História Anjos e Demônios - Prove que não sente nada.

Jeon Jungkook.

Merda, o que seria agora? Mais uma confusão, não aguento mais. Pensei que só iriamos no Território dos Demônios, voltaríamos, e nossa vida normal retornaria. Porém não, o que aconteceu? Dois amigos nossos foram raptados por aquela merda de Conselho, tivemos que ir resgatá-los, já aparece outra coisa para atrapalhar e para piorar, meu melhor amigo está louco.

- Então, os líderes de cinco território pretendem invadir o Conselho principal, que é o do Vinte e Seis. – Namjoon disse e suspirou ao ver nossas expressões de preocupação. – E não é o pior...

- Diga, então! Precisamos saber urgente. – Jin falou impaciente e aflito pela situação.

- Eles... planejam, matar... todos. – Completou Nam, dizendo receoso. – Todos mesmo, não só os membros do Conselho, mas eles querem matar qualquer Anjo e recrutar os Mistos, ativando seus piores lados. Isso é tudo que sabemos até agora.

- Então, ativar o lado Demônio é possível mesmo... – Jin disse e encarou rapidamente Jimin. – Quantos são? Quantos Demônios... irão tentar nos matar? – Falou irônico.

- Uma centena. Vocês são em oitenta pessoas. Tem uma desvantagem de vinte a menos. – Suspirou Namjoon. – Vocês vão lutar contra os Demônios ou irão... fugir?

- Não sei. – Disse pensativo. Será que iremos fugir disso? – Afinal, a gente não tem chances, sabemos que iremos perder contra porque ninguém do Conselho sabe, estaremos despreparados. E tem o Jimin que quer ficar do lado de vocês – Revirei os olhos ao me lembrar deste detalhe. – Então não sei o que faremos.

Encarei Tae e Jin, como se dissesse para eles refletirem sobre isso, porque é uma decisão importante que tínhamos que tomar. Me senti um pouco desconfortável ao perceber o olhar de Jimin sobre mim, desde que eu havia falado sobre ele.

- Acho que não deveríamos participar desta guerra. – Taehyung se pronunciou e atenção foi para ele. – Mas, nascemos naquele lugar. Não podemos simplesmente fugir de lá. Afinal, ainda tenho família no Vinte e Seis. A gente não precisa enfrentar os Demônios, mas poderíamos avisar o Conselho ou os membros que uma guerra está sendo encaminhada.

- Boa ideia. – Seok falou concordando. – Tae tem razão, ainda temos família. Não podemos sair daqui sem avisar que algo está vindo.

- Por mim, a gente se juntaria aos Demônios e mataria todos eles. – Jimin disse, dando de ombros. Tem como ele ficar mais sem noção? – Acaba com tudo de uma vez, aí sim podemos viver em paz.

- Não vou nem comentar sobre essa idiotice. – Falei impaciente. Ele está adorando ser um idiota. – Concordo com os meninos, e vocês? – Aponto para Namjoon, Hoseok, Suga e Wendy, que assentiram num movimento com a cabeça.

- Estão todo de acordo, menos Jimin. – Hoseok diz preocupado e se aproximou de Tae. – O que farão em relação sobre isso? O que você fará, Jimin?

- Vou me juntar aos outros Demônios. – Jimin respondeu tranquilo. – Irei destruir o Vinte e Seis.

- Não te conheço muito bem, mas Jimin, não sei se este é o caminho certo. – Wendy o aconselhou. – Se você quer... viver em paz, não é assim que faz.

- Como se você soubesse o que é certo ou o que é errado. – Rebateu Park, com desgosto na voz. – E você mesma disse, nem me conhece direito.

- Para de ser idiota. Ela só está tentando ajudar, é o que todos nós estamos fazendo... menos você. – Disse sem pensar. Meu coração diz para eu falar uma coisa e minha mente outra.

- Nunca disse que queria ajudar alguém, muito pelo contrário. – Falou rindo baixo e se levantando. – Preciso ir falar com meu primo. Ele me entende.

- Você não percebe? – Disse gritando e me levantando junto. Jimin me encarou. – Ele te destruiu! Te fez um idiota! Até seu cabelo mudou imagina seu jeito de agir! YoungJae quer apenas te destruir!

- E quem disse isso? – Ouvi uma voz muito familiar falar, droga. YoungJae! Virei-me e vi que ele estava encostado em uma árvore, observando tudo, idiota. Pude escutar uma risada de Jimin, mas não era aquela mesma risada que eu gostava.

- Ninguém precisou me dizer nada! – Falei. – O jeito do meu melhor amigo mudou completamente, eu o conheço desde sempre e você só apareceu nos últimos momentos! – Jimin se manteu calado.

- Parece que ele não é só um amigo para você. – Jae disse rindo e senti minhas bochechas queimarem. – Mas eu só estou o ajudando a perceber quem está fazendo o certo.

- Não acho que isso seja o certo. – Comecei a caminhar e vi que Tae e Seok faziam o mesmo. – Preciso avisar algo para as pessoas que amo.

Entrei novamente no Vinte e Seis. Estava tudo normal, por enquanto. Eu e os garotos combinamos que não iriamos avisar a todos, porque sabíamos que isso podia causar grandes confusões a YoungJae que nos contou sobre isso, como se eu me importasse.

- Onde vocês estavam? – A Omma de Taehyung se aproximou de nós, abraçando o filho. – Fiquei muito preocupada e seus pais também. Onde está Jimin?

- Ele está ocupado. A gente brigou e disse que queria esfriar a cabeça. Precisamos falar com vocês. – Disse e a mulher adquiriu uma expressão de preocupação. – E sim, é algo muito sério.

[...]

- Então você está dizendo que devíamos nos preparar porque Demônios irão atacar o Vinte e Seis. – Afirmou o Appa de Jin. – Isso parece ser loucura. Mesmo sendo o principal Conselho, não acho que vão atacar agora.

- Você não entende, isso é sério! Fiquem atentos, até fujam se necessário. – Tae repetiu, estava nervoso porque os pais não acreditavam cem porcento nessa história.

- Precisamos ir. – Suspirei. – Acontece que, nos envolvemos em muitas coisas. Tantas coisas que não conseguiremos sair disso. Descobrimos informações demais, que colocam todas as nossas vidas em risco.

- Não voltaremos tão cedo. – Jin completou. – A gente vivenciou muitas coisas nestes últimos dias e precisamos ir.

- Vocês irão para onde? – Minha Omma perguntou aflita. – Nunca irão voltar?

- Eu não diria que seria para sempre isso. É só até as coisas voltarem ao normal. Um mundo controlado. Os Anjos deveriam proteger, mas não sei se foi isso que fizemos ultimamente. – Respondi. – Precisamos realmente partir, amamos vocês.

Fizemos uma pequena despedida. Agora estava feito. Estávamos independentes. Checamos que ninguém nos procuraria, inventariamos uma desculpa. Agora estamos praticamente do outro lado, envolvido com os Demônios, tanto os do mal quanto os do bem.

Havíamos combinado de nos encontrar na fronteira para decidir onde iríamos e o que iremos fazer a partir de agora que estamos sozinhos.

- Pensei que nunca iriam vir! – Namjoon brincou ao ver a gente se aproximar. De novo todos nós reunidos; Eu, Jimin, Tae, Jin, YoungJae (infelizmente), Suga, Namjoon, Hoseok e Wendy.

É engraçado pensar que há dez dias atrás eu nem imaginava que tudo isso iria acontecer, tantas descobertas, mortes, fugas e confusões.

- A gente teve que se despedir. – Tae disse meio triste e Hoseok se aproximou dele, colocando sua mão sob seu ombro, fazendo-o sorrir.

- Falamos sobre o que iria acontecer, mas não mencionamos nenhum nome ou o que fizemos antes. – Jin falou, referindo-se a fuga de Wendy e Yoongi.

- Ótimo. Enquanto vocês estavam fora, descobrimos que eles planejam fazer isso hoje à noite. – YoungJae disse observando o pôr do Sol. – Faltam apenas algumas horas. Já se decidiram?

- Sim. – Disse em resposta. – Eu escutei, enquanto estávamos na base do Vinte e Seis, que, existe um grupo de Anjos, Demônios e Mistos que propõem a igualdade entre nós. Talvez alguns de vocês não concordem, afinal, acho que é muito longe e...

- Iremos com você. – Yoongi se pronunciou, interrompendo-me. – Não aguento mais toda essa confusão. Mas, não podemos ir desse jeito...

- Como assim? – Wendy perguntou. – Acho que não há nada de errado...

- Não temos armas. – Completou Hoseok. – Yoongi tem razão. Acho que poderíamos pega-las enquanto o 26 fosse atacado. Tem problemas para vocês?

- Por mim não. – Jimin falou enquanto guardava sua adaga na cintura. – Estou mesmo precisando de outra arma.

- Poderíamos ir pelos fundos novamente, e enquanto a maioria tiver distraído, pegamos as armas, munição e suprimentos. Não sabemos o que podemos encontrar no caminho... – Disse e todos concordaram. – Aliás, o lugar que tem esse tipo de rebelião, fica perto da base Vinte e Três.

- Fica a quilômetros daqui! – Taehyung reclamou. – A gente vai levar um ou dois dias de caminhada, mas é por uma boa causa...

- Certo. Mas, e você Jimin? Irá conosco? – Seokjin perguntou esperançoso, todos notaram a mudança de Park e queriam que ele voltasse a ser aquele garoto bom, aquele Jimin que eu amav...

- Não. – Sua voz seca interrompeu meus devaneios. – Nem YoungJae. Preciso fazer o que eu planejei desde o início. – O silêncio havia nos tomado.

- Iremos com os outros Demônios, e destruiremos o Conselho. – Jae disse, sem nem se importar.

- Ah... precisamos ir agora. Todos. – Namjoon falou, quebrando o clima tenso presente entre nós. – Cada um já sabe o que fazer, certo? Entrar escondido, saquear o suficiente e ir embora.

Partimos e já estava escuro. Era por volta das 19 horas, normalmente acabaram de comer no Vinte e Seis, lá deveria estar calmo. Será que fiz a escolha certa? Querendo ou não, eu nasci lá, meus amigos nasceram lá, e ver toda esta destruição cara a cara vai ser muito doloroso. Mesmo que eu não apoie como eles mandam naquele lugar, mesmo assim, vai doer ver pessoas que antes eu conversava... morrendo.

- Jungkook. – Ouvi Jin me chamar, murmurei um "o que? " e ele disse para ficar mais atrás, porque queria conversar comigo.

- Diga, Hyung. – Falei um pouco baixo, com receio de que alguém nos escutasse. Para ele vir falar agora comigo, com certeza é algum assunto importante.

- Admita de uma vez: o que você sente em relação a Jimin? Parecia preocupado, não só por ele ser seu amigo, seu melhor amigo, mas parece que tem algo... a mais. – Seok disse olhando nos meus olhos, enquanto andava.

- Eu... nós... somos só amigos. – Desviei o olhar. Já tinha pensando várias vezes sobre meus sentimentos. – Acho que nem isso mais.

- Jungkook, não tente enganar seu Hyung. – Ele brincou, e retomou a posição séria. – Eu sei que é mais que isso. – Eu percebi que não adiantaria mentir para Seok, que me conhecia muito bem. Resolvi falar tudo que eu sentia de uma vez.

- Tudo bem... – Suspirei antes de continuar. – Desde sempre, fomos amigos. Nos conhecemos muito bem. Mas de um tempo para cá, fui percebendo que algumas coisas mudaram. Quando ele chega perto de mim, meu corpo fica de um jeito maluco. Me arrepio toda vez que nos tocamos, sinto uma energia muito boa percorrer sobre mim. – Disse e abaixei a cabeça envergonhado porque, pela primeira vez, estava falando isso em voz alta para alguém. – Não sei o que isso significa.

- Jungkook, como não sabe? – Seokjin falou rindo baixo como se a resposta fosse óbvia. – Você está apaixonado pelo Jimin. – Após essas palavras, tampei sua boca e ele a tirou rapidamente. – Isso é normal. E não vou contar para ele até você se sentir preparado. Vou deixar você pensar. – Dito isso, saiu de perto de mim e foi conversar com Namjoon, ótimo momento para me deixar sozinho, Seokjin!

As palavras não saíam da minha cabeça. Ecoavam em minha mente o tempo inteiro, me fazendo pensar se era isso mesmo. Apaixonado? Eu? Pelo Jimin?

Não pode ser. Somos amigos, ou nem isso. Nos afastamos desde que tudo começou. Mas ainda assim, sentia essas sensações. Uma reviravolta no estômago, arrepios e o coração palpitava a cada palavra dirigida a mim... espera. Droga! Eu realmente estou perdidamente apaixonado por Park Jimin!

- A gente poderia matar eles... – Foram essas palavras do idiota por quem eu me apaixonei que me tiraram dos meus pensamentos. Matar quem?

- Não vamos matar ninguém. – Disse impaciente.

- E você vai me impedir? – Jimin perguntou desafiador. Virou-se e cruzou os braços na minha frente, os outros se afastaram, pois, perceberam que uma longa discussão viria.

- Vou te impedir de matar inocentes? Sim! – Falei quase gritando. – Você nunca vai parar?

- É claro que vou! – Ele gritou. – Não sou um louco. Só quero a vingança por matarem meus pais!

- Isso não é vingança, Jimin! Você já foi longe demais! Você ainda tem salvação, este sentimento não é ódio, e sim saudades. – Disse. – Tenho certeza que você pensa que está fazendo o certo, mas não está!

- Para de falar como se eu fosse especial para você! – Jimin falou se aproximando.

- Mas você é especial para mim, até demais! – Rebati, gritando. – E você sente algo também que eu sei!

- Não sinto absolutamente nada por você! – Park disse. Isso doeu muito, senti meus olhos se encherem d’água, mas não deixaria que ele me visse chorando, não por causa dele!

- Então prove! – O empurrei de leve, não, não posso deixar que as lágrimas caíam.

Dito isso, Jimin me agarrou pela gola da camisa e juntou seus lábios contra o meu. Por instantes, não reagi, por estar muito surpreso, mas aos poucos me entreguei ao beijo. Ele passou suas mãos da camisa até a minha nuca, e eu apertei sua cintura, fazendo-o arfar, possibilitando que minha língua passasse. Explorávamos cada canto da boca do outro, ele tinha um gosto refrescante e que me levou a loucura. Senti uma energia passar pelo meu corpo, estava totalmente entregue.

Aos poucos, fomos nos soltando, e ao perceber o que tínhamos feito, corei violentamente. Ainda estávamos com as mãos um no outro, nos encarando.

- Eu disse que não sentia nada, até porque isso não significou nada para mim. – Jimin disse com um sorriso nos lábios, soltando-me e andando novamente junto com os outros.

E eu fiquei parado com uma das mãos na boca lembrando o gosto do melhor beijo que já tive, igual um bobo apaixonado. Não pensei que nosso primeiro beijo fosse dessa forma.