História Anjos e Demônios - Meu outro eu.

Jeon Jungkook.

Claramente estou perdido e sozinho. Eu voltei ao antigo Vinte e Seis somente para levar Jimin de volta, o que não deu muito certo. Agora, estou verificando algumas armas que sobraram e tentando entrar em contato com meus pais, ou os de Taehyung e Seokjin. Será que eles também estão preocupados comigo? Quando senti que já não daria certo, que havia perdido o contato com meus pais para sempre, minha omma me envia uma mensagem de texto... estranho. Ela geralmente me liga, mas deve ser por causa da confusão toda, deve não ter tido tempo.

Estamos bem, todos nós. Fugimos para a base Vinte e Um. Por enquanto, aqui é seguro. Mantenha-se seguro, faça o que tem que fazer e depois volte para nós. Estamos com saudades.

- Mãe.

Suspirei aliviado e guardei o celular, um pouco triste. É a melhor notícia que recebi hoje (ou até mesmo desde os dias anteriores). Eles estão bem. Tudo o que eu queria, era vê-los seguro deste novo mundo que nos cerca. Mas ao mesmo tempo, estou com muitas saudades deles. Minha família. Eu desisti de tudo por um garoto que nem gosta de mim.

Passei os portões quebrados, saindo do Vinte e Seis. Agora estava num local escuro, apenas com um grande e instituto detonado. Senti meu celular vibrar duas vezes, no bolso de trás da calça jeans que vestia. Peguei-o, lendo a seguinte mensagem:

Traga o Jimin para a divisão da base Vinte e Quatro. Acho que conseguimos algo interessante, que pode o trazer de volta para a realidade. Venha com ele o mais rápido possível, descobri algo muito importante sobre o Misto.

- Seokjin.

Porra, Jin! Você é louco? O idiota quase me matou e você quer que eu simplesmente o leve para uma base que fica a vários quilômetros daqui? Sim, ele quer.

E espera... algo muito importante... sobre o Misto? O que Jin quis dizer? Não tenho certeza, mas preciso os encontrar o mais rápido possível, somente desse jeito, eu poderei saber.

Como eu vou fazer isso? Só se eu mentir para Jimin. Já sei! Eu posso me contatar com algum Demônio, falando que Jung está na base Vinte e Quatro. E então, provavelmente a notícia seguirá até Jimin. Eu o sigo até lá, falando que eu quero encontrar nossos amigos, apenas isso. Espero que dê certo.

[...]

Park Jimin.

Um Demônio acabou de me dizer que o Senhor Jung está na base 24. Ótimo, vou pegá-lo! E não há Jungkook para me impedir. Estou indo sozinho, pois convenci meu primo e os outros que posso fazer isso sozinho. Até porque foi ele que começou com tudo, então eu deveria acabar só com ele.

Já são meia noite e vinte e três, provavelmente chegarei lá daqui algumas horas, já que estou de carro. Não sei dirigir muito bem, mas isso não é importante agora. Estava concentrado em apenas fazer uma coisa: matar Jung.

Não sei se depois disso tudo acaba. Como irá acabar? Não posso simplesmente sumir e ignorar tudo o que está acontecendo. A revolta entre Anjos e Demônios. Horas e horas se passaram, e finalmente, havia avistado a pequena placa que informava a divisão das bases Vinte e Três à Vinte e Quatro.

Um raio de Sol invadiu meu rosto, abri o vidro e senti uma brisa leve que percorreu diante de mim. Me senti leve, e até que um pouco relaxado e feliz. Só havia me sentido assim uma vez... quando eu beijei Jungkook.

Por que meus pensamentos sempre me levam a você?

Freio bruscamente ao ver um ser que literalmente brotou na minha frente! Mas que porra! Desviei e continuei a andar, mas fui interrompido por um grito, não tão alto. Desci do carro e dei a volta, encontrando aquela coisa que eu quase atropelei.

A gente sempre vai se encontrar nos piores momentos?

- Você é louco? – Jungkook gritou. – Você quase me mata, pela segunda vez, e depois sai com o carro como se nada tivesse acontecido. Ah é, esqueci que o Demônio aí, não se importa em assassinar seres. – Falou irônico, me encarando.

- Foda-se. Não me importo com o que você pensa ou deixar de pensar de mim. Se foi só isso, tenho mais coisas para fazer.  – Disse e revirei os olhos, virando-me novamente para entrar no carro, que no momento se encontrava no acostamento da pequena estrada. Fui impedido pela mão de Jungkook, que me virou com força. – O que você quer?

- Que venha comigo. - Disse, como se fosse óbvio.

- Por que eu iria com você? – Respondi com uma pergunta.

- Não tem que ter motivos, apenas venha. – E dito isso, ele me puxou até uma parte isolada do lugar. Tentava me debater, porém ele me segurou com muita força. Estávamos cercados de árvores, mas ainda não era na mata densa.  – Podem sair.

Ele olhou por trás de mim e ao me virar me deparei com as pessoas que eu menos queria ver. Meus antigos amigos.

Por que? Por que justo comigo? Eu estava indo sozinho, e agora estou com mais sete pessoas, e nenhuma delas, é o Jung. Poderia matar todos agora mesmo, mas apenas cruzei meus braços, esperando que falassem algo. Eles se aproximaram lentamente junto de mim e Jungkook. Pararam em minha volta, todos me olhavam com medo.

- Preciso que você pare com isso. – Seokjin disse, sempre estava preocupado com os outros. – Você está precisando de ajuda. Não queremos que você acabe como um novo líder dos Demônios, que matou alguém do Conselho, não podemos deixar que você se estrague desta forma. Já experimentou muito do errado em tão pouco tempo. Não está satisfeito com as merdas que você fez e com os tais seres que você magoou?

- Eu não preciso de ajuda. – Falei, firme. – Já estou decidido. Só basta vocês pararem de achar que eu preciso de vocês. Porque eu não preciso nem de vocês, nem do Jungkook e nem do serviço de vocês para me ajudarem. Tenho outros amigos que fazem isso muito melhor. Eles me ajudaram a ser eu mesmo.

Jungkook deixou escapar uma lágrima, e rapidamente abaixou a cabeça e a limpou. Não sei o porquê dele se preocupar tanto comigo, até mais do que os outros.

- Eu sabia que ele não iria aceitar. – Jungkook disse e se virou para ir embora. Mas foi impedido por Wendy, que sussurrou algo em seu ouvido e o manteve aqui. Apenas observei cada movimento.

- Até ele mesmo sabe! – Eu ri, dando de ombros. – Só se eu fizer algo vocês vão dizer que eu não me importo. Quer ver? – Falei e instantaneamente puxei o primeiro que vi, era Taehyung. Dei um selinho demorado e o larguei, encarando Jungkook que chorava silenciosamente.

- Você está perdendo a noção? – Hoseok gritou e me virou, eu fiz que não com a cabeça. – Primeiro, Taehyung tem namorado, EU! – Ele me deu um tapa forte, senti minha bochecha arder e formigar. – E segundo, não percebe que tem um garoto apaixonado por você que faria de tudo para te ver bem?

- Ah é, e quem seria essa pessoa? – Falei, rindo baixo.

- Jungkook, idiota! – Ele gritou e me empurrou, fazendo-me cair no chão. Encarei Jungkook, que não chorava mais, continha apenas o rosto um pouco molhado e vermelho. Ele tinha um olhar chocado em minha direção.

Agora tudo faz sentido.

É por isso que depois do beijo ele ficou daquele jeito. Jungkook está apaixonado por mim. Não consegui dizer mais nenhuma palavra depois disso. Todos estavam em silêncio, o clima entre nós estava pesado e ninguém ousaria a quebra-lo.

Mas... Jungkook está apaixonado por mim.

- A verdade dói, não é mesmo? – Hoseok continuou e me virei novamente para ele. – Percebeu a diferença? Percebeu que podemos te salvar?

E Jungkook?

- Nunca pedi para ser salvo.

Meu outro eu, parte Anjo, gritava por socorro.

- Essa é a diferença! – Jungkook disse e os olhares foram até eles. – Você, Demônio, não precisa. Mas eu sinto que seu Anjo interior grita por ajuda. – Ele se aproxima. – Mas você não deixa ele ser salvo. Você acha que não precisa de controle.

Como ele sabe?

Jungkook está apaixonado por mim. Este era o pensamento que me rodeava. Eu acho que eu estou assim, tão chocado, com o coração palpitando, por apenas um motivo...

Eu também estou apaixonado pelo Jeon Jungkook.