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História Aos Olhos do Mundo - Dr Jekyll e Mr Hyde no hotel


Escrita por: NoahBlack

Capítulo 24 - Dr Jekyll e Mr Hyde no hotel


Aos Olhos do Mundo

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Capítulo XXII - Dr Jekyll e Mr Hyde no hotel

O hotel é enorme, no meio de uma Londres agitada, com muitas pessoas passando e pedindo extensas desculpas pelo esbarro. Eu não olho para os lados e sigo rápido para a entrada onde puxam a porta para mim e indicam a recepção. Puxo o Iphone do bolso mais uma vez para conferir o horário e vejo a resposta de Benedict destacada na tela.

Há pouco ele me perguntou sobre o braço e eu expliquei a atual situação - que é bem otimista e estarei em Brisbane no começo do próximo ano. Ele responde que isso é bom, mas que infelizmente nosso campeonato de dardos deverá esperar.

Sorrio com a menção - porque com tudo o que aconteceu nas últimas 72 horas, esqueci de pensar nele.

"Espero que a gente possa se ver antes da possibilidade dos dardos", digito, ainda me sentindo boba. É como um lembrete: alguém externo a essa loucura pode me trazer para o eixo.

Elevador, botão apertado, espera curta, portas automáticas abertas, botão do andar pressionado, portas automáticas fechadas e sinto meu corpo ficar levemente mais pesado - e junto com ele o batimento cardíaco. A cada anúncio de um andar acima quero apertar o botão de emergência e voltar para o térreo. Dentro da minha bolsa tem um spray de pimenta que, sim, julgo ser muito necessário para tal situação.

Quando as portas automáticas se abrem de novo e eu saio para o corredor procurando qualquer senso de direção para o quarto 1305, a voz que me chama já diante do quarto me faz presenciar a dor de um coração batendo obrigatoriamente - porque nós dois não gostaríamos de estar aqui.

- Lilian.

Ele me chama e adiante sua mão pela minha cintura para me conduzir para dentro do quarto que se revela praticamente um apartamento, com uma ampla área central circular, com uma mesa central baixa, sofás, cadeiras estofadas com estampas florais, uma ampla janela balcão e com cortinas densas e claras que encobrem toda uma parede.

- Tomei a liberdade de pedir chocolate quente para você - e ele aponta uma das cadeiras e eu me sento. - Devo servi-lo agora?

A barba bem aparada rente ao formato do rosto e queixo quadrado, os dentes parecem mais alinhados e branco - o que me leva rapidamente ao pensamento se eles brilhariam em luz negra - mas seu corpo aparenta um pouco menos rijo do que era.

Gabriel está diferente.

- Por favor, Li... relaxe. Somos dois adultos querendo conversar.

- Não. Você quer conversar. Eu vou ficar sentada aqui esperando para saber se o que você tem a dizer eu quero escutar.

- Uau! Olhe você, toda afiada - e ele solta uma risada que me faz segurar a bolsa junto ao meu colo com mais força.

- O que você quer, Gabriel?

- Quero conversar com você, saber como você está... não te vejo desde... quanto tempo faz que não nos vemos?

- Existe uma diferença entre nós nos vermos e você me ver e eu te ver. Em qual delas você está interessado?

- Okay... se você vai ficar me atacando desse jeito, não sei por que você veio.

Seu cinismo não exerce qualquer efeito sobre mim - pelo menos aparente, porque tenho vontade de descarregar o spray nele. Daniel e eu previmos algumas situações das quais eu poderia me deparar e essa foi uma delas. Pronuncio um okay bem audível, me levanto e caminho para a porta. A jogada que ele esperava de mim era que eu entrasse em seu jogo e dissesse "você me chamou aqui, você apareceu na academia, você bateu na porta da minha casa".

- Espere - e no ato em que o sinto segurar meu braço automaticamente enfio minha mão livre dentro da bolsa. - Eu realmente quero conversar com você - e seu tom de voz agora muda para algo que beira o desespero.

- Fale de uma vez então.

- Eu... Li... você deve entender que estou desesperado e apelo pelo o que houve uma vez entre nós dois; pelo nosso amor que não sumiu de mim e tenho certeza de que em você também.

- Apele para outra coisa então, porque isso simplesmente não existe.

- Qual é, linda - e ele se aproxima de mim e toca meus braços com suas mãos e os alisa. - As coisas ficaram muito ruins no final, mas a gente poderia ter consertado se você_

- Se eu exatamente o quê?

- Esquece.

- Não, por favor, me diga. O que eu não fiz que afundou nosso relacionamento?

- Por favor, não leve a mal o que eu vou dizer, mas... você deveria ter me deixado cuidar melhor da gente. Eu teria encontrado um jeito e as coisa não precisariam, bem, terminar do jeito que terminaram. Você não teria se machucado.

- Hmm - dou um passo para trás e caminho para outra direção com mais espaço do que a pouca parede que resta atrás de mim e a porta. - Por machucar você quer dizer...?

- Bem, você sabe. Você não teria sofrido o acidente.

- Desculpe, como é que é?

- Não precisa bancar a durona, Li, afinal, nós dois sabemos que você só foi viajar porque eu te deixei.

São tantas informações absurdas que eu quase chego a ficar nauseada, mas ao mesmo tempo me faz querer rir, gargalhar até que lágrimas escorram dos meus olhos, porque é tudo tão - mas tão - ridículo.

- Você me deixou quando decidiu começar a me trair, Gabriel, quando me deixou sozinha nesse relacionamento que eu achava que existia.

- Mas é isso o que eu quero falar com você! Esse relacionamento pode voltar_

- Não. Não pode e não vai.

- Eu sou um novo homem, Lilian.

- Você assumiu a criança? - E então o vejo fechar o punho com força, fechar os olhos e apertá-los com força e até pressionar os dentes com força. - Não?

- Estou averiguando a paternidade ainda.

- Isso encerra meu argumento. Você não é um novo homem, Gabriel. - Eu me viro para caminhar em direção à porta, mas escuto sua gargalhada novamente.

- Porque a sua vida é muito melhor que a minha, certo? - E ele abre os braços e clama para o teto. - A grande Lílian Lunière tem uma vida perfeita: mesmo em coma, ganha prêmios, é recebida em premières, é desejada pelas empresas e atores hollywoodianos com o dobro de sua idade...

E ele aponta para uma das tantas revistas em cima da mesa baixa central: nela há uma foto minha sentada no pronto atendimento com Benedict agachado diante de mim, apoiando suas mãos em meus joelhos e conversando comigo com o rosto próximo ao meu. É a segunda foto nossa que circula pela mídia.

- Pra que exatamente você me chamou aqui? - Se eu sinto vontade de me jogar contra ele com o spray? Sim. Se eu quero gritar com ele e entrar em seu jogo? Sim. Mas mantenho a compostura, mantenho meu tom de voz e sustento nosso olhar para que ele sinta minha repulsa.

- Então é verdade que vocês estão transando... interessante.

- Somos amigos. Por que você se deu ao trabalho de vir até Londres e sair correndo atrás de mim?

- Eu preciso de dinheiro.

- Consiga um empréstimo.

- Não posso. Eu não tenho... eu não tenho crédito.

- Encontre um amigo.

- Eu vim até você. Será que você não entende o meu desespero?

- Não. Na verdade, a contrário de você, eu não sei nada de sua vida. Desculpe pelo desinteresse.

- Eu preciso pagar uma dívida - ele começa depois de muito passar as mãos pelos cabelos e se sentar.  - Senão eles vão cobrar de uma outra maneira.

- Está devendo para um agiota?

- Eu me envolvi em coisa pesada e agora devo muito dinheiro, Lilian, e eles vão me matar se eu não pagar.

- E onde está o seu dinheiro?

- Eu... eu perdi tudo. As apostas começaram a ficar cada vez maiores e eu tinha que acompanhar senão seria passado para trás e aí tem essa criança e eu serei preso se não pagar a pensão_

- Então você já fez o teste de paternidade.

- Ela comprou o laboratório! - Ele explode comigo, com as veias saltadas no pescoço e testa e o sangue fluindo rente a pele. - É a única explicação.

Claro que é, querido.

- Peça para ela então. Se ela teve dinheiro para comprar um laboratório, deve ter dinheiro para você.

- Cale a boca, Lilian - ele grita e vem para cima de mim, mas eu me ponho rapidamente atrás da cadeira e a seguro firme nas minhas mãos para levantá-la se necessário.

- Oh - ele olha para a cadeira e depois para mim e começa a rir de novo. - Você tem medo de mim. - E aponta o braço com a tala. - Foi ele?

- Eu não vou te dar dinheiro.

- Ah, você vai sim... porque nós dois - e ele gesticula o braço apontando para nós e fecha os olhos como se recuperasse alguma lembrança, - nos divertimos muito. E se você não me der o dinheiro, melhor avisar seu namoradinho velho que ele terá acesso ao melhor ângulo de sua namorada na cama. Isso mesmo, Lilian. Eu não queria ter que fazer isso, mas você não me deixou escolha. Meio milhão na minha conta até amanhã ou seu vídeo estará nas telas da Picadilly antes que você consiga pronunciar o nome completo dele - e aponta para a revista.

- Você está blefando. Nós nunca filmamos ou tiramos fotos.

- Correção: você nunca filmou ou tirou foto. Eu... bem, eu gostava de rever algumas coisas nossas quando longe de você. Até amanhã, Lilian - Gabriel se direciona até a porta, a abre e estende a mão. - Você já conhece o caminho de volta.

Só escuto a porta ser fechada atrás de mim. Droga! Corro para o elevador e suas portas automáticas se abrem rapidamente para mim. Abro os botões do sobretudo que parecem me apertar muito a boca do estômago e depois puxo o colarinho da camiseta. Droga! Acabo de ser chantageada por um homem que eu passei três anos da minha vida me relacionando.

Demoro para conseguir raciocinar o que tudo isso significa: Gabriel está pronto para me denegrir, arrancar da minha imagem a dignidade que meu nome possui, a dignidade que eu possuo.

Eu busco na bolsa pelo meu Iphone mas eu mal consigo enxergá-lo devido à toda essa água que se concentra em meus olhos. Sinto meus pés falharem e meu corpo escorregar pela parede do elevador. Que droga!

- Querida?

A voz de Roger é urgente ao ouvir apenas meu soluço escapar de minha boca.

- Eu tô ferrada.



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