História As Aventuras de Vamp - Humanos

Dias atuais

De botas pretas de salto, da cor do vestido curto, Vamp se aproximou e olhou para os lados só pra ter certeza que a rua estava vazia. Por ser uma imortal com uma visão espetacular no escuro, assim como os gatos, e capaz de saltar alturas monstruosas e cair de pé, com um estilo que só os felinos tem, Vamp era conhecida por muitos como Vampcat, ou gata-vampira. Mas, naquela noite queria fazer diferente, a janela estava aberta e seria fácil saltar da rua vazia pra dentro da revista, mas preferiu abrir os braços e fechar os olhos, logo se transformando em um pequeno morcego negro, de asas bem finas e olhos vermelhos luminosos, que batendo as asas ao vento com delicadeza, entrou pela janela sem que ninguém visse. Dentro do escritório, voltou a forma humana e sorriu satisfeita consigo mesma, por não ter rasgado o vestido como fez da última vez que teve que saltar pela janela. Sentia-se leve depois de uma caçada, esperava relaxar um pouco na escuridão do escritório, até perceber que havia mais alguém ali. Vamp virou o pescoço a tempo de ver o abajur cair se partindo em pedacinhos no chão. Pelo cheiro, não era humano.

-Pesadelo! - chamei num sussurro, quando vi o gatinho passar correndo pelo vão da porta e sumir de vista. Foi quando percebi uma luz acesa na revista, vinha da sala principal, e me perguntei quem estaria lá tão tarde da noite. E o que fazia?

Segundos atrás

Click. Com as unhas pintadas de esmalte rosa chiclete com glitter, Amanda teclou enter e uma nova página se abriu no notebook. Várias fotos de modelos da Revista Diva Dollz, mas nenhuma igual a que ela procurava, que vinha perturbando seus sonhos por meses. Talvez devesse esquecer esse assunto, mas era como se algo dentro de si a impulsionasse a continuar. Já sentia-se culpada por invadir a revista aquela hora, só pra vasculhar escondido o computador da sua chefe, que era tão legal com ela, quando... Ouviu o barulho de algo cair no escritório da Vamp e levantou num pulo.

-Ben? É você? - perguntou tão baixo, que nem sua sombra ouviu.

Ela sorriu aliviada ao ver Pesadelo sair do escritório com cara de quem aprontou das suas e correr direto pra cozinha. Virou outra vez pro notebook, ainda de pé, e passando pelas pastas de documentos notou que havia uma trancada com cadeado escrito Juramento Vampírico, logo depois ouviu passos, e se assustou ao ver Vamp sair do escritório com o olhar mais desconfiado que nunca.

-Amanda? O que faz aqui tão tarde?

-Eu? Nada, acabei de chegar! É que, na verdade ia... ia... Vamp, por onde você entrou?

Amanda começou a falar, mas percebeu que ela não tinha surgido pela porta e sim pela sala do escritório que ficava no terceiro andar do prédio.

-Eu não entrei por lugar nenhum, já estava aqui – disse a vampira, calma, andando em sua direção. - Vim mais cedo ver uns papéis e acho que dormi no escritório porque não ouvi você chegar.

-Eu e o Ben. Ele veio comigo.

Vamp se aproximou mais, contornando lentamente a mesa onde Amanda estava, mas antes que visse o que tinha na tela, a jornalista fechou o notebook.

-Está escondendo alguma coisa, Amanda?

A loira balançou a cabeça negando e seus cabelos soltos acompanharam o movimento, caindo sobre o vestido rosa, no entanto, não conseguia olhar nos olhos da Vamp, se olhasse ela ia saber que mentia.

-Eu sei o que parece. Eu voltei no escritório depois do horário de trabalho com o Ben e agora você chegou e me pegou mexendo no seu notebook, mas não é o que pensa.

-E o que devo pensar então?

Nisso, a porta da cozinha se abre e vem Ben, seguido por Pesadelo. Ele vinha com um pratinho de bolo e quase derruba assim que dá de cara com Vamp.

-Olá! Não sabia que tinha voltado de viagem.

Vamp olha para o bolo e os lábios do fotógrafo sujos de glacê, tudo parecia explicado.

-Estavam dando uma festa? Eu saio por uns dias, deixo a revista nas suas mãos, Amanda, e o que faz é dar uma festa pelas minhas costas? - agora Vamp fica brava. - Quantos convidados tem mais na cozinha?

-Na verdade, só eu, a Amanda e o Pesadelo – conta Ben. - Não era bem uma feeesta...

Amanda faz um gesto pra que ele limpasse a boca e continua:

-Era uma festa sim. Mas, só entre eu e o Ben, sem convidados. Sem ninguém, só nós dois apenas.

-Ah! Então, viéram aqui pra namorar? - Vamp fica mais brava ainda. - No local de trabalho?

-Nãoooo!!!! - gritaram os dois ao mesmo tempo.

Eles não podiam dizer a Vamp que foram pesquisar sobre a garota misteriosa que aparecia nos sonhos da Amanda, então, tinham que inventar uma boa desculpa e depressa.

-Vamp, nada a ver eu e o Ben namorando!

-É claro que não! Somos só amigos – ele senta e começa a comer o bolo, deixando por conta da Amanda as explicações.

-Nós entramos na revista porque é meu aniversário e não queria comemorar sozinha.

-Seu aniversário?

-É.

-É aniversário dela sim – confirma Ben. - Ela não quis fazer festa em casa porque ia gastar muito dinheiro, então dei a idéia “por que não vamos pra revista”?

-Isso é verdade?

-Vamp, desculpa vir sem avisar. Você tem razão em ficar brava – completa Amanda.

-E quanto a mexer no meu notebook? Pra quê? - agora Vamp olhou direto nos olhos verdes da Amanda pra ver se descobria a verdade.

-Relaxa. Ela só procurava uma música pra baixar no pen drive e colocar pra gente ouvir – mentiu Ben. - Quer uma fatia de bolo?

Vamp desviou os olhos para ele pensativa. Tudo o que mais queria quando chegou era descansar sozinha no escritório, mas encontrar com os dois naquele momento, fez com que se sentisse em casa, como se estivesse em família, segura, como se Ben e Amanda fizessem parte da sua família, e isso a fazia se sentir quase igual a eles, como uma humana, melhor que isso, viva.

-Desculpa, foi um erro. Nós vamos embora agora mesmo. Anda, Ben!

-Espere! Por favor fiquem – pede Vamp se aproximando para abraçar a amiga.-Feliz Aniversário!

Sem esperar por essa, Amanda arregala os olhos surpresa, mas a abraça de volta. Ben põe o prato no sofá e Pesadelo dá uma lambida no bolo de chocolate com recheio de leite condensado. E quando está esse clima de amizade no ar, toca o celular da Vamp que atende e fica mais pálida que o normal.

-Estou indo praí. - desliga.

-Mas, e o bolo? - pergunta o fotógrafo, entanto Vamp corria pra porta da frente - Aconteceu alguma coisa? Precisa de ajuda?

Virando pra trás, ela confessa:

-Sou a única que pode ajudar... Minha irmã está em perigo.

-Quem? A Fran? - se preocupa Amanda. - Aquela irmã que mora no Japão?

-Não. Meow Divar.

Foi tudo o que Vamp disse antes de abrir a porta e sair correndo. Pena que na frente deles não podia se transformar em morcego e ir voando exatamente como entrou...