História Aos Olhos do Mundo - O castelo ainda fica

Aos Olhos do Mundo

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Capítulo XXI - O castelo ainda fica.

Andrew está parado ali, com seu robe acetinado azul marinho, uma taça de champagne em uma das mãos e na outra metade de um cigarro, admirando a luz do sol que reflete sobre a água da piscina que foi projetada para ser sempre azul.

Eu quero voltar e ir embora, mas é realmente inapropriado depois que você é anunciada aos ecos pelas paredes da casa.

- Isso vai te matar - sussurro, me aproximando ao poucos. Aperto o casado contra meu corpo enquanto o vejo seminu exposto ao frio.

- É só a casca. Eu já estou morto por dentro há muito tempo. - E ele traga uma última vez, olha a ponta do cigarro que sobrou sua mão e o arremessa na piscina em um movimento de desleixo. - Achei que você nunca mais viria aqui.

- Quer que eu vá embora?

- Não... - sussurra ainda de costas para mim, parado em sua pose de David. - Não, Lil... - e então ele se vira para mim revelando seus olhos avermelhados e inchados de um dia inteiro de choros. Eu conheço a diferença. - Desculpe.

- Tá tudo bem, Andrew.

- Não está - e aponta para o meu braço que, após a avaliação da equipe, agora tem apenas uma tala. - Eu te machuquei. De todas as pessoas, Lilian... eu machuquei você. E não só no braço.

- Você só estava... projetando. Desculpe, Andrew, mas eu não sabia sobre_

Andrew volta a olhar para frente e fala alto, articulado, mas não para mim. É uma confissão para si mesmo - ou um lembrete.

- As coisas que eu te disse não cabiam a mim dizê-las. Eu fiz o voto também e todas as minhas ações foram exatamente opostas... eu te machuquei.

- Do que você está falando? Você está bem?!

- Eu tô morto, love of my life. Como muitos há muito previram. Não há mais tênis para mim, não há mais espaço. Ninguém hoje em dia quer se vincular a alguém como eu. É só que tudo foi ficando difícil e eu achei que fosse rachar e se não houvesse o estímulo eu de fato me desmancharia, como um castelo de areia diante da ventania.

- Andie... - Eu tento me aproximar, mas ele me impede, esticando a mão livre e repousando-a sobre o  meu ombro. - Você deve se manter longe, love, ou eu vou te desmanchar também.

- Eu não o culpo_

- Mas deveria. - Andrew se abaixa, deposita a taça no chão e então se faz ereto diante de mim, levando as duas mãos até meu rosto e me olhando com ternura - cruel. - Você deveria me odiar pelo o que eu fiz. Você, Lilian, no meio de todas as pessoas, ficou. Eu não os culpo. Jamais poderia. Mas você... por que você ficou? Pena?

- Não! - Tento me desvencilhar de seu olhar, mas ele não permite. - Você é meu amigo, Andrew... e eu o amo.

- Pena então - e me sorri. Andrew está me pedindo desculpas com todas as linguagens e, ao mesmo tempo, me pedindo para ir embora. - Me promete uma coisa? - Eu concordo com um aceno. - Na próxima vez, não atenda o telefone.

Esse é um adeus. Vejo seus olhos se encherem e brilharem para mim, mas nada escorre dali. Tudo contido dentro da casca que em breve será levada com o vento.

- Só uma coisa, Andrew... o que você me disse, tudo o que você me disse, tem fundamento?

Ele sorri e dá um passo para trás.

- Se... e somente se, love, você aguentar as consequências, as reais consequências, do tipo em que pode desfazer a sua vida, pergunte então para a pessoa certa. Erroneamente eu fui um mensageiro, a pomba extraviada do caminho, e eu realmente peço desculpas por isso e espero que um dia você possa me perdoar. Mas agora, por favor, me deixe sozinho.

Eu obedeço porque há muito ele tenta me mandar embora. Não me importa o que Daniel ache ou Serena: Andrew vale a pena ser resgatado, sempre, em todas as noites - e manhãs. Atravesso sua casa, entro no meu carro e me direciono para o próximo compromisso.

Vou guardar tais palavras enigmáticas até que eu compreenda muito bem cada uma delas, meu amigo.