1. Spirit Fanfics >
  2. As flores combinam com você >
  3. Frésias

História As flores combinam com você - Frésias


Escrita por: lulusxn

Notas do Autor


Oláaa, boa noite, pessu. Como estão? Estamos chegando na reta final, hein? Aproveitem! ♡

Capítulo 4 - Frésias


 

 

“O amor é o carinho, é o espinho que não se vê em cada flor. É a vida em pétalas de amor.”

 

 

Depois daquele almoço e a repentina aparição do ex-namorado, Baekhyun encontrou-se excepcionalmente estranho, como se alguma coisa estivesse o contendo. Seu caminhar era lento, seus olhos vagos e quando pegava-se distraído, percebia que até mesmo esquecia de respirar. Definitivamente estava em um momento atípico, mas como sempre, às vezes era melhor ignorar do que entrar numa reflexão profunda e acabar fazendo a pergunta errada.

    Baekhyun sabia muito bem que seus pensamentos têm poder infinito, ele mexe com o destino, acompanha a vontade. Por isso acabou pensando em Chanyeol a semana inteira, pensou em como ele atiçava seu sentimento de entusiasmo, seu sorriso bobo e colocava ativa as glândulas sudoríparas que o fazia suar em lugares que jamais imaginou. Nem quando fazia quarenta graus num dia de verão, suava tanto quanto se masturbava pensando em Chanyeol no banho gelado. Contudo, Baekhyun jamais admitiria algo assim. 

— Ah, Baekhyun! Você está indo até a loja de conveniência? — Jongin o questionou enquanto levantava os óculos de grau até a cabeça. 

— Sim, quer alguma coisa? 

— Pode me trazer um daqueles leites de banana? 

— Claro, sem problema! 

    Baekhyun estava feliz, seu número de clientes havia aumentado consideravelmente e naquele dia em especial, pode fazer um de seus desenhos favoritos presentes em seu portfólio. Além também de que havia feito uma hidratação nas madeixas rosadas, o perfume de lavanda podia ser sentido do outro lado do mundo, segundo Jongdae. 

— E Baekhyun? — Jongin o chamou antes que pudesse sair pela porta. — Eu te amo, vá com cuidado! 

    E o jovem tatuador se encolheu enquanto segurava a maçaneta da grande porta de vidro, suas bochechas coraram e parecia que ia explodir quando fitou seu tutor, com aquele sorriso largo e olhos serenos, como o de um pai. Baekhyun sorriu e tentou não parecer tão desengonçado. 

— Eu também te amo… — respondeu baixo, mas Jongin escutou. 

— Essa vergonha dele é patológica, vamos levá-lo ao médico. — Sehun comentou naquele tom característico e monótono que tinha, vendo Baekhyun deixar o café. 

— Oh, Sehun! — Jongin fingiu surpresa. — Desculpe, nem notei você aí por causa da minha brilhante e adorável amizade com o Baekhyun. 

— Vai se foder. — Sehun respondeu com o mesmo tom monótono e sem emoção que começou. Nem mesmo sua expressão mudava; ninguém nunca soube dizer o que ele está sentindo ou pensando. 

— Uau. — E Jongin sempre se surpreendia em como o body piercing podia ser neutro até mesmo quando brasas queimavam em seus olhos. Sabia que Sehun queria o quebrar na porrada. 

    Baekhyun caminhava devagar, apreciava o solzinho gostoso que fazia naquela manhã e parou para acariciar um cachorro que trombou em seu caminho antes de finalmente chegar à loja de conveniência. O tatuador cantarolava mentalmente alguma música que havia escutado lá no café e foi direto às geladeiras ao final do corredor, completamente alheio ao que o rodeava. 

— Banana… leite de banana… — murmurava para si mesmo. Baekhyun tinha uma memória péssima, até as coisas mais simples costumava esquecer. Como o leite de banana que Jongin pediu. Os dedos acompanharam os infinitos sabores de leites e iogurtes que alinhavam a prateleira gelada, vez ou outra voltava no caminho para confirmar se não havia perdido de vista o tal do leite. 

    E foi quando seus dedos gelados pelo contato com o ar do freezer, encontraram uma outra digital. Os olhos do tatuador seguiram a falange estranha, passou pelo pulso envolto num relógio elegante e seguiu até alcançar os ombros largos. Ali, Baekhyun já desconfiava. Jurou que o tempo parou quando seu olhar encontrou o alheio e não sentiu mais frio por estar na frente do freezer. 

— Baekhyun? — Chanyeol chamou parecendo um pouco surpreso também. Estava vestindo o usual avental verde da floricultura que o tatuador também passou a adorar, aquela cor combinava muito com o florista. 

— E aí, Chanyeol… — Baekhyun respondeu endireitando a postura e limpou a garganta. Não fazer papel de bobo era o plano, mas quando novamente encontrou o olhar de Chanyeol, logo sentiu-se com o coração ao ponto de explodir e virou a cabeça na direção oposta, fingindo procurar o leite de banana. — O que faz aqui? 

Perguntou enquanto olhava para a prateleira que acabara de ver segundos atrás, mas Baekhyun precisava de uma distração ou acabaria desmaiando de nervosismo ali mesmo. 

— Comprando um suco? — Chanyeol riu, mostrando o suco de laranja em mãos e achou a pergunta um tanto quanto óbvia e inusitada, mas respondeu mesmo assim. 

— Claro. — Baekhyun ficou sem jeito quando percebeu o tipo de pergunta que havia feito e pigarreou, rapidamente mudando de assunto — Eu também… na verdade, estou procurando aqueles leites de banana. Sabe onde fica? 

— Acho que eles ficam na geladeira ao lado do caixa, junto com os achocolatados. 

— Caraca, eu ia ficar rodeando esse freezer pra sempre e não ia achar. 

— Agora você tem os comandos. — Chanyeol brincou, Baekhyun permitiu-se rir e olhar para o mais alto. 

Sempre reparava que ele e o florista pareciam viver em mundos diferentes, mas ao mesmo tempo, dividi-los. Chanyeol sempre pareceu ambíguo, ele tinha força e graça, era frio e quente, sério e descontraído. Baekhyun passou a perceber uma constância nas inconstâncias de Chanyeol. Ficava pasmo, perplexo, surpreso, mas era tudo aquilo que o branquejava, como a noite branqueja as árvores, que sentia em seu ímpeto que aqueles sentimentos eram a força que sempre precisou. 

— Como estão as coisas? — Chanyeol perguntou enquanto caminhavam pelo corredor da loja e Baekhyun parou na frente da prateleira de chocolates; era por eles que estava ali. 

— Estão bem. — Baekhyun não sabia muito como continuar a conversa, sempre perdia-se em palavras confusas e infinitas com o florista. Tinha tanta coisa para falar, poucas palavras para proferir. — Estamos pensando em pintar o café, o estúdio.

— Que legal, tem alguma cor em mente?

— Ah, algumas… mas nunca conseguimos chegar num consenso. — Baekhyun riu lembrando-se das inúmeras discussões sobre qual cor pintariam as paredes. 

— Imagino que você queira pintar de rosa, não é? — Chanyeol disse num tom brincalhão, mas Baekhyun estremeceu e seu corpo todo esquentou. 

— Bom, ahn, eu… — Baekhyun se atrapalhou um pouco ao pegar um chocolate da prateleira e acabou derrubando vários no chão. É tão óbvio assim?! Pensou consigo mesmo. — Ai, merda!

O tatuador xingou quando abaixou-se para pegar as barras que caíram e não reparou na risada que Chanyeol segurou, mas se travou quando notou o rosto do florista na mesma altura que o seu. 

— Baekhyun… — o florista começou, ajudando a recolher os doces do chão. — Você é uma gracinha, sabe? Quando fica todo sem jeito assim, parece até uma crian-

    Chanyeol parou abruptamente quando levantou o olhar para o menor à frente e percebeu que Baekhyun estava mais vermelho do que um tomate. O menor nem piscava enquanto processava, ou pelo menos tentava, aquele elogio. Seus lábios entreabertos manuseavam como podiam o pouco ar que entrava e saía dos pulmões, tentava criar palavras na ponta da língua, “você também” ou um mínimo “obrigado”, mas a única coisa que conseguiu foi fitar o semblante alheio num momento íntimo de admiração e felicidade. Baekhyun achou que iria explodir. 

— Baekhyun? — Chanyeol tentou tocá-lo no ombro, mas antes que o alcançasse, o tatuador levantou e colocou as barras de qualquer jeito na prateleira. Baekhyun nem olhou para trás quando saiu apressado até o caixa. 

— Meu Deus, qual o meu problema?! Não sei me comportar como um adulto? Sou o quê?! Inferno. 

— Senhor… Dinheiro ou cartão? — Baekhyun foi interrompido e percebeu que estava surtando, falando sozinho… e alto. A caixa o encarou com receio e o tatuador a olhou envergonhado respondendo baixo: 

— Dinheiro. 

    Chanyeol apareceu logo atrás, contendo um sorriso. Achara toda aquela situação muitíssimo engraçada e adorável, mas preferiu manter a postura, talvez Baekhyun pudesse interpretar errado ou sentir-se desconfortável, mas sempre se divertia com aquelas situações. O rosado evitou olhar para Chanyeol quando saíram da loja, mas o sorriso sapeca do florista só aumentou e por algum motivo, sentiu-se mais próximo do menor. 

— Então… aquele cara da semana passada, quem era? — Depois de alguns minutos em silêncio, Chanyeol arriscou no caminho de volta. Tentou soar ao máximo descontraído, mas no fundo queria desesperadamente saber quem era aquele homem cujo despertou tantas reações em Baekhyun. 

— Quem? — Baekhyun inclinou a cabeça para o lado, estreitando os olhos. Chanyeol apenas o encarava de relance, tentava não se mostrar tão interessado assim, apesar de estar. — Ah, está falando do Kyungsoo?

— Acho que sim?

— Se estiver falando daquele punk mal humorado e com cara de quem acabou de bater numa criança, sem motivo nenhum, ou sacrificou algum animal… — Baekhyun parou de falar ao perceber que estava seguindo sozinho, olhou para trás e Chanyeol estava paralisado com aquele olhar assustado que Baekhyun pode apreciar por alguns segundos antes de gargalhar. — Que cara é essa?! Eu ‘tô brincando! 

— Baekhyun, por um momento eu fiquei em dúvida. 

— Deixa de ser besta. — Baekhyun continuou com o tom alegre, parecia que todo aquele papelão que havia feito na loja tinha sido esquecido e pode, enfim, relaxar. 

— Kyungsoo pode ser mal-encarado, mas ele não machucaria nem uma mosca. 

— E como você pode ter tanta certeza disso? — Chanyeol o questionou com os olhos desconfiados, brincando, e recebeu um sorriso indecifrável de Baekhyun. 

— Se eu não tivesse, não teria ficado dois anos com ele. 

    Chanyeol se engasgou na própria saliva, atraindo olhares diversos para si e Baekhyun se assustou, tentando bater em suas costas sem saber muito o que fazer. 

— Ele é seu ex?!

— Sim… Algum problema? — Baekhyun se reteve um pouco com a indagação do florista e engoliu em seco. Não sabia dizer ao certo quais as intenções daquela pergunta, sentiu seu estômago revirando com um pequeno receio em seu coração. Desesperou-se na ideia de Chanyeol não o aceitar, soltar algum comentário maldoso e nunca mais o olhar na cara. Até que poderia lidar com um sentimento não retribuído, mas nunca soube lidar com o desprezo. 

— Não! Não, claro que não. — Chanyeol logo se recompôs ao notar o olhar penoso e preocupado de Baekhyun. — Não há problema algum, eu só me espantei porque… Bom, vocês são muito diferentes. 

    Chanyeol mentiu, mas não uma mentira completa, com certeza era verdade que Baekhyun e Kyungsoo pareciam água e vinho, ying e yang, mas Chanyeol definitivamente tinha outras intenções naquele espanto. Entretanto, preferiu calar-se. 

— É, vou ter que concordar com você. — Baekhyun não sentiu as palavras consumidas se acumularem, nem o silêncio o amordaçar quando seus ombros soltaram um peso e seus lábios rasgaram num sorriso reconfortante, cheio de saudade. E riu, Kyungsoo sempre será uma boa memória.  — Acredita que ele era alérgico a flores?

— Sério? — Chanyeol se surpreendeu mais uma vez, voltando a andar. — Nem imagino como deve ser ter alergia a flores ao lado de Byun Baekhyun.  

— Pois é. — Baekhyun conteve um sorriso tímido e apaixonado, não sabia muito bem o que Chanyeol queria dizer com aquilo, mas tomou como um elogio. Um dos melhores que já recebera. Seu coração palpitou tão alto que sem perceber, colocou a mão em cima e respirou fundo, só pra ter certeza que não estava num sonho. 

    E Chanyeol notou. 

    Durante as semanas seguintes, Baekhyun percebeu que Chanyeol frequentava cada vez mais o café. Depois que havia contratado um ajudante, além da irmã, o florista aproveitava todo intervalo para ir ao café e conversar com Jongin. Jongdae insistia que era apenas uma desculpa para vê-lo, mas Baekhyun negava que o florista estava interessado em si, aquilo parecia uma ideia impossível, completamente inaceitável. Contudo, no dia que Chanyeol perguntou por ele, Baekhyun pensou que era uma piada de muito mal gosto quando Sehun o avisou que o florista estava o esperando no salão.

 

“Quer ir...sei lá, tomar um sorvete qualquer dia desses?” 

 

    Foi estranho e inesperado, pois tudo o que Baekhyun sempre sonhou se concretizou bem na sua frente e só lembra de concordar com a cabeça. Com certeza pareceu patético, mas Chanyeol fazia isso consigo, o transformava no mais imbecil apaixonado do mundo.

— Sehun, o que eu faço? — Baekhyun perguntou ao colega de apartamento enquanto lavava a louça do jantar. Sehun parecia tão entretido ao vídeo-game que o mais novo teve que chamá-lo mais uma vez. 

— O que foi? — Sehun olhou rapidamente e reparou na cara feia que seu amigo fazia. — Baekhyun, eu estou num momento muito crítico e importante. É urgente?

Hyung! — Baekhyun choramingou e o outro pausou o jogo. — Eu estou confuso. 

— Confuso com que?

— Com o Chanyeol. 

— Como assim confuso? Você se masturba quase todos os dias chamando por ele e ainda me diz que está confuso?

    Baekhyun certamente poderia esperar esse tipo de comentário do mais velho, mas era inevitável não se espantar pela forma direta e como sempre, neutra, de falar de um assunto que era tão sensível para o tatuador. Byun fitou o amigo por um tempo, incrédulo. Nem sabia dizer se estava envergonhado, afinal, até o momento, sequer sabia que Sehun tinha conhecimento de seus momentos… íntimos. 

— Você acha mesmo que eu nunca ouvi você fazendo isso? Dividimos o mesmo banheiro. E fica de boa, todo mundo faz isso, eu mesmo me masturbo sempre também. É ótimo, alivia o estresse, dá uma renovada...

— Sehun! — Baekhyun o interrompeu e virou para a pia novamente, constrangido. 

— Eu hein, não despreze a masturbação. É tipo fazer sexo com a pessoa que você mais ama, sem fazer sexo.

— Cara, você é muito esquisito. — Baekhyun arqueou uma das sobrancelhas e o fitou novamente. O colega apenas deu de ombros e voltou a jogar. Às vezes Sehun podia ser extremamente aleatório, mas tinha esses momentos em que fazia Baekhyun refletir e se perguntar se aquele lapso de esperteza poderia ter algum sentido profundo. Talvez a solução dos seus problemas esteja mesmo na simplicidade do dia-a-dia, afinal, se não estivesse disposto a se passar por um idiota, definitivamente não merecia se apaixonar. O amor pobre é aquele que se pode medir. E Baekhyun não media nem um centímetro. 

    Fazia um calor ameno quando Chanyeol decidiu que “qualquer dia desses” seria o sábado em que ele e Baekhyun sairiam para tomar um sorvete. O tatuador passou a manhã toda ansioso, tanto que Soojung lhe deu um chá de gengibre com limão antes que perdesse a sanidade. 

— Calma, anjo, vai dar tudo certo. 

— E se eu fizer papel de bobo, Soo?

— Ué, mas o que você tem feito até agora? — Jongdae perguntou com um claro intuito de provocar Baekhyun e, por um segundo, pensou que iria apanhar.

— Ai, Jongdae, sai pra lá seu cuzão. — Soojung o empurrou pro lado e ouviu o outro emburrar num canto, enquanto fazia um café para si mesmo. Haviam poucos clientes no café e no estúdio. — Baekhyun, querido, não se preocupe. Você com certeza vai ganhar essa. 

— O que tá rolando? — Jongin apareceu e sua esposa o envolveu num abraço. — Que cara é essa Baekhyun? 

— Nosso filho postiço está nervoso com o primeiro encontro. — Soojung brincou arrancando uma gargalhada do marido que tampou a boca quando Baekhyun o encarou bravo. 

— Pequeno, só curte. 

— ‘Tô tentando! — Byun esfregou o rosto e sentiu uma mão nos ombros. Sehun o encarou sem muita animação e lhe entregou seu caderno de rascunhos.

— Caso você fique nervoso demais. 

    Baekhyun pegou o caderno com carinho e sorriu para o outro. Sehun era cuidadoso nos pequenos gestos e nada o faria mais feliz em saber que o mais velho se preocupava tanto consigo. Baekhyun gostava de desenhar para se distrair ou fugir de alguma situação constrangedora, mesmo que desenhar enquanto conversa com Chanyeol possa soar um pouco estranho, apreciou a intenção mesmo assim. 

    Já se passavam um pouco mais das três da tarde quando Baekhyun foi até a sorveteria. Era apenas duas quadras do estúdio e da floricultura, preferiu chegar antes para se acostumar com a ideia e ter mais alguns momentos a sós para se acalmar. Baekhyun pediu um chá gelado e apreciou a grande praça a frente da sorveteria, escolheu uma mesinha ao lado de fora justamente para poder sentir a brisa fraca, mas necessária, daquele dia especial. Olhou no celular e Chanyeol estava alguns minutos atrasado, mas resolveu não pensar muito em possibilidades diversas. Talvez, mas só talvez, se o florista demorar mais dez minutos, o tatuador pensaria em desistir e voltar para casa. 

    O rosado suspirou, olhou para o céu, para a rua, para o céu de novo… e nem sequer tinha se passado um minuto. Estava inquieto e ansioso. Quando suspirou e olhou para a direita, reparou no pequeno canteiro que cercava a parte da frente da sorveteria e percebeu pequenas frésias das mais diversas cores. 

— Que coincidência... — disse a si mesmo, baixo, abrindo o caderno. 

Frésias eram sua quarta flor favorita, principalmente as vermelhas. Tirou a lapiseira do arame do caderno e começou a esboçar. Baekhyun dançou as linhas na folha em branco, traçou a reta e a curva, a quebrada e a sinuosa. Cuidou com exatidão da perpendicular e das paralelas perfeitas com apurado rigor, sem esquadro, sem régua, sem nível, sem fio de prumo. Traçou perspectivas, projetou estrutura e beleza. Completou o espaço com as camadas finas de uma interpretação doce e sincera. 

 

Baekhyun amava mais do que tudo aquele momento. 

 

    Chanyeol chegou de fininho, observou o menor ao longe concentrado e não teve coragem de interrompê-lo. O florista foi chegando cada vez mais perto e não pôde deixar de sorrir ao ver o começo daquele desenho. Baekhyun acabou notando a presença de alguém atrás de si e virou, não esperando que fosse Chanyeol. 

— Desculpe o atraso, tive um imprevisto lá na floricultura. — Chanyeol comentou enquanto sentava na cadeira ao lado de Baekhyun. 

— Sem problemas. — o tatuador colocou o caderno em cima da mesa e ficou um pouco sem jeito, não sabia o que falar. Estava preso em um looping de pensamentos sobre o que deveria ou não falar, ou agir. No final, acabou não falando nem uma coisa, nem a outra. 

— Você gosta de sorvete de que? — o florista puxou conversa. 

— Pra ser sincero, qualquer um. 

— Ah, é dos meus! — Chanyeol se alegrou e pegou o cardápio até o momento esquecido por Baekhyun em cima da mesa. Na verdade, ele mal notara que estava lá esse tempo todo. — Que tal dividirmos uma taça? 

— Dividir uma taça? — Baekhyun não pode esconder a surpresa, sentiu as bochechas arderem. Isso não era romântico demais? 

— Sim. Estamos num encontro… — Chanyeol tentou soar natural e endireitou a postura. Nem ele mesmo acreditou no que havia falado, talvez deveria ter guardado para si. — Não é isso que fazem em encontros? — completou mais baixo e levou o cardápio a cara, tentando se esconder de Baekhyun. Não viu quando o tatuador sorriu e umedeceu os lábios, esbanjando uma feição abobada e apaixonada. 

— Sim… — Baekhyun concordou e pegou o copo de chá, trazendo para si, bebericando aos poucos e nem notou o garçom se aproximando. Levou um susto e derrubou o líquido gelado no colo. O garçom se ofereceu para limpar, mas Baekhyun viu aquilo como uma oportunidade de ir ao banheiro e jogar uma água gelada no rosto, se quisesse lidar com Chanyeol. Parecia ardendo em febre e precisava de um momento consigo mesmo, no espelho, para se encorajar e voltar empenhado em ter um encontro inesquecível. 

    Enquanto Baekhyun foi ao banheiro, Chanyeol pediu uma taça de sorvete de chocolate e pistache. O florista ajeitou a gola da blusa social e olhou no relógio, tentando distrair-se com alguma coisa enquanto Baekhyun não voltava. 

    Contudo, não imaginou que naquele momento em que a brisa bateu, lhe traria uma surpresa, uma pequena felicidade e uma certeza que já sabia que tinha. Quando sentiu o vento no rosto, as folhas do caderno de Baekhyun dançaram junto com aquele compasso tão acolhedor e fresco. Notou, de relance, um rosto. Mas não era qualquer rosto, era um rosto conhecido. Um rosto seu. Chanyeol estava eternizado em linhas gentis, linhas autênticas e se atreveu a olhar mais de perto. Talvez no dia em que levara as hortênsias para Baekhyun, não fosse as flores que ele estivesse desenhando… talvez, nos sonhos mais lúcidos de Chanyeol, Baekhyun o estava desenhando em toda sua completude ao lado das hortênsias que realçaram a genuidade que o florista emanada. Naquele momento, Chanyeol pensou que morreria.  

    Mas era tão bom morrer de amor! E continuar vivendo…

 

 

 

 

 


Notas Finais


Yey, mais um pra conta. Tive problemas criativos e de aceitação com esse cap. Estou numa relação de amor e ódio hehe mas espero que tenham gostado! E como sempre, um imenso obrigada pela ajuda e revisão da Dre.
Até o próximo! ♡♡


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...