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História Amortentia - Noite de diversão bem comportada


Escrita por: MxrningStar

Notas do Autor


Olá, gente. Tudo certo com vocês?
Pois bem, falaram tanto no Baile de Inverno, que ele chegou rsrs.
Sem esclarecimentos sobre o capítulo de hoje rs.
E sobre ele: serpentes e leões.

Boa leitura!

Capítulo 5 - Noite de diversão bem comportada


Parecidas em muita coisa, mais do que ela imaginara de início... quais as chances de acabarem descobrindo outro aspecto em comum como... terem os mesmos sentimentos uma pela outra?

 

Dizer que Samantha dormiu naquela noite foi piada. Não pregou o olho direito. O resultado foi que amanheceu exausta e com o mal humor no talo. Quase estuporou um aluno do quarto ano que lhe olhou atravessado porque ela reclamou da sujeira que ele fazia para comer um salgadinho.

- O lixo é mais na frente, não no chão! – Samantha alteou a voz.

- Então pega e leva pra lá.

Ela chegou a sacar a varinha, sacudiu-a, mas Gabriel, seu fiel escudeiro, brotou na sua frente e a impediu de fazer uma loucura. Mas claro que ela tirou trinta pontos da casa do indivíduo por causa do lixo no chão. E mais trinta pela insolência. Se irritou de novo quando Clara apareceu querendo discutir o modelo do vestido que usaria no baile. Não estava com cabeça para aquilo e por mais que dissesse não ser uma boa companhia naquele dia, a amiga insistia em discutir babados e rendas.

- O Felipe vai estar perfeito e eu tenho que estar à altura.

Aí foi a gota d’água.

- Sério que você vai se vestir por causa daquele cara? – Clara relaxou no sorriso – Amiga, sério... para de se rebaixar por causa daquele menino... o cara te traiu com a sua irmã, fez o diabo, e você está escolhendo vestido pra estar à altura dele? Foda-se o Felipe, Clara! Você tem que se vestir pra você, amiga! Esquece aquele filhote de centauro e foca em você! Se valoriza.

E o que era uma consultoria de moda virou quase um divã. Piorou quando Lica apareceu toda sorridente depois do almoço. Samantha não estava para sorrisos: estava para feitiços incapacitantes.

- Oi, Sammy – a Gutierrez tomou o lugar ao seu lado na mesa da Sonserina. Lica. Muito bem acomodada na mesa da sua casa – Eu trouxe uns bolinhos de chuva pra gente, aqueles que você gosta. Estão quentinhos, peguei agora com o Tato.

Lica colocou uma travessa lotada de bolinhos na sua frente. E ela adorava aquilo de verdade. Só que o fato de Heloísa saber da informação a assustou.

- Eu tenho aula agora, não posso ficar – sem falar muito, ela já foi se levantando.

- Aula? É nosso intervalo – Lica estranhou e a seguiu com o olhar.

- Tenho trabalho acumulado pra dar conta, Lica – perdendo a paciência e com medo daquilo, começou a guardar os livros na mochila.

- Eu posso te ajudar se você quiser. É o mínimo pra eu retribuir o que ‘cê fez por mim com o lance do dragão – a Gutierrez já foi se levantando e pegando a travessa de bolinho – A gente pode ir pra biblioteca. Lá é mais silencioso.

- O seu amor... – Tina, que estava ali perto observando a cena, cantarolou serrando as unhas despretensiosamente. E aquilo fez o que já estava fervendo dentro de Samantha explodir.

- Lica, eu não quero companhia, eu não quero bolo de chuva, eu só quero ficar sozinha! Custa entender o quer que eu desenhe? – Samantha soltou uma oitava acima de seu tom habitual, o que atraiu olhares e fez um silêncio cortante de instalar sobre o a mesa. Todo mundo encarando as duas: ela com a expressão dura e Lica de cara sem saber nem onde pôr as mãos.

- Claro – foi tudo que ela disse antes de pegar a travessa de bolinhos e sair a passos silenciosos e ombros arriados. Sentiu os olhares queimando sobre si, mas manteve o ritmo Agora quem precisava ficar sozinha era ela e para processar o que acabara de acontecer.

Nem percebeu para onde estava indo. Seus pés lhe guiaram até a pedra na margem do Lago Negro, onde se acomodou, comendo os bolinhos de chuva. Tato havia se superado naqueles. Involuntariamente, começou um retrospecto em sua mente tentando lembrar onde cometera alguma gafe que pudesse justificar a resposta intempestiva de Samantha à sua aproximação. Não encontrou nada, o que só tornou a coisa pior.

Será que ela não gostava de bolinhos de chuva e ela se enganara? Talvez se tentasse cupcakes da próxima vez pudesse funcionar.

Foi o restante do dia com um absoluto silêncio reinando entre as duas. Lica se limitou a ficar na sua com as amigas e até Tina evitou falar no nome de Samantha durante as conversas. No final da tarde, quadribol. Depois de um treino exaustivo de onde saíra desistindo de tentar capturar o pomo de ouro, Lica foi tentar se recuperar com um bom banho no vestiário. Já ia saindo com sua vassoura sobre o ombro quando viu um pequeno pergaminho enfiado na fresta de seu armário. Franziu o cenho, olhou ao redor, mas se viu sozinha. Pegou o papelzinho e leu.

“Me encontra às 20h na Torre de Astronomia. Leva a capa. – S.

PS.: Se não quiser ir, eu vou entender”.

Lica dobrou o papelzinho com cuidado e o enfiou no bolso da calça. Pôs a vassoura sobre o ombro e se retirou. Naquela noite, por volta das vinte horas, avisou às meninas que ficaria um tempinho a mais na biblioteca pesquisando algo sobre quadribol e quando deu o horário, jogou a capa de invisibilidade sobre o corpo. Deu sua checada no Mapa do Maroto e lá estava Samantha paradinha na Torre de Astronomia. Lica apressou o passo.

Chegou silenciosamente para encontrar a menina apoiada no parapeito contemplando a imensidão da área externa do castelo. Estavam no ponto mais alto do Grupo. O vento que soprava ali em cima chegava a arrepiar e fazer os cabelos de Samantha ondularem. Ela poderia facilmente ser emoldurada em um quadro. Lica se aproximou alguns passos e chamou por ela, tirando a capa. Se não se anunciasse, ela nunca saberia que estava ali.

- Foi mal a demora, eu tive de enrolar as meninas.

- Tudo bem, eu não estava fazendo nada mesmo – Samantha riu fraquinho e esquadrinhou sua expressão – Como você está?

Teve medo da resposta.

- Tranquila – foi o que Lica respondeu – E você?

- Péssima – claro que ela estava. Samantha soltou aquilo como se se livrasse de cem toneladas nas costas – Na verdade meu dia hoje foi uma merda.

Lica se limitou a assentir deixando um silêncio pesado se instalar entre elas.

- Me desculpa pelo jeito que eu falei com você hoje – Samantha pediu indo direto ao ponto – Eu sei que foi bem desnecessário, mas juro que em condições normais de temperatura e pressão, eu não faria aquilo.

- Não... tudo certo. Sem problema – Lica entoou como quem desconversava e dizia que ok quando tudo que não está, é ok – Você tem o direito de querer ficar sozinha, Samantha. De boa.

- Eu sei que tenho, mas a forma como falei, Lica, eu... – ela engoliu em seco – Eu praticamente te enxotei de perto de mim. Foi ridículo e desnecessário. E se ajuda, não era que eu não quisesse sua companhia. Eu só me assustei com ela.

Lica franziu o cenho sem dizer nada, mas deixou claro que não havia entendido. Foi a deixa de Samantha.

- Eu não sei se consigo lidar com o que estou começando a sentir – admitir foi tão, mas tão fácil... – Eu sinto sua falta quando você não está perto e aí você chega e eu não sei como agir: eu quero te beijar, te abraçar, dizer que eu gosto de você, mas fico com medo de avançar um sinal vermelho, de ir com sede demais ao pote e acabar me afogando. Você, Lica, me faz parecer uma principiante nesse jogo. Logo eu, que sempre tive o controle de todos os meus relacionamentos. Eu... – Samantha suspirou e lançou em abandono – Eu estou nas suas mãos e nem sei como me coloquei nessa situação, mas parece que qualquer coisa relacionada a você vem sendo demais pra mim. Eu sinto demais, eu quero demais, eu tenho medo demais e quando eu reajo, também é demais. Você me faz perder o controle de mim – ela abriu os braços em desalento – Eu não me reconheço quando ‘cê está por perto e isso é preocupante.

Ok, Lica esperava por tudo. Que Samantha lhe xingasse, reclamasse de algo que ela tivesse feito, lhe acusasse de falhas que ela por ventura tivesse cometido... estava preparada para isso: rebater argumentos e se defender. Não para ouvir que ela estava em suas mãos e com medo do que vinha sentindo. Samantha se mostrara vulnerável aos seus olhos, se despira de toda e qualquer resistência para dizer que... gostava dela? Poderia sair gritando de felicidade naquele momento, mas sua alma parecia fora do corpo.

- Você está com medo de gostar de mim? – quis entender melhor.

- Talvez. Ou talvez eu só seja uma idiota que se vestiu de dona do mundo, pega e solta, pra poder passar. ‘Cê não precisa levar em consideração a última parte, foi um surto – Samantha balançou a mão no ar – Só foca no pedido de desculpa.

- Não dá, Samantha – Lica foi dura – Você acabou de dizer que está nas minhas mãos, que sente minha falta quando eu estou longe, que quer me beijar, ficar comigo... ninguém fica impassível a isso. Eu não fico impassível – começou a andar de um lado para o outro, gesticulando à la Heloísa Gutierrez – Você me mandou embora porque gosta de mim, é isso?

- Porque eu estou com medo de gostar de você.

- Você disse que tem medo, mas que enfrenta.

Bingo. Samantha abriu e fechou a boca duas vezes antes de decidir não dizer nada. Lica, por sua vez, faltava lhe fuzilar com os olhos. Mas não era em um mau sentido.

- Qual o problema de gostar de mim? – ela não via, meu Merlim? – É porque eu tenho um histórico fodido? É por causa dos meus relacionamentos anteriores que terminaram na merda? É por que eu uso e machuco as pessoas? Eu sei que o que fiz com o Felipe foi bem escroto, mas...

- Você fez com o Felipe não, Lica. Ele que fez com você! – Samantha tinha que interrompê-la – O cara traiu a namorada com você, que não tão coincidentemente assim, é irmã dela. Ele se aproveitou de seu momento de fragilidade emocional pra se aproximar, te fazer ceder e ele ter o que queria... nisso aí você foi mais vítima que ele, então nem coloca na balança – algo dentro do coração de Lica pareceu acordar – E eu não estou com medo por você exatamente... é por mim. O relacionamento mais duradouro que eu tive foi com um carinha da minha rua e nós ficamos juntos só por dois meses.

- O que deu de errado?

- Ele me traiu com a menina da outra quadra – Samantha emburrou a cara. Lica quis beijá-la e lançar um Crucio no filho da mãe que se atreveu a fazer a menina que gostava sofrer – Eu realmente não gostaria que a história se repetisse e olhando pra nós duas... tanto eu quanto você temos essa leve tendência ao desastre.

- E quem disse que a gente tem que seguir a tendência? – Lica tinha a voz calma e compassada – A gente pode só deixar rolar e ver o que acontece sem se preocupar demais com o que pode ou vai ser no futuro.

- ‘Cê não entendeu nada, né? – Samantha riu sem humor – Eu não tenho que me preocupar com o que vai ser, porque eu já sei o que é, Heloísa. E é tão forte que me assusta. E dá medo porque esse não é o tipo de sentimento que as pessoas costumam ter sozinhas.

- Que sentimento é? – o coração de Lica estava na boca.

- Aquele que te faz buscar a outra pessoa com o olhar, que te atrai pra ela feito um ímã, que quando vem, é de uma vez e você não tem muito controle. Exatamente como eu estou agora – Samantha riu amarelo e encarnou a sonserina interior – Essa situação está vexatória e se você contar pra alguém que me viu assim, eu juro que arranco esse seu nariz sem varinha e sem anestesia.

Lica sorriu grande, o que a Samantha pareceu como se ela estivesse ficando maluca. A Lambertini franziu o cenho em incompreensão.

- Eu adoro o jeito como ‘cê fala que gosta de mim e no segundo seguinte ameaça me machucar – Heloísa deu um passo para frente – Sammy, não se assusta.... Não precisa disso, só... deixa rolar. E eu sei que nós duas temos lá nossas dificuldades com relacionamentos, mas não é como se a gente fosse ser um desastre só em tentar. E a gente tem ido até bem. Eu acho – riu arteira – A gente se conhece bem, nossos beijos são os melhores, a gente tem química... e eu também gosto muito de você. O que eu sinto também é bem forte, caso você queira saber. E te ouvir falando daquele jeito comigo me quebrou no meio. Sério, não faz mais... se você se sentir insegura, a gente pode só conversar e tentar ficar de boa....

- O que a gente está fazendo, Heloísa...? – Samantha meio choramingou meio questionou com o rosto enfiado na curva do pescoço dela.

- Você já respondeu essa pergunta, Sammy – Lica a aconchegou a si em um encaixe perfeito. Seus corpos conversavam muito bem – Você está nas minhas mãos e eu estou nas suas. Pronto.

Samantha sentiu as mãos suarem, o coração faltar querer sair pela boca batendo feito um louco desesperado, uma quentura absurda tomar de conta de seu corpo ao efeito daquela frase. Ok, talvez se conseguissem encontrar um equilíbrio, ninguém cairia das mãos de ninguém. Samantha na de Lica e Lica na de Samantha. Se daria certo, só tentando para saber, mas havia ao menos esperança. Não disseram ainda uma palavra sobre que sentimento era aquele, mas ao menos a certeza de que havia algo bem vivo e pulsante ali entre elas, elas tinham.

(...)

Há dias e dias. Aqueles de marasmo e aqueles em que você simplesmente não queria ter saído da cama. Os dias tediosos do Grupo de repente se tornaram momentos de euforia e excitação à medida que o baile se aproximava. Os nervos pareciam estar à flor da pele. Keyla vez por outra bradava do nada alguma coisa sobre “me deixem trabalhar no meu vestido em paz” para no segundo seguinte estar prestando consultoria para Tina sobre o modelo perfeito.

Ellen parecia nem aí para nada disso: iria ao baile acompanhada de Jota e só e somente só estaria lá porque todos os alunos foram meio que obrigados a participar. Ela maldisse a direção da escola umas mil vezes antes de se deixar ser literalmente alfinetada pela mãe de Tonico durante as provas de sua roupa.

Benê não entendia exatamente por que diabos de repente todo mundo só falava em baile. Ora, o que seria de tão diferente assim em relação às festas que MB costumava dar às escondidas no Salão Comunal da Grifinória? E como Dóris mesma dissera, seria uma “noite de diversão bem comportada”. Iria com Guto. Fora surpreendida com o convite do Sonserino e entre a desconfiança e ceder aos momentos de paz e conforto que tinha na companhia do rapaz na sala de música, ela ficou com a segunda opção. Mas sem dança. Exigiria muito contato e quanto menos encosta-encosta, melhor.

Já Tina parecia ligada nos 220 volts. Recebera de Dóris o convite para discotecar na festa. Às voltas com seu figurino e em perturbar as amigas, ela passava horas com Anderson na frente das pick-ups remixando e compondo coisas.

E, claro, havia Lica. Uma Heloísa cem por cento tranquila demais para quem faria o que estava prestes a fazer.

- Eu ainda não acredito que você vai fazer isso – Keyla riu animada com o rompimento da regra. Ela amava quebrar regras e sinceramente estava adorando poder participar daquele momento – Fica quieta que eu vou medir o braço.

Lica estava de pé sobre um banquinho enquanto a amiga tirava suas medidas para criar seu traje. Traje esse que arrancou olhares embasbacados das demais de início. Surpresa, espanto... para depois dar lugar a algo perto de....

- Lica, seu pai vai te matar.

- E aí ele fica sem uma das herdeiras – a menina se empertigou e ajeitou a postura – E eu estou pouco me lixando pro seu Edgar ou quem quer que seja. Meu corpo eu cubro como quiser. Se eu quero ir assim, é assim que vou e que se dane o resto.

- Qual a cor? – Keyla conjurou do nada uma paleta de cores diante da amiga.

- Vermelho. Coloca um vermelho vinho discretinho. Tenho que representar minha casa, já que o outro campeão daqui vai de verde.

E entre os preparativos para o baile, os compromissos acadêmicos e os treinos de quadribol, Lica ainda encontrava tempo para se agarrar com Samantha pelos corredores do Grupo. Um pega no vestiário, uns beijos na Sala Precisa, uns amassos na sala dos monitores... sempre tinham um lugar e toda hora era hora. E como as duas não se desgrudavam um minuto sequer quando estavam perto uma da outra, a boataria foi aumentando.

- Parece que a filha do diretor está ficando com a filha do Ministro da Magia. Cara, se for mesmo verdade, essas duas vão dominar o mundo – diziam alguns.

- Eu acho um absurdo isso! Onde já se viu duas meninas estarem juntas? Isso só acontece no mundo dos trouxas – diziam outros.

- Eu shippo – Tina repetia sempre que tinha a oportunidade, o que era quase o tempo inteiro.

Na tarde daquela sexta-feira, Bóris anunciou o término adiantado das aulas. O motivo: os alunos teriam tempo para se produzirem para o baile, que aconteceria naquela noite. O burburinho se instalou no corredor à medida que os alunos deixavam as salas em grupinhos e seguiam animados para suas respectivas Casas para se aprontarem. Lica saía do quadribol quando cruzou com Samantha vindo no corredor.

- Larga essa vassoura, vai se arrumar – a Lambertini ralhou e recebeu a Gutierrez com um beijinho.

- Você veio aqui só pra isso? Saudades de mim? – Lica gracejou e envolveu-a pela cintura para dar-lhe um beijo decente. Decente e de fraquejar as pernas – Eu já estou indo. Estava treinando umas fintas. E você? Não devia estar se ajeitando também?

- A Clara me alugou por horas pra escolher a maquiagem, que eu resolvi dar uma volta pra ver se ela me esquecia e apressava. Quando ela sair eu me arrumo. Não é como se eu fosse precisar de mil e uma coisas, eu já sou linda ao natural, o traje e a maquiagem são só um retoque.

A serpente sonserina dentro dela silvou com força. O leãozinho grifinório no peito de Lica faltou ronronar e dar a patinha para ela. Dizer que estava rendida por aquela mulher era pouco.

- São mesmo. Você é linda exatamente assim do jeitinho que você é. Podia ir vestindo um saco de batatas que ainda assim seria a mina mais linda da noite.

Ainda se demoraram uns minutos ali entre beijos, carícias e palavras ao pé do ouvido até que tomaram caminhos diferentes. Nos corredores, já havia gente devidamente vestida jogando conversa fora enquanto aguardavam as portas de carvalho do Salão Principal se abrirem. Alunos do Grupo e das escolas visitantes se enturmavam. Lica seguiu direto para seu Salão Comunal para encontrar com Tina repassando sua playlist com Anderson trajando um vestido preto tubinho e botas nos pés. Keyla ao lado terminava de escrever uma mensagem para seu pai dando mil e uma recomendações sobre a noite com Tonico já que excepcionalmente ela não iria em casa. A coruja já estava a postos descansando no braço da poltrona.

Lica subiu direto para o dormitório onde tomou o banho mais demorado de sua vida e já saiu de lá devidamente trajada. Por sorte, encontrou só as amigas esperando por ela quando pisou de volta na sala comunal.

- Caralho, isso vai dar um problemão... amo! – Tina bateu palmas. Sério, ela precisava passar mais tempo nas dependências da casa dela e não no salão comunal alheio.

- Amiga, eu sou uma artista! Olha pra você! Se te perguntarem de onde saiu esse traje, faz meu merchandising, viu? By Keyla Maria Romano.

- Eu estou nervosa – Lica esfregou as mãos, ansiosa – Não quero fazer feio.

- Também... olha com quem você vai pro baile!

Ok, confissões: Lica mencionara às amigas que levaria Samantha. Não era como se fosse esconder algo de Tina, Keyla, Ellen e Benê. E a boataria que já corria pela escola... bom, ela seria comprovada naquela noite. Lica apareceu no alto da escada que levava ao Salão Principal onde se despediu das meninas. Como era campeã, entraria junto dos demais. Esbarrou em Dóris, que quase caiu para trás quando observou seus trajes.

- Heloísa, minha querida... que escolha... interessante – a mulher, a despeito do receio, parecia ter um brilho acolhedor nos olhos – Caiu muito bem em você – ela brincou com a lapela do terno que Lica usava.

- Essa gravata que está me matando – tentou afrouxar o colarinho, mas estacou no movimento quando viu alguém se aproximando pelo outro lado lá no alto da escadaria por cima do ombro de Dóris. Perdeu a fala e estacou feito um dois de paus.

Enfiada em um vestido verde musgo cinturado, Samantha estava simplesmente deslumbrante. O decote em V dava uma amostra generosa do vale dos seios e ainda havia uma fenda na perna direita, que permitia uma bela visão daquelas coxas bem feitas. O tecido em si não tinha nada de mais, mas no tom de pele dela, parecia realçar, lhe fazia brilhar. Nos pés, ela levava um salto que desafiava as leis da física e o equilíbrio humano. O sapato era vermelho-vinho no mesmo tom da gravata que Lica tentava afrouxar segundos antes. Os cabelos estavam moldados em cachos revoltos, o que lhe fazia parecer uma leoa pronta a atacar. Lica seria a presa. Descansando no colo, um pingente de serpente prateado fazendo jus à Casa à qual ela pertencia. A maquiagem bem marcada e os lábios pintados em carmim eram assim um convite ao pecado.

Deslumbrante era a definição de Samantha. Talvez o fosse todo santo dia, mas naquele instante ela parecia ter elevado a coisa a um nível muito maior. Beirava a perfeição.

E sorria o sorriso mais lindo do mundo.

- Que foi? Pensou que eu não fosse aparecer? – a Lambertini brincou quando parou diante de uma Heloísa completamente embasbacada – Você está linda.

Lica estava era se sentindo um trapo ao lado daquela mulher. O melhor terninho no melhor tecido com o melhor corte ainda parecia insuficiente para chegar à magnitude da beleza e do porte de Samantha.

- Você está perfeita, Sammy. Eu diria assim... majestosa.

- Majestosa... gostei dessa. Me faz parecer uma rainha e eu adoro isso.

- Você é a rainha do meu mundo – saiu tão natural que Lica sequer percebeu – Se eu te beijar borra seu batom?

- Testa – Samantha fez um convite descarado. Lica o teria atendido se Dóris não estivesse ali atenta a cada gesto.

- Ela é seu par, Heloísa? – a mulher indagou.

- Sim. Algum problema?

- Nenhum, minha querida – a mulher sorriu – Só estejam preparadas para o que vem por aí.

Ah, elas estavam. E como estavam.

Os outros campeões já haviam sido enfileirados com seus respectivos pares e de tão absortos que estavam em aguardar serem chamados, sequer se deram conta da dupla que juntou a eles ali atrás. Assim que Lica se pôs atrás de Rafael com Samantha ao seu lado e o rapaz capturou o movimento... entrou tropeçando nos próprios pés no Salão Principal.

- Que porra é essa?

- Cuidado com o vocabulário, Gimenez! – Dóris atalhou e ordenou que ele se adiantasse. Douglas e Thaís Dayanne já estavam a passos de distância. E então chegou a vez da última campeã ser apresentada.

Desde criança, Lica e Samantha sempre tiveram aquela tendência em estarem no meio de tudo, em serem o centro das atenções de alguma forma. A primeira, filha do dono da maior escola de magia e bruxaria do país e neta de um dos bruxos mais geniais que a história já ouvira falar. A segunda, vinha de uma linhagem de bruxos e bruxas brilhantes em tudo que se propuseram a fazer e tinha o sangue do Ministro da Magia correndo nas veias.

Chamem de senso de liderança e de lugar de protagonismo, mas era bem isso mesmo: Lica e Samantha decididamente não haviam nascido para estarem nos bastidores. Sempre estiveram sob os holofotes de alguma forma, fosse por seus sobrenomes, fosse pelo quadribol, fosse pelo desempenho acadêmico ou só pelos problemas em que geralmente se metiam. Uma era impulsiva e às vezes (na maioria delas) agia no ímpeto. A outra parecia calcular cada passo que daria para nunca, jamais errar e chegar exatamente aonde queria. Cada uma à sua maneira, eram vistas, ouvidas... e naquele momento que não seria diferente.

Heloísa fora parar como campeã Tribruxo do nada. E já que estava naquela posição, não perderia a chance de fazer o pacote completo: ser vista, ouvida....

- Mas o que diabos é isso? – ouviram a voz firme e cortante de Edgar Gutierrez, o próprio, soar como um trovão lá de sua cadeira ao centro da mesa dos professores do Salão. Automaticamente todas as cabeças se viraram para trás quando Lica e Samantha surgiram sob as portas de carvalho de braços entrelaçados, expressões serenas e tranquilíssimas, sorrindo seus melhores sorrisos e encarando rosto por rosto com naturalidade.

Ouviu-se um burburinho se espalhando feito uma ola. Ninguém, simplesmente ninguém parecia acreditar no que seus olhos viam. A filha do dono do Grupo e a filha do Ministro da Magia eram pares no Baile Tribruxo. Haviam escolhido uma à outra de companhia para passarem uma “noite de diversão bem comportada” e.... Bom, a escolha de um par para o baile não era exatamente aleatória. Refletia sentimentos em alguns casos, interesses em outros... Foi o suficiente para alguns se exasperarem e outros apontarem, e havia os que ainda tentavam entender o que era aquilo.

Lica enfiada em um terninho cor de vinho com gravata borboleta vermelho-Grifinória, abotoaduras nos punhos em formato de Leão e o brasão do Grupo reluzindo em um broche muito bem pendurado na lapela do paletó. Isso pareceu endoidar uns e outros. Quer dizer, as mulheres deveriam trajar vestidos e salto, certo? Errado. Mas para alguns parecia que era o certo.

E isso se refletiu em irritação.

- O que ela pensa que está fazendo? – Edgar rosnou para Bóris, que batia palmas completamente fascinado pela entrada do par. Dóris também ria para o vento em entusiasmo. Malu, por outro lado, tinha uma expressão de entojo e claro que não perderia a oportunidade para colocar lenha na fogueira.

- Te provocando – respondeu simplesmente – Eu já disse que a Lica precisa de limites, mas você não me ouve... Está aí no que deu. Resolveu brincar na sua cara, desafiar sua autoridade na frente de todo mundo e ainda por cima com a filha do Ministro. Ai, essa menina... sinceramente, Edgar....

- Eu vou parar com isso – Edgar cuspiu e fez menção de ir até Lica e Samantha, mas foi seguro pelas mãos firmes de Bóris em seu braço.

- Olha o vexame, Edgar... deixa as meninas aproveitarem. O que tem de mais nisso?

- O que tem de mais? O que tem? – ele não via? – É a minha filha com a Samantha, Bóris! Duas meninas!

- E elas formam um belo par – Dóris se derreteu toda.

- Elas combinam mesmo, olha lá – Josefina engrossou o coro.

- Já chega! – Edgar fez menção de ir até lá de novo, mas Bóris o manteve ali.

- Por favor, Edgar, não me obrigue a te petrificar aqui e agora – ameaçou – Elas estão só se divertindo... e não vai pegar bem pra escola uma confusão no meio do baile. Nós temos convidados aqui.

- Justamente por isso que o Edgar tem que resolver – Malu provocou – O que os nossos convidados vão pensar?

- Que o Grupo é uma escola que preza pelo respeito e a tolerância. E eu não estou vendo ninguém realmente incomodado além de vocês dois – Dóris rebateu e percorreu o salão com os olhos. Os campeões se posicionavam para a valsa de abertura.

Edgar repetiu o gesto da diretora da Grifinória e percebeu que atraía alguns olhares ali de pé quando estava todo mundo sentado e somente os campeões ao centro do salão com seus respectivos pares.

- Quais as chances da gente ser expulsas? – Samantha brincou e sorriu para Lica. Uma Lica com uma mão repousando gentilmente nas costas dela e a outra segurando-a firme na sua, prontas para iniciarem a valsa.

- Você está realmente preocupada com isso? – Heloísa devolveu divertida.

- Nem um pouco.

Não estavam mesmo. À primeira nota da melodia, Lica se pôs a guiar Samantha pelo meio do salão em movimentos cadenciados e firmes. Rodopiaram, a Gutierrez ergueu a Lambertini nos braços para pousá-la firme no chão novamente... tinham sintonia e aquilo era inegável aos olhos alheios. E química. Muita, demais, além da conta. Em determinado movimento da valsa, Lica rodopiou Samantha no próprio eixo para pará-la de costas para si encostando e moldando o corpo ao dela, deixar um beijinho na curva do pescoço e em seguida virá-la para si com decisão e retornarem ao compasso.

Seguiram assim durante os breves três minutos da melodia até que aos poucos a pista foi se enchendo... enchendo... primeiro com Bóris que tirou Dóris para dançar. Em seguida Josefina apareceu acompanhada de Ernesto... e aos poucos os demais alunos foram se somando até que o compasso em três por um deu lugar a uma batida animada de um trap produzido por Tina e Anderson.

Lica e Samantha seguiram agarradas, dançando juntas e parecendo imersas em uma bolha. E à medida que o suor se fazia presente, Lica foi se desfazendo das camadas de roupa que usava. Primeiro se livrou da gravata borboleta deixando-a frouxa no pescoço, onde abriu os primeiros botões da camisa social branca. Em seguida, arregaçou os punhos. Os cabelos ligeiramente despenteados e a pose desleixada que ela sustentava fizeram um calor absurdo percorrer o corpo de Samantha.

E esse calor continuou pelos minutos que ela passou sobre o palco cantando música atrás de música na apresentação com os Lagostins. De baixo na mão, os cabelos soltos em uma cascata cacheada caindo pelas costas e emoldurando o rosto de maquiagem bem marcada... Samantha não era outra coisa que não sexy. Lica babou, se derreteu, quase subiu ao palco para fazer o que mais queria naquela noite, que era beijar a garota de quem gostava.

Ocupando o primeiro lugar na fila, a Gutierrez ergueu os braços, se pôs a fazer sua dancinha de boneco de posto que era sua marca registrada e não fez outra coisa que não reverenciar Samantha em gestos e olhares.

Eu vou sabotar

Você vai se azarar

O que eu não ganho, eu leso

Ninguém vai me gozar, não jamais...

Ao final da canção, uma chuva de aplausos, gritinhos animados, Samantha agradeceu pelo seu momento e quando desceu do palco, foi para ser recebida por uma Heloísa para lá de feliz com um beijo de arrancar a alma de alguém feito um dementador. O que se seguiu foi uma chuva de “wow’s”, alguns comentários maliciosos, mas foda-se. De bocas grudadas, elas esqueciam completamente do mundo.

- Ficou maluca? – Samantha perguntou quase gritando ao ouvido de Lica para poder ser ouvida. As batidas de Tina tinham voltado a soar no ambiente. Havia diversão na frase dela.

- Por você, Sammy. Sério, você me tira dos eixos – e mais beijo. Samantha se rendeu, é claro. Quer dizer, era Heloísa Fucking Gutierrez ali em seus lábios e em seus braços.

Lica era linda e cego era quem não enxergava aquilo. Aquele jeito marrento, às vezes desleixado e desligado demais... um corpo esguio, mas muito bem feito por baixo daqueles panos todos, um rosto muito bem desenhado de expressões delicadas que quando se preenchiam de sarcasmo e decisão... Deus do céu, Samantha só podia estar enlouquecendo por aquela mulher ou talvez fosse só o efeito da bebida que MB fizera o favor de batizar antes de dividir com os colegas como se fosse água. Ellen foi quem primeiro bebeu da garrafinha alegando sede. Quase foi parar na enfermaria.

Samantha o entornou sem muita dificuldade e Lica também. O resultado estava ali. A noite avançando, os professores tendo se retirado e a coisa ficando cada vez mais... interessante. Casais se agarravam atrás das pilastras, outros eram menos discretos e faltavam se engolir ali mesmo na pista de dança. Já havia gente discutindo por qualquer coisa... E sobre esses últimos....

- Eu acho melhor nós recolhermos algumas varinhas – Benê sugeriu a Ellen – Pessoas descontroladas tendem a tomar atitudes descontroladas.

- Boa, Benê. Partiu – Ellen conjurou uma caixinha onde começou a guardar varinhas e a cada uma que era acrescentada, a caixa automaticamente a etiquetava com o nome do dono e a casa a que ele pertencia. Organização é tudo. Chegaram a Lica e Samantha, que estavam refesteladas em uma das mesas simplesmente jogando conversa fora. Na verdade a Gutierrez estava deitada com a cabeça no colo da Lambertini recebendo um carinho terno nos cabelos enquanto falava algo sobre música brega dos anos 80.

- Varinhas, por favor – Benê pediu mostrando a caixinha.

- Ué, por quê? – Lica inquiriu – A gente está de boa.

- Nós vimos você bebendo da água do MB, Lica. Não é bom ficar com a varinha na mão assim. E nem você, Samantha. Varinhas.

Lica bufou e se esticou toda para tirar a própria varinha do bolso das vestes. A de Samantha estava junto.

- Deixa, a gente não vai precisar mais delas hoje mesmo – Samantha pediu.

E de fato elas não precisariam. Nem das varinhas e nem de mais nada. Não sabiam mais nem que horas eram, quando chegaram aos tropeços até a Torre de Astronomia. Entre beijos e carícias intensas, Lica encostou Samantha contra a parede e se pôs a castigar o pescoço dela com lábios, língua e dentes. De repente até a camisa social de tecido fino que ela usava lhe pareceu quente demais.

Trouxe Samantha para mais junto de si enquanto mordiscava o lábio dela no meio do beijo. Arrancou um arfar da menina. Mas não passaram daquilo. Por mais que houvesse desejo de ambas as partes, elas sabiam que ali não era o local apropriado e que o momento não era o mais oportuno. E estavam ligeiramente alteradas pela água que não era água de MB. Foi Lica mesma quem arrefeceu nas carícias até elas se tornarem pequenos gestos de carinho e palavras ternas sussurradas ao ouvido.

- Seu pai não gostou muito do que viu – Samantha comentou deitada sobre os cobertores que ela havia roubado de seu dormitório, observando as estrelas tão próximas. Estavam no ponto mais alto do castelo. A Lambertini com a cabeça apoiada sobre o peito de Lica, brincando com o broche da escola que ela prendera na camisa. Pernas entrelaçadas e corpos unidos quase fundidos. Recebia um carinho gostoso nas costas.

- Azar o dele – Lica deu de ombros – Você viu a cara do Rafael? Quando viu a gente?

Se puseram a gargalhar lembrando do rapaz tropeçando nos próprios pés e entrando todo desajustado no Salão sob o efeito delas juntas.

- Bocó – Samantha respondei breve – Aposto como ele vai fazer um inferno com isso. Procurar o pai dele, que vai fofocar pro meu pai....

Lica se virou para olhá-la em um átimo.

- Você está ok com isso? Quer dizer, sua família....

- Lica, por favor. Meus pais não são nem um pouco puritanos. Eles sabem que eu beijo garotas também, sempre souberam.

- Então eles são de boa? Porque assim... eu realmente não gostaria de me indispor com o ministro da Magia. Ele pode ser meu chefe um dia.

Samantha riu divertida e olhou para ela.

- Eles são de boa sim. Pode ficar tranquila que eles não vão se importar de eu estar te beijando....

- Minha fama também não ajuda, né?

- Não mesmo – Samantha soou um tanto aborrecida e Lica franziu o cenho. Ela estava incomodada com seu histórico relativamente extenso de relacionamentos nada duradouros? – Mas o que importa é o aqui e agora e o seu no momento, sou eu. Será que dá pra parar de falar e usar essa boca pra algo mais útil?

- Oui, monitora – Lica gracejou e tascou um beijo nela. Era para ser só um selinho, mas Samantha prolongou o gesto e em questão de segundos estavam de línguas entrelaçadas com a Lambertini sobre Lica faltando engolir sua alma.

Só foram sair dali quando a brisa fria realmente bateu e Samantha alegou cansaço porque o dia havia sido longo. Lica queria poder leva-la consigo, mas primeiro que dividia dormitório com mais cinco pessoas e segundo que se o fizesse, estaria sim quebrando umas cinquenta regras do regimento interno, o que lhe levaria à expulsão mesmo sendo filha de quem era.

- Obrigada por tudo, Sammy. Por ter aceitado meu convite e pelos melhores momentos que eu passei nessa noite.

- Noite de diversão bem comportada... – Samantha brincou e as duas desataram a rir de olhares fixos – Me diz como que diversão e bom comportamento andam juntos?

- Ssshhh... – Lica fez sinal de silêncio – Ninguém precisa saber.

Sorrindo, as duas se despediram com mais um beijo até Lica rumar em direção à Torre da Grifinória. Seguiu o caminho inteiro com um sorriso bobo nos lábios. Dormiu com a roupa do corpo de tão fora de órbita que estava.

E no dia seguinte, ela e Samantha era só e somente só o assunto da escola. Os boatos se concretizaram e quem apostava nelas como um casal, fosse de que nível fosse, acertou em cheio. MB já tinha comandando as apostas, pelo que Lica tomara conhecimento naquela manhã.

- Aê, Liquinha... pegando a Samanthinha, hein? Está certa! Ela é a maior gata, mas ó... fica atenta, beleza? Se machucar minha lagostosa, eu te azaro na hora.

- Parou, MB... e fica de boa que eu não pretendo machucar a Sammy.

- Lica, a gente pode conversar? – Felipe se materializou atrás dela durante o café. Meio que no automático, mas já prevendo do que se tratava, ela se levantou e seguiu o rapaz. Gesto esse que foi capturado por olhos atentos de uma certa Sonserina que tinha acabado de sentar do outro lado do salão.

Lica seguiu com Felipe até um banco na área externa perto ali do salão.

- Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu... – o rapaz coçou o cavanhaque parecendo desconfortável – Então é verdade mesmo o que todo mundo comentava. Você e a Samantha estão namorando.

- Não namorando – Lica achou por bem explicar – Meu lance com a Samantha é... confortável e me faz bem. Nós estamos juntas. Acho que é isso.

- Juntas do tipo....

- Juntas? – ela não sabia bem como definir – A gente se curte, Felipe. Ela me faz bem, eu tento ser o meu melhor pra ela e é isso. É uma troca bem... confortável.

- Saquei – o rapaz seguia inquieto – Então se eu tentar, ainda posso ter uma chance?

Lica se retesou que pareceu ter levado um choque.

- Chance? Oh, Felipe... você não estava com a Clara?

- Estou. Quer dizer... nosso relacionamento está meio balançado, sabe? A Clara é muito certinha, Lica. Muito água com a açúcar... e eu gosto de mais intensidade, sabe?

O rapaz se aproximou alguns centímetros, o suficiente para tocar o rosto de Lica e tirar uma mecha de cabelo dali.

- N-não, eu não sei – ela tentou desviar, mas sem muito sucesso. Deu de costas na coluna de concreto – E Felipe... não tem isso de intensidade, beleza? Cara, você era o namorado da minha irmã e eu fui lá e talariquei ela. Se você soubesse a culpa que carrego comigo, não diria nada disso. E eu sei que parece ironia da minha parte, mas... para de dar em cima de mim. Você namora minha irmã.

- Não é bem namoro meu lance com a Clara, Lica. Eu gosto dela, mas não é a mesma coisa que foi com você e... eu sei que você também curtiu. Ou você vai negar? A gente funcionava bem juntos.

- Mais ou menos, Felipe – Lica respirava acelerado – Se você for parar pra analisar, nossa relação era só sexo, né? Coisa física e... bom, relacionamento nenhum pode ser só isso. Sério, isso aqui é bem desnecessário.

- Foi mal... – Felipe recuou um pouco, o que permitiu a Heloísa soltar mais o ar e se desprender da coluna – É que... sei lá, eu fico total fora de controle quando você está por perto, saca? Não sei o que me dá... você mexe muito comigo, Lica.

- Legal – foi tudo que ela respondeu porque nem sabia o que dizer – Mas não vai por esse caminho, Felipe. Sério, não tem mais nada pra gente aqui – apontou para o espaço entre os dois – Meu lance no momento é com a Samantha e eu estou bem com ela.

- Eu sei, é que... é meio esquisito te ver com outra garota, sabe? Eu fico me perguntando se eu fiz alguma coisa errada ou....

- Não tem nada a ver com isso – Lica achou por bem interromper – Meu lance com a Samantha ou com qualquer outra mulher não tem a ver com frustração por causa de homem, Felipe. Eu gosto dela e eu também gosto de beijar outras mulheres, pronto. E se você não se importa... – desviou dele – Eu preciso voltar pra terminar meu café. Tenho prova daqui a pouco.

- De boa, de boa – Felipe ergueu as mãos em rendição – Eu posso pelo menos te dar um abraço? Um acordo de que está tudo bem.

Estranhando o pedido, mas apressada para voltar ao Salão Principal e encontrar quem realmente queria, Lica atendeu. Abriu os braços, Felipe foi até ela, se aconchegou, mas ao invés de abraça-la, firmou os lábios aos dela. Só houve tempo de Heloísa se afastar do rapaz com um safanão.

- Felipe, porra velho!

Mas a desgraça já estava feita. Lica se virou para sair e deu de cara com Samantha parada logo atrás dela estática feito um dois de paus. Porque desgraça pouca, é bobagem.


Notas Finais


Quem quer matar um bode? O feitiço é Avada Kedavra. Também serve uma maldição da dor, Cruciatus. Existe também um feitiço chamado Sectusempra, que faz que o recebe sangrar como se tivesse sido ferido com facas. Escolham (que horror rs).
Mas é isto: claro que elas terem paz assim fácil não seria possível, né? Mas sejamos sinceros: Liquinha está uma fofa nessa fic. Ainda não pisou na bola rs.
E aí? O que Samanthinha Lambertini vai fazer? Matar um bode, matar a Lica ou fazer a plena?

No mais, eu agradeço pela leitura e nos vemos no próximo capítulo.


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