História Aulas de Pole - Yungi - First

"Let me yearning for more, for more"

And I can't take it anymore" – A caixa de som toca enquanto eu, lentamente, vou passando o mesmo paninho de sempre em todas as barras de ferro ali presentes.

Logo de manhã abro o Studio o mais cedo possível antes das aulas começaram, para conseguir limpar a bagunça do dia anterior.

Ontem foi extremamente difícil para mim, um muito dia cansativo e cheio. Recebi mais de dez alunas em um só dia, triplicando a dificuldade.

Limpava todo aquele suor nas barras enquanto pensava no árduo trabalho de ontem, já me vendo cansado novamente, só de pensar.

E então ouço um rangido de porta e, de repente, vejo a luz de fora entrando pelo ambiente.

Me deparo com Anne, a aluna mais presente na minha vida, minha melhor amiga. E... Seu namorado, Mingi.

No começo ela vinha sozinha para as aulas, mas... De repente ele começou á vir com ela também. Acho que seja por causa de ciúme. Por mais que esteja estampado na minha cara que eu não gosto da mesma fruta que ele.

— Animado logo cedo, hein. Que bom, por que eu estou cheia de energia hoje! — Anne diz empolgada.

— Fico feliz por você estar inspirada hoje. Ontem de manhã você me deu um trabalhão, sabia?

— E eu vou fazer o quê? Se não consigo nem ficar parada por alguns segundos nesse troço. — ela diz, apoiando os punhos na cintura e me olhando com um ar debochado.

Nós dois caímos na risada.

— Tudo bem, tudo bem, juro que vou tentar ser mais paciente com você hoje.

— Hu-rum! — uma tosse falsa escapa da boca de ninguém mais ninguém menos que o namorado ciumento de Anne.

— Ah, oi Mingi, como vai? — ofereço um aperto de mão, que ele obviamente não aceita de volta.

Recolho as mãos pela vergonha e as seguro em frente ao corpo, mantendo a pose.

— E-então... Mingi, vamos nos vestir rapidinho e já voltamos, tá? — ela puxa meus braços, me levando até o vestiário.

Ouço a porta se fechar após uma batida, vendo Anne com os braços cruzados parada na minha frente.

— Eu fiz algo de errado? — perguntei.

— Não Yunho, não fez. Você conhece o Mingi, e sabe muito bem que ele é muito ciumento.

— Tá, mas continuo sem saber o que eu fiz de errado.

— A questão não é o que você fez ou deixou de fazer, a questão é que ele não gosta de você, muito menos quando você é o meu professor de Pole Dance!

— Ah, fala sério... Você já não falou para ele que eu sou gay? Para quê ficar tão histérico assim quando me vê? Que cara burro... Sem ofensas, é claro.

— Eu sei que ele é muito enciumado e tudo isso, Yu. Até o que estamos fazendo aqui seria proibido por ele, na verdade. Me trocar junto com o meu professor? Nem pensar! Mas estou aqui, só para conversar com você sobre isso.

— Tá, tá, já entendi. Não vou mais nem tentar puxar assunto com ele, juro por Deus.

— Obrigada?!

Sinceramente, já estou de saco cheio em ter que brigar com Anne por coisas assim. Aquele cara é muito possessivo, e realmente não sei como ela aguenta.

E, assim que voltamos para o Studio, Mingi me fita com um olhar mortal, parecendo desejar a minha morte.

"Credo". – penso.

[...]

"See, I don't wanna cross no lines

But there's just one thing you should know"

Admito, não estava tendo nem um pingo de paciência naquele dia, por mais que jurasse a Anne que teria.

A cada passo, a cada giro na barra, Mingi me fitava.

Juro por Deus que quis me enfiar num buraco a cada segundo que passava.

Seria para saber se eu estava encarando Anne ou só por que ele me odiava mesmo?

Não é como se isso tudo fosse coisa de outro mundo, mas... Parecia que a cada dia sua raiva só aumentava.

— Yunho, sinceramente, isso não é nada fácil. Estou prestes a desistir. E não, não estou brincando dessa vez.

— Já pode parar com o drama. Toda aula você diz isso, Anne.

— Af, e você é sempre o dono da razão. Credo.

— Também te amo.

— Tá, já chega, cansei. — ela diz, toda suada, se virando para Mingi.

— Desculpa YuYu, mas hoje estou realmente muito cansada.

— Tudo bem Anne, amanhã a gente continua. Só não desiste de verdade!

— Não vou não, pode ficar tranquilo. Só estava brincando naquela hora.

 — Bom mesmo.

E assim que ela sai em direção ao vestiário, fico ali, naquela sala enorme sozinho com Mingi.

 — Você é muito fingido mesmo, não é? — aquela voz grossa ecoa por toda a sala.

— Eu o quê?

— Não vou repetir, você ouviu muito bem. — ele cruza os braços e me encara.

— Cara, sinceramente... O que você quer de mim?

— Quero que fique longe da minha namorada.

— Pf, impossível. Ela é a minha melhor amiga e aluna, caso você ainda não tenha percebido.

— Do mesmo jeit-

— E você sabe muito bem que eu sou gay, que eu sei. — o interrompo.

— Gay uma ova! Você só se aproveita da situação contando essas mentiras.

Encaro ele, indignado.

— Então você quer que eu prove que eu sou gay, é isso?

— Você não precisa me provar nada, já sei que é um belo de um mentiroso.

— Tudo bem então, eu provo para você.

— Como, então? — ele apoia os cotovelos em cima das pernas cruzadas, me encarando de volta.

— Você vai ver.

Silêncio, por exatos dois minutos seguidos.

— Amor, terminei. Sua reunião é daqui á meia hora, vamos logo, senão vamos nos atrasar.

E então ela se depara com a cena de nós dois nos encarando.

— Hmm... Tá tudo certo por aqui?

— O-oi amor, tá tudo bem sim, vamos. — ele nos tira do transe se levantando para ir embora.

— Tchau tchau, YuYu. A gente se vê amanhã! — ela me manda um aceno, e eu aceno de volta.

Antes da porta fechar, Mingi me olha de soslaio por entre a festinha da porta.

— Idiota. — foi só o que consegui ler de seus lábios.

Me vi ali, perdido e confuso em meus próprios pensamentos.

Mingi está me deixando louco.