História Amor mutante - Adeus

Já haviam se passado quase duas semanas desde a decisão de Hopu.

Amanhã as meninas iriam embora, para o Japão, e ninguém estava realmente animado om isso. Nem mesmo a própria Hopu estava... Porém NY já não tinha mais espaço para elas.
Os jovens estavam todos no esconderijo das meninas as ajudando a arrumar tudo. Amoly ficou encarregada de retirar os bonecos de treino que ela fizera ali perto, nos trilhos abandonados, a muito tempo. As outras meninas arrumavam o vagão de trem com um certo desanimo, colocando o que dava em caixas, tendo que deixar algumas coisas lá já que ão daria para levar tudo.

- Amada, não tá vendo que NÃO CABE?! - Dizia Rafa ao ver a irmã púrpura tentando colocar o Cabeça Metálica numa caixa porém falhando já que toda vez que levantava a caixa a mesma rasgava. - Não vai dar pra levar o R2-D2, não.

- Mas é o meu bebê! Me recuso a deixá-lo aqui!! - Respondeu em um tom choroso, tinha um apego emocional com aquele robozinho. 

- Ela tem razão, Taly. Não tem como levá-lo... além de não caber, eu duvido que vão deixar você levar um robô no avião. - Disse Donnie colocando a mão no ombro da garota, que o olhava de um jeito triste, a abraçando na tentativa de confortá-la. - Eu vou tomar conta dele... O Cabeça de Metal vai ficar animado de ter uma companhia.

- Robôs não tem sentimentos... - Talena estava com a voz fanha por conta do choro que tinha iniciado assim que recebeu o abraço. Se afastou um pouco para limpar o nariz, mas logo voltou a enfiar a cara no plastrão do namorado.

- Ficaria surpresa com o meu. - Donni se lembrara de eventos passados com o Cabeça de Metal, cujo realmente parecia ter sentimentos. - O Metálica vai ficar bem. Tá comigo tá com Deus.

Nessa hora a garota não conseguiu segurar uma risada repentina. Ambos não acreditavam muito em Deus, pois sua fé era totalmente centrada na ciência, porém por conta de todas as lendas que seus mestres lhe contavam sobre " situações espirituais" eles começaram a dar o benefício da dúvida para o Todo-Poderoso.

- AH, me sinto bem melhor- ela brincou ainda dando leves risadas e se afastando novamente dele. - Obrigada.... - Saiu do abraço indo até o robô que se encontrava em pé, dentro de uma caixa rasgada, olhando fixamente para a parede.- Me desculpa Metálica.... Você não vai comigo... - E ali ficou, abraçada com o amiguinho, não tendo seu momento interrompido por ninguém.

- Certo... Já limpei tudo. - Avisou Vênus se aproximando de Rafaela, que estava retirando seus equipamentos de treino do  chão e colocando em uma caixa, colocando as mãos na cintura por um momento. - Não acredito que vamos voltar ao Japão...

 - Hmpf, pois é. - Resmungou a escarlate colocando o ultimo peso na caixa. - Só é uma droga mesmo a gente não poder levar tudo....

- E todos. - Completou a azulada, encarando os rapazes ajudando a levar as caixas para fora, com um olhar distante. 

- E todos...

Logo tudo já estava arrumado, limpo e sem vestígios de que alguma coisa habitava aquele lugar. Foi decepcionante de se ver... Afial, era a história das meninas que estava entre aquelas paredes do vagão.

____*____

No esconderijo dos rapazes, todos eles receberam instruções específicas sobre os objetos que ficariam na supervisão deles, as garotas tinham deixado só o que realmente não dava pra levar, e olha que elas insistiram muito para sua sensei abrir algumas exceções.

- Tá bom, ok! Já entendi!- Disse Raph de saco cheio ao ouvir a vermelha repetindo mais uma vez que seu saco de pancadas precisava ficar longe da umidade. - Eu sei cuidar de coisas de treino.

- não são só coisas de treino! Eu tive muita sorte de ter achado pesos de academia jogados pelo esgoto.... sem contar que o meu saco é velho e judiado... se tu não cuidar dele, ele vai acabar rasgando ou mofando e eu vou ficar furiosa com você!

- Ok, ok. - Ele colocou as mão na frente de seu tórax, com as palmas viradas para Rafa, as movimentando para frente e para trás em movimentos curtos em sinal de " já chega, mulher!" 

Enquanto isso, Vênus dava apenas poucas informações sobre seus livros. Nada tão rigoroso quanto suas irmãs, claro que amava seus livros, mas não iria morrer se algo acontecesse com eles, apenas ficaria bem chateada.

- Pode deixá-los em cima de seu guarda-roupas se assim desejar.... E se quiser ler não tem problema.

- Eu não acho que irei entender muito a língua. - Os dois deram uma risada. De fato, alguns livros, a maioria pelo menos, estava em japonês e, por mais que a azulada tivesse ensinado um pouco para ele, Leo não entendia quase nada.- Mas obrigada mesmo assim.
Os dois trocaram olhares de carinho, sorrindo um para o outro, se abraçando por um longo tempo, apenas sendo interrompidos por Amoly

- Vê... Eu posso levar? - Ela estendeu uma caixa cheia de bonequinhos de ação que ganhara do Mickey. - Eles não ocupam espaço....

- Mas Moly.... Tem uns quinhentos bonecos aí... - A mais velha encarou a caixa cheia, negando levemente com a cabeça, olhando para a sua irmã em seguida que a encarava com os olhinhos tristes, fazendo Vênus suspirar. - Certo, leve no máximo cinco. - Amoly arregalou os olhos. " só cinco?" pensou a rosada, mas era justo, afinal não teria muito tempo para brincar com eles...

- Certo.. - Disse por fim, se retirando de perto dos líderes e indo para o quarto do Mickey.

Os roxos, enquanto isso, estavam no laboratório concluindo alguns experimentos pendentes, na tentativa de realizar todos, porém eram muitos e não conseguiriam terminar tudo num só dia. Mas estavam dando o seu melhor, deixando varias pecinhas espalhadas pelo chão e anotando diversas coisas nos montes de papéis que eles iam colocando em pastas e guardavam nas gavetas.

- Deu certo! - Donnie comemorou. Estavam fazendo um upgrade nos robôs, que esperavam por isso a meses, deixando-os mais resistentes e com uma bateria mais duradoura. Também adicionaram novas armas para eles. - Projeto " Metal ao quadrado " feito.

- E agora só fica faltando terminar os seus dispositivos de mudança de aparência. - Talena tinha um óculos de proteção em seu rosto, tendo em mãos vários frasquinhos vazios e os colocando em outra mesa, assoprando um liquido amarelo que tinha em um cilindro grande. - Claro, também falta os ajustes nas armas espaciais, mas isso você consegue resolver sozinho..... Isso também. - concluiu apontando para o líquido amarelo.

- Você não vai me ajudar a terminar os dispositivos?? - Donnie a olhou  meio decepcionado.

- Eu já preparei a fórmula.. Inclusive te escrevi a receita toda... Só fica faltando realizar os passos que eu escrevi, oras. 

Don nada disse. De certa forma, só tinha sugerido completar a maior quantidade de experimentos para ficar mais tempo com a garota, como se, de alguma forma, isso a fizesse ficar e não ir para o Japão. 

Percebendo o silêncio repentino de seu companheiro, ela virou-se pra o rapaz e se aproximou dele. Pôs ambas as mãos em seu rosto depositando um leve selinho nos lábios dele, que retribuiu segurando nos pulsos dela, a olhando com tristeza depois.

Esse lado sentimental de Donatello não era muita surpresa para a garota; Já o havia visto várias vezes enquanto estavam a sós.  Porém isso não diminuía o aperto em seu peito... Don deveria sentir a mesma coisa quando ela tinha seus momentos sensíveis.

- Escute.... Não vamos encarar isso como o fim, até porquê não é, mas como uma.... hm...pausa necessária, sim? - Ela sugeriu com um pequeno sorriso.

- Deixaremos tudo nas mãos do destino? - brincou ele, arrancando uma risada da jovem, consequentemente começando a rir também. Essa era mais uma das coisas em que eles não acreditavam muito. Destino.

- É... dessa vez vamos deixar.

Foram parando de rir aos poucos, dando mais alguns selinhos durante o tempo que ficaram ali, saindo apenas quando foram chamados para o jantar.

Na mesa, todos estavam conversando, comendo uma deliciosa pizza de quatro queijos, acompanhados de seus amigos humanos. As risadas eram frequentes graças aos caçulas da família, Rafa inclusive espirrou refrigerante pelo nariz com um comentário da rosa.

- Misericórdia, que nojo. - Raph começou a rir, passando um pano para a vermelha que imediatamente começou a se limpar.

- Aaah tá ardendo - Reclamou com a voz anasalada, mantendo o pano no nariz e respirando pela boca, mas ainda assim deu umas risadas curtas pela situação.

- Toma, beba água- Ofereceu Hopu entregando o copo à sua filha tentando não dar risada, repetindo mentalmente " não ria da sua filha"

_____*_____

Já havia amanhecido, eram mais ou menos 6h da manhã, todos estavam de pé e as malas já estavam prontas e juntas num canto da sala.
As meninas haviam dormido no esconderijo dos rapazes, todas na sala, já que, pelos esgotos, elas chegariam ao aeroporto mais rápido.

- Nós podemos acompanhar vocês pelo menos durante a caminhada nos esgotos? - Insistiu Michelangelo, recebendo apoio de seus irmãos e seu mestre. - Por favorziiiiiiiinho.

A ratazana albina suspirou, mas concordou, já que nos esgotos não haveria perigo de nenhum deles serem vistos.

- Bom, temos que chegar logo, então vamos correr. - disse a matriarca. - Vênus, você se encarrega das malas não sujarem, ok? - a azul concordou e logo todos começaram a correr pelos túneis.

Vez ou outra eles conversavam algo rápido sobre alguma coisa que viram pelo caminho. a maioria das vezes eram a rosa e o laranja que falavam, mas até Hopu soltava alguns comentários também.

Após correrem bastante, com poucas pausas, finalmente chegaram. Estavam bem próximos do aeroporto, no esgoto, exatamente a uma esquina de distância.

- Certo, não tem ninguém por perto. - Talena dizia olhando para cima com seus óculos de visão de calor, os botando em cima da sua cabeça, olhando para sua sensei.

silêncio.

era aquele o momento pelo qual todos desejavam adiar até o último. os casais se aproximaram em um abraço, menos os vermelhos  eles só deram um longo selinho, logo trocando os " parceiros" todos se deram um abraço. Hopu e Splinter foram os últimos a se soltar.

- Isso é um adeus, então? - Mickey perguntou cabisbaixo. 

- Não, criança. - Hopu se aproximou colocando a mão em seu ombro com um sorriso reconfortante. - É somente um " até logo".

As meninas já haviam colocado seus disfarces, estando com uma aparência humana, esperando a rata usar ativar o dispositivo para elas poderem ir. Assim, depois de mais uma troca de " tchau, amo você, atenda ao skype" elas subiram as escadas e passaram um perfume para não ficarem com cheiro de esgoto.

- Vamos. - a mestra começou a caminhar até a saída do beco, indo para o aeroporto tranquilamente. As meninas estavam tristes, por motivos óbvios, mas não dava para negar a ansiedade e animação de estarem no meio de tantos humanos e simplesmente serem ignoradas. a sensação de ser " comum " era agradável, por mais que Rafaela pensasse que ser comum era um saco, era difícil não se sentir bem com tudo aquilo.

ao chegarem no aeroporto, Hopu deu um grande sorriso acenando para alguém, logo encontrando uma moça alta, de cabelos longos e negros amarrados em um belo e perfeito rabo de cavalo, usando um vestido azul claro  simples, dirigindo um sorriso para as cinco garotas que se aproximavam dela.

- Hopu. - disse ela com carinho abraçando a velha amiga. - Está linda.... mas devo admitir, esperava te ver com mais pelos. - ambas deram uma risada, começando a caminhar após a moça cumprimentar as meninas, iniciando uma conversa rápida para colocar o papo em dia.

Estavam sentadas nas cadeiras, esperando a chamada para entrar no avião. Enquanto isso, Hopu apresentou melhor a amiga, que se chamava Matsori, explicando que quando ela, Hopu, ainda era pequena, conheceu Matsori em um evento festivo no Japão. Desde então são amigas inseparáveis. Mesmo quando Hopu sofreu a mutação, Matsori não cortou os laços da amizade e a ajudou a se adaptar a nova vida; Inclusive foi ela que ajudou a ratazana a se mudar para NY.

Finalmente foram chamadas para embarcar, sendo acompanhadas a todo momento por Matsori, que comprou as passagens de bom grado e aproveitou para ir junto ao Japão, alegando estar sentindo falta de seu lar,

Enquanto as meninas se arrumavam em seus assentos, esperando o avião decolar, os rapazes chegavam em seu esconderijo após uma longa caminhada.

Todos eles estavam em silêncio, se sentando no sofá, exceto por Splinter que foi meditar, olhando para o nada pensativo.

Era estranho não ter mais as garotas por ali. Elas já haviam se tornado parte do esconderijo, parte da rotina.

- Será que elas voltam mesmo? - Perguntou Raph tendo a atenção de todos voltada para si.

- Eu espero que sim....- Respondeu Leonardo após um tempo.

- Pois eu tenho certeza que sim, caras. É como a Hopu disse: Não é um " Adeus", mas sim um " Até logo" - Mickey disse se levantando, balançando os braços enquanto falava de uma forma engraçada, imitando aqueles " gurus " quando davam um conselho importante que o universo lhes dera.

- O Mickey tem razão. - Concluiu Don também se levantando. - Não vamos ficar pra baixo... Um dia elas vão voltar.

Os irmãos logo se animaram. Ainda manteriam contato, moly tinha inclusive mandado o horário para as hamadas via Skype. 

Decidiram fazer alguma coisa para se distraírem, mais especificamente, Donatello os chamou para serem suas cobaias com os dispositivos de mudança de aparência que estava montando.

O avião já estava decolando, tirando suas rodas do chão naquele exato momento. Isso fez com que Rafa descobrisse que ela tem muito medo de voar, e também que Talena passa mal.

A vida de todas haviam mudado drasticamente em menos de um ano. Claro que agora ela estava mudando novamente, mas os acontecimentos que ocorreram nesse ultimo ano ainda estão bem presentes nelas.

Tanto as meninas quanto os meninos cresceram muito.... E ainda vão crescer mais no decorrer do tempo.

Se eles vão realmente se ver, pessoalmente, de novo só Deus sabe... Mas a esperança se recusava a deixá-los, fazendo que todos sonhassem com o reencontro.

Porém agora eles terias que se concentrar em coisas distintas. Os rapazes ainda precisavam achar Karai, mestre Splinter e Hopu tinham que concluir o treinamento de seus filhos e as garotas precisavam saber ter total controle sobre seus poderes.

Mas aconteça o que acontecer, eles estarão prontos e unidos para o que der e vier. Afinal, eles são família.

A família não é só a de sangue.

É muito mais do que isso.

Família quer dizer nunca abandonar ou esquecer

É mais do que simples laços sanguíneos

são laços da alma.

~~FIM~~