História Asas Para o Amor (Romance Gay) - O Término

Jesse

Eu não conseguia crer no que eu havia visto, parecia mentira, não podia ser real, era o Nano e o Will, eles estavam... se beijando? Mas que porra era essa? Nano tinha me convidado para ir à praia e eu disse que não podia, pois teria compromisso, mas me liberei mais cedo e decidi lhe fazer uma surpresa e pra quê? Tudo para ver o meu namorado beijando o babaca do Will, porra, minha intuição esteve certa esse tempo todo, algo dentro de mim me dizia que tinha algo entre eles, mas Nano me jurou que jamais faria isso, e eu escolhi confiar no meu na… digo, no meu ex namorado, merda, eu devia ter escutado minha intuição, ela raramente se engana. Idiota! Eu sou um verdadeiro idiota, como eu pude confiar nele? Eu sou muito ingênuo mesmo. Não, pera, eu não tenho culpa, o culpado foi ele, afinal, eu não trai ninguém. 

Merda, eu já estava sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto quando Nano se levantou e veio até mim, fazendo eu recuar.

- Jesse, me escuta… Não é nada disso que você está pensando…

- PENSANDO? EU VI, CARALHO! NINGUÉM ME CONTOU, EU NÃO IMAGINEI, EU TE VI COM A BOCA ENFIADA NA BOCA DELE.

- Não, Jesse, o Nano se afogou…

- Ah claro, e aí você teve que fazer respiração boca a boca nele? Acham que eu sou idiota? - Me dirigi para Nano. - Talvez eu seja mesmo, por confiar em você. Quer saber? Fica aí com o teu novo namorado.

Dei as costas para ele e fui embora, Nano chegou a ir atrás de mim, começou a falar sem parar tentando se explicar, mas eu não queria ouvi-lo, estava muito chateado com o que eu havia visto, pois por mais que eu desconfiasse, eu ainda achava que Nano seria incapaz de me trair, pensei que ele realmente me amasse, mas vi que só quem amou fui eu, pois quem ama não trai. 

Nano não calava a boca, continuava me seguindo em busca de tentar me explicar o que tinha acontecido, mas eu vi claramente. Ah, como fui idiota…

Sem respondê-lo, e sem olhar para ele, eu ataquei o primeiro táxi que eu vi, entrei e fechei a porta rapidamente, pedindo para que o motorista fosse rápido, pois não queria ficar mais nem um minuto sequer ali. Fui até em casa, chorando sem parar, o taxista as vezes me olhava pelo retrovisor e até me ofereceu um paninho pra eu enxugar as lágrimas, achei legal da parte dele.

                                                                                                          XXX

- Oi meu amor. - Falou mamãe assim que eu entrei em casa. - Onde você estava?

Sem respondê-la, eu fui imediatamente para meu quarto, a fechei em uma batida e tranquei-a, pois não queria que ninguém me incomodasse. Me joguei em minha cama, abracei meu travesseiro e chorei como eu não chorava há anos. Porra, por que tinha que doer tanto? 

Mamãe e Leslie bateram algumas vezes em minha porta, porém eu não as respondi, tampouco abri, não queria ver ninguém até o próximo século.

Eu estava me sentindo um besta, um idiota, me senti enganado, traido, corno… Sim, era isso que eu havia sido, um verdadeiro corno, meus chifres até já estavam doendo. A quanto tempo será que eles estavam juntos? Será que Nano estava me traindo há tempos? Ai, idiota, idiota, idiota, eu não conseguia parar de repetir essa palavra mentalmente. 

De tanto chorar, acabei pegando no sono. Me acordei horas depois com minha irmã batendo à porta. 

- O que é? - Perguntei curto e grosso.

- Queria falar com você. Posso entrar?

- Não! Me deixa em paz.

- Mas Jesse… Eu sou tua irmãzinha, tua melhor amiga, tua confidente, e nós não temos segredo, lembra?

Parei para pensar por um instante, e eu sabia que ela tinha razão, e não que eu não confiasse nela, pois eu sabia que nela sim, eu poderia confiar, que ela sim, não me machucaria, como aquele outro fez. Mas… Ah, eu só não estava a fim de conversar, não nesse momento. Só que… Ah, droga, acabei me levantando e abri a porta para minha irmã, que entrou rapidamente. Voltei a fechá-la para que minha irmã e Martin não nos interrompesse. 

Nos sentamos na cama, e Leslie logo perguntou:

- O que houve? O que você tem?

Olhei para ela, que aguardava uma resposta minha e comecei a chorar, enquanto observava o olhar surpreso dela, provavelmente não estava entendendo nada do que estava acontecendo. Deitei minha cabeça no colo de Leslie, enquanto lágrimas e lágrimas rolavam molhando o tapete do meu quarto.

- Será que você pode me contar logo o que está havendo? - Perguntou minha irmã. - Eu estou preocupada com você.

- O Nano… - Voltei a sentar e me pus a olhar para ela. - Ele… Nós… Hã… Aquele infeliz está me traindo. - Desabei a chorar novamente.

- Quê? Não pode ser. Ele te ama. Como isso? Quem te contou?

- Ninguém, eu vi. Resolvi fazer uma surpresa pra ele na praia e quando eu chego, o que vejo? Ele com a língua dentro da garganta do novo amiguinho dele, o tal do Will. 

- Mas… Como? De que jeito? Eu… Eu não posso acreditar que ele tenha feito isso. - Falou bastante surpresa com o que eu havia lhe contado.

- Mas fez… Aquele cretino fez. E pensar que ele foi o primeiro cara que eu me apaixonei, e o meu primeiro em todos os sentidos. - Minha irmã estava muda, e visivelmente surpresa, acho que tentava assimilar o que eu havia dito. - Por que dói tanto?

- Porque o amor é assim mesmo. Ah, meu irmão, se eu pudesse fazer algo para diminuir sua dor… Puxa, você já sofreu tanto… Ah, ele não podia ter feito isso. Não podia mesmo.

Voltei a colocar minha cabeça no colo da minha irmã, e ela ficou me fazendo um delicioso cafuné, ninguém disse mais nada, ela parecia muito pensativa, e eu também estava, só queria saber o porquê. Só isso.

No dia seguinte, minha irmã fez questão de ir à casa do Nano para tirar satisfações, e acreditam, que depois, ela teve a cara de pau de dizer que o Nano falou que se afogou e que Will havia salvado sua vida, e que ela acreditava nele? Sinceramente, pensei que Leslie fosse mais inteligente, mas pelo jeito isso não é de família. Até uma criança de 5 anos saberia que isso é mentira. Minha irmã falou que Nano estava muito mal e que queria falar comigo, mas eu não acreditava em mais nada do que ele dissesse, por mim, que ele ficasse com o novo namorado e me esquecesse, pois era o que eu faria, esqueceria ele custe o que custasse.

                                                                                            XXX

Alguns dias haviam se passado. Não falei mais com o Nano desde então, eu ainda o via na escola porque não podia sair dela no meio do ano escolar, mas se eu pudesse faria isso. E cara, eu estava me sentindo muito trouxa, eu fiz de tudo por esse garoto, ajudei ele quando ele mais precisou, e claro, que fiz isso de coração, sem esperar nada em troca e não me arrependo disso, mas ele foi tão ingrato, podia pelo menos, ter sido honesto e ter terminado, poderia dizer que estava gostando de outro, com certeza doeria bem menos.

Nano tentou falar comigo durante a entrada, a troca de períodos dos professores, o recreio, a saída… Mas eu o ignorava e fingia que não estava nem o vendo, não queria assunto nenhum com um traidor e mentiroso.

Eu contei pra mamãe e pro Martin sobre o término do meu namoro, e eles ficaram bem tristes por mim e muito decepcionados com Nano, principalmente mamãe, que achou um absurdo o que ele havia feito pra mim.

                                                                                                         XXX

Era um sábado, eu havia saído com meus irmãos e meu pai, fomos almoçar fora e depois ele nos levou ao circo, foi bem legal, me diverti bastante e eu estava precisando disso, de me distrair um pouco.

- Acho que está na hora de contarmos pra mamãe sobre o nosso pai. - Falei à Leslie assim que chegamos em casa.

- Você acha? Será que ela vai entender?

- Ah, só vamos saber se tentarmos. - Falei.

Chamamos mamãe e nos sentamos com ela, que estava apreensiva para saber o que queríamos com ela. E então, eu logo lhe disse:

- Temos algo para te contar. É sobre o papai. - Mamãe me olhou surpresa. - Sobre o nosso pai, Pietro… Ele… Ele reapareceu, Leslie e eu estamos nos encontrando com ele, e até o Martin já o conheceu.

- O quê? Mas como assim? - Mamãe começou a chorar. - Por que não me disseram nada antes?

- Porque não sabíamos como a senhora ia reagir. - Disse Leslie. - Ah, e ele nos contou o porquê de ter nos abandonado. 

Minha irmã e eu contamos tudo para nossa mãe, que ficou em choque e sem reação, ela não conseguia crer no que eu havia lhe dito, porém, ficou super empolgada para reencontrar meu pai e conversar com ele. Ah, eu estava ansioso por esse reencontro, tinha tanta esperança que os meus pais voltassem, seria tão perfeito se voltássemos a ser uma família como antes. Mal podia esperar por isso.