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História Antinomia - Undertale - Conhecendo Problemas


Escrita por: cecifrazier

Notas do Autor


OE GENTE LINDA
23 favoritos já?!
Obrigada <33

Boa leitura <33

Capítulo 2 - Conhecendo Problemas


 

Tudo estava escuro, não havia uma fresta de luz sequer. Sans não conseguia ver nada a sua frente, mas estranhamente conseguia ver seu próprio corpo, como se emanasse uma luz. Ele começou a correr sem saber para onde ir. Corria de algo que não conhecia e muito menos sabia se existia. Ouvia gritos, risadas, sussurros...tudo misturava-se em uma cacofonia sem fim. Era como se toda a esperança, toda a crença e clareza, tivessem sido arrancadas de sua mente, sobrando apenas o medo e a solidão.  

 

Então, ele acordou, completamente suado e ofegante, como se realmente tivesse acabado de correr uma maratona. Mais um pesadelo, de tantos os outros que já tivera. Para ele, aquilo era normal, já que tinha que conviver com esse tormento desde quando sua mãe morreu. Sans apenas se levantou, olhando para o relógio e percebendo que ainda era madrugada. Saiu do quarto e desceu as escadas, precisava fazer algo para acalmar a mente. Pegou o casaco mais grosso que estava pendurado no cabide e saiu de casa. A rua estava silenciosa, o preto que pintava o céu, a pequena falha na luz de um dos postes e a fina camada de neblina, faziam o cenário ficar assustador, e Sans poderia dizer que adorava aquela sensação.  

 

Ele decidiu andar um pouco pelo quarteirão, chegando até um mercadinho 24 horas ali próximo. Não havia ninguém no lugar, a não ser o próprio dono que estava atrás do balcão, um senhor de idade que esbanjava um sorriso alegre e um olhar cansado. Apenas acenou para o homem e passou a andar entre as prateleiras. Sans já o conhecia, pois sempre que tinha algum pesadelo e não conseguia mais dormir, acabava indo até a loja e comprando um copo de chá gelado e um saco de batatinhas.  

 

O sutil barulho do ventilador de teto misturava-se com as fracas gotas de chuva que caíam do lado do fora, fazendo Sans ter sensações em sua barriga, era como se fosse algo nostálgico. 

 

Assim que pegou seu chá e as batatinhas, pagou os itens e acenou novamente para o senhor, que retribuiu com um sorriso.  

 

Durante o caminho de volta para casa, o nome de Frisk veio-lhe à mente, fazendo-o se assustar. Entretanto, ficou pensativo em seu caso até chegar a seu destino. Para ele, o caso de Frisk era triste. Tão jovem e com tantos problemas, era isso o que Sans pensava, mas o fato que mais o intrigava, era lembrar que ela, supostamente, poderia ver coisas ditas como sobrenaturais. Aquilo deveria ser normal, já que ela era esquizofrênica, entretanto, como poderia saber de certos detalhes que nunca foram lhe contados? Era um mistério que certamente ele descobriria a qualquer custo.  

 

Ao consumir o chá e algumas batatinhas, deixou-se cair sobre a cama e o cansaço tomar conta de seu corpo, logo caindo em um sono pesado.  

 

•••

 

Mesmo com a interrupção em seu sono, Sans conseguiu acordar extremamente cedo como de costume. Às 04:30 já estava de pé, às 05:00 já estava pronto e às 05:30 já estava saindo de casa. Nunca tinha tempo de preparar o café da manhã que realmente merecia, então apenas comprava um copo de café e um sonho no caminho para o hospital. Sabia que, consumindo tanto açúcar logo de manhã, seus níveis de colesterol aumentariam, mas fazia tempos que não comia algo tão doce assim.  

 

Ao chegar no hospital, pôde ver Chara, como sempre, encostado na parede do corredor e segurando um copo de café. Quando viu Sans, acenou e foi até ele.  

 

— Bom dia, chefe. — Chara sorriu e entregou uma prancheta para Sans. — O doutor Gaster me pediu pra entregar isso pra você, disse são os medicamentos que recomenda que você use no tratamento da Frisk. 

 

Sans pegou o objeto e arqueou as sobrancelhas quando observou a longa lista. Não achava que aquela adolescente precisasse de tanto.  

 

— Por falar nisso, onde ele está? — O mais velho perguntou.  

 

— No escritório dele, resolvendo o futuro dos pacientes que... — Chara abaixou o tom de voz. — Ainda não estão curados.  

 

Sans suspirou, então apenas assentiu e foi em direção a sua sala.  

 

Não era a primeira vez que Gaster discutia o futuro dos pacientes com distúrbios graves. Claro que Sans achava mais fácil usar a magia para cura-los, mas entendia os riscos que seu pai corria ao fazê-lo e por isso também respeitava, sendo extremamente cauteloso em apenas usar magia para facilitar na recuperação dos pacientes.  

 

Antigamente, quando o hospital não era tão conhecido e as pessoas não ligavam muito para isso, era demasiadamente fácil curar os pacientes, mas com acontecimentos milagrosos acontecendo em massa, não foi difícil para que o hospital se tornasse um dos melhores e mais conhecidos da região. Gaster sempre foi questionado na forma com que realizava seus tratamentos, e ele apenas respondia que: “a paciência e o sorriso são os maiores remédios”. Claro que nem todos acreditaram nesses argumentos e várias teorias foram criadas, uma delas sendo justamente a utilização de magia. Por essa razão, Gaster proibiu o uso de tal recurso para recuperar os pacientes, o que também gerou uma desconfiança de certas pessoas.  

 

Quando finalmente o relógio marcou as 08:00, batidas na porta foram ouvidas e logo Sans foi atender, recebendo o casal Dreemurr com um sorriso caloroso.  

 

— Bom dia. — Ele disse enquanto apertava a mão de Toriel e Asgore, então desviou o olhar para Frisk. — Bom dia, Frisk. 

 

A menina, entretanto, nada respondeu. Apenas acenou sutilmente com a cabeça e se encolheu nos braços da mãe. Sans apenas sorriu gentilmente, por mais que soubesse que Frisk estava assustada e com medo, tentaria deixar o clima amigável e acolhedor.  

 

— Vamos fazer a consulta em uma sala especial. — Sans desviou o olhar para o casal, que apenas assentiu, então desviou seu olhar novamente para a menina.. — Venha, Frisk, não tenha medo.  

 

Ela olhou para sua mãe, que lançou um sorriso para a mais baixa, então Frisk foi até Sans e segurou sua mão. Asgore e Toriel, como no dia anterior, sentaram-se no banco fora do escritório. Sans sorriu, então a guiou até a sala que fariam a consulta. 

 

Ao abrir a porta, Frisk arregalou os olhos ao perceber que haviam diversos brinquedos e ursos de pelúcia, era como se fosse o cantinho de luz em um lugar vasto e escuro. Automaticamente, ela correu para dentro da sala e se jogou nos braços de um urso gigante. Sans não pôde deixar de sorrir, já que Frisk estava, aparentemente, mais alegre. 

 

Ele fechou a porta e foi até uma poltrona, fez uma anotação na prancheta e desviou seu olhar para a menina, que esbanjava um sutil sorriso.  

 

— Então você gosta de ursos, não gosta?  

 

E como no dia anterior, ela não respondeu, apenas se encolheu no urso e abaixou a cabeça.  

 

— Não precisa ter medo, eu sou seu amigo. — Ele se levantou, então aproximou-se de Frisk e sentou no chão com as pernas cruzadas. — Pode me falar o que quiser.  

 

— ....eu....eu gosto de....ursos... — Ela sussurrou, quase em tom inaudível, mas Sans conseguiu entender e sorriu.  

 

— Eu também gosto, tinha vários quando era criança. — Fez uma anotação na prancheta e voltou a encará-la. — E a escola? Gosta de lá?  

 

— ....eu não vou para a escola.... — Sussurrou novamente e ergueu o olhar levemente, encarando os olhos azuis de Sans. — Meus pais me ensinam em casa...  

 

— Oh, que legal. — Fez mais uma anotação. — E me conte, o que você mais gosta de aprender?  

 

— ....gosto de história, acho legal e...interessante. — Frisk sorriu sutilmente, então Sans apenas fez o mesmo.  

 

— Sabe, eu também gosto muito de história, era uma das minhas matérias preferidas na escola.  

 

A menina abriu um sorriso mais alegre, e Sans sentiu-se um tanto aliviado por isso.  

 

— E o que mais você gosta de fazer? 

 

— Eu....gosto de ficar no quarto e...dormir. — Frisk soltou uma risada baixinha no final, já que não tinha muito o que fazer durante o dia.  

 

— Dormir faz bem, gostei. — Sans fez uma anotação. — Mas acho que você pode fazer mais coisas durante o dia, ficar o dia todo em casa é chato.  

 

Ela fez uma careta, o que fez o rapaz rir.  

 

— As...vozes não me deixam sair de casa...elas...brigam comigo. — Ela se encolheu no urso e o abraçou com força. — Eu fico com medo... 

 

— Vozes? E o que elas dizem?  

 

— ....elas.... — Frisk começou a chorar. — Dizem que eu vou morrer....que meus pais vão morrer.... 

 

Sans fez uma anotação em sua prancheta, mas não hesitou em dar um abraço apertado na menina e lhe fazer um carinho na cabeça.  

 

— Você não vai morrer, seus pais também não. — Ele murmurou. — Eu estou aqui, tudo bem?  

 

Frisk o abraçou com força, como se estivesse com medo de cair. Então ela enxugou suas lágrimas e tentou sorrir.  

 

— As vezes...eu tenho vontade de fugir...porque elas me perturbam de noite... 

 

— Eu não deveria fazer isso, mas... — Sans arrancou um pedaço de papel e escreveu seu endereço. — Se precisar conversar ou ficar com medo, pode me visitar.  

 

Ela pegou o papel e começou a chorar novamente, então o dobrou delicadamente e assentiu.  

 

Após algum tempo conversando, Frisk já conseguia se abrir, não totalmente, com Sans, e ele ficara realizado por isso, já que estava conseguindo conquistar sua confiança. Quando finalmente o relógio marcou 10:00 horas, eles tiveram que se despedir e por mais que a menina não quisesse ir embora, ele insistiu em dizer que se veriam no próximo dia.  

 

Lembrou da lista de medicamentos que foram recomendados para que usasse no caso de Frisk, mas não achou que seria necessário, pelo menos não no momento.  

 

Soltou um profundo suspiro e voltou ao seu escritório, e no caminho, pôde ver seu pai, Gaster, conversando com alguns homens que estavam acompanhados de um padre, o que Sans achou muito estranho.  

 

Decidiu esperar que aquela gente fosse embora, então foi até seu pai a fim de saber o que tinha acontecido.  

 

— O que eles faziam aqui?  

 

— Vieram me perguntar se faço exorcismos. — Gaster riu. — Não é porque curo pessoas com distúrbios graves que vou saber como expulsar um demônio.  

 

Sans arqueou suas sobrancelhas. Sabia muito bem que seu pai era capaz sim de expulsar essas entidades, graças à magia, entretanto não poderia dizer isso a ninguém.  

 

— E o caso daquela moça? Frisk, certo? Progresso?  

 

— É, ela conseguiu se abrir comigo. — Ele respondeu, frio. — E não acho que ela precise de todos aqueles medicamentos.  

 

— Filho, os pais dela disseram que, geralmente, ela tem alguns surtos de pânico, você deveria saber que surtos assim são difíceis de controlar.  

 

— Você indicou quatro medicamentos fortes para uma menina de 16 anos. — Sans alterou um pouco a voz. — Eu poderia muito bem usar...quer saber? Você não se importa mesmo, nem com a mamãe se importou.  

 

Ele não esperou que Gaster sequer tivesse a chance de responder, apenas saiu com passos pesados e bateu a porta de seu escritório. Sans suspirou e passou a destra entre os cabelos. Sua cabeça doíam, sua mente estava tão cheia e ao mesmo tempo, tão vazia.  

 

Sabia que toda a magia tem um preço, mas sabia ainda mais que Frisk teria que usar medicamentos por toda sua vida se quisesse viver normalmente.  

 

Sans não poderia deixar isso acontecer. 

 


Notas Finais


É isso, obrigada por lerem!
Até o próximo capítulo! <3


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