História Amor e Preconceito - Eu aceito

[ Kim Taehyung ]

  Uma semana se passou depois que voltamos da turnê, e eu estava evitando falar com Matthew ao máximo. Depois da sua declaração eu mal conseguia dormir pensando no assunto. Eu sabia que isso poderia chatear, mas eu realmente precisava estar em paz com meu coração se eu quisesse tentar algum relacionamento com ele.

 - Omma, eu sei que a senhora está preocupada, eu também estou... – Ouço Somin no telefone na frente da empresa. Me aproximo ao notar que a mesma estava com lágrimas nos olhos. -  Mas omma ele seria totalmente infeliz assim. Conversa direitinho com ele antes...Por favor! – Ela arregala os olhos e se virou para mim quando notou sua presença. Eu sussurro um “Está tudo bem?”, e ela faz sinal para eu esperar um pouco. – Eu entendo...Está bem, eu ligo depois! – Por fim ela desliga o telefone desgostosa.

- Está tudo bem? Posso ajudar em alguma coisa? – Pergunto preocupado, já que seus olhos estavam vermelhos.

- Acho que eu preciso tomar um ar. – Ela respirou fundo, se encostando no corrimão da escada. Por um momento achei que ela fosse desmaiar.

- Eu conheço um lugar se quiser. – Proponho, vendo ela me olhar e assentir para mim.

- Eu tenho um carro. – Somin se desencosta e faz sinal para irmos até o estacionamento subterrâneo da empresa.

- Tem certeza? Eu posso dirigir. Eu tenho carteira de motorista só não tenho um carro ainda. – Sorri e mostro para ela minha habilitação. Assim que a viu, ela sorriu para mim e me entregou a chave do carro.

Eu a levei até uma cafeteria ao ar livre longe do centro, acima de um dos morros. Era um café onde as mesas ficavam no jardim florido, e os animais andavam soltos em volta das mesas. Por ser um lugar alto havia uma grande circulação de ar, e talvez isso a fizesse bem.

Quando chegamos pedimos chá, e ela um pedaço de bolo red velvet. O garçom parecia ter nos reconhecido e foi extremamente gentil, oferecendo uma mesa mais afastada para que não fossemos incomodados.

- Obrigada por me trazer aqui Tae. O lugar é maravilhoso – Ela sorriu, mesmo com o olhar entristecido.

- Não foi nada. Eu também estava precisando tomar um ar – Sou sincero, enquanto tomava um gole do chá gelado com limão.

- Tem a ver com Matthew?  - Engasgo com seu comentário, mas logo me recomponho. Isso pareceu tê-la assustado. -  Desculpa, eu não queria ser xereta.  Mas é que eu encontrei com Matt no corredor esses dias e ele comentou que vocês não estavam conversando. Ele parecia chateado.

- Ah, é complicado – Me encolho na cadeira me sentindo mal. Eu sabia que ele estava triste, mas ouvir isso de outra pessoa significa que está se tornando algo verdadeiro.

- Você gosta dele, não é? – Ela pergunta carinhosa, antes de pegar um pedaço do bolo com o garfo e leva-lo até a boca.

- Bom, isso é obvio. Nós somos amigos! – Respondo, voltando a tomar meu chá.

- Você parece meu irmão. Acha que consegue carregar o mundo nas costas. – Comentou ela com um sorriso triste. – Sabe, minha mãe quem me ligou. Nosso pai descobriu que meu irmão gosta de homens. Ele praticamente surtou e está planejando um casamento arranjando para meu irmão. Minha mãe está desesperada sem saber o que fazer e me ligou. – Fico surpreso com seu desabafo. Seu olhar esta transbordado de preocupações. – Eu só quero que meu irmão seja feliz.

- Eu sinto muito...Imagino a angustia que deve sentir – Digo sincero, abaixando meu olhar.

- Sabe Tae, você é um rapaz de coração enorme.  Eu iria adorar ter você como genro – Ela brincou, dando uma risadinha. Ergo o olhar com um sorriso sincero.

- Quando eu conheci Matthew, ele era o estrangeiro hetero capa de revista. – Somin leva a mão na boca enquanto ria da minha comparação. – Mas ai ele chegou em mim depois de pagar um jantar caríssimos, se declarando. Dizendo que gosta de mim e que estava disposto a enfrentar qualquer coisa se fosse necessário.

- Nossa que romântico – Seu sorriso era sonhador. – Um gesto bonito. E o que você disse?

- Disse a verdade. Que eu queria que ele fosse com calma, porque eu estava com medo. Afinal de constas, você viu o que aconteceu com Dong-yul, se nos pegarem isso pode prejudicar a imagem de vocês duas. – Desabafo, sentindo um certo alivio ao perceber que podia ser sincero com ela. – Eu não quero isso.

- Tae...Eu vou te fazer uma pergunta e quero que seja sincero comigo. – Ela respira fundo, largando o garfo na mesa. Seu olhar em cima de mim era carinhoso, e até diria que um pouco materno. – Você gosta do Matthew?

- Eu gosto...Acho...Ele me deixa confuso. – Digo sentindo aquela batedeira no peito novamente. – Eu fico nervoso perto dele desde o beijo que ele me deu em Tokyo. – Somiu sorriu de maneira carinhosa.

- Eu não sabia desse beijo. Me conta, como foi? – Ela parecia uma criança, criando fantasias na cabeça.  Seu jeito me fez rir e balançar a cabeça em negação. – Ah, me conta vai. Aposto que ficou com as famosas ‘borboletas’ no estomago.

- Isso não é um dorama Somin – Rimos juntos.

- Se ele tomou a iniciativa assim, talvez algum sinal você tenha dado para ele. Se não ele não teria tanta segurança. - Comentou ela me olhando desconfiada. – O que você fez, hm?

- Ok... Se contar para alguém eu mato você – Me aproximo de seu ouvido e explicou sobre eu ter sido pego no flagra. Somin gargalhou e me deu vários tapas no ombro, e eu me afastei rindo de vergonha. – Shiiiiiiiiiiu, Somin!

- Meu deus Tae, que vergonha! Ai meu senhor, tenho um amigo tarado! – Ela ria quase que descontroladamente.

- Somin! – Chamo sua atenção quando vejo algumas pessoas ao longe nos encarando.

- Desculpa! Desculpa! –Ela se curva e tenta beber um gole do chá para se recompor. – Ó céus. – Ela limpa as lágrimas do rosto após respirar fundo algumas vezes. – Taehyung, eu te garanto que há um desejo reciproco nisso. Se não ele não teria vindo se declarar. – Ela bebe mais um gole do chá totalmente sorridente.

- Você acha mesmo? – Pergunto sem graça.

- Eu tenho certeza Tae. Pode acreditar em mim. – Ela então segura na minha mão com carinho. – Promete para mim que não vai cometer os mesmos erros do meu irmão. Pelo menos tente ser feliz! O que adianta ter tudo se você não é feliz? ...Vocês tem o meu apoio.

[ Kim Matthew ]

  Eu estava jogado no tapete do quarto enquanto via os meninos jogando baralho, em uma típica tarde de domingo. Eles estavam apostando brócolis e batatas doce do jantar, quando senti meu celular tremer no bolso. Ao abrir a tela, fiquei surpreso em ver que era Taehyung.

“Me encontra na cafeteria. Lembra onde é?”

Confirmei apenas me levantando e indo pegar um casaco. Se Taehyung estava me chamando para conversar, era porque ele já tinha uma resposta para me dar. Eu precisava saber.

- Aonde vai Matt? – Perguntou Bom, sem tirar os olhos do baralho com medo de ser roubado. – Vai perder a jogada de mestre que vou fazer.

- Tomar um ar. Acho que vou ligar para os meus pais mais tarde! – Dou uma desculpa qualquer.

- Está bem. Mas tome cuidado, ultimamente os paparazzi andam desesperados por notícias. -  Chung-hee me alerta cuidadoso, antes de sorrir e colocar uma fileira de A’s no centro da mesinha. – Perdeu!

- Impossível! – Gemeu Bom choroso. – Eu quero revanche. Por favor uma revanche!

 Sorri achando graça e saio do quarto, tomando cuidando ao sair da empresa e me encontrar com Taehyung. Quem me recebeu foi a senhorinha de antes, que ao me reconhecer me deu um grande sorriso gentil. Olho em volta perdido, pois o lugar estava vazio. E foi então que a senhora se aproximou e deu na minha mão um papel.

- Fica no andar de cima querido! – A senhora estrangeira pisca para mim, e eu me sinto confuso. Abro o papel que dizia “Quarto nº 12”.

Ainda sem entender direito, eu subo as escadarias do canto da loja e percebo que o local também servia para noitadas. Vou andando a passos largos olhando para as portas até finalmente encontrar o número correspondente.

Paro na frente da porta e bato na mesma antes de entrar. E fico surpreso em ver Taehyung sentado no pé da cama secando os cabelos com o secado, usando apenas um roupão.

- Pode trancar a porta. Por favor? – Pediu ele, sem parar o que estava fazendo.

- Achei que tivesse me chamado aqui para conversar – Falo meio confuso, trancando a porta. Ele desliga o aparelho e guarda o mesmo na penteadeira.

- Também...Mas eu te chamei aqui para que pudéssemos passar o resto do dia juntos. – Ele se aproxima de mim e se curva. – Desculpa se feri seus sentimentos. Mas eu já tenho a resposta para a sua proposta. – Ele ergue o rosto e encara meus olhos. – Se não for tarde demais, eu quero aceitar a sua proposta. – Arregalo os olhos surpreso quando ele me olhou sorrindo e totalmente seguro. Meu coração parecia que iria pular do peito. – Estou disposto a ter um relacionamento sério com você.

- Eu não sei o que te fez mudar de ideia. – Reprimo um sorriso e me aproximo dele, lhe roubando um beijo. – Mas nunca me senti tão feliz como nesse momento.