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História Auror (Drarry) - Comensal


Escrita por: OAleCampos

Notas do Autor


Gente, com toda essa história de quarentena, estou com "muito tempo" livre. Por isso, pode acontecer como hoje e vocês terem mais de um capítulo no mesmo dia, mas eventualmente pode ser que depois que haja apenas um por semana (como costumo fazer com todas as minhas fanfics). Então, fiquem atentos porque os capítulos serão postados sem ser em um único dia e horário específico como eu costumava fazer antes.
Boa leitura!

Capítulo 3 - Comensal


[Draco]

          O farfalhar dos galhos secos das árvores da floresta se tornava cada vez mais alto conforme o vento adquiria mais força. Já passava das cinco horas da tarde e a luz perdia sua força. A vegetação encobria o pouco de iluminação que tentava entrar. Escutei o barulho de um galho se partindo atrás de mim e tentei olhar por cima do meu ombro, sem interromper o ritmo do meu passo. Nada. Não parecia ter ninguém ali. Parei e virei-me para trás, sem deixar que o capuz que cobria o meu rosto caísse. Coloquei o cesto no chão e, num movimento discreto, retirei a minha varinha do cós da minha calça. Apontei-a na direção do som e aguardei.

          - Não estou para brincadeiras. Quem quer que você seja, apareça! – ordenei.

          Nada.

          Caminhei, a passos lentos, na direção em que ouvira o galho quebrar. Meus olhos estavam atentos a qualquer movimentação na penumbra.

          - Lumus!

          Os raios de luz emitidos pela minha varinha iluminaram o caule das árvores ao meu redor e as folhas espalhadas pelo chão. As cores, antes todas tomadas em diversos tons de cinza, agora pareciam mais verdadeiramente amadeiradas. Mais uma vez: nada. Ninguém ou nada parecia estar por ali. Movimentei a minha luz pelos meus arredores para garantir que não havia nada se esgueirando entre as árvores mais próximas.

          - Nox!

          Suspirei. Após um último olhar desconfiado, guardei a varinha, caminhei vagarosamente de costas até minhas coisas e empunhei novamente o cesto que largara no chão denso de folhagem morta. Virei-me para direção que estava indo e retomei o andar apertado, apressado. Eu precisava logo levar essas coisas para casa.

          Isso é o que minha vida havia se tornado nos últimos anos. Desde que tudo tinha acontecido em Hogwarts, em 1998, eu vivia como um foragido. Toda a minha rotina havia virado de cabeça para baixo. Criado como um rei, cheio de brinquedos, elfos domésticos e criados para me servir, agora eu vivia como um daqueles malditos mendigos que tanto desprezei. Anos fugindo por toda a Europa, América, Oceania, África, Ásia e, agora, de volta à Europa. Nunca mais que três ou quatro meses no mesmo lugar. Sem criar vínculo, sem terminar os estudos, sem uma carreira, sem minha casa, sem minha vida.

          Eu me sentia estranhamente aliviado por meu pai não estar mais conosco. Ainda que tudo tivesse ficado mais difícil depois que ele foi pego pelos aurores do ministério, o peso da sua presença não me atormentava mais. Eu já não tinha mais paciência para tudo aquilo. Tudo o que tinha acontecido e o que estava acontecendo conosco era tudo culpa dela e sua fixação doentia pelos planos de Voldemort. Mesmo assim, ele ainda queria mandar e desmandar em nós, como se ele ainda tivesse alguma moral sobre mim ou até mesmo sobre a minha mãe. Tudo isso só tornava a situação mais insustentável. Não bastava sermos bruxos foragidos do ministério e procurados em primeira instância, ainda precisávamos brigar e discutir todos os dias. Por diversas vezes cheguei a pensar que um beijo de dementador em Azkaban poderia ser menos pior. Pelo menos, em poucos minutos, tudo aquilo estaria acabado.

          Conforme eu avançava no breu da mata, sentia a brisa gélida cortar meu rosto. Aumentei um pouco a velocidade dos meus passos até vislumbrar uma pequena barraca de lona ocre, camuflada no meio de alguns arbustos e embaixo de algumas árvores. Agachei e me espremi entre os galhos recobertos por uma fina camada de gelo. Um pouco do gelo caiu sobre meu capuz e o coloquei para trás, expondo meus fios negros de cabelo. Uma das coisas que fui obrigado a fazer durante todo esse tempo, foi justamente mudar o visual de tempos em tempos. Pouca barba, nenhuma barba, loiro, ruivo, moreno, cabelo azul, verde, roxo... Sempre mudando. Agora, havia deixado o meu cabelo preto, escuro e uma barba não muito grande.

          Entrei na barraca e apareci dentro da sala de estar de uma cabana velha de madeira, do outro lado da floresta. Era um portal mágico para tentar impor mais obstáculo àqueles que poderiam estar me seguindo para me prender. Bati as botas no chão para tirar o excesso de sujeira e pendurei a minha capa ao lado da porta.

O local parecia estar abandonado há mais de vinte anos. Móveis empoeirados, vidro remendado com magia e cada passo era denunciado pelo rangir do piso de madeira. O estilo dos móveis indicava que provavelmente aquela era uma cabana utilizada por algum caçador ou família trouxa durante as férias. Sem fotos, sem nada... Apenas o básico. Somente um sofá velho com duas poltronas, todos de frente para uma pequena lareira. Atrás deles, uma mesa simples de madeira, visivelmente feita com as árvores da região, e mais quatro cadeiras. Duas lamparinas mal iluminavam o local. Na porta, perto do sofá, um único quarto com uma cama de casal e uma cama de solteiro. Armários de madeira com as portas quebradas, penduradas, que eu também precisei remendar com magia.

- Draco? – uma voz rouca, fraca, chamava pelo meu nome – Você já chegou?

Me aproximei com o cesto. Minha mãe estava deitada no sofá.

- Incendio! – exclamei na direção da lareira onde o fogo já enfraquecia e tornava o ambiente ainda menos atraente e gélido.

Coloquei minhas mãos nas suas, que estavam sobre seu tronco, apoiadas uma sob a outra.

- Trouxe tudo o que eu havia prometido, mãe – levantei o cesto, que estava do meu lado.

Ela abriu um sorriso, com os olhos semicerrados e levou uma das mãos ao meu rosto. Em seguida, deslizou-a pela minha barba, serena.

- Você não desiste, não é mesmo, Draco? – e olhou para o cesto.

- Sinceramente, eu não posso – tentei mostrar alguma animação, com um sorriso amarelo. – Se não fosse por você, provavelmente eu já teria me entregado.

Seu sorriso ficou mais fraco.

- Estamos pagando o preço por fazer parte do fanatismo do seu pai – ela suspirou fundo. – Você ainda está jovem, tem muita coisa pra viver.

Suspirei.

- Eu já perdi dez anos da minha vida. Tenho quase trinta anos e não fiz absolutamente nada que não seja fugir. Eu, definitivamente, acho que não existe mais nada que eu queira fazer.

- Vamos dar um jeito de mostrar que você ajudou A Ordem... – e tossiu.

- Shhh – coloquei o indicador em sua boca – Não precisa se cansar ou se estressar com nada disso. Preciso que você descanse enquanto eu preparo a poção.

- Draco, como você pagou por todas essas coisas? – ela tornou os olhos novamente para o cesto, parecendo olhar com mais atenção.

- Mãe, já te disse pra não se preocupar, eu preciso que você fique bem.

- Mas...

- Mas, nada, Narcissa. Descanse – encerrei, levantando-me e carregando o cesto na direção de um caldeirão na cozinha.

Já faz algum tempo que minha mãe está assim. Não sei muito bem quando isso começou, mas sei que tem piorado com o tempo. De certo, sei que se agravou quando meu pai foi preso, o que já faz mais de um ou dois anos... Bem, eu parei de contar. Já não fazia mais sentido. Vez ou outra, enquanto andávamos por aí, ela pisava em falso e sentia uma súbita sensação de fraqueza. Incontáveis foram as vezes que precisei segurá-la para não cair. Os dias foram passando e isso se tornou mais frequente. Nossas estadias de poucos meses em locais diferentes foram se tornando muitos meses e já estamos aqui há quase um ano. Ela quase não tem força para aparatar ou até mesmo fazer uma simples caminhada pelo terreno irregular da floresta. E foi por causa disso que já voltamos e moramos há quase um ano de volta à Grã-Bretanha.

Então, há cerca de seis meses, após incessante busca em livros encontrados pelo caminho, descobri uma poção revigorante que a faz melhorar por pelo menos um ou dois dias. O problema é que os ingredientes são tão fáceis para achar e preparar quanto uma poção de acônito para licantropos. No começo, bastava dar uma boa procurada pelas florestas ou até mesmo assaltar alguns bruxos desavisados para conseguir todos os insumos para a poção. Só que cada vez tem ficado mais difícil encontra-los. As autoridades bruxas já foram avisadas dos meus assaltos, sem saber exatamente que sou quem os pratica. Precisei parar. Seria uma questão de tempo até que descobrissem tudo sobre minha mãe e mim. Ela, neste estado, não sobreviveria à dois minutos em Azkaban.

Peguei o meu antigo livro de Poções que usei durante meus anos de Hogwarts em cima da mesa da sala e coloquei sobre o balcão da cozinha. Cômodo simples, com apenas um fogão à lenha, uma pia, um balcão com alguns armários e uma mesa de madeira com duas cadeiras. Conjurei Incendio na lenha sob o caldeirão de estanho e, com minha varinha, posicionei o livro flutuando na minha frente. Apesar de já ter a receita decorada de tanto fazê-la, sempre abria o livro na página das instruções, na esperança de ver alguma nova linha que contivesse uma informação despercebida. Alguma coisa que pudesse salvar a vida da minha mãe.

Página 394. A poção do Vitalum Vitalis.


Notas Finais


Bom, deixei duas referências nesse capítulo. Uma dentro do mundo HP e outra externa, não sei se todo mundo captou as duas hahaha
Enfim, obrigado a todos os que leem, vejo os números aumentando aqui, mas vocês não tem comentado... Ficaria muito feliz se vocês perdessem a vergonha e pudessem começar a comentar aqui. :)

Obrigado por estarem acompanhando meu trabalho. Até o próximo capítulo.


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