é muito difícil expressar o luto. é um sentimento abafado, é pesado e espesso, e é bonito, mas é um pouco egoísta também. o luto tá sempre no presente, e você não escreve sobre isso, não. anamnese não é luto. mas o que mais me atrai nela é que, ainda assim, é sobre saudade. sobre os pequenos grandes instantes que ficam grudados no fundo da memória, sobre os lapsos de uma felicidade — às vezes manchada de culpa, mas ainda assim felicidade — que nunca mais vai voltar. eu amo que seja sobre o passado, narrado do presente, mas do ponto de vista do passado, se é que isso faz algum sentido. é como um fantasma, uma criatura que, ali, ainda tá viva e ainda tá vivendo tudo aquilo como se fosse a primeira vez. andando em círculos. como se ainda fosse quente, mesmo que não seja. nos enjaulando ali, também, porque o que importa agora é o que já foi