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História As Meninas Superpoderosas e o Soldado do Tempo - Fim dos Tempos


Escrita por: JohnSSWilliams

Notas do Autor


Capitulo novo na área, meu povo!! E o maior deles, o primeiro a passar das 3.000 palavras.

Altas emoções! Espero que gostem!

Boa leitura!

Capítulo 27 - Fim dos Tempos


Fanfic / Fanfiction As Meninas Superpoderosas e o Soldado do Tempo - Fim dos Tempos

— Não! — O ensurdecedor grito de Bubbles antecedeu o segundo relâmpago rubro.

O calor concentrado em seus olhos saiu num disparo fumegante. O laser cortou o domo e atingiu o abdômen de Bianca, que ainda encarava distraidamente o corpo de Blossom com um olhar desacreditado do que havia feito. A garota caiu de joelhos, gritando e apalpando o local atingido. Estava quente, a roupa tão chamuscada quanto a pele abaixo dela. Pelos seus dedos, o sangue escorria tão vermelho quanto o tom de seus olhos.

Bubbles e Buttercup voaram da janela e pousaram abrindo profundas rachaduras no piso. Suas írises brilhavam como os olhos de um gato em meio às sombras da noite, ameaçadores pontos verdes e cerúleos cintilantes.

Bianca se pôs prontamente de pé, mas não sem sentir a ardente dor na região de abdômen. Com dificuldade, caminhou alguns passos para tomar impulso e disparou em voo, abrindo um buraco no teto abobadado do observatório com sua visão de calor.

As irmãs correram até o corpo no meio do salão. Brick, Boomer e Butch juntaram-se a elas saltando da passarela e do meio dos encantamentos. Bubbles e Buttercup se ajoelharam diante a inerte Blossom. Seu corpo estava frio, não havia pulsação — sequer havia um coração, apenas uma fenda chamuscada negra. Bubbles debruçou a cabeça sobre seu corpo e desencadeou-se a chorar. Buttercup forçava os músculos do rosto e olhava para baixo com o cabelo encobrindo-o, mas as lágrimas vinham como um riacho.

— Brick! — Boomer chacoalhou-o os ombros, mas não conseguiu arranca-lo de seus lamuriantes devaneios.

Brick sentia-se sem chão, impotente, quebrado, e principalmente culpado por não ter feito nada enquanto teve tempo. O garoto não era de chorar. Com exceção ao dia em que as meninas os encolheram quando ainda eram vilões, jamais uma lágrima escorreu por seu rosto. Mas agora, sentia os olhos pesarem por trás. “Ela estava lá embaixo, viva”, exclamou para si mesmo, “e você não fez nada”. Sentia-se como se tivessem lhe-tirado algum órgão vital, algo indispensável para a vida. E para Brick, Blossom era indispensável para a dele.

— E agora? — Boomer procurou desesperadamente por ajuda nos olhos de Butch.

O garoto verde deu de ombros, igualmente nervoso.

— Eu não sei — gaguejou. — O que faremos? Não podemos deixar aquela garota fugir.

— Ela não vai fugir — instaurou Bubbles, desencostando o rosto do corpo de sua irmã com o maxilar vibrando. Seus olhos estavam vermelhos e tremeluziam marejados.

Buttercup também se desencostou e ergueu os olhos para eles, também avermelhados e úmidos. A respiração descompassada soando quase como um rugido.

— Ela nunca mais vai fugir — vociferou entre os dentes. Uma sombra passara pelo rosto das irmãs, e Boomer e Butch gelaram. Nunca haviam visto elas daquele jeito, com aquele olhar de puro ódio e… desejo de vingança.

Bubbles e Buttercup se colocaram prontamente de pé, e na mesma velocidade, Boomer e Butch agarraram seus pulsos respectivamente.

— Vocês estão fora de si — alertou Butch, antes de elas se desvencilharem a força.

— Não nos impeça — respondeu Bubbles.

— A não ser que queiram tentar a sorte — avisou Buttercup, intimidando-os a recuar.

E então, levantaram voo pelo mesmo buraco que Bianca abrira ao fugir e desapareceram em meio ao céu estrelado.

— Temos que fazer alguma coisa! — Boomer agarrava os cabelos loiros, quase se descabelando. Diferentemente delas, eles não estavam tomados por sentimento de ódio e vingança, apenas de choque e tristeza. Quando Ele lhes-tirou sua maldade, levou o rancor, a ira, a vingança e tudo que havia de ruim em seus corações. — Elas vão matá-la!

E era isso que deixava Butch estático. Se tinha algo que as Meninas Superpoderosas valorizavam mais que a justiça, era a vida. Você podia ser o pior dos criminosos, mas pagaria pelos seus crimes em vida, e não com ela. Matar? Nem como último recurso. Dick Hardly morrera pelas mãos de suas próprias criações. Os Brocolóides, eram comida. E os Desordeiros… Bem, Bubbles lhes-confessou que na primeira vez, elas os beijaram esperando sim que alguma coisa acontecesse, só não esperavam que essa coisa fosse uma explosão.

— Elas acham que isso vai diminuir a dor delas, mas não vai — disse Boomer. — Vão acabar se arrependendo depois.

— Não podemos confronta-las naquele estado — Butch o alertou. — Só o tempo pode curar o coração delas.

Brick finalmente voltou a realidade quando uma lâmpada acendeu sobre a sua cabeça… figurativamente dizendo.

— Butch, você é… um gênio!

Boomer e Butch se olharam e depois viraram o rosto para ele.

— Eu sou? — Ele ergueu uma sobrancelha.

— Ele é? — O loiro adicionou.

— Boomer, que horas são agora?

— Eh… meia-noite e cinco — respondeu. — Por que?

Brick se agachou para Blossom, passou as mãos por baixo de suas costas e pernas e se levantou com ela nos braços, como um que cavaleiro carrega a sua donzela… mas com um corpo morto no lugar.

— Preciso da ajuda de vocês.

 

•             •             •

 

Nunca o céu de Townsville havia sido cortado por dois feixes em tons obscuros de azul e verde. Nunca, também, Bubbles e Buttercup sentiram-se tomadas por uma sede de vingança. “Cada um de nós é uma lua e tem um lado escuro que nunca mostra a ninguém”, dizia Mark Twain. “E aquela fedelha está prestes a conhecer esse lado”, pensou Buttercup.

— Lá está ela — Bubbles apontou para um ponto negro e laranja caminhando lenta e cambaleante em direção à praia, deixando para trás algumas gotas de sangue rumo ao rochedo do Cabo da Baía de Townsville. O único obstáculo restante era um antigo prédio abandonado que abria caminho para a passarela rochosa.

Suas suspeitas se confirmaram. Como o Professor havia dito na palestra, o Vórtice da Baía de Townsville se abrira à meia-noite. Era um longo cano de energia e luz ciana, enraizado em um turbilhão agitadiço e caótico sobre o mar cinzento e que se estendia até as carregadas e tempestuosas nuvens ciclônicas. Os raios irrompiam delas como se o próprio Thor estivesse ali.

O Professor também dissera que o portal se abriria para dezoito anos no futuro. E no observatório, Bianca confirmara que tinha vindo exatamente de dezoito anos no futuro. “Não é coincidência”, concluiu Buttercup, “Ela é burra se acha que vai fugir”.

Pousaram com vigor, interpondo-se em seu caminho. O asfalto sob seus pés fraturou como já era de praxe. Bianca freou, suas pernas bambas e tortas entregavam sua exaustão, enquanto o rosto denunciava a sua dor. A mão do relógio cobria o ferimento do abdômen, mas o sangue escorria pelos dedos manchando as roupas negras.

As írises da cor de gelo faziam jus ao seu olhar frio, Bubbles não sentira nada ao vê-la naquele estado. Buttercup fitou-a com seus olhos verdes fosforescentes como material radioativo.

— Não acabamos ainda — disse Buttercup.

— Você é um monstro — Com o maxilar tiritando de fúria, Bubbles rugiu entre os dentes.

Bianca balançou a cabeça.

— Vocês não entendem…

— Somos só nós, agora! — A morena a interrompeu. — E ninguém vai vir salvar você.

A cada gota de sangue que escorria, Bianca sentia suas forças se esvaindo.

— Eu não vou lutar contra vocês — instaurou. — Nunca mais vou machuca-las — e começou a caminhar na direção delas, determinada a fazer o que ainda lhe-restava. — Eu preciso chegar ao Vórtice.

Buttercup sorriu com desdém e agarrou-lhe a gola.

— Quer uma ajuda? — E a arremessou para o lado.

A garota deslizou, ralando as costas sob o chão coberto por lascas de pedra. Bianca pressionou os olhos e respirou fundo, colocando-se de pé, trôpega, com a excruciante dor do ferimento da barriga. Mal teve tempo de abrir os olhos e se virar, já sentiu uma mão agarrar-lhe outra vez a gola e disparar em direção ao prédio atrás dela, atravessando Bianca por três pisos de concreto e saindo sobre o terraço. Bubbles a arremessou, fazendo-a deslizar pelo pavimento até se chocar contra uma gárgula.

Bianca se levantou apoiando-se no desaguadouro ornamentado. O Vórtice se encontrava a alguns metros à frente, na ponta do rochedo que se estendia rumo ao mar. O vislumbre acabou quando Buttercup se ergueu no ar diante dela.

A morena acertou-lhe um chute que a fez voar para trás. Só não caiu no chão, porque Bubbles agarrou-a pela nuca no ar. A loira a girou sobre si mesma e a arremessou contra um teto solar logo atrás dela. A dor fê-la fechar os olhos, e quando os abriu, viu Buttercup pairada sobre Bubbles e descendo com os dois pés sobre o seu peito.

O vidro esfarelou-se sob suas costas e elas despencaram. O ar escapou de seus pulmões quando caiu batendo com as costas contra o chão e o peso de Buttercup sobre seu tórax. Bianca tentou se levantar, mas foi chutada para o lado. Tentou outra vez se pôr de pé, mas mais um chute a derrubou.

— Vamos lá — Buttercup vociferou, e lhe-socou o queixo numa cruzada de baixo para cima. — Reage!

Bianca estava determinada em não contra-atacar, mas também não queria dizer que ela conseguiria se tentasse, mesmo se ela quisesse. Ela sequer conseguia se defender, prova disso foi que assim que ergueu o rosto para encara-la, outro soco atingiu-lhe no meio da face.

Tentou se defender por cima, Buttercup acertou-lhe o estomago. Tentou se defender em baixo, mas a morena acertou-lhe a cabeça e agarrou-lhe o pescoço. Bianca apertou-lhe o pulso, mas Buttercup bateu sua cabeça contra a parede e depois atingiu-lhe a testa com a sua própria.

A filha de Blossom caiu de joelhos.

— Levanta!

Bianca puxou o ar. Não podia ficar ali, apanhando como um saco de areia inútil. Sua missão ainda não havia acabado, havia uma última tarefa que precisava cumprir. E ela estava na ponta do cabo da cidade.

Buttercup moveu a perna para um chute, mas Bianca o interceptou à centímetros de atingi-la no rosto. Mas não saiu como ela esperava, de algum lugar, Bubbles saiu e agarrou-lhe por trás, batendo-a contra a parede e emendando um soco atrás do outro. Num momento, desviou abaixando a cabeça, o punho de Bubbles atravessou o concreto. Bianca tentou correr, mas Buttercup voou na sua direção e derrubou um par de paredes como uma bola de canhão com ela nos braços.

Sentiu da pior maneira o quão irregular e bruta a superfície rochosa do Cabo de Townsville podia ser, com as próprias costas, que queimavam como se tivessem jogado limão numa ferida aberta. Só se livrou da morena acertando-a um chute que a arremessou metros mais para frente.

Bianca ergueu os olhos para ela, mas sua atenção estava mesmo no Vórtice que estava atrás de Buttercup. “Falta pouco”, incentivou a si mesma. Se viu cercada quando Bubbles roubou sua atenção, pousando com rudez atrás dela. Encontrava-se de olhos fechados, mas quando ela os abriu, estes não eram azuis, eram incandescentes como lava e metal de forja. Virou-se abruptamente para Buttercup, e esta fazia o mesmo com os olhos outrora verdes. Num movimento repentino, encolheu-se e ergueu as palmas das mãos.

As rajadas de calor vieram de ambos os lados. Usou sua telecinésia para criar um campo de contenção em torno dela. Manteve-se de olhos fechados o tempo todo, os raios eram tão ofuscantes que só seu brilho poderia queimar suas retinas. Sentia o calor penetrar e queimar cada poro da pele por debaixo das luvas.

Bianca foi tomada por uma ideia. Esticou a mão para Buttercup, concentrando seus poderes psíquicos na rajada dela. Contra Bubbles, respirou o mais profundo que seus pulmões lhe-permitia e soprou. Não herdara apenas a inteligência e beleza de sua mãe, mas seu poder de sopro congelante também. A torrente de calor sua apagou instantaneamente. Bianca desfez o campo de contenção e se jogou no chão, deixando o raio de Buttercup passar sobre ela.

Bubbles desviou, saltando e aterrissando ao lado de Buttercup. A rajada trouxe a baixo uma parede do prédio abandonado. Bianca ergueu-se para as tias. Agora, eram dois contratempos entre ela e o seu objetivo.

Bianca começou a caminhar na direção delas, a mão voltando a apalpar o ferimento ensanguentado em sua barriga. Cada vez mais perto, ficava cada vez mais nítido a raiva nos olhos das duas irmãs, que a assistiam se aproximar com um semblante obscuro despido de qualquer sentimento de compaixão.

— Me deixem passar — ordenou, soando um pouco como uma súplica.

Bubbles lhe-respondeu com um soco no rosto. Sentindo o sangue escorrer pelo canto da boca, Bianca titubeou para trás, mas conseguindo se manter de pé.

— Você não vai a lugar nenhum — guinchou entre os dentes.

— Por favor — implorou Bianca. — Eu preciso passar.

— Precisa?! — Foi a vez de Buttercup acerta-la. — Igual precisava matar a Blossom?!

Bianca se pôs de pé pela milésima vez naquela noite. A respiração entrecortada trafegando pelos lábios semiabertos, as roupas rasgadas e ensanguentadas, e a sujeira e ferimentos no rosto ressaltavam o quanto ela havia apanhado… quer dizer, sido espancada.

— Machuquei minha família uma vez — ela balançou a cabeça negativamente. — Não vou machucar, de novo.

Buttercup avançou contra ela, atingindo-lhe um chute no peito, e depois, um cruzado de esquerda, de baixo para cima.

— Revide! — Buttercup gritou.

— Não — insistiu ela.

Bubbles acertou-lhe um chute sobre o ferimento no abdômen. A ruiva cambaleou e caiu ralando os joelhos na pedra úmida e áspera.

— Eu não vou lutar com vocês — disse Bianca, se colocando de pé com as mãos para baixo. — Vocês são minha família.

— Você é um monstro — vociferou Bubbles, montando-se sobre ela e lhe-socando o rosto, uma pancada atrás do outro. — Você. É. Um monstro!

Buttercup agarrou a sua gola e a bateu novamente contra o chão rochoso. Bubbles e ela incandesceram as retinas como se fossem dois sóis em miniatura. Luminescentes, e ao mesmo tempo, ameaçadores.

— Mas vocês não são — respondeu com a voz fraca como um gemido, e tocando de leve o pulso das duas irmãs, mergulhou-as em antigas lembranças.

Era de noite, a mais ou menos dez anos atrás, quando ainda dividiam a cama e sequer tinham completado um ano de existência. Abraçada ao Polvi debaixo dos cobertores, Bubbles chorava o mais baixo que podia para não acordar as suas irmãs. O Professor não deixou uma luz acesa naquela noite, “economia de energia”, ele dissera.

— Bubbles, o que foi? — Blossom lhe-perguntou, acordando esfregando os olhos.

— Nada — respondeu, sentindo em seguida os cobertores se moverem. Desencobriu a cabeça curiosa e seus olhinhos azuis úmidos como piscinas naturais islandesas. Blossom abrira a porta do quarto e ligou o interruptor do lado de fora, acendendo a luz do corredor. — O que está fazendo? O Professor vai brigar com você.

— Não tem problema. — Blossom voltou a deitar-se entre ela e Buttercup. Encobriu-se, deitando a cabeça no travesseiro com o rosto virado para Bubbles e segurou a sua mão sustentando um sorriso. — Boa noite.

Bubbles dormiu muito bem naquela noite.

Já Buttercup, se viu com suas irmãs numa tarde de faxina. Na época, cada uma estava juntando o dinheiro que o Professor lhes-dava para comprar algo que cada uma queria. Blossom queria um livro novo; Bubbles, estava de olho num brinquedo novo; e Buttercup, um videogame novo. O caso dela era o mais fácil, faltava apenas um dólar para consegui-lo; mas era também o mais complicado.

Depois de ter quebrado três prêmios-nerd do Professor, Buttercup se encontrava sob aviso. “Se mais um dos prêmios quebrar, Buttercup, não vai mais receber nenhum centavo e terá que pagar o conserto”, ele alertou… mas pelo visto, não adiantou nada.

Estavam as três limpando a prateleira quando Buttercup esbarrou sem querer num dos prêmios e o derrubou. O som dele se espatifando no chão preencheu Buttercup de desespero.

— Oh, não! — O Professor surgiu da cozinha, correndo e se ajoelhando para os cacos do que um dia fora um troféu. — Meu Prêmio de Inteligência! — Seu olhar carrancudo mirou a garotinha de olhos oliva. — Buttercup, eu avisei, não avisei?

Buttercup tremia, mas antes que pudesse responder, alguém o fez.

— Fui eu, Professor — entregou-se Blossom. A resposta pegou a todos de surpresa, principalmente Buttercup. — Eu esbarrei sem querer e acabei derrubando, me desculpa.

Resultado? Blossom pagou o conserto. Ganhou o livro que queria só um mês depois de Buttercup conseguir o seu videogame.

— Por que fez aquilo? — Ela perguntou.

Blossom sorriu de canto e deu de ombros.

— Somos irmãs — respondeu. — Protegemos uma à outra.

Bianca trouxe-as de volta à realidade, largando seus pulsos e afrouxando as mãos em desistência. Se isso não funcionasse, nada mais funcionaria…

E pelo jeito, funcionou. A sombra de fúria, o olhar de ódio e a sede de vingança deixaram-lhes os rostos. Seus olhos azuis e verdes olhavam para ela com um ar de nostalgia e saudade. O motivo era ela própria. Sua semelhança com Blossom era impressionante: os cabelos lisos ruivos, as maçãs rosadas do rosto, o rosto em formato de coração… tudo, com exceção aos olhos, puxara da mãe. Por um instante, se viram como se estivessem batendo não em Bianca, mas em Blossom.

Bubbles e Buttercup sobressaltaram de cima dela, apagando a chama em seus olhos.

— O que estávamos fazendo?! — Perplexa consigo mesma, Bubbles suspirou agarrando o pulso de Buttercup, que passou os braços em torno de seus ombros e puxou-a para mais perto de si. — A gente… A gente não é assim.

“Blossom nunca faria uma coisa assim”, repreendeu-se Buttercup, fechando os olhos e permitindo-se chorar com a irmã nos braços. Em hipótese alguma, Blossom aprovaria, qualquer que seja o motivo, um ato de vingança. Se estivesse vendo-as, estaria olhando para elas com um olhar envergonhado e dizendo para pararem.

De repente, o rochedo sob elas tremeu com um alto estrondo. Algumas pedrinhas no chão começaram a se mover na direção oposta à delas. Algumas árvores se torciam no mesmo sentido, com as folhas abanando. As ruínas derrubadas do prédio abandonado voaram na direção delas, passando por cima de suas cabeças. Acompanharam-nas sendo engolidas pelo vórtice temporal. Mas algo estava estranho, não era como se o vento de um furacão estivesse soprando-as em direção ao mar, era como se estivessem sidos… sugadas.

Uma fissura abriu-se vacilando o rochedo sob seus pés. A sucção puxou-as mais forte, mesmo que deslizando a sola dos tênis por apenas alguns centímetros. Alguma coisa estava errada.

— O que está acontecendo?! — Bubbles a questionou.

A resposta veio, mas não por Buttercup.

— É o Vórtice! — Bianca se levantou atrás delas, lembrando-as de que ela ainda estava lá. — Ele se abriu conectando-se ao ano do qual eu vim. Mas eu mudei o futuro — ela ergueu o pulso do relógio com o LED verde aceso —, enquanto ele já estava aberto.

Uma ruguinha de receio surgiu entre as sobrancelhas negras de Buttercup.

— E o que há do outro lado?

Bianca engoliu seco.

— Nada — respondeu. — É um buraco negro temporal.

A cor esvaiu-se do rosto de Bubbles.

— Um o quê?! — A loira puxou as marias-chiquinhas, estava a ponto de chorar de desespero. Ela havia escutado bem. Estavam falando de um buraco negro, e ela sabia que se tratava de uma força incompreensível que nem mesmo elas poderiam enfrentar.

A sucção já se encontrava ainda mais forte, a areia da praia se erguia como nuvens até o portal. Uma árvore, e depois outra, desenraizaram e tiveram o mesmo destino. As luzes dos postes e da cidade piscavam falhas. As nuvens tempestuosas giravam e contorciam-se sobre si próprias.

— Como a gente impede isso?! — Buttercup inquiriu.

Colocando lentamente um pé à frente do outro, caminhou na direção delas, forçando-se um pouco para não ser violentamente levada pelo efeito gravitacional do Vórtice. Já estava tomada pela febre, sentia-se como se seus ossos, juntas e músculos tivessem sido torrados e esfarelados. O ferimento semiaberto em sua barriga, parte ensanguentado e parte cauterizado, ardia em uma dor agoniante.

— O Vórtice é composto de Táquions, mas nesse caso, a frequência deles está desordenada — respondeu Bianca. Ela levou a mão até o relógio e desprendeu-o do pulso, o LED verde cintilando forte e vívido. — Uma descarga de Táquions com frequência estabilizada fará com que as partículas se anulem, fazendo com que o portal deixe de existir.

Do portal, Bubbles e Buttercup passaram os olhos para ela. Haviam compreendido de imediato: ela iria arremessar o dispositivo contra o portal para destruí-lo.

— Mas… o relógio… — As palavras lhe-vinham, mas Bubbles não conseguia formar as palavras. Tinha uma suspeita do que poderia vir a acontecer. — Você disse… que o relógio garante a sua existência.

Bianca lhe-deu um sorriso amargurado.

— O meu tempo já acabou — disse com um suspiro rouco. — E eu, junto com ele.

Era estranho, Bianca matara sua irmã, mas Bubbles e Buttercup já não sentiam mais remorso e desejo de vingança. Querendo elas ou não, Bianca era uma parte de Blossom; e vê-la assim, falando e agindo em um tom de despedida, era como se estivessem se despedindo de sua irmã.

— Espera — pediu Buttercup. — Deve haver alguma outra maneira de…

Bianca a interrompeu agarrando gentilmente o seu pulso. Lágrimas escorreram de seus marejados olhos vermelhos.

— Sejam felizes nas vidas que eu lhes-tirei — disse com a voz embargada. — E digam aos meus pais que eu os amo… e que me perdoem.

Bianca se voltou para frente e flutuou para o mais perto da ponta do rochedo que podia ir, sem que fosse sugada pelo buraco temporal. A força da sucção era altíssima, incontáveis vezes mais poderosa que a força gravitacional da Terra.

Apertou os dedos em torno do relógio, determinada. Com a outra, pegou o colar e abriu o fecho do pingente. Perdeu-se por alguns segundos ali, admirando a lembrança boa que tinha de seus pais. Uma lágrima pingou sobre a foto onde ela gracejava sobre a cabeça de sua mãe.

— Eu estou indo, mãe — Bianca soltou o relógio, pairando-o no ar com o poder de sua mente. — Eu estou indo te encontrar — e o fez voar como uma bala na direção do portal.

O Vórtice contorceu e dobrou-se sobre si mesmo, o espaço parecia distorcer-se ao seu redor. Em algum lugar lá dentro, o relógio desmaterializou-se, liberando toda a sua carga restante de Táquions. O tubo luminoso implodiu-se, sugado por si mesmo; e no segundo seguinte, desapareceu num cintilante flash branco como um relâmpago.

Bianca obteve uma última sensação de alegria e dever cumprido. Sorriu, sem tirar os olhos das fotografias no pingente. Era a última coisa que queria ver antes de desaparecer e cair para sempre no esquecimento. E foi assim que aconteceu. Num segundo, admirava a lembrança; no outro, sua existência fora apagada do mundo.

Bubbles e Buttercup viram Bianca esvair-se de repente, sendo erguida aos céus e levado pelo vento como um aglomerado de cinzas, ao mesmo tempo em que as nuvens se dissipavam e o mar se acalmava.

Como Bianca havia dito, seu tempo havia acabado, e ela, junto com ele.


Notas Finais


E aí? O que acharam? Como vocês veem a Bianca? E o sangue nos ohlso de Bubbles e Buttercup? E o Brick, o que ele vai fazer?


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