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História Asas Para o Amor (Romance Gay) - O Anjo Da Guarda


Escrita por: dannypereira_

Notas do Autor


Oi amores, mais um capítulo quentinho para vocês. Bom, esse ficou um pouquinho grande, mas achei que fosse necessário para o desenvolvimento da história. Enfim... Espero que gostem, e boa leitura a todos.
Beijinho, beijinho, tchau, tchau.

Capítulo 5 - O Anjo Da Guarda


Todo mundo ali era anjo da guarda de alguma criança, e após uma semana da minha morte, eu fui promovido como anjo da guarda, eu protegeria uma menininha de quatro anos, a Mary Bell, mas pelo pouco que me mostraram da criança, eu teria um trabalho danado.

- Eu não posso proteger uma criança maior? Tipo de uns 18 anos? - Perguntei.

- Não. - Ele falou seriamente.

- E que tal um recém nascido?

- Não.

- Um menino?

- Não.

- Já sei. Uma criança de uns 9, 10 anos? Pode ser?

- Não. Você vai proteger a Mary Bell.

- É, não deu. - Falei decepcionado.

Pelo menos, eu tinha tentado. Só estava torcendo para ela me dar menos trabalho do que eu imaginava.

E lá fui eu conhecer a garotinha que eu teria que cuidar. Ela tinha a pele negra como a noite, cabelos encaracolados e olhos cor de mel, era tão bonita quanto uma princesa. Eu sempre gostei muito de criança e elas também costumavam gostar de mim, alguns dos meus amigos tinham irmãos menores e eu adorava brincar com eles, as vezes até ficava imaginando que daqui a alguns anos eu queria me casar com a Hannah e queria que a gente tivesse filhos, pena que isso nunca aconteceria.

Mary Bell estava brincando no pátio de sua casa com Loli, sua gatinha de estimação. A menina jogava o pobre animal para cima e deixava ela cair dentro de um balde, fazendo o bicho miar bastante.

- Tadinha, não faz isso. - Falei.

Como era de se imaginar, ela me ignorou, riu da situação e repetiu o mesmo ato mais algumas vezes, eu queria tirar o bichinho de perto dela, mas não podia tocá-lo. Eu estava tendo aula com os anjos veteranos para aprender a fazer as coisas mexerem, mas ainda era aluno iniciante, tipo, sabe quando você está de boa, e do nada, o vento derruba um objeto que estava em cima da mesa? Ou o vento bate a porta de algum cômodo? Tenho uma notícia para você, não era o vento.

- MARY BELL, VEM ALMOÇAR. - Gritou uma voz feminina. 

- Já vou, mamãe.

A menina jogou a gatinha no chão, como se fosse um objeto qualquer e entrou em disparada em sua casa. A bichinha levantou e saiu correndo, provavelmente fugindo daquela criança. 

Olhei em volta cada detalhe daquele pátio, das ruas, e… definitivamente não era minha boa e velha Porto Alegre. 

Ouço uma correria de dentro da casa e uma risada, risada infantil. Entro na residência e logo observo uma moça de cerca de 28 anos colocando a mesa para o almoço, enquanto Mary Bell corre pela cozinha. Assim que eu coloquei meus pés dentro do imóvel, ela para de correr e olha na minha direção. Sem dizer nada, a menina sorri. Mas pera, como? Será? Era impossível. Não podia ser. Ela não podia… Esbanjo uma expressão confusa e ela volta a correr pela cozinha.

- Mary, para de correr e vem almoçar. - Fala a mãe, que posteriormente descobri que se chama Bárbara, ou melhor, Babi.

A menina se senta à mesa, Babi ajeita a filha a colocando mais perto da mesa, serve um prato para cada, e em seguida, se senta ao lado da garota.

- Ele não vai almoçar, mamãe? - Perguntou a menina apontando para mim.

- Ele quem, querida? - A mulher questionou olhando para minha direção.

É, acho que de fato a criança podia me ver, mas como? De que jeito? Por quê? Sem entender o que estava havendo, apenas fiz um gesto negativo com a cabeça para Mary, que dirigiu seu olhar para a mãe.

- Nada não. - Deu um sorriso, e começou a almoçar.

Nas minhas aulas ninguém me falou sobre o fato de que as crianças podiam ver seus anjos da guarda. Por que raios tinham me escondido esse detalhe tão importante? 

Após o almoço, Mary Bell sai em disparada pela casa, será que ela não sabe caminhar? Resolvo segui-la, a menina entra em seu quarto e eu faço o mesmo. Ela me sorri.

- Você… pode… me ver?

- Claro, né, seu bobão. - Ela se dirige até uma mesinha infantil, e senta na cadeira. - Quer brincar? - Ela sorri.

- Brincar? Que… quero.

Me sento do lado dela e brincamos de casinha, ela faz chá de mentirinha e me dá, finjo gostar e ela sorri.

- Como você se chama?

- Stéfano. Ou melhor. Nano. E deixe-me adivinhar? Você é a Mary Bell, acertei?

- Sim, você acertou. - Sorriu novamente. 

Fiquei algum tempo brincando em sua casa, ela não focava muito tempo na mesma brincadeira, acho que brincar com criança era muito mais cansativo do que jogar futebol por 8 horas seguidas.  

- Filha, o que você está fazendo? - Perguntou Babi ao entrar no quarto de Mary. - Eu escutei sua voz.

- Ah, estou brincando com o meu novo amigo, o Nano.

- Achei que essa fase de amigos imaginários tinha passado. Primeiro era um cachorro, depois uma lebre, e agora é o quê? Um gato? Um coelho?

- Não, mamãe. - Ela riu. - É um menino. De carne e osso.

Acho que sem a parte do ‘’de carne e osso’’, talvez ‘’de espírito e alma’’, tá, isso ficou meio estranho, mas vocês entenderam.

- Pelo menos, agora não é um animal.  Então fica aí brincando com seu amigo imaginário. - Se retirou.

É, nem sempre os amigos são imaginários.

Acho que eu havia sobrevivido ao meu primeiro dia como anjo da guarda, mas quando será que isso acaba? Será que terei que esperar até ela se formar na faculdade ou algo assim? Nossa, vida de anjo da guarda dá muito trabalho.

E assim foram… Por dias… Semanas… Meses… Anos… Por longos anos. TRÊS LONGOS ANOS. 

Mary Bell, já com sete anos, não me via mais, porém eu continuava ali, o tempo todo, quando ela estava na escola, quando estava brincando, fazendo seus deveres, suas travessuras, enquanto ela dormia, eu estava com ela 24h por dia, ou quase isso, já que eu me ausentava apenas quando ela precisava usar o banheiro, trocar de roupa ou tomar banho, pois eu me sentia na obrigação de dar privacidade a ela.

Cada dia que se passava, Mary me dava mais sustos, ela subia em árvores, incomodava os cachorros dos primos, sempre vivia caindo, estava sempre com um joelho ou cotovelo ralado, se eu fosse vivo com certeza ela já teria me matado do coração, porque é cada mini infarto que eu levo com essa criança. 

Ah, eu já estava conseguindo mexer as coisas tranquilamente, e fazia isso sempre que necessário, até que eu estava curtindo isso.

Certo dia, Mary Bell estava brincando na frente de casa quando um homem parou seu carro na frente dela, que ignorou a presença do homem. Eu, já imaginando que não seria boa coisa, me aproximei dele, e obviamente, ele não me viu.

- Oi. - Disse o homem, que não devia ter menos de 50 anos.

Mary olhou para ele, mas não disse nada, apenas continuou brincando com sua bola.

- Você é muda? - O velhote insistiu. Em seguida, ele olhou pra Loli, que estava perto da gente. - Já sei, o gato comeu a sua língua, acertei?

- Minha mãe diz que eu não devo falar com estranhos. - Ela disse seriamente.

- E você tem razão, mas meu nome é Sérgio, eu moro naquela casa ali com minha esposa. - Apontou para uma casa amarela na frente da casa de Mary. - Me mudei essa semana, e estou tentando conhecer os vizinhos.

- Então você devia conhecer a minha mãe, que inclusive, diz que adulto conversa com adulto, e não com criança.

Cara, eu senti tanto orgulho dessa menina, tão pequena e tão inteligente, com certeza sua mãe a ensinou bem. Lembro que enquanto ela me via, a gente também conversava bastante e eu dizia que eu era bom, mas que nem todos os adultos eram, e que ela não devia conversar com qualquer pessoa. Acho que ela não lembra mais das nossas conversas na hora do chá de brincadeirinha ou na hora de dormir. Saudade disso.

- Você é muito esperta, sabia? 

É, ele já estava me enchendo o saco. Será que esse imbecil não ia desistir mesmo? Ah, se eu fosse vivo com certeza mesmo eu sendo da paz, iria meter o pau nesse cretino.

- Parece tanto com a minha netinha, ela deve ter a sua idade, a Bruninha.

- Sério? - A garota abriu um sorriso.

- Sério. E eu estou vendo que você tem uma gatinha. - Apontou para a Loli. - Minha neta também, e além disso, ela também tem dois cachorros, uma tartaruga e um porquinho da índia.

- Eu queria ter um cachorro, mas a Loli tem medo, ela vê um e sai correndo e miando.

- Se você quiser pode ir brincar com eles. - Sorriu tentando parecer gentil.

- Mas… Minha mãe foi à padaria aqui da rua, tenho que esperar ela chegar para pedir permissão.

- Bom… Eu não tenho muito tempo porque depois terei que ir trabalhar, minha neta está na casa da minha filha, que não é muito longe daqui, se você quiser, a gente vai rapidinho, te trago antes de sua mãe notar a tua falta. Prometo.

- Não vai, não vai, Mary não. Por favor, não confie, ele quer te machucar. - Falei.

- Tá bem, se for rápido eu vou.

Jogou a bola no pátio de sua casa, o homem abriu a porta do carro para a menina, que entrou e sentou no banco de trás. Sem ter o que fazer, apenas entrei no carro também. Fui o caminho todo xingando o homem com todos os palavrões que eu conhecia, pena que o desgraçado não podia escutar nenhum deles. Por diversas vezes o vi olhando pelo retrovisor para a criança, eu conhecia aquele olhar. era de pura malícia, não queria nem imaginar o que ele estava pensando.

O velho safado parou o carro em uma estrada, onde só havia matos para todos os lados. Naquele momento eu tive mais um mini infarto, minha certeza se confirmou, ele realmente queria machucá-la e eu não podia deixar, não podia ver uma pessoa, não, eu não podia ver um monstro machucar desse jeito uma criança sem eu poder fazer nada, eu precisava ajudá-la, não sei como, mas eu daria um jeito.

- Onde estamos? Cadê a casa da sua neta? - Perguntou Mary um pouco assustada.

- Desculpa, meu bem, eu esqueci que fiquei de me encontrar com ela aqui. Venha, vamos esperar por minha neta. 

- Não, eu mudei de ideia, quero ir pra casa.

- Ah, ela já está chegando, eu pedi para ela trazer a cachorrinha, é uma poodle, tão bonitinha, você vai adorar. 

A menina, meio desconfiada, desceu do carro e começou a seguir o homem por entre as matas. Eu segui os dois. Ele começou a inventar um monte de conversa fiada e depois começou a se despir. Já estava apavorado com a situação, voltei para a estrada em busca de encontrar alguém que me visse, tipo uma médium, mas não encontrei ninguém.

Mary já estava aos berros enquanto aquele infeliz tentava beijá-la e tirar suas roupinhas. Desesperado, e praticamente de mãos atadas, eu usei tudo o que havia aprendido nas minhas aulas de ‘’como ser um bom anjo da guarda’’, abri a porta do carro usando o pensamento e do mesmo modo consegui ligar o carro, pois ele não havia tirado a chave. O veículo ligou fazendo barulho, o que chamou a atenção do tal Sérgio (certamente o nome era falso). Antes de consumar o ato, ele puxou suas calças para cima e foi até o automóvel, e para assustá-lo um pouco, comecei a abrir e fechar as portas do carro. O velho ficou tão assustado que saiu correndo e por sorte esqueceu da criança. Corri para ver como Mary estava, e pobrezinha, estava assustada e muito trêmula, queria tanto poder abraçá-la. 

Assim que ela percebeu que o homem tinha ido embora, a menina saiu do meio das matas, indo para a estrada e começou a caminhar sem rumo, certamente não sabia voltar pra casa, já que estava um pouco afastada. Um carro parou perto de Mary, que deu um pulo de susto.

- Oi, tá perdida? - A moça de uns 25 anos perguntou.

- Me ajuda, tia, por favor. Um moço mau me trouxe pra cá e eu não sei voltar pra casa. - Pediu aos prantos.

- Oh, meu bem, entre aqui, não precisa ter medo, prometo te levar direitinho pra casa. - Disse docemente.

A criança entrou pela porta de trás e não parou de chorar um segundo sequer, era um soluço e uma fungada, um soluço e uma fungada, me partiu o coração vê-la desse jeito.

- Me conte, esse homem chegou a encostar em você? - Perguntou a mulher.

- Não, tia, mas ele tirou a roupa na minha frente e queria que eu tirasse também. 

- Oh, meu bem… E o que aconteceu? Cadê ele?

- Não sei, mas ele saiu correndo.

- Acho que foi o teu anjinho da guarda.

- Tenho certeza que sim. - A menina sorriu e eu fiz o mesmo.

 



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