um beijo enquanto conduzia o seu órgão para a entrada dilata.
“Não precisas de ficar nervoso…” Disse beijando delicadamente a testa de Jiang. “Se for desconfortável apenas diz… eu serei gentil…”
“Pfft… me pergunto em que ocasiões não és gentil…” Soltou com uma leve acidez para tentar descontrair.
“Hum… algumas… mas eu tentarei ir com calma…” Falou em meio aos beijos que depositava pelo pescoço de Jiang, uma forma de o distrair.
“Mais do que já vais?” Provocou calmamente ao apoiar confortavelmente a bochecha na almofada.
“Hum…” Soltou ao levar uma mão ao próprio membro e o roçar sobre a entrada. “Eu te darei todo o meu amor e toda a minha paciência.” Pressionou o órgão com o polegar e forçou a cabeça a entrar. Quando esta passou a aréola apertada da entrada XiChen teve a sensação que seria engolido, como se houve um pequeno hímen que o puxasse para dentro. Controlou-se para simplesmente não empurrar e deixou escapar um gemido lascivo. Os seus dedos vincaram na carne de uma das nádegas e a separaram, dando mais espaço para se movimentar mais fundo, posteriormente. “… não é bom assim?”
“Nhum…” Não houve uma resposta do corpo tremulo abaixo de si, apenas um grunhido que foi abafado pelos próprios dedos.
Um novo sorriso emoldurou a face do homem que estava levemente apoiada no ombro de Jiang. Precipitou-se para mais perto da orelha rosada e sussurrou: “Eu vou meter tudo A-Cheng… eu posso?” Arfou.
“Não tens de perguntar!” Resmungou com alguma irritação, devido ao constrangimento, e escondeu a face nos lençóis.
Essa resposta foi o suficiente para no momento seguinte toda a excitação ser arrebatada para dentro. O corpo mais abaixo balançou sobre os lençóis e as duas bocas moldaram-se a um suspiro forte e extasiante.
Toda a face de Jiang pintou-se de um vermelho forte e vibrante. Ele teve vontade de gritar, não pela dor, com todos os estímulos e tentativas de o fazer relaxar e amolecer aquele órgão apenas escorregou e o socou de uma vez. Um impacto forte e sonoro, inebriante e excitante. O grito que queria ter saído, apenas queria deixar evidente o quanto aquilo tinha sido bom. O quanto ele queria que aquele movimento se repetisse; várias e várias vezes, até sentir o corpo arder. A sensação de ser preenchido até tão fundo era estranha, não desconfortável, mas estranha e talvez, sufocante.
XiChen não foi diferente. Depois de se segurar tanto aquele contacto apertado que o acolheu por inteiro deixou-o delirante. As suas ancas moveram-se consideravelmente para trás e enfiaram novamente aquele órgão de forma impiedosa. Repetindo o ato. Aumentando a excitação dos dois corpos.
As mãos de Jiang agarraram os lençóis para se estabilizar e este reprimiu o gemido.
Os olhos de XiChen brilharam e de novo, as suas ancas mexeram-se; uma, duas, três, o suficiente para a carne da bunda de Jiang ganhar uma tonalidade rosa.
O pobre homem não conseguiu segurar os gemidos ou os suspiros na garganta. As investidas rápidas e fundas faziam as suas cordas vocais mexerem por si só. Por ter as pernas juntas, as suas paredes pareciam bem mais apertadas, cada movimento, cada vai e vem, cada entrada e saída, cada choque; tudo era sentido, tudo aumentava e prolongava o piquinho prazeroso e insuportável de um quase orgasmo! Mas… ele não veio de imediato.
Os movimentos tornaram-se suaves e XiChen ergueu o torço para mais longe. O balançar dos corpos tornou-se lento e suave o que deu algum tempo para Jiang respirar. XiChen esperou um pouco, deleitando-se com a visão do seu pau entrando e saindo, lenta e saborosamente.
Porém, isso mudou rapidamente quando as ancas de Jiang Cheng foram agarradas e o seu corpo foi puxado contra a excitação grossa.
Um novo gemido poderoso morreu nos tecidos da almofada.
A carne firme das nádegas balançou e uma melodia molhada preencheu o quarto.
Papapa…
Era fundo! Aquele foi o ponto mais fundo que alguém tocou dentro de Cheng. Os seus olhos lacrimejaram pelo prazer que isso lhe transmitia. A pressão dentro de si fazia o seu membro tremer e roçar nos lençóis. E como era delicioso…
XiChen apoderou-se das nádegas expostas e as balançou, para a frente e para trás, acompanhando os movimentos da sua anca. Para além do prazer da penetração, aquela imagem o deixava nublado. Era muito excitante presenciar o seu pau sendo comido daquela forma. Ele sentia que poderia chegar no clímax só com aquilo, porém, aquele momento era algo que ele queria prolongar então ele não cederia.
Mordeu o lábio e fechou os olhos tentando se distrair. Ah! Como aquele corpo o enlouquecia! Não por ser o corpo mais lindo que já vira, apenas porque pertencia à pessoa que ele desejou por tanto tempo. Ele queria agarrá-lo e ouvi-lo gemer! Ele queria fazê-lo tremer e suplicar. Ele queria lhe transmitir todo o fogo que ele lhe proporcionava. Ele queria muita coisa. E todas elas envolviam Jiang Cheng de alguma forma.
Gemeu entre dentes e não controlou a mão de subir e deixar mais uma marca vermelha naquela carne tão lasciva.
“A-Cheng… eu sinto que vou enlouquecer…” Gemeu de forma sofrida impulsionando os quadris numa estocada mais forte.
Jiang gemeu alto e arrepiou-se no momento seguinte ao sentir uma mão forte esgueirar-se pelos seus fios negros; agarrar, puxar e erguer a sua face da almofada. Uma nova investida poderosa impulsionou o seu corpo para a frente mas aquela mão não deixou o seu torço prosseguir com o movimento. As suas costas doeram e curvaram mais ainda, porém, naquele momento, a sensação de vulnerabilidade junto com a dor e o prazer daquela penetração levaram-no ao céu.
A boca gemeu, em alto e bom som, o nome da pessoa que tanto amava. E, finalmente, todo o seu baixo ventre explodiu! Tremeu! Contraiu! Gozou…
A sensação de prazer foi tão forte que os seus olhos lacrimejaram. Depois de ter esperado tanto tempo pelo ápice, de tantas paradas e começos, de tanto suportar aquela maldita tesão, o seu corpo foi consumido por uma onda de prazer que nunca sentira. Foi forte e longa. Os jatos molharam o lençol e ele levantou mais os quadris para que tudo saísse, porém, o seu corpo ficou demasiado fraco para aguentar muito tempo naquela posição.
XiChen também gemeu ao sentir o aumento sufocante da pressão sobre o seu pênis. Uma gota de suor desceu pela lateral da face e ele largou os cabelos de Jiang que caiu desamparado sobre a almofada.
Os dois corpos pulsavam. Ambos com a respiração acelerada e com o sangue correndo como lava.
Os movimentos de XiChen também pararam e ele deixou o corpo tremulo respirar no seu tempo.
“A-Huan…” Mais uma vez o seu nome foi chamado e ele obedientemente o olhou. Os seus olhos estavam escuros e cansados, famintos e desejosos para prosseguir. Jiang tremeu mais com isso. Suspirou e esticou a mão para o alcançar. A sua expressão suada estava incrivelmente dócil; ofegante e vermelha, com um olhar lânguido e molhado. XiChen não se considerava alguém sádico, contudo, como ele não se poderia comover com um lado tão incomum e lindo do seu amante? O corpo de Cheng era grande e robusto, contudo, naquele momento, ele parecia uma pequeno gatinho almejando o carinho do seu dono. Se o seu pau pudesse enrijecer ou crescer mais, ele o faria. Ele se afundaria e o foderia mais! Mais! Ele… ah!
Foda-se…
Os seus lábios precipitaram-se para apoderar-se da boca inchada que o chamou. E os seus cabelos foram segurados com força e desespero, como se tivesse medo que ele se afastasse. XiChen não se afastaria. Ele nunca se afastaria. Ele desejava ficar ao seu lado para sempre.
Depois de sentir a diminuição dos espasmos contra o seu pau, os seus quadris mexeram. O seu membro deslizou suavemente para ganhar mais espaço.
A boca de Jiang travou durante o beijo e ele separou-se: “… tá muito sensível… espera…” Pediu depois de um suspiro.
“Não é bom assim?...” Perguntou docemente deixando mais alguns beijos nos lábios de Jiang. A sua anca não parou, o seu pau roçou calmamente sobre as paredes, indo fundo e vindo até a pontinha ser a única dentro.
Jiang reprimiu-se de responder. Mordeu o lábio inferior de XiChen e o chupou. Essa pequena ação iluminou os olhos de XiChen e este roubo mais uma beijo.
“Foi bom?” Perguntou calmamente depositando alguns beijos na lateral da face de Jiang.
O homem ficou envergonhado com a pergunta.
“Hum…” Foi o único som que saiu pela sua boca. Remexeu os quadris e impulsionou o pau a ir e a vir dentro de si.
XiChen suspirou com os lábios emoldurados na sombra de um sorriso.
“Posso continuar?” Perguntou, no entanto, não foi preciso uma resposta para o seu pênis se afundar com força.
“Nh… eu vou-te matar…” Ameaçou incoerente.
XiChen riu docemente.
“Anda cá…” Pediu com alguma gentileza ao passo que erguia o corpo do amante para que ficasse de quatro.
Jiang Cheng teve vontade de morrer naquela posição tão vergonhosa. Contudo, ele não se recusou a fazer aquela vontade. As suas mãos foram erguidas e conduzidas até à cabeceira de madeira da cama. O pénis continuou dentro de si e as suas pernas foram separadas para XiChen acomodar-se no meio, algo que tornou a cena mais constrangedora.
Um vermelho vivo apoderou-se das suas bochechas, porém, o seu corpo não pareceu desgostar daquilo já que o seu peito formigou em tesão.
“O teu corpo é tão lindo, A-Cheng.” Elogiou deixando alguns beijos no inicio das costas. Suas mãos percorreram o abdômen pulsante e o acariciaram. “Eu desejei tanto tocar-te…” Todo o falo enterrou-se de uma só vez. O corpo de Jiang balançou para cima com um novo gemido. “Me diz se é bom… A tua voz é linda, gemendo… me chamando… Eu quero ouvi-la mais! Chama-me mais… A-Cheng! Não precisas de ter vergonha… Eu serei o único a ouvir…” Falou entre penetrações lentas e fortes, grunhindo entre as palavras e levando o corpo de Jiang a balançar para cima e para a frente.
O homem mais jovem mordeu o lábio, impedindo as falhas na voz por causa dos solavancos. Os seus dedos vincaram na madeira pelas ondas de prazer que subiam a sua espinha e os arrepios daquela voz perto da sua nuca.
A posição era diferente e a invasão vinha um pouco como de baixo para cima. Era bom, muito bom. Ele queria mais daquele contacto. Mais forte! Mais rápido!
Ele queria pedir!
Mas como fazer isso sem parecer vulgar e vergonhoso?
Voltou a mexer os quadris e a forçar o seu buraco contra aquele órgão. A sua carne bateu uma, duas, três vezes contra o baixo ventre de XiChen, o instigando. Rebolou e forçou novamente, deixando escapar um gemido tentador. Quando dirigiu o olhar na direção do amante viu aquele brilho e entusiasmo no sorriso.
Eh, Jiang Cheng lembrava-se que aquilo era bom, não era? O que acontecia depois?
A sua cintura foi agarrada e os dois corpos colidiram. Forte! Rápido! Fundo! Sonoro! Excitante!
Assim como tanto queria! O prazer o consumiu mais uma vez!
Mais…
Mais.
“Mais!...” Gritou num gemido, sem dar conta, sendo obedecido rapidamente.
O choque os dois corpos fez a sua bunda doer.
Os dois gemiam extasiados.
As invasões eram poderosas, delirantes para as duas partes. Os sons molhados cegavam qualquer um.
XiChen grunhiu e desferiu um novo tapa. Algo que aumentou ainda mais a excitação de Cheng.
De forma impaciente, ergueu uma das pernas do amante e a colocou sobre o ombro, podendo, agora, ver claramente as reações do outro que estava de lado.
Enfiou novamente. Com força! Se chocando com as paredes de Cheng, que gemeu. Não ligando mais para o que seria vergonhoso ou não, ele apenas gemeu. Era bom, uma sensação quase enlouquecedora e sufocante. Ele apenas queria sentir, não pensar em pormenores.
Aquela imagem lascivo hipnotizou XiChen: o suor acumulado na face, as lágrimas nos olhos, os lábios inchados, molhados e entreabertos. O prazer tatuado naquela expressão. Ele queria ter forças para o foder mais forte. Os dedos que seguravam a coxa sobre o seu ombro vincaram na pele e os seus quadris impulsionaram-se mais fundo naquele corpo vulnerável. O incômodo no seu ventre alertou-o que estaria quase.
Espere só mais um pouco… pensou ao desfrutar daquele momento. Vá com calma…
“A-Huan…” Chamou entre suspiros e gemidos. “A-Huan… me beije… por favor…”
XiChen lhe deitou mais um olhar. Mordeu os lábios com força sentido o suor escorrer pelo corpo. Jiang Cheng às vezes jogava sujo, muito sujo. Como ele se poderia recusar a algo quando ele tinha aquela expressão dócil, repleta de luxúria e desejo? Como ele sequer se conseguiria conter…?
Grunhiu e o beijou de uma vez. Afundou o pau e levou as pernas a afastarem-se mais. Uma, duas, três; enterrou-se profundamente e desmanchou-se finalmente. O gemido arrastado morreu entre o beijo e ele se separou aproveitando a sensação gostosa dos espasmos do seu corpo. As suas invasões apenas pararam quando sentiu que todos os jatos de sêmen transbordaram para fora do seu pau.
Uma risada abafada e rouca soou perto do seu ouvido: “Foi bom, A-Huan?”
O tom foi muito sugestivo e o seu corpo arrepiou-se. Mas ele não pensou muito sobre isso. Beijou mais uma vez Jiang e retirou-se de dentro dele, levando-o a ficar numa posição mais confortável, com o corpo deitado. Retirou o preservativo enquanto a sua face era segurada por Cheng e a sua boca beijada de forma violenta.
Depois de fazer o nó no preservativo o jogou no chão. Levou uma das mãos a segurar a cintura alheia e a puxou para mais perto roçando as suas intimidades ao mesmo tempo que levava a outra ao criado-mudo.
Jiang se surpreendeu. Engelhou a face e separou-se levando o olhar para o meio dos dois e vendo que, realmente, o outro ainda estava duro.
“Mas o que…” Tentou falar contudo foi interrompido com mais beijos sedentos. O seu corpo foi segurado e arrastado para o colo do namorado que se sentava.
“Vamos de novo…” Pediu ofegante o rodeando com um braço e segurando a camisinha com a outra mão. “Desta vez, vamos chegar juntos…”
Jiang Cheng corou com aquela declaração tão direta. Claro, não poderia negar que a proposta era tentadora, mas também não o iria verbalizar.
Engelhou o sobrolho e soltou em tom de ameaça: “Não abuses…”
“Não aguentas?...” Sorriu de maneira calma, porém, estava claramente o provocando. “Pensei que o mais velho aqui era eu.”
Os dentes de Jiang se cerraram num sorriso distorcido: “Não sejas idiota.” Advertiu pegando no pacotinho entre os dedos de XiChen. Abriu-o e retirou o objeto viscoso de borracha. Os olhos brilhantes e levemente divertidos do Lan observaram-no atentamente, no momento que jogou o pacotinho vazio no chão e também quando encaixou aquilo na ponta do seu órgão. Um leve rubor apoderou-se da sua face sorridente e expectante ao observar os dedos levando aquele objeto até ao fim do seu falo.
“Vamos ver quem fica cansado mais rápido?” Perguntou com alguma rouquidão na voz.
Essa provocação foi acolhida por um sorriso e um aceno de cabeça.
As bocas juntaram-se e, novamente, ambos os corpos se amaram mutuamente.
[ • • • ]
Lan XiChen cantarolava uma suave melodia enquanto deslizava pela cozinha.
O click da torradeira fez duas fatias de pão saltar. O homem agarrou-as prontamente, no fim de colocar as duas canecas de chá frio na bandeja, e barrou com manteiga. Retirou duas maçãs da fruteira, as lavou cuidadosamente e as cortou em quadro, colocando os pedacinhos num pratinho que tirara do armário de baixo.
Dirigiu-se até à geladeira e a abriu sentindo um leve arrepio pelo bafo gelado que bateu contra o seu corpo quase desnudo, se não fosse pela toalha presa na sua cintura. Os seus olhos vaguearam pelo interior e procuraram por algo que pudesse ser comido na hora. Rapidamente encontrou uma lancheira cheia de cerejas então a pegou.
Juntou tudo na bandeja, deu uma nova dentada na torrada e preparou-se para subir as escadas.
Um sorriso idiota emoldurava os lábios mais aveludados que o normal. Todo o seu corpo parecia expelir uma vibe de pura felicidade, para além do cheiro agradável do champô e do gel de banho.
No final, fora Jiang Cheng quem cedera primeiro. Abraçou-se a si e quase implorou para que dessem uma pausa. Obviamente, XiChen não recusou nem reclamou, na verdade até sorrio e o abraçou, enchendo-o de beijos. Depois daquela pequena provocação em forma de desafio, o homem acabara por pegar um pouco pesado e o fez gozar ao ponto de Jiang ter o seu primeiro orgasmo seco. Cheng apesar de tudo, ainda estava a experimentar sensações e situações novas, por isso, XiChen foi quem comandou a maior parte das cenas. E, como tal, tirou proveito da situação.
No fim, ficaram abraçados por um tempo enquanto XiChen acariciava as suas costas e lhe dizia algumas palavras amorosas, fruto da sua felicidade e entusiasmo. Jiang Cheng estava cansado, mole e, em parte, envergonhado. Não conseguiu dizer uma única palavra para responder à doce voz que sussurrava perto da sua nuca. Contudo, XiChen não se sentiu desmotivado ou rejeitado, a força exercida no seu corpo era notória, quase de uma forma necessitada. Então, XiChen apenas sentiu vontade de o acariciar e o mimar mais um pouco.
Depois daquele momento, aquele gatinho esperneou para fora do seu alcance e o enxotou para que ele fosse tomar um banho.
XiChen ainda tentou insistir para irem os dois, mas foi recusado cruelmente quando uma toalha limpa foi arremessada contra a sua cara.
Fez questão de não demorar muito tempo e, assim que saiu, Cheng apoderou-se do banheiro do primeiro andar sem quase lhe dirigir a palavra. XiChen ainda se perguntou do porquê ele não ter usado o do rés de chão. Porém, isso talvez fosse insignificante. Talvez ele apenas quisesse descansar um pouco. Ou talvez ele temesse não conseguir descer e subir as escadas sozinho. Esse pensamento proporcionou-lhe uma leve risada.
Com isso, enquanto o mais novo se banhava, XiChen tomou a liberdade de ir buscar algo para comerem.
Agora, já na porta entreaberta do quarto, o homem podia ver o mais novo deitado descontraidamente de barriga para baixo sobre a cama, enquanto discava algo no celular. Aproximou-se de um dos criados mudos e depositou a bandeja com a comida lá recebendo momentaneamente um olhar de Cheng. Diferente de si, este usava um novo par de boxers pretos e a pequena toalha de banho descansava no pescoço.
XiChen sorriu docemente e sentou-se na beira da cama, começando a comer o resto da torrada.
“O que estás a fazer?” Perguntou casualmente dirigindo-lhe o olhar.
Cheng remexeu-se um pouco. Desligou o aparelho e abraçou a almofada: “Nada…”
XiChen terminou a fatia da torrada e pegou em dois pedaços de maçã: “Toma um. Deves estar com fome.” Estendeu um dos pedaços enquanto trincava o outro com semblante calmo e radiante.
Cheng subiu o olhar na sua direção. O semblante enrugado suavizou subtilmente ao encarar aquela felicidade que o saudava carinhosamente. Olhou para a maçãzinha e, ao fim de pensar por alguns segundos, abriu os lábios para que a fruta fosse colocada na sua boca.
XiChen riu subtilmente e a levou aos lábios do amante junto com um beijo que depositou na testa do mesmo.
Cheng bufou desgostoso. Trincou a fruta e a pegou com uma mão: “Estás demasiado pegajoso!” Reclamou.
“Isso desagrada-te?” Perguntou inocentemente.
“…” Jiang não respondeu. Devorou o pedaço da maçã com uma leve raiva e abraçou mais a almofada sem o olhar.
“…” XiChen murchou um pouco. Acabou de comer o pedaço da maçã e pegou na toalha para começar a secar delicadamente o cabelo do homem. Sorrio com alguma compreensão e então pronunciou-se: “Sentes-te desconfortável, A-Cheng? Eu fiz algo que não devia? Pareces mais calado que o normal… Eu não sei se costumas ser assim ou não, então sinto-me um pouco preocupado. Se houve algo que te incomodou, eu gostava que conversasses comigo. Não quero que me trates com esse silêncio.” Falou calmamente ao secar as pequenas gotas do cabelo do amante.
Porém, não veio uma resposta e o corpo abaixo de si tencionou. XiChen tinha ciência do quão difícil era arrancar um desabafo mais íntimo daquela boca, então, preferiu simplificar as coisas.
“Foi doloroso?” Insistiu calmamente.
Jiang Cheng demorou um pouco, mas enfim respondeu com um curto e silencioso: “Não…”
XiChen sorrio com a resposta: “Então… não foi prazeroso?”
“… foi…” Sussurrou mais uma vez.
“Eu coloquei-te em muitas situações constrangedoras?”
“Humph, ainda tens coragem de me fazer essa pergunta?!” O tom de voz desta vez saiu alto e quase indignado.
XiChen gargalhou com aquela mudança.
“Então foi isso que te incomodou?”
“…” Cheng precisou de alguns segundos para responder. “Não exatamente…”
“Então… podes-me dizer porque pareces tão retraído?”
“Hum…” O mais novo hesitou. Remexeu-se um pouco, mas ao fim soltou. “Eu sinto que não fui bem…”
A expressão de XiChen contorceu-se e ele parou de secar o cabelo do outro assim que o seu cérebro processou aquelas palavras. Teve que refletir por uns segundos de onde poderia ter surgido aquela ideia. A sua expressão parecia de alguém desiludido? Ah, XiChen tinha quase a certeza que essa hipótese era impossível.
Sorrio docemente e falou: “Porque pensas isso?”
“Ah… porra! Eu não sei!” Resmungou alto, contudo, o som foi abafado na almofada. “Eu… apenas parece estranho ficar por baixo. Eu sinto que tem momentos que não consigo comandar as cenas… é estranho… eu sinto que… ah!”
XiChen piscou um pouco surpreso: “Não foi bom?”
“Eu não disse isso!” Contrapôs no mesmo instante. “Eu… apenas sinto que não fiz o suficiente…” Desabafou e levantou a cabeça para olhar o outro homem que mantinha uma leve surpresa inocente no olhar. “Tu… agh…” Tentou falar, no entanto, as palavras certas esvoaçaram da sua mente. Suspirou e voltou a interromper o contacto visual. “Esquece…”
XiChen sorrio de forma compreensiva, percebendo o que poderia ser o problema. Riu, colocou uma mão de cada lado do outro corpo e debruçou-se para mais perto da face de Cheng.
“Estás preocupado comigo?”
“… hum.” Enrugou a face.
Os olhos amendoados brilharam com a doce emoção que lhe encheu o peito.
“Tu estás muito adorável hoje.” Elogiou para deixar um rápido beijo no ombro do homem.
“Ah, cala a boca!” Resmungou e afastou-o. Porém, XiChen apenas se afastou uns ligeiros centímetros. Gargalhou de forma divertida e amorosa.
“Ah, não te preocupes com esse tipo de coisas. Eu realmente desfrutei de tudo. Foi maravilhoso para mim. E eu quero repeti-lo muitas mais vezes!” Falou decidido. Abaixo de si pôde ver o subtil rubor aumentar de tonalidade nas delicadas orelhinhas e isso apenas o derreteu mais. Sem se importar se o contacto fosse incomodar ou não Jiang Cheng, deitou-se parcialmente sobre o corpo do mesmo e o abraçou pela cintura. “Ah! Eu adoraria ficar a noite inteira assim, contigo! Pena que já são quase nove horas e o WangJi deve estar prestes a chegar com o WuXian…” Comentou ao apoiar a testa no ombro de Cheng.
“…”
“Isso me faz pensar… quando ele saiu disse que iria trabalhar num projeto da faculdade com o WangJi.” Riu. “Eu não acreditei nem um pouco nisso…”
“Pfft… ninguém deveria confiar nesse idiota.” Concordou com alguma zombaria.
“Vocês são muito parecidos… Como foi terminar o trabalho? Conseguiste enviar tudo direitinho?” Provocou com uma suave risada.
Jiang Cheng quase engasgou com a saliva e tossiu.
“Vai à merda! Não me compares com ele!” Resmungou e virou-se de barriga para cima, com o intuito de tentar afastá-lo com um sorriso escuro e distorcido na face, mas, de certa forma, também brincalhão.
XiChen gargalhou divertido, mas não cedeu aquele esforço.
Iria intervir com mais uma brincadeira inocente, contudo, o som do pling, que sinalizava a chegada de uma mensagem ao celular do Cheng chamou-os a atenção. O ecrã ligou-se por uns segundos sobre a cama e as mensagens que chegaram passaram visivelmente, uma por uma, pelo wallpaper simples de tonalidades pretas e roxas.
Wuxian
<< Deu tudo certo sim! Ahaha é a primeira vez que ele adormece antes de mim! >>
<< Ele ‘tá incrivelmente adorável! >>
<< E especialmente cansado… eheh >>
Vieram alguns emojins e uma foto logo a seguir que foi impossível ver.
Um silêncio constrangedor formou-se no seio dos dois.
“…”
“… Oh?!”
“Não te atrevas a dizer uma única palavra!”
“Porque eu sinto que vocês tramaram contra nós?” Ignorou a ameaça e, ao invés disso, brincou com um sorriso gentil e divertido nos lábios.
“Ah, eu vou-te matar!” Esfregou a face de forma frustrada.
XiChen riu e pegou rapidamente no aparelho. Ele não sabia o código ainda. Mesmo que Cheng já o tivesse dito algumas vezes, nunca foi uma obsessão decorá-lo. Ele apenas recordava no momento que era dito e o esquecia segundos depois. Como tal, pegou num dos dedos de Jiang e o passou no botãozinho da impressão digital. Este nem teve tempo para reagir, antes que o aparelho se desbloqueasse.
“Oie?!” Reclamou e tentou alcançar o aparelho, porém, XiChen esquivou com um sorriso e afastou-se para se sentar no seu colo.
A tela, iluminada pela conversa dos dois irmãos, mostrou uma fotografia de WangJi deitado sobre a cama enquanto abraçava possessivamente a cintura de WuXian que estava sentado, recostado na cabeceira. A expressão do segundo Lan estava subtilmente afundada no abraço, e dava para perceber as sobrancelhas contraídas, como uma criança mal-humorada agarrando a sua pelúcia favorita. Por outro lado, o semblante de WuXian aparecia no cantinho da fotografia e sorria largamente, enquanto colocava o dedo sobre os lábios e fazia o sinal de silêncio. Nos seus pulsos, estava um gênero de dobras de uma camisa e no pescoço descansava uma coleira felpuda preta com um lacinho branco e um pingente em forma de coração. Por entre os fios de cabelo, também dava para perceber a sombra de uma bandolete preta e felpuda, com uma orelhinha de coelho um pouco caída para o lado. E, nem vamos ressaltar a quantidade de marcas vermelhas que decoravam a pele morena.
A seguir à imagem vieram mais alguns textos.
<< Ele amou muito! Ahaha parecia realmente incansável. >>
<<Como foi por aí? Fuh fuh >>
<< Espero que tenhas utilizado o meu presente! >>
<< E que te tenhas divertido bastante!! >>
As mensagens eram intercaladas com alguns emojins eufóricos, outros mais sugestivos e alguns corações.
XiChen riu enquanto as lia. Contudo, rapidamente o aparelho foi retirado das suas mãos. Cheng leu as mensagens e corou. Desligou o aparelho no mesmo instante e, colocando-o de lado, sentou-se, deixando que o outro homem continuasse no seu colo.
“Não penses porcaria!” Ameaçou.
“O que eu poderia pensar então?”
Jiang suspirou frustrado e desviou o olhar: “Eu apenas pedi… alguns conselhos e ele entusiasmou-se demais…”
“Oh… entendo.” Concordou.“Isso me lembra… De que presentinho ele estava a falar?”
“Porque tu fazes tantas perguntas?!” Levantou a voz com o sobrolho franzido.
“Ah… curiosidade?”
“Então controla-a!”
XiChen segurou o riso perante aquela irritação toda. Foi então que se lembrou de algo.
Saltou do colo do amante e procurou a caixinha de antes debaixo da cama.
“Ah, XiChen!” Chamou.
“Disseste que eu podia.”
“Isso está a ficar irritante!”
“Hum…” Ignorou a fala e voltou para perto do homem, sentando-se desta vez entre as pernas dele com a caixinha nas mãos. Deu para notar perfeitamente o desconforto e o nervosismo do mesmo naquela situação. Isso só aumentou a vontade de XiChen saber o que estava dentro, embora já pudesse supor o que seria.
Ao abri-la deparou-se com algumas coisas, quiçá, peculiares. XiChen nunca imaginou que Jiang Cheng fosse o tipo de pessoas de ter algum desses tipo de brinquedos para prazer próprio. Apenas, não parecia combinar em nada com a sua personalidade. Porém, de facto, aquela caixinha tinha algumas coisinhas interessantes. Desde gel lubrificante até dildos, no caso, dois de tamanhos bem diferentes. Os seus olhinhos brilharam ao pensar nas milhares de possibilidade e situações onde aqueles brinquedos poderiam ser úteis.
“Para de fazer essa cara…” Avisou com a voz baixa, expondo o seu constrangimento.
XiChen subiu o olhar por um segundo. Riu subtilmente e começou a vasculhar dentro da caixinha.
“Tu já usaste isto tudo?” Perguntou de forma inocente e banal, sem qualquer pingo de vergonha, enquanto pegava num pequeno vibrador e o ligava para começar a massagear a palma da mão. Os tremeliques suaves e rápidos geraram uma sensação agradável de formigueiro na sua pele e ele riu como uma criança curiosa.
“Óbvio que não!” Contrapôs. “Eu não me masturbo com isso!”
“Oh!... Então porque tens tanta coisa do tipo?”
“Eles são novos!”
XiChen deitou-lhe um novo olhar.
“Hum… tinha alguma razão em especial para comprares tantos tão de repente?” Inquiriu, interessado onde aquela conversa poderia dar.
Jiang torceu a expressão e contraiu as sobrancelhas: “Eu não comprei nada disso! Foi... o meu irmão…”
“Ah…” Soltou como se entendesse, precipitando o corpo mais para a frente, se aproximando do outro. “E tem alguma razão para isso?”
O homem mais jovem ficou calado por um tempo. Balançou a cabeça e desviou o olhar desgostoso para o lado: “Ele… ele apenas queria que eu me acostumasse um pouco…”
As bochechas de XiChen ganharam uma nova tonalidade de vermelho e o sorriso cresceu radiante. Parecia que Cheng tinha pensando em um monte de coisas antes de dar aquele passo consigo. E, toda essa atenção emocionava muito XiChen. Ele só o queria apertar. O seu coraçãozinho eufórico queria agarrá-lo com todas as suas forças.
“Tudo bem, A-Cheng. Poderias ter conversado comigo. Eu não me importaria de ser o passivo.” Falou calmamente.
Cheng encarou-o de imediato. Primeiro surpreso, depois indignado e, por fim, irritado: “Não era isso que sussurravas toda a vez na porra do meu ouvido!” A voz alta e arrastada fez XiChen recuar com um sorriso meio distorcido.
“Eh…? Eu fiz isso?...” Questionou atrapalhado.
“Se fizeste?! Caralho, toda a merda que tu fantasiavas era contigo me fodendo em todo o canto da casa! Agora vens com esse papo de passivo? Ah!” Desabafou tudo, ganhando espaço sobre XiChen que recuava pouco a pouco. “Para além disso parecias um cachorro no cio! Eu não podia piscar por um segundo sem sentir que seria devorado a qualquer momento! Porra! A marca daquele tapa do domingo passado durou quase três dias na minha coxa!” Resmungou.
XiChen riu levemente. Na sua mente não se lembrava de tal coisa, então nem havia uma razão para dizer ‘Sinto muito.’. Porém, tinha um pouco de consciência que estava carente demais nos últimos tempos. Coçou a bochecha e sorriu.
“Desculpa…” Pediu obedientemente.
Jiang suspirou cansado e o encarou por um tempo, vendo a expressão um pouco mais murcha. Revirou os olhos frustrado e remexeu a caixa para retirar um saquinho de dentro. Rasgou-o e expôs uma fantasia do que deveria ser um cão ou um gato.
XiChen acompanhou os seus movimentos com o olhar e, nem teve muito tempo para dizer algo antes de uma coleirinha preta com uma corrente leve e um pendente em forma de nuvem onde estava escrito ‘pet', rodear o seu pescoço. As suas bochechas ruborizaram e ele tentou tocar a coleira, contudo, o puxão na corrente que veio a seguir impulsionou-o para a frente. Os dois pares de olhos encararam-se, uns mais surpresos enquanto que os outros ganhavam aos poucos um brilho incomum e incitante.
“Eu acho que o presente do meu irmão combina bem mais contigo…” Soltou com uma voz rouca e morna, enquanto os seus olhos afiados o sondavam pacientemente. Todos os pelinhos da nuca de XiChen se arrepiaram ao sentir o beijo demorado, seguido de uma mordida, que o canto dos seus lábios recebeu.
Os olhinhos amendoados piscaram e brilharam. Contudo, ele impediu-se de continuar.
“Já está tarde… Em breve eu terei que ir embora.” Avisou.
“Passa a noite aqui.” Pediu, contudo, naquele clima aquilo suou bem mais como uma ordem do que uma sugestão. XiChen teve vontade de chorar por não poder aproveitar aquilo.
“Amanhã começa a nossa rotina da semana: faculdade, trabalho. Não podemos…”
“Acordamos mais cedo amanhã. Eu empresto-te alguma roupa e podemos passar no teu apartamento buscar o resto das coisas que precisas. Depois eu levo-te ao trabalho.” Propôs ao retirar a caixa do meio dos dois e puxando o outro corpo pela cintura.
“Mas WangJi…” Tentou argumentar, no entanto, foi interrompido.
“Ninguém virá! A A-Li vai passar a noite na casa do pavãozinho e o ‘WangJi'…” Pronunciou com algum sarcasmo. “… esse eu duvido acordar a tempo de te vir buscar a uma hora decente. A casa vai estar vazia, toda a noite. Só para nós os dois…” Soltou um riso rouco e abriu um sorriso de lado. “Agora basta saber se vais querer aproveitar… ou não…”
XiChen amaldiçoou-o mentalmente. Como ele lhe poderia negar algo do tipo? Sendo que estava ansioso para repetir uma segunda dose?
Assentiu em concordância e juntou os dois pares de lábios. Um beijo calmo que se intensificou rapidamente. Com a excitação a começar a fluir novamente entre os dois, o corpo de XiChen apenas amoleceu e subiu para o colo do amante, este que o agarrou de forma possessiva com um braço e fez questão de roçar as duas intimidades.
Mais alguns suspiros até que Jiang se separou, para infelicidade de Huan.
“Serei eu quem te vai comer agora A-Huan.” Sussurrou com a voz rouca.
Apoiou-se na cama sobre os cotovelos e então desprendeu o nó que segurava a pequena toalha à volta da cintura do mais velho. Ao deslizar deixou ao descoberto o membro que crescia aos poucos. Cheng sorriu e passou a palma da mão pelo meio da barriga demarcada pelos músculos, até chegar no baixo ventre. O seu olhar crepitante olhou para a face corada e expectante do amante.
“Eu quero ver como te preparas, A-Huan…” Falou ao se acomodar sobre os cotovelos enquanto o olhava com uma sugestão impura no olhar. “Vamos brincar um pouco antes, não é?” Puxou a corrente entrelaçada nos seus dedos e fez o corpo do outro precipitar-se sobre o seu. “Eu quero ver como o meu doce pet se fode com os seus próprios dedos.”
XiChen arrepiou-se. Se ele fosse realmente um pet, poderia jurar que a sua cauda abanaria com muito gosto.
Mais uma vez trocaram beijos sedentos. E mais uma e outra vez, rechearam aquele quarto de gemidos e muito amor.
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