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História Another Love - 03 - Strongers - 3rd Week


Escrita por: luhfuck

Capítulo 5 - 03 - Strongers - 3rd Week


London, England - 22 de Agosto,2021

Seis semanas antes

2:15PM

Violet

A manhã fora bem agitada, em parte porque perdi muito tempo conversando com Liam boa parte dela, depois de me arrumar as pressas por ter lembrado de um compromisso fui ao estúdio de uma amiga de Liam. Cara havia me escolhido para ser a modelo de sua próxima linha de batons, e o ensaio de fotos seria feito com seu fotografo favorito.

Então o restante de minha manhã fora resumido em esmaltes,maquiagens, escova de cabelo, e dicas de como sair melhor nas fotos. Quando finalmente sai do local, logo após de convencer Cara de que poderia ir a um ensaio de fotos sozinha, entrei em meu carro e coloquei o endereço que fora me dado no GPS.

Cara nunca fora o tipo de mulher que gosta de muitas pessoas durante o processo criativo de um fotografo, suas fotos favoritas sãos simples, íntimas e extremamente lindas, e ela não iria querer que este ensaio fosse diferente. Suas exigências eram simples, um ensaio focado em meu rosto, e segundo ela, o fotografo escolhido a havia ensinado tudo que ela sabia por isso seria rápido e eu estaria livre em algumas horas. Além de parecer gostar de fotografar mulheres de olhos claros e cabelos castanho-acobreado, por isso ela havia confiado tal trabalho em suas mãos.

Cheguei ao local indicado sorridente, e sentindo minhas mãos soarem.

Seria a primeira vez que eu seria fotografada então sentia aquele frio na barriga, ainda que fosse um favor para a amiga de Liam. 

Quando aceitei o convite de Cara animadamente não pensei que ficaria tão nervosa.  Eu precisava me distrair,e seria ótimo mudar um pouco o ambiente de trabalho, respirar fora do escritório. Desde que assumi a empresa de meu pai não havia tido um dia de descanso. Além de que era uma ótima oportunidade já que eu estava disposta a tentar a carreira modelo, mesmo que fosse um pouco tarde, eu estava a apenas algumas semanas de completar meus 25 anos. Sei que deveria ter tentado essa carreira quando era mais jovem, deveria ter usado minha agitação dos 19 anos de idade para algo bom.

Balancei a cabeça jogando esses pensamentos para longe, o principal era distrair minha cabeça conturbada, e ser fotografada seria uma ótima distração. 

Estava subindo as escadas quando meus pensamentos me levaram até o meu marido,Liam me faz feliz e me amou o suficiente para grudar alguns pedaços do meu coração partido, e fiz o mesmo por ele. Sempre que penso nele e em seu sorriso carinhoso, meu coração se acalma e as mãos param de suar.  Talvez tenha sido por isso que nosso casamento tenha dado certo, estamos a seis anos tentando consertar uma parte do estrago feito com nossos corações, e sempre fomos melhores amigos. E o que ele fez por mim , quando Ian não tinha mais condições de cuidar da empresa, eu nunca poderei agradece-lo o suficiente.

Entrei no prédio e peguei o elevador até o sétimo andar como havia sido instruída por Cara depois dela me maquiar, fazer meu cabelo, unhas e me vestir. Eu já estava atrasada, então o mínimo era chegar pronta para ser fotografada.

Quando parei em frente a porta de número 102, uma voz masculina e com sotaque muito forte me mandou entrar. Soou irritada e fez algo dentro de mim latejar. Eu tinha a impressão de já ter escutado essa voz muitos anos atrás. Eu sabia que já tinha escutado aquela voz.

Mas também sabia que era apenas coisa da minha cabeça.

Devo estar voltando a imaginar coisas com Ele. Nos primeiros anos isso havia quase me deixado louca, mas passou. Bom, até agora havia passado.

Entrei ainda animada e não havia ninguém no estúdio branco e enorme.

As informações que foram me dada sobre o ensaio eram que seria simples, o fotografo gostava de simplicidade e parecia nutrir um certo amor por mulheres de olhos claros e cabelos acobreados, a única coisa que eu sabia dele era que assinava como Hes, e Cara, profissional que era, recusou-se a me dar qualquer outra informação, apenas dizendo que era confiável e para eu ''arrasar'' nesse primeiro ensaio de fotos privado, e que eu seria muito bem recompensada.

Lembrar disso fez o nó em minha garganta se desfazer, e então entrei de vez na sala. As luzes estavam posicionadas e um X no chão já estava pintado no chão, deve ser o lugar com melhor iluminação.

— Olá? — arrisquei, tentando não soar tão nervosa. Como resposta recebi um resmungo baixo irritado e som de passos. 

Olhei em volta a procura do dono da voz, e foi quando uma silhueta veio em minha direção.

Meu coração acelerou.

Eu conheço essa silhueta.

Não, eu devo estar imaginando coisas.

Deve ser isso.

Apertei os olhos e pressionei minha mão no lado esquerdo do peito que latejava e ardia com a intensidade da lembrança. Eu preciso parar de permitir que as lembranças me machuquem dessa maneira. Prendi a respiração por um minuto, e quando a soltei abri os olhos.

O fantasma que me atormentou por todos esses anos esta parado a minha frente. Com olhos verdes arregalados e seus cabelos longos, passando dos ombros em largos cachos brilhantes cor de chocolate.

—Violet —Ele disse baixo. Sua voz tão rouca que parecia estar arranhando sua garganta. Tão rouca que se parecia com a última vez que eu a havia escutado.

—Seu cabelo esta maior— Eu disse. Minha voz não ousando falhar.

Ele assentiu com cabeça. Me olhando da cabeça aos pés. Imitei sua ação, guardando cada detalhe como uma agulhada profunda em meu coração. Subi o olhar por seus braços ainda mais tatuados, e foi quando cometi o erro de focar em suas mãos.

Aquelas mãos.

Meus olhos encheram de lagrimas, mas as segurei determinada a não desabar,não agora. Levantei os olhos para encontrar os dele novamente, em um olhar tão intenso que doía.Eu só queria que ele parasse de me encarar daquela maneira.

—Você esta casado—Minha voz disse, sem falhar. Sem me trair. Era meu coração que me traia. Que doía tão intensamente que eu tinha a impressão de que iria morrer se ele continuasse me encarando daquela maneira.

—Sim.— Ele respondeu sem detalhes,escondeu a mão vestida com a aliança dourada no bolso da calça preta, olhou em minhas mãos e encontrando minha própria aliança —E você?

—Não importa— Eu respondi automaticamente. Ele arqueou a sobrancelhas e afirmou com a cabeça, colocando as mãos nos bolsos sem saber o que responder.

E como se toda a dor não pudesse ficar pior, um pequeno anjo de cabelos chocolate, vestido com roupas iguais a de Harry e olhos verdes brilhantes passa correndo ao meu lado. Me lembrei no segundo em que a crinça parou em frente a Harry, que era o mesmo garotinho o qual eu havia ficado encantada semana passada. 

—Dadee— Ele diz quando pula do colo do maior, que o pega com cuidado — Taylor que chocolate, dadee compla chocolate? —Ele completou e eu senti os cacos do meu coração se espalhando no chão.

Se espalhando mais uma vez aos pés de Harry Styles.

Eu havia pegado o filho dele nos braços. E aquela mulher, deveria ser sua esposa. Porque o mundo tem que fazer essas coisas comigo?

A dor é tão intensa que senti falta de ar,ou talvez eu tenha me engasgado com o ar que tentava entrar em meus pulmões,mas em algum momento um som parecido como no de esgano saiu de minha garganta. Eu precisava sair daquele lugar.

  — Príncipe —  Taylor virou em minha direção ao ouvir o barulho de falta de ar que eu havia feito, saiu dos braços do Pai que estava de olhos arregalados sem saber o que fazer, e abraçou minhas pernas. Tirei forças de onde não tinha e o peguei no colo, tentando engolir as lagrimas salgadas que ameaçavam sair.

  — Olá meu príncipe, como você está ? —  perguntei e forcei um sorriso, Taylor bateu uma palminha e segurou meu rosto com as mãozinhas gordinhas, me deu um beijo demorado na bochechas.

  — Você é linda— ele disse, e me senti um pouco orgulhosa por ele não ter errado nenhuma palavra. 

— Obrigado —  eu disse e lhe dei um beijo molhado, sob o olhar pesado de Harry.

— Taylor, você pode esperar o dadde vendo T.V? ai nós saímos para comprar sorvete, tudo bem? —  Harry disse.

— Não precisa fazê-lo esperar Harry, já estou de saída — Respondi tentando lhe dar meu tom de voz mais frio, com um ultimo beijinho, coloquei Taylor em pé no chão.  Dizer o nome dele havia doído mais do que pensei, então mordi o lábio com força para tentar disfarçar.

  — Por favor filho, dadee já vai — Ele pediu mais uma vez, dessa vez abaixado na altura de Taylor. O filho assentiu e lhe deu um abraço apertado, e foi aí que eu precisei sair. Ele sorriu.

Aquele sorriso com covinhas que atormentou meus melhores pesadelos, aqui na minha frente. Aqueles malditos olhos, a saudade e a mágoa que eu sentia dele, a junção de tudo se tornou insuportável. 

Por isso virei as costas e sai correndo, não lembro se fechei a porta e nem se pensei em descer de elevador, quando me dei conta eu estava correndo sete lances de escada abaixo, com lagrimas grossas e soluços altos, tentando respirar enquanto cada pedaço que havia sido deixado aos pés dele pela segunda vez doía,sangrava e me matava lentamente.

Quando finalmente cheguei ao estacionamento, me apoiei em meu carro e me permiti chorar.

Eu não podia fazer aquilo. Eu sabia que seria uma sessão privada, sabia que o fotografo não gostava de se expor, e que Cara confiava de olhos fechados nele e em seu trabalho, mas porque Harry? Porque justo ele depois de tantos anos?

E eu não suportava saber que ele havia conseguido continuar com seu coração intacto enquanto pisava nos restos do meu.

Chorei a ponto de cair de joelhos em um estacionamento. Quem escutasse meus soluços poderia imaginar que eu havia perdido um filho, ou um ente muito querido. Mas eu só havia pedido o que restava de mim.

Quando escutei passos se aproximando, tentei limpar as lagrimas mas já era tarde demais.

—Violet? — Sua maldita voz me chamou e solucei alto. Escondi minha cabeça entre as pernas, tentando me recuperar o suficiente apenas para olha-lo, me recuso a deixar que ele me veja assim mais uma vez. A seus pés e soluçando.

Me esforcei por longos minutos, e limpei o melhor que pude a maquiagem borrada. Não ergui a cabeça quando me levantei, estava me sentindo tonta, como se tivesse bebido muito, e acabei tropeçando em meus próprios pés. Harry segurou em meu braço, e o arrepio que sentir seu toque depois de seis longos anos me fez dar um pulo para trás. Eu não quero seu toque.
 

—NÃO ME TOQUE!! — eu gritei quando ele não afastou suas mãos de mim. O empurrei com força, e cambaleei até estar encostada no carro novamente. Ele me encarava com olhos desesperados e medrosos. —O que você quer? —Perguntei com o que havia restado de minha voz depois de tantas lagrimas.

—Saber porque você saiu correndo daquele jeito— Ele disse enquanto estudava meu rosto com olhos assustados.

—Porque eu não consigo —Eu respondi, ele inclinou a cabeça confuso e estava tão lindo que mais lagrimas fugiram de meus olhos —Eu não suporto nem olhar pra você Harry, eu não consigo ficar perto de você.

—Eu sei que você me odeia, mas...—Ele olhava para os próprios pés enquanto falava, depois de minhas palavras o atingirem como tiros. Mas ainda não era nada comparado com as dores que ele havia me causado.

—Eu não odeio você —Eu disse, a fúria se misturando com a dor dentro de mim — Eu te amo, eu te amo tanto que isso me mata e é por isso que eu não aguento ficar perto, ou ao menos respirar perto de você ,assistindo sua família linda e feliz , construída em cima dos cacos do meu coração — Eu berrei e ele deu um passo para trás. Seus olhos agora cheios de lagrimas.

—Eu nã... —Ele tentou dizer, sua voz gaguejando e seu olhar coberto de culpa.

—Cala a boca, por favor só cala a boca. —Eu implorei.

—Me desculpe— Ele disse e tentou se aproximar novamente, mas minha garganta emitiu um soluço alto e agudo e ele ficou onde estava.

—Te Desculpar? — Eu gargalhei como uma louca enquanto soluçava e chorava – Eu fiquei de joelhos a seus pés, implorando para que você ficasse,e você prometeu que ficaria, mas na manhã seguinte você havia indo embora! Sem deixar nem ao menos um bilhete, algo a que eu pudesse me apegar ou alguma razão para você ter ido embora dessa forma, então não Harry, EU NÃO TE PERDOO!!! – Completei furiosa e cheia de mágoa.

—Você não entenderia—Ele respondeu negando com a cabeça

—Você nem ao menos tentou me dar alguma explicação!!—Eu respondi e me aproximei dele, queria bater nele, fazer ele sentir a mesma dor que eu estava sentindo. O tipo de dor que te destrói de dentro pra fora.

—Nem se eu tentasse você entenderia Violet é muit...—Ele tentou falar mas eu o interrompi.

— ENTÃO ME DIZ AGORA PORRA! ME EXPLICA O PORQUE!!—Berrei descontrolada. Não me importando se estava parecendo uma louca.

—Foi naquele maldito lugar que eu perdi meu irmão, minha mãe, até mesmo minha alma!!! Tudo que havia de bom em mim morreu naquele lugar e eu precisava sair dali —Ele respondeu entredentes deixando que lagrimas molhassem o seu rosto.

—Foi naquele lugar que você me encontrou—Eu disse mais baixo—Eu não era o suficiente?

—Não—Ele respondeu sem hesitar —Eu era tão quebrado, e não podia mais ficar arrancando pedaços de você para tentar ficar inteiro, você não merecia isso.

Eu ri.

—Eu merecia ser abandonada sem explicação alguma, e sofrer por seis malditos anos, é isso ?—Ele negou com a cabeça e passou as mãos pelos fios cor de chocolate.

Minha pele arrepiou e minha raiva voltou a ser dor. E saudade. Sentia saudade do perfume de seus fios de cabelo macio, de seus beijos, de sua voz. Tanta saudade que quase avancei para deslizar meus próprios dedos naqueles cachos macios.

Eu precisava ir embora.

—Eu preciso sair de perto de você —Sussurrei e comecei a me afastar, mas Harry me segurou pelo braço, com força me mantendo no lugar e focando seus olhos em mim. Aquelas malditas florestas que eu achei que tinha explorado e conhecido bem, mas que agora pareciam vazias e desconhecidas novamente.

—Me perdoa, por favor— Ele disse sem desviar um segundo de meus olhos. Sua voz falha e rouca, enquanto suas mãos quentes ainda me tocavam.

Antes que eu pudesse responder um soluço irrompeu de meus pulmões, alto e frágil, tão doloroso que ele tentou me abraçar, mas eu me desviei de seus braços. Era demais.

—Eu não posso— Eu disse fraca em meio a lagrimas, e a vergonha de permitir que ele me veja novamente nesse estado me impediu de encara-lo nos olhos. —Porque se eu te perdoar, significa que eu estou te deixando livre para seguir em frente sem sentir culpa e que eu consegui superar, mas não é essa a verdade Harry. Eu não consegui superar, eu não quero que você siga em frente pisando na bagunça que você fez comigo. Eu quero que você saiba o que fez, e que apesar de todos os meu defeitos e coisas ruins que já fiz na vida, eu não merecia aquilo.

—Violet e...—Ele tentou falar, mas sua voz me atingia como se fossem facadas.

—Por favor —Eu implorei e ajeitei minha postura, pronta para ir embora.— Por favor, só me deixa ir embora e fingir que isso nunca aconteceu.

  — Não quero que vá embora, quero que converse comigo — Ele disse e eu ri fraco, aos poucos a raiva voltava e as lagrimas não ardiam mais. 

Respirei fundo. Encarei seu rosto perfeito por um segundo e mais um soluço fugiu de mim,junto com um turbilhão de palavras.

—Não é justo sabe—Eu disse antes que a coragem fosse embora de mim— Eu fiquei com todas as partes quebradas de você, eu consertei e dei tudo de mim, e teria feito qualquer coisa por você, e então você vai embora inteiro, me deixando aos pedaços, e essa mulher que eu não conheço e nem quero conhecer,fica com o prêmio por minha luta. Fica com tudo de bom que ainda resta em você, enquanto eu fiquei sem nada depois de te dar tudo. Vazia.

—Daisy não tem nada de mim Violet,você teve — ele disse e acariciou meu rosto com uma mão,mas o toque queimou e ardeu como fogo, me forçando a empurrar suas mãos com violência para longe de mim.— Eu não menti quando disse que te amo. Porque eu amo,ainda amo e você ainda tem tudo de mim. Quando eu decidi ir embora deixei tudo de mim naquela cama,envolvido em seus cachos no travesseiro. Deixei meu coração ali.

—Não foi o que pareceu quando eu acordei sozinha, e nem em nenhuma das noites em que eu não conseguia dormir porque a dor em meu peito me fazia chorar descontroladamente e perder o ar. — eu disse e cerrei os punhos.

—Eu achei que estava fazendo a coisa certa! —ele disse — Eu nunca te mereci, e eu achei que você fosse ficar bem, você tem Ian, e tinha seus amigos, eu só não queria deixar que você carregasse o meu peso mais uma vez.

Eu ri, uma risada triste e vazia e isso fez ele dar um passo para trás.

—Você não sabe quantas milhões de vezes eu pensei em voltar, te implorar de joelhos por perdão — ele falou — porque eu te amo Violet, e sempre vou amar.

E quando ele terminou de falar uma onda de mágoa e raiva me dominou-se.

—Você me ama? ME AMA? — perguntei descontrolada.— E ONDE ESTAVA ESSE AMOR QUANDO ME DEIXOU? ONDE ESTAVA ESSE AMOR QUANDO EU PERDI A PESSOA QUE MAIS AMEI EM TODO ESSE MUNDO? — berrei contra seu rosto e ele arregalou os olhos, gaguejando antes de conseguir falar.

Harry me encarou confuso, seus olhos verdes arregalando quando finalmente se deu conta do que eu tinha dito. E foi então que a culpa fez seus olhos escurecerem.

— O que ? O que houve com Ian ? — ele perguntou com voz embargada. 

— E agora você se importa? —  perguntei e ri. Harry se aproximou de mim, e seu perfume invadiu o ar. Ainda era o mesmo cheiro, sabão,menta, e perfume amadeirado. Me fastei de seu corpo e peguei a chave de meu carro, a apertando firme entre os dedos.

— Violet eu sei que você assumiu a empresa porque eu estava lá, e Liam não deixou que eu....— Ele começou a falando, tropeçando nas palavras e gesticulando com as mãos, mas desviei os olhos dele. Isso já havia ido longe demais.

— Você não merece saber, você foi embora —  eu disse, minha voz o cortando feio um faca. Gélida e certeira. 

Seus olhos verdes encontraram os meus, olhos verdes feito grama cheios de lagrimas, em olhos perdidos e azuis feito o mar.

— Não faz isso, por favor —  sua voz era baixa e rouca, quase chorosa quando falou. — Não esfrega a maior merda que já fiz na vida na minha cara, porque isso eu mesmo já faço todos os dias. —  ele completou.

Seus olhos vazaram, e s lagrimas grossas invadiram seu rosto perfeito.

E de repente tínhamos dezenove anos de novo, e ele estava em minha cama soluçando e tremendo com medo da verdade.

—Não estou esfregando e pare de falar como se você fosse a vítima da história — respondi, e não me senti bem como pensei que sentiria ao ver seu rosto desabar — Você não quebrou somente a mim Harry, você quebrou Ian também, mais do que ele já era quebrado.

— Eu pensei que estava fazendo a coisa certa —  Harry sussurrou

— Estava errado, muito errado — eu respondi   

— Para de chorar  — Nos viramos ao mesmo tempo para a criaturinha de dois anos em pé logo atrás de mim. Taylor estava de olhos arregalados em nossa direção. Correu para o braços do pai, que abaixou-se para pegar a criança no colo, e logo limpou as lagrimas de Harry com as mãos gordinhas. — Mommee sempre diz, Taylor non chora, coração fica triste — ele disse, olhando em minha direção e me chamando para perto com as mãozinhas gordinhas.

Me aproximei hesitante, e quando estav perto o suficiente, ele deslizou as mãos fofas por minha bochecha, tirando o excesso de lagrimas.

  — Non chora príncipe, taylor non gosta —  ele disse e me deu um sorriso banguela adorável.

— Não vou mais príncipe, eu prometo —  respondi e beijei sua mãozinha, ele riu, e me afastei.—   Estou indo embora, não esquece de levar o Taylor pra comer sorvete — eu disse encarando Harry, uma última facada em meu próprio coração ao ver a personificação de beleza a minha frente.

  — Vem com a gente, por favor — ele respondeu e segurou minha mão com sua mão livre. O toque doeu. Tudo que ele fazia doía.

Puxei a mão.

— Eu não quero conversar com você Harry —  eu disse baixo, usando todas as minhas forças para não chorar na frente de Taylor. —  Eu não posso — sussurrei.

— Por favor —  ele pediu usando o mesmo tom —  eu preciso te explicar tudo.

— Seis anos depois? Tarde demais, sinto muito —  respondi e olhei uma última vez para seus lábios, nariz, olhos, cabelo e finalmente as mãos. —  Tchau Príncipe, cuida do papai —  eu disse, tentando sorrir a Taylor que nos encarava confuso.

Virei as costas e abri a porta do carro, entrando rapidamente e saindo de perto dele, do cheiro dele, do ar que ele respira.

Chorei durante todo o caminho, minha ferida totalmente aberta e fresca como se tivesse sido feita no dia anterior, e eu não tivesse passado anos tentando fecha-la.

Quando cheguei em casa, agradeci por Liam não ter chegado, e me tranquei no quarto de hóspedes,a fim de fugir do olhar preocupado de Liam quando ele chegasse, e ignorando as perguntas de Lydia.

Não porque não queria responder, mas porque não conseguia. As lagrimas haviam me deixado muda, e tudo que eu queria era sofrer uma última vez sozinha.

Uma última vez, prometi a mim mesma, e eu seguiria em frente. 

Não posso permitir que ele me destrua dessa maneira.

Não vou.

 



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