História Baby Blue - Amor de família

Por onde começamos? Pelo velho clichê de acordar cedo e ir para a escola? Quem sabe vocês poderiam conhecer Gabriel. Enfim qualquer que seja o começo dessa história o final sempre será o mesmo, então caso ame desfechos onde todos saem por cima, você pode cair fora.

Gabriel é um adolescente estranho, antissocial, com seus quatorze anos de idade e uma beleza duvidosa.

Sua mãe é uma alcoólatra e seu pai um velho desconhecido, que ela encontrou em uma boate qualquer. A convivência entre Gabriel e sua mãe oscilava entre detestável e horrível, eles nunca ficavam mais de cinco minutos no mesmo cômodo, nunca olhavam no rosto um do outro e acima de tudo jamais trocavam um abraço. Nas festas da família isso tudo mudava, a mãe que mais parecia uma madrasta dos filmes de princesas, se tornava em uma doce e carinhosa senhora, até que todos fossem embora e ela se trancasse no seu quarto. O inferno que eles chamavam de lar tinha apenas dois quartos, um único banheiro, uma cozinha com um conceito fechado e uma sala de estar (um sofá e uma estante velha assombravam aquele local).

Ninguém precisou acorda-lo esta manhã, ele não havia dormido esta noite, não por causa dos seus pesadelos com sua mãe, mas por ter perdido a vontade de dormir a meses. Gabriel quando dorme é por esgotamento físico ou quando briga com sua mãe e não quer ter que ficar acordado remoendo a discussão.

Ele coloca a xícara com café no microondas até que ele fique o máximo possível quente, quando o tempo acaba retira a xícara e bebe o líquido preto com um gole. Sua garganta arde e seu estômago também. Contudo nenhuma dor é comparada a de ouvir a porta do quarto de Nara se abrindo e de vê-la saindo com sua cara cheia de amargura e um semblante de nojo:

-Que dia é hoje?- perguntou ela.

Gabriel permaneceu em silêncio. Eram seis horas da manhã e já havia faíscas no ar.

-Quando eu perguntar algo pra você seu desgraçado, eu quero ouvir a merda de uma resposta. - Nara rosnou dando um soco nas costelas de seu filho.

-Hoje é sábado... - Gabriel sussurrou se contorcendo para não revidar - Não tenho aula hoje. Se você quiser posso ir para a casa da Ester. - mentiu. Ele nunca ia para casa de Ester, o pobre garoto ficava fora de casa até a noite e o frio chegar.

- Não precisa, fica com a mamãe hoje e tenta dar uma faxina nessa casa. Está fedendo. - disse Nara com um sorriso malicioso em sua boca.

-Tu-tudo bem. - Gabriel gaguejou. Estava com ódio de ter que ficar na mesma casa que a megera de sua mãe.

Quando a louca virou as costas ele ergueu o dedo do meio e rapidamente o escondeu.