6 ano atrás.
Sexta-feira, 06 de Julho.
02:00PM
Hatsune Mikuo
Era finalmente férias de Verão. Nada de escola e nem tarefas de casa, apenas brincadeiras e comidas geladas para se refrescar do calor.
Ah sim, aquele maldito calor.
Sentia minha camisa pregar em meu corpo e suor escorrer de minha testa. Nem mesmo a janela aberta conseguia melhorar minha situação, aquilo apenas fazia o som irritante das cigarras ficarem mais e mais alto. Tirando as férias eu posso dizer que odeio o verão, porém, apenas uma coisa me fazia esquecer das partes ruins dele.
Escondido em baixo da cama tentava me concentrar nos passos pesados que percorriam pela casa.
— Mikuo!
Tive um pequeno sobre-salto ao perceber que a garotinha já estava no mesmo quarto em que eu me escondia.
Aquelas malditas cigarras apenas me impediam de ouvir melhor os pequenos passos da menina.
— Pare de brincadeiras, você sabe que não gosto disso!
Observei atentamente a pequena de longos cabelos verdes que passeava pelo quarto à minha procura.
Minha adorável irmã gêmea sempre fala isso mas nunca aprende a sua lição. Todas as vezes cometendo o mesmo erro e se assustando com as mesmas coisas. Era tão fácil assusta-lá que acabou virando um Hobby meu. Ver seu rosto sendo tomado por espanto enquanto o seu adorável grito satisfazia meus ouvidos. Eu realmente amava aquilo, mas o que eu realmente amava não era assusta-lá ou se divertir enquanto a via irritada me repreendendo por cada brincadeira que fiz com ela, o que eu realmente amava era ela. Não um amor de irmão, mas o mesmo amor que o papai tem pela mamãe.
Coloquei minha mão em minha boca em uma tentativa de abafar minhas risadinhas diabólicas enquanto via minha vítima ficar de costas para mim.
Aproveitando a sua distração, eu imediatamente sai de meu esconderijo atacando a pequena ovelha em minha frente.
Dei um pulo em sua frente dando um grande susto na pequena que soltou um grito de espanto enquanto dava passos atrapalhados para trás, afastando-se de mim.
Sem olhar por onde ia, a mesma se esbarrou no armário que estava logo atrás dela. O mesmo balançou um pouco fazendo as coisas em cima dele balançarem.
Entrei em desespero ao ver o cofrinho em formato de porco cair da beirada do armário e ir em direção a cabeça da minha irmã, que estava sentada logo em baixo dele.
— Miku!
Gritei seu nome enquanto corria em sua direção. A garotinha me olhou com espanto e confusão em seu rosto, sem entender o meu desespero.
Por sorte consegui chegar a tempo, pegando o porquinho a alguns centímetros acima da cabeça da garotinha que encolhida, cobria sua cabeça com as mãos em uma tentativa de se proteger.
Soltei um suspiro de alivio ao ver que ela estava bem.
A vi levantar a cabeça direcionando seus olhos chorosos aos meus.
Imediatamente fiquei vermelho ao perceber a proximidade em que estávamos, senti meu coração bater acelerado ao ver os olhos banhados em lagrimas tão próximos dos meus.
Suas bochechas também estavam vermelhas, porém não sei se era do choro ou eram os mesmo sentimentos que os meus.
Minha atenção lentamente saiu dos olhos chorosos para os pequenos lábios rosados que eu observava todas as noites em que dormia com ela.
Tive uma enorme vontade de beija-la.
As vezes eu via nossos pais fazendo isso, sempre achei meio nojento, mas sempre tive curiosidade em saber como era. Em especial, eu sempre quis fazer isso com ela, afinal, são coisas que se faz com a pessoa que ama, certo?
Ainda com o porquinho em mãos eu me aproximei lentamente do rosto choroso em minha frente, a mesma se afastou confusa com minha aproximação, porém ficou sem escapatória assim que sua cabeça encostou no armário atrás de si.
Como todas as vezes eu não perdi tempo e a ataquei na primeira oportunidade.
De olhos fechados eu pressionei meus lábios nos dela a ouvindo soltar um baixo gemido de surpresa.
E para a minha surpresa ela não resistiu, pelo contrario, ela retribuiu o beijo. Ficamos assim por um tempo até perdemos o folego.
Ofegante eu me separei de seus lábios por alguns segundos, nos encaramos mais uma vez antes de eu voltar a beija-la.
Pela primeira vez não me incomodava com o calor que apenas havia aumentado depois de tudo. Apenas me concentrava no toque dos lábios macios nos meus, finalmente entedia porque nossos pais gostavam tanto daquilo, era tão bom e viciante que simplesmente não conseguia pensar em mais nada além daquilo.
No silêncio de toda casa conseguia ouvir o coração da pequena que batia assim como o meu. Não apenas nossas respirações ofegantes, como também o som de nossos corações se misturavam.
A partir daquele dia comecei a ter desejos estranhos por minha irmã gêmea...
Agora.
Terça-feira, 4 de Setembro.
06:00AM
Claro, somos irmãos no fim de tudo.
Depois do beijo nos continuamos agindo normalmente como irmãos, claro, o beijo apenas aconteceu uma vez entre nós. Mas também não signifique que meus sentimentos tenham diminuído por ela, pelo contrario, apenas foram ficando cada vez mais fortes.
Conforme nos dois fomos crescendo, tomamos consciência do quanto aquele beijo foi errado.
Mas quem disse que me importo?
Eu simplesmente a amo e nada mudará isso, nem mesmo uma simples relação de sangue.
Hatsune Miku é apenas minha, e não vou entrega-la a ninguém.
— Miku! O café já está na mesa!
Chegando em frente à porta de seu quarto eu bati algumas vezes chamando por seu nome.
Já se faziam 2 anos que nossos pais faleceram em um acidente de carro, desde então eu me tornei a "mãe" da casa.
Preparando a comida, arrumando a casa, e cuidando de minha irmãzinha.
Depois da tragédia Miku ficou muito abalada, ate mesmo havia começado a perder peso, todos os dias a mesma chorava e não conseguia dormir a noite, além das orelhas seus olhos começaram a ficar fundos. Teve a época em que não a via mais pela casa, a mesma apenas permanecia trancada em seu quarto. Sentia que nos afastávamos cada vez mais.
Com o tempo ela acabou superando, e agora nós continuamos como sempre fomos, um unido casal de gêmeos.
Sinceramente na época eu fiquei desesperado, não sabia o que fazer, apenas via minha amada se afastar cada vez mais de mim, e não conseguia fazer nada mesmo morando em baixo do mesmo teto.
Por isso que daquele dia em diante decidi protege-la de tudo que pudesse machucá-la novamente.
Bom, depois de tudo nós dois começamos a morar sozinhos. Seria uma grande oportunidade para conquistá-la e levá-la comigo para esse abismo sujo de pecados.
Mas depois de ganhar esse lado super protetor, acho que agora ela me vê mais como uma "mãe". Não diria que estou satisfeito, mas já é o suficiente dês que ela esteja ao meu lado, e com mais ninguém.
— Miku! Se não se levantar iremos chegar atrasados de novo!
Bati mais algumas vezes na porta, esperando alguma resposta.
— Hmmmm, eu já entendi, estou me levantando.
Desta vez ouvi a voz sonolenta dela do outro lado da porta.
Fiquei ali algum tempo, apenas para ter certeza se ela realmente se levantaria, assim que ouvi seus passos lentos vagando pelo quarto, eu fui em direção a cozinha, espera-la na mesa.
— O que é isso? Ainda está com uma cara péssima de sono.
Após algum tempo a esverdeada apareceu na cozinha, com o uniforme amassado, e a gravata simplesmente jogada em volta de seu pescoço, sua camisa social estava toda para fora da saia enquanto seu blazer nem mesmo estava abotoado, e para completar seu típico penteado estava totalmente uma bagunça.
— Bom dia.
Sem se importar com o meu comentário a mesma ia se sentar a mesa para comer.
— Ei, não me venha com "bom dia", pelo menos se vista apropriadamente. - A impedi de sentar indo em sua direção. - Você nem mesmo penteou seus cabelos.
Falei mexendo nos fios bagunçados que estavam amarrados inapropriadamente.
— Eles são muito grandes, é um saco ter que penteá-los todos os dias.
A mesma abriu um bico que simplesmente tive vontade de morder ao ver.
— Venha, eu vou te ajudar.
Tentando evitar meus pensamentos sujos eu a arrastei até seu quarto novamente.
Não me lembro quando minha pequena irmãzinha mandona havia se tornado em uma garota desajeitada que sempre está precisando da ajuda de seu irmão mais velho. Não que eu não goste disto, na verdade amo saber que ela sempre está precisando de mim para algo, me faz sentir cada vez mais próximo dela.
— Ah, estou tão cheia!
Enquanto eu trancava a porta da frente, ouvia Miku bocejar enquanto se espreguiçava perto ao portão, onde me esperava para irmos juntos.
— Tão gulosa.
Soltei com um sorriso enquanto me aproximava da garota que me olhou emburrada.
— Do que me chamou?
Me olhou de nariz empinado, como se tentasse me intimidar, porém aquilo apenas tirou uma risada minha. Ela com certeza era fofa em todos os aspectos.
— Te chamei de gulosa.
Repeti dando um leve puxão em seu nariz. A ouvi reclamar atrás de mim, ignorando aquilo eu dei um leve empurrão no pequeno portão que nos separava da rua.
Assim que a esverdeada passou, eu o fechei, logo dando inicio a nossa caminhada até a escola.
— Ei, hoje vamos no supermercado comprar Pudim, né?
— Claro, depois da escola nós podemos ir juntos.
Vi a mesma dar um leve aceno esboçando um largo sorriso.
Com certeza sua sobremesa favorita era Pudim, desde pequenos ela sempre está comendo este doce. Lembro-me perfeitamente do dia que comi o último pote de Pudim da geladeira e a mesma deu um chilique, ficando sem falar comigo por semanas. Com certeza as piores semanas da minha vida, todos os dias lhe pedia desculpa e até mesmo dei minha parte dos Pudins, até que depois de um tempo ela finalmente me perdoou.
As vezes acho que a mimo mais do que deveria. Mas no fim não consigo resistir a esse rosto fofinho dela.
— Miku-senpai!
Nós dois nos surpreendemos com a voz repentina que surgiu atrás de nós. Antes mesmo que eu, ou Miku, conseguisse raciocinar, apenas vimos algo pequeno e amarelo se jogar na cintura da minha irmã.
— Len-kun!
Ela exclamou surpresa o nome do garoto que a abraçava por trás.
— Bom dia!
Este a cumprimentou com um grande sorriso, sem se importar com minha presença. Olhei com ódio o garoto baixinho que estava grudado ao corpo da minha irmã.
— Bo-Bom dia!
A vi gaguejar enquanto corava levemente com a aproximação do mais novo.
Este pequeno ser loiro é um conhecido de infância, chamado "Kagamine Len". Dês do momento em que o vi eu simplesmente desejei que sua existência desaparecesse. Sempre agarrado a minha irmã, agindo como um cachorrinho inocente, mas eu sabia exatamente o que se escondia por trás daquele sorriso meigo.
— Bom dia, Len-kun.
Me meti entre os dois, tirando aquele chiclete mastigado do belo corpo da minha Miku.
Pronunciei seu nome com nojo enquanto lhe mandava um olhar de ódio que foi igualmente retribuído.
— Bom dia, Mikuo-senpai.
Ele simplesmente cuspiu as palavras com raiva aparente em seu tom.
Repentinamente uma auria pesada caiu entre nós três, eu e ele continuávamos nos matando com o olhar até que a voz de Miku nos chamou atenção.
— Kaito-sensei!
Nos viramos surpresos para a esverdeada que corria em direção ao mais velho de cabelos azul, que a retribuiu com um belo sorriso.
Agora a vítima de nosso ódio caiu sobe o nosso jovem professor de história, que conversava amigavelmente com minha querida irmã.
Não deixando barato fui em direção dos dois, rodeando meu braço nos ombros de Miku, a puxando para mais perto de mim.
— Bom dia, sensei.
O cumprimentei com um belo sorriso falso, um que transmitia minha vontade de mata-lo.
— Bom dia, Hatsune-San.
Este retribuiu com o típico sorriso que usava com todos os alunos, apenas uma máscara de "bom homem" para camuflar o homem sádico que na verdade era.
— Bom dia, Kaito-sensei!
A vez foi da coisa amarela que se grudou na minha irmã novamente, recebendo um olhar irritado meu.
— Bom dia, Kagamine-kun.— Respondeu da mesma forma para a coisa que transmitia um sorriso falso no rosto, obviamente escondendo o ódio e loucura que sentia não apenas pelo Kaito, mas também por mim que estava agarrado a ela.
Não sei como o Sensei conseguia, mas ele era muito bom em esconder sentimentos. A muito tempo ele demonstra que eu e a coisa loira somos uma ameaça à ele, mas aquele sorriso amigável enganava qual quer um.
— Sinto muito, mas tenho que ir. Nos vemos na sala de aula.
Percebi o mesmo mandar um olhar para Miku, deixando claro que o ultimo recado havia sido para ela.
O mesmo se retirou dando um leve aceno, qual a Miku retribuiu com um sorriso.
"Nós vemos na sala de aula", nem mesmo para disfarçar que o recado foi para minha irmã.
— Tsc...
— Ai, Mikuo, está machucando.
Apenas percebi que apertava fortemente o ombro da esverdeada quando a mesma reclamou.
— Sinto muito. Acho melhor irmos logo para a sala.— Falei a pegando pela mão e a puxando para dentro da escola. - E você, coisa amarela, deslargar dela!
Me virei para o baixinho que ainda se agarrava ao corpo da minha irmã.
— A Miku-senpai não está reclamando, então porque eu deveria larga-lá?
"Pirralho atrevido!"
— Aprenda a respeitar o seu Senpai, e principalmente a irmã dele.
— Ei, vamos, parem de brigar.— Miku entrou mais uma vez entre nós dois, impedindo que nos matássemos ali mesmo. - Se continuarmos aqui vamos perder a primeira aula.
Falou se afastando de nós dois, nos chamando para ir logo. Eu e o Kagamine continuamos nos encarando mortalmente por mais alguns segundos até ouvir Miku nos chamar novamente, um pouco mais longe.
— Tsc!
Viramos a cara para o outro lado, apenas ignorando um ao outro enquanto íamos em direção a unica pessoa que demonstrava esta feliz naquela manhã de Terça-feira.
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